sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As eleições de 2010 e os bispos metodistas

As eleições de 2010 e os bispos metodistas

O movimento metodista, desde suas origens nos irmãos Wesleys, sempre se caracterizou por sua atuação política e social. Defesa dos mais fracos, abolição do comércio escravagista, rede de assistência social e voz profética na sociedade de então. Com a institucionalização do movimento metodista em Igreja, a ação social e política da Igreja Metodista se cristalizou no Credo Social e nos pronunciamentos do Colégio Episcopal, que se manifesta publicamente frente a situações que necessitam de um posicionamento firme do povo chamado metodista. 


O ano de 2010 não é diferente e o Colégio Episcopal da Igreja Metodista emitiu o Pronunciamento sobre as Eleições de 2010. Todavia, a prática adotada nas Regiões difere das orientações proferidas pelos próprios bispos signatários dos documentos. 


Entre os fatos novos que as eleições nos trazem, o pastor da Primeira Igreja Batista de Curitiba, pr. Paschoal Piragine, circulou um vídeo no qual ele orienta sua membresia a evitar conferir seus votos a um determinado partido baseado em conceitos teológicos e informações baseadas em boatos e rumores. Este vídeo foi amplamente distribuído no meio evangélico, inclusive por uma pessoa que trabalha na Sede Regional da Terceira Região e pelo revmo.bispo Adonias Pereira do Lago. Diante de uma manifestação que claramente contraria as orientações metodistas sobre a prática política, a Rede Metodista Confessante consultou os bispos Adriel de Souza Maia e Adonias Pereira do Lago através das cartas que seguem abaixo:


“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5.14-21

               Estimado revmo.Adonias Pereira do Lago  Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como é de praxe do povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda eram um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

                 Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

                 Como é de praxe, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

                    Desta maneira destacamos a circulação de um vídeo disponível no site Youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI ) de autoria do pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, onde o referido clérigo recomenda que sua membresia não vote no Partido dos Trabalhadores sob a justificativa de que ao fazê-lo seus membros estariam apoiando a “institucionalização da iniqüidade” (sic) dado o apoio do PT ao PL 5003/2001 conhecido como “Lei da Homofobia” e ao PNDH-3. No texto da referida lei não existe nenhum item que justifique as palavras do clérigo batista pelo fato da lei punir criminalmente a pessoa que “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo,orientação sexual e identidade de gênero:” (artigo 20 do PL 5003/2001 em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/429491.pdf ). No Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre o Projeto de Lei acerca da Homofobia lemos que “Reconhece que há na sociedade brasileira manifestações de natureza discriminatória de todo tipo, e inclusive contra as pessoas homossexuais. Tais manifestações não fazem justiça aos direitos individuais, nem, tão pouco, à tradição cristã de reconhecer qualquer ser humano como criatura divina e ao mandamento bíblico de amar o próximo como a si mesmo.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/Pronunciamento_02_07.pdf).

                       O referido vídeo está sendo distribuído a membros, leigos e leigas, clérigos e clérigas da Igreja Metodista pelo revmo.bispo Adonias. Portanto, solicitamos amorosa e respeitosamente ao revmo. Adonias Pereira do Lago o esclarecimento de que tal pronunciamento por parte do pastor Paschoal Piragine Júnior reflete a posição oficial do revmo.Bispo e da Igreja Metodista na 5ª Região ou se o mesmo se trata de opinião pessoal e orientação para discussão e reflexão entre a membresia da igreja, sem que haja com isso a prescrição de que o voto do membro leigo, leiga, clérigo e clériga seja dado a este ou aquele partido e negado a este ou aquele partido.

                     Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )


Carta de teor semelhante foi emitida tendo o bispo Adriel por destinatário.

“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5.14-21

                 Estimado revmo.Adriel de Souza Maia.

                 Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como é de praxe do povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda eram um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

                  Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

                     Como é de praxe, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

                      Desta maneira destacamos a circulação de um vídeo disponível no site Youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI ) de autoria do pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, onde o referido clérigo recomenda que sua membresia não vote no Partido dos Trabalhadores sob a justificativa de que ao fazê-lo seus membros estariam apoiando a “institucionalização da iniqüidade” (sic) dado o apoio do PT ao PL 5003/2001 conhecido como “Lei da Homofobia” e ao PNDH-3. No texto da referida lei não existe nenhum item que justifique as palavras do clérigo batista pelo fato da lei punir criminalmente a pessoa que “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo,orientação sexual e identidade de gênero:” (artigo 20 do PL 5003/2001 em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/429491.pdf ). No Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre o Projeto de Lei acerca da Homofobia lemos que “Reconhece que há na sociedade brasileira manifestações de natureza discriminatória de todo tipo, e inclusive contra as pessoas homossexuais. Tais manifestações não fazem justiça aos direitos individuais, nem, tão pouco, à tradição cristã de reconhecer qualquer ser humano como criatura divina e ao mandamento bíblico de amar o próximo como a si mesmo.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/Pronunciamento_02_07.pdf).

                       O referido vídeo está sendo distribuído a membros, leigos e leigas, clérigos e clérigas da Igreja Metodista através de um endereço de propriedade da Sede Regional da Terceira Região. Portanto, solicitamos amorosa e respeitosamente ao revmo. Adriel de Souza Maia o esclarecimento de que tal pronunciamento por parte do pastor Paschoal Piragine Júnior reflete a posição oficial da Terceira Região ou se o mesmo se trata de opinião pessoal daquele ou daquela que é o responsável pela distribuição do vídeo entre a membresia da Terceira Região.

                     Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )

 

As cartas  foram enviadas aos destinatários no dia 10 de setembro de 2010. Recebemos no dia 21 de setembro de 2010 resposta do revmo.bispo Adriel no qual ele esclarece que: 

  • Esteve fora do país até a véspera daquela data, portanto havia tomado conhecimento do caso naquele momento.
  • A funcionária da Sede Regional repassara tal vídeo a seus contatos pessoais utilizando-se do e-mail institucional da Igreja Metodista. A funcionária foi admoestada e recebeu atendimento pastoral por parte do bispo Adriel. Portanto, o vídeo não reflete nem a opinião do bispo e nem da Sede Regional.
  • O pronunciamento do pastor Paschoal Piragine não reflete a postura profética e pastoral com as quais a Igreja Metodista pauta seus relacionamentos com  as estruturas de poder político.
  • Reafirma seu compromisso com a dignidade do Evangelho de Jesus Cristo e com o aperfeiçoamento da democracia, visando a melhoria da qualidade de vida da população, especialmente a dos marginalizados.
 No dia 10 de setembro recebemos resposta do bispo Adonias Pereira do Lago, no qual o bispo esclarece que:

  • O encaminhamento do vídeo teve por objetivo a reflexão e a oração.
  • Sua opinião pessoal não foi repassada no e-mail que encaminhou o vídeo.
 O esclarecimento do revmo.Adonias é insuficiente por dois motivos. Primeiro, o bispo repassou o posicionamento do pr.Paschoal Piragine para ser refletido e analisado pelos pastores da 5ª Região, mas não repassou outros textos que interagiam com o pronunciamento do pr.Piragine, inclusive de outros pastores batistas e políticos ligados à Igreja Batista que contradisseram o que o pr.Piragine havia dito. Entre as respostas encontram-se o pronunciamento da Aliança de Batistas do Brasil, a resposta do teólogo batista Manoel  Ribeiro de Moraes Jr. e a carta escrita por políticos do PT ligados à Convenção Batista Brasileira, que desmentia algumas falácias contidas no pronunciamento do pr.Piragine.

Todavia, o mais preocupante foi ver que o vídeo do pr.Paschoal Piragine foi colocado no site da Sede Regional da 5ª Região, desmentindo a resposta do próprio bispo e contradizendo as orientações contidas nos documentos metodistas. O vídeo foi retirado algumas horas depois, mas o desrespeito aos documentos metodistas havia sido perpetrado.

Ainda no contexto de contradições entre discurso e prática por parte do Colégio Episcopal, no dia 17 de setembro de 2010 foi enviada a seguinte carta ao revmo.Roberto Alves, motivada por uma série de desrespeitos aos documentos metodistas, inclusive ao Código de Ética Pastoral pelo fato de que o bispo da Quarta Região enviou e-mails a pastores e líderes metodistas naquela Região indicando um candidato a deputado federal, fato repetido por Superintendentes Distritais, e pela pregação do rev.Aloísio, da IMCBH, na Igreja Metodista em Venda Nova, onde ele, em ambiente de culto público, instruia sobre em quais candidatos os metodistas deveriam deixar de votar.

Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. (1 Timóteo 3.16)

Estimado revmo.Roberto Alves de Souza.

Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como caracteriza o povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda era um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

Como de costume, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

No dia 2 de setembro de 2010 os pastores, pastoras e líderes da Igreja Metodista na 4ª Região receberam um e-mail de sua autoria apresentando o candidato a deputado federal Noraldino Junior. O e-mail é assinado pelo revmo. Bispo apresentando-se como presidente da 4ª Região Eclesiástica, o que chancela o status do comunicado como uma palavra oficial da autoridade maior do metodismo nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Em reunião recente no Distrito de Juiz de Fora, o nome do referido irmão e candidato voltou a ser citado pelo Superintendente Distrital, em uma reunião oficial do clero da Igreja Metodista no referido distrito. Em pleitos anteriores, diversos irmãos e irmãs metodistas se candidataram a cargos públicos, entre eles (citado apenas a título de exemplo, não se configurando no único caso) o rev. Lúcio Mendonça, candidato a prefeito de Além Paraíba. O referido clérigo se licenciou do cargo para evitar conflitos com as recomendações episcopais e código de ética pastoral. Tanto este como outros candidatos metodistas no contexto geográfico da 4ª Região não foram divulgados através de um comunicado oficial por parte do bispo presidente, o que caracteriza a atual comunicação e os comunicados por parte de Superintendentes Distritais como apoio oficial do bispo da Igreja Metodista ao candidato Noraldino Junior. Não há como afirmar com certeza, mas certamente é possível inferir que existam outros candidatos e candidatas metodistas concorrendo no atual pleito eleitoral nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Tais candidatos e candidatas que, neste ou em pleitos anteriores, não receberam nenhuma espécie de apresentação por parte do Presidente da 4ª Região Eclesiástica.

Entendemos que esta atitude por parte do revmo. Bispo contradiz o Código de Ética Pastoral, Seção V, artigo 33 que diz: “Art. 33 – O pastor e a pastora zelam para que as atividades e programas de suas igrejas ou ministérios não se prestem à propaganda eleitoral ou à doutrinação político-partidária.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/codigo_etica_pastoral.pdf ), bem como contradiz a Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista – Voto Cidadão: Compromisso com o Reino de Deus, Cidadania e Missão sobre as Eleições Municipais de 2008 que diz: “C) Como instituição eclesiástica, a Igreja Metodista não tem nem pretende contrair vínculos partidários. Não temos compromisso com qualquer partido político. Devemos fidelidade somente o Senhor Jesus Cristo e ao povo a que somos chamados a servir. A participação política em termos partidários dá-se, preferencialmente, por meio dos membros leigos e leigas metodistas. Estendemos, portanto, nossa apreciação às organizações e aos partidos políticos que são movidos em sua prática concreta por objetivos e critérios que representem nossa consciência como Igreja de Cristo.” (pg.3).

Ainda no contexto do cenário eleitoral atual, o rev. Aloísio, pastor da Igreja Metodista Central em Belo Horizonte , ao pregar o sermão como convidado na Igreja Metodista em Venda Nova (MG) em 29 de agosto de 2010 afirmou durante o sermão que o evangélico não deveria votar em determinada candidata pelo fato de seu candidato a vice-presidente ser, supostamente, “praticante de satanismo”. Esta declaração por parte de um pastor metodista no momento da Edificação no Culto Público é preocupante por dois motivos. Primeiro, porque o referido clérigo orienta a membresia a evitar conferir seus votos em determinado contendor eleitoral baseado única e exclusivamente em boatos que circulam em textos apócrifos, através dos e-mails das pessoas evangélicas neste país. Em segundo lugar porque além de infringir os documentos acima mencionados, este ato do pastor supracitado viola clara e explicitamente o Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre as Eleições Nacionais de 2010 no item I da seção “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições” que diz: “Deve ser evitado todo pronunciamento dos e sobre candidatos/as no momento do culto público ou de reuniões específicas da própria Igreja, tais como a Escola Dominical (Carta Pastoral “Eleições de 1994” ).” (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ).

Solicitamos, respeitosa e humildemente, ao revmo.Roberto Alves de Souza esclarecimentos a respeito de tão flagrantes violações a recomendações episcopais, pronunciamentos do Colégio Episcopal e Código de Ética Pastoral, sabendo que todas as coisas cooperam para o bem daquele que ama a Deus.

Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )

 


 O ocorrido na 4ª Região é mais grave porque houve flagrantes desrespeitos aos citados documentos metodistas, inclusive ao Código de Ética Pastoral. Porém, semelhantemente a episódios anteriores, quando solicitações de informações e esclarecimentos havia sido feitos ao revmo.Roberto Alves, esta carta foi deixada sem resposta.

http://metodistaconfessante.blogspot.com/2009/11/carta-de-solicitacao-de-informacoes-aos.html 

http://metodistaconfessante.blogspot.com/2010/08/carta-de-solicitacao-de-informacoes-ao.html 

Com atitude contrastando frontalmente a atitude dos revmos.bispos Adriel e Adonias, que se dispuseram a permanecerem em diálogo democrático e fraterno, o bispo Roberto Alves exerce algo que ele não tem o direito de fazer, que é o de permanecer em silêncio, ignorando a conexionalidade e a democracia representativa que caracteriza o episcopado metodista.

Esta postura reforça a posição adotada por parte dos integrantes do Colégio Episcopal em reforçar o autoritarismo, a autocracia e a concentração de poder hiperclericalizada em um ambiente que outrora era caracterizado pela participação ativa dos leigos e leigas, pela representatividade com a qual a Igreja era dirigida, através de seus Concílios, subvertendo a função episcopal que é extraordinária e de serviço, não de poder e de autoridade. 
 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Recomeça nova luta pelo Poder na Igreja Metodista do Brasil

Por João Wesley Dornellas

Com extrema pontualidade, foi dada a partida pela conquista do poder em nossa Igreja. Concílios locais estão sendo convocados para eleger delegados aos concílios regionais e escolher candidatos a delegados ao Concílio Geral, que serão eleitos no final deste ano nos concílios regionais. O Concílio Geral reunir-se-á somente no ano de 2011. Os leigos constituem metade do Concílio Geral e seus votos são muito importantes.

No passado, do 2º Concílio Geral, em 1934, ao 11º, em 1978, o critério de eleição dos delegados era muito democrático, isto é, leigos elegiam os delegados leigos e os clérigos, por sua vez, elegiam os delegados clérigos. Sem aprovação do Concílio Geral de 1974, que não estudou nem discutiu o assunto, os Cânones, no entanto, por esquecimento ou por incompetência da comissão de revisão do texto e preparação para a impressão, e a complacência dos bispos, cancelou o parágrafo da lei que obrigava a duas eleições distintas. Como delegado leigo àquele Concílio Geral, tenho plena convicção de que houve má fé na retirada da lei de um dispositivo altamente democrático, retirada essa que, ao lado de outros fatores, tem contribuído para a extrema politização e luta de interesses que têm ocorrido nas últimas eleições episcopais.

Explico porquê. Pela imensa maioria que detêm no plenário dos concílios regionais, são os clérigos que acabam tendo o poder de compor a delegação ao Geral. Os leigos são absoluta minoria. Na hora da votação, é claro que os clérigos preferem eleger aquele tipo de leigo mais suscetível de seguir desejos ou imposições dos clérigos. Ou seja, aquele tipo de leigo que o Bispo Paulo Ayres já chamou, em artigo, de “leigos clericalizados”.

Os próprios sistemas de escolha muito antecipada de candidatos a delegados leigos, com candidatos de todas as igrejas locais, acabam facilitando a cooptação de leigos para dar lastro às pretensões dos clérigos. Ou seja, a representação leiga no Geral, embora legal, não é autêntica e nem representativa do laicato da Igreja.

No quinquênio 1965-1970, a função episcopal passou por séria crise, que culminou no fechamento da Faculdade de Teologia. Dos membros do Colégio Episcopal, dois haviam sido reitores dela. O próprio Concílio Geral Extraordinário, reunido em setembro daquele ano, acabou não resolvendo bem as coisas. Já em função da escolha de Dom Hélder Câmara para paraninfo dos formandos no ano de 1967, que os bispos não engoliram, o próprio ecumenismo da Igreja Metodista foi quase a knock-out, o que acabou acontecendo em Aracruz em 2006.

Motivado por diversos problemas causados especialmente pelos bispos (pela primeira vez em nossa história um bispo sofreu processo disciplinar), o Concílio Geral de 1970, que só acabou em 1971, reformou a Constituição e reduziu, em muito, os poderes episcopais, que tiveram que dividir com os leigos em Conselhos Gerais. É claro que os bispos não gostaram disto nem um pouco. E começaram a sua luta pela reconquista dos poderes perdidos. Na edição do Expositor Cristão da segunda quinzena de junho de 1981, os bispos deram o seu grito pela retomada do poder. Na realidade, pela boca torta, deformada pelo uso do cachimbo, como diz a sabedoria popular, eles não perderam tanto poder assim mas o queriam todo, sem repartir com ninguém.

A reprodução da 1ª página do “Expositor”, em que os bispos vestem a fantasia de time de futebol, mostra uma manchete que reproduz, de maneira muito criativa, o teor das entrevistas do miolo. Os bispos da foto são Paulo Ayres (1º R.E.), o goleiro, Messias Andrino (5ª), Sadi Machado (2ª), , Richard Canfield (6ª), Moacyr Louzada (4ª) e Nelson Luiz Campos Leite (3ª). Só no Concílio Geral de 1987 a Constituição foi reformada, extinta a administração por Conselhos e os bispos retomaram o poder total.

Isto é história e, como os órgãos da Igreja, ou seja, o Expositor Cristão e o site da Igreja, não discutem a questão, o JORNAL DA VILA, com o lastro de 1425 edições e quase 30 anos de atividades, abre a discussão sobre os problemas do episcopado.

O Expositor deste mês traz dois artigos a respeito do assunto. Um deles, de autoria do Bispo Honorário Nelson Luiz Campos Leite, cujo título é “Não nos deixes cair em tentação”.

Sobre a eleição de delegados ao Geral, o Bispo Nelson nos diz no artigo que “ela tem levado em conta os objetivos,a as aspirações individuais e de grupos. Infelizmente, o foco de maior atenção e atração é o da eleição episcopal”. Ele lamenta no artigo que o último Geral, em face de tantos anseios por mudança, expressos logo depois das eleições, não tenha tomado providências para criar “uma forma mais clã, transparente, justa e coerente com os princípios e objetivos do Evangelho e da Igreja Metodista”.

Ele se pergunta, um pouco ironicamente: “Isto tem ocorrido? Você crê na veracidade e sinceridade do desenvolvimento desse padrão numa eleição episcopal? Nós, que participamos do último Concílio e da última eleição, temos a consciência de que o critério estabelecido pelos Cânones foi realizado fielmente?”. O Bispo Nelson acha que há até delegados que cumprem o seu dever mas ele pergunta: “mas será maioria?”.

O Bispo faz uma série de sugestões, entre as quais a de orar como no título, “porque há muita ´tentação´ nesse processo de eleição”. Ele chega até a sugerir mudança na lei, voltando às eleições regionais”, estipuladas nos Cânones de 1971. Aquela decisão foi realmente um “castigo” aos bispos, cujas escolhas, no nível regional, representaram, mesmo simbolicamente,uma redução do seu poder e da sua força. Trouxe, contudo, o problema da grande regionalização da Igreja, dividida entre as diversas igrejas (Regiões), cada uma seguindo as idéias de seus bispos. A Igreja, por mais tentativas através dos Conselhos Gerais, acabou perdendo um pouco de sua conexionalidade.

O outro artigo sobre o assunto no Expositor de junho é do Bispo Luiz Vergílio da Rosa, da 2ª Região, que tem o título de “Considerações sobre o Episcopado”. Reafirmando que o bispo tem realmente poder, ele cita João Wesley, que nunca foi bispo e não reconhecia ao episcopado como válido, preferindo o termo superintendente, que “preconizava, no santo ministério da Palavra, há que ter o Dom, há que ter a Graça e há que ter os Frutos”.

Ele menciona o filósofo Michael Foulcaut, que dizia que “o problema não é o poder em si, mas a forma como este é exercido”.

Para o Bispo Luiz Vergílio, “a visão ideológica do poder, interposta em nosso contexto social,, tem sido uma das responsáveis pelo esvaziamento do carisma de serviço, na medida em que o prestígio da função está diretamente ligado a uma provável concentração de poder individual que alguém passa a possuir, com direito à concessão dos possíveis privilégios institucionais dele decorrentes”.

A hora é crítica na vida de nossa Igreja Metodista. São crises em cima de crises. Nossa identidade de doutrina e prática está indo para o brejo. Cada Região é uma igrejinha e tem o seu próprio “Papa”, com todo o poder e força. A opinião pública da Igreja não é ouvida e nem dispõe de meios de se expressar. Uma das melhores invenções do Metodismo, a Escola Dominical, apesar dos comentários de Frei Beto nesta edição (de 21 de junho de 2009 - Ano XXIX - Nº 1425) está em crise. Nós, que fomos pioneiros no Brasil na produção de material de estudo na Escola Domnical, nem mais revistas de escola dominical nós temos hoje. As últimas produzidas tiveram os exemplares embargados, há quase um ano (8 de julho de 2008), na Justiça. Ninguém pode sequer imaginar quando o problema será solucionado.

Nas diversas regiões, há igrejinhas também. O neo-pentecostalismo já invadiu a grande maioria delas. Doutrinas estranhas às nossas estão sendo pregadas em todo canto.. Muitos pastores, além de batizarem por imersão, não batizam crianças. Livros quase não são mais publicados. Os Sermões de Wesley estão esgotados há muitos anos. Muito poucos pastores os conhecem. Nesse sistema de poder que temos, há muitos culpados. Quase todo o mundo acha, e com certa razão, que a culpa é dos bispos. Tenho certeza de que não é só deles mas de nós todos, porque temos enfiado, como avestruzes, a nossa cabeça na areia. Kyrie Eleison!
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Fonte: http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1641

terça-feira, 14 de setembro de 2010

CAMPANHA PRIMAVERA PARA A VIDA - Cuidar da nossa Casa Comum, a Terra




CAMPANHA PRIMAVERA PARA A VIDA

            Cuidar da nossa Casa Comum, a Terra

Vem chegando a primavera!  E convidamos você a participar da Campanha Primavera para a Vida, promovida pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE.  A cada ano a Campanha convida as comunidades para que desenvolvam ações e debatam um tema de grande relevância.  Neste ano o tema escolhido foi o tema da Justiça Ambiental e a  proposta é que as comunidades se dediquem ao debate sobre as causas e as graves conseqüências das mudanças climáticas e a necessidade de nos educarmos para garantir a vida da nossa casa comum, o Planeta Terra.

O teólogo Leonardo Boff, em um de seus últimos textos, afirma: Vivemos tempos urgentes. São as urgências que nos fazem pensar e são os perigos que nos obrigam a criar arcas de Noé salvadoras. Estamos inconformados com a atual situação da Terra. Mesmo assim cremos que está ao nosso alcance construir um mundo do "bem viver" em harmonia com todos os seres e com as energias da natureza e principalmente em cooperação com todos os seres humanos e numa profunda reverência para com a Mãe Terra.

A CESE e a Campanha Primavera pela Vida querem contribuir para que possamos enfrentar de forma engajada e criativa esse desafio de modificarmos padrões de comportamento e consumo, bem como exigir políticas públicas que garantam justiça social e sustentabilidade ambiental.

O Lançamento nacional da Campanha será  em São Paulo e serão realizadas várias atividades:

Oficina sobre o tema “Justiça Ambiental”, com o teólogo e filósofo Leonardo Boff.
Leonardo Boff é autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos. Em 2001 foi agraciado com o prêmio nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).
Data: 24 de setembro (sexta-feira)
Horário: 19:00 horas
Local: Paróquia Santíssima Trindade – Rua Olavo Bilac, 63- Campos Elíseos – São Paulo/SP
Informações: 3667-9570 com Ester ou Larissa


Jantar beneficente, com recursos revertidos para apoio a projetos da CESE.
O Jantar será realizado logo após a oficina com Leonardo Boff e os ingressos custarão R$ 15,00.
Informações:  Aquisição dos convites pelo telefone: 3667-9570


Celebração de Lançamento Nacional da Campanha Primavera para a Vida
A Celebração congregará igrejas e organizações parceiras da CESE, que partilharão suas iniciativas para uma sociedade sustentável.  A celebração contará com uma especial participação das crianças!
Data: 25 de setembro (sábado)
Horário: 10:00 horas
Local:Paróquia Santíssima Trindade, 63- Campos Elíseos – São Paulo
Informações: 3667-9570 com Ester ou Larissa

O que é a CESE?
Criada em 1973, a CESE já apoiou com recursos técnicos e financeiros, quase 10.000 iniciativas populares em todo o Brasil, melhorando a qualidade de vida de mais de oito milhões de pessoas.  Entidade com caráter ecumênico, a CESE é constituída por cinco igrejas: Católica Apostólica Romana, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Presbiteriana Independente do Brasil e Presbiteriana Unida do Brasil.  A CESE apóia iniciativas nas áreas de direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento econômico, saúde popular, comunicação e cultura.

Quem são as pessoas beneficiadas pela CESE?
Os projetos apoiados pela CESE priorizam as pessoas que se encontram abaixo da linha da pobreza.  São pequenos agricultores, extrativistas, trabalhadores sem terra, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, moradores de rua, sem teto, moradores de periferias, desempregados, catadores de material reciclável. Mais de 60 % dos beneficiários são mulheres.  Crianças, adolescentes e jovens em situação de risco merecem especial atenção pó parte da CESE, bem como a população negra.

Como participar da Campanha?
As comunidades podem desenvolver várias atividades com esta temática, ajudando também a tornar a CESE e o seu trabalho mais conhecidos. Podem ser realizados:
§         Cultos e celebrações com a temática ambiental;
§         Palestras, oficinas e grupos de estudo para aprofundamento do tema da Justiça Ambiental, convidando representantes de Igrejas, movimentos sociais ou entidades ambientalistas;
§         Feiras e apresentações artísticas ou outros eventos culturais, arrecadando recursos para apoiar o serviço de Projetos da CESE;
§         Cafés da manhã, quermesses e rifas com renda revertida para o Serviço de Projetos da CESE.

Eliana Rolemberg
Coordenadora Executiva da CESE.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Inquisição moderna

RELIGIÃO

Inquisição moderna

Acusada de bruxaria e expulsa, pastora metodista ganha ação por danos morais na Justiça

 








Eliane Brum

Eliad Dias dos Santos sofre há três anos uma perseguição religiosa que lhe tirou trabalho, sustento e amigos. Pastora metodista há 14 anos, ela escolheu atuar na área social, junto às mulheres de rua. Em setembro de 2001, quando trabalhava na Comunidade Metodista Povo de Rua, em São Paulo, foi expulsa pelo então bispo da região, Adolfo Evaristo de Souza, depois de um encontro com prostitutas em que contava sobre a Inquisição e a caça às bruxas. Na carta em que comunicava o 'afastamento compulsório' de Eliad - sem direito a processo, defesa e julgamento -, o bispo justificou a decisão pela 'identificação' da pastora com 'ideologias radicais' e 'defesa e ênfase da mulher como bruxa'. Mais tarde, voltou atrás na expulsão, mas a manteve sem nomeação e subsídio (salário). Depois de esperar sete meses por uma reparação, Eliad entrou na Justiça. Em março, a Igreja Metodista foi condenada a pagar cem salários mínimos à pastora por danos morais. Não pagou. Preferiu recorrer e manteve Eliad no limbo. Desta vez, os bispos entenderam que ela havia incorrido em outra transgressão: o Colégio Episcopal determinou que os membros da igreja que entrarem na Justiça contra a instituição 'serão exonerados compulsoriamente'.


O advogado da pastora, Luiz Roberto Saparolli, vai ingressar nesta semana na Justiça Eclesiástica com uma ação de inconstitucionalidade. 'A igreja tem de se submeter à legislação civil', critica. 'Qualquer pessoa tem o direito de entrar na Justiça e a garantia de que não será punida por isso. Não estamos nos Anos de Chumbo.'

Todas as tentativas de acordo extrajudicial terminaram em fracasso até agora, com acusações de intransigência de ambas as partes. 'Não estamos denegrindo a imagem da pastora', disse a ÉPOCA o bispo João Alves de Oliveira Filho, presidente do Colégio Episcopal. 'O bispo que a afastou por bruxaria falhou ao tomar a decisão sem passar por todos os trâmites previstos pela igreja. E ela também falhou ao não esgotar as possibilidades internas e entrar na Justiça.' O próprio bispo-presidente, que afirmou considerar a acusação de bruxaria uma 'tolice', admite que rejeitou a queixa da pastora. 'Eu achei inepta, mas ela poderia ter recorrido à comissão geral, o nosso STF, em vez de entrar na Justiça', justifica. Procurado por ÉPOCA, o bispo Adolfo não quis dar entrevista.

Aos 38 anos, Eliad está alquebrada. 'Me tiraram tudo. Me deixaram sem salário, sem o trabalho em que acredito e botaram a comunidade contra mim. Eu não durmo porque não sei como vou comer no dia seguinte ou pagar a mensalidade da escola da minha filha', desabafa. 'O que pode ser pior que isso hoje em dia? Só falta me botarem na fogueira.' Eliad recusou todas as negociações em que a igreja lhe pediu para se retratar. Passou a sofrer de hipertensão. Mestre em Teologia e História, há três anos ela vive da ajuda de amigos e de trabalhos temporários - até como faxineira. 

No encontro em que Eliad falou sobre a Inquisição, as mulheres leram juntas uma poesia: 'Sou uma bruxa? É claro que sou! Eu e todas as mulheres que, como eu, questionam o óbvio e não compactuam com as injustiças, mas não quero queimar na fogueira de uma sociedade hipócrita...'. Depois, comeram bolo de cenoura e tomaram chá de mate com cravo. No relatório que chegou ao bispo, além da descrição da suposta bruxaria, membros da igreja demonstravam seu incômodo porque a pastora falara sobre 'aborto' e 'orgasmo'. 'Ela disse que a mulher não tem de ser submissa ao homem', denunciou uma colega no documento. Ao acusar Eliad, o bispo apontou para um adesivo no carro da pastora: 'Bruxa a bordo'.

A Inquisição, que durou do século XII ao XIX, foi instituída pela Igreja Católica para julgar os hereges - entre eles, aqueles que praticavam magia. O caso mais famoso do período medieval foi a francesa Joana D'Arc, queimada viva. Mas a caça às bruxas não foi restrita aos católicos. Tribunais protestantes, como o dos anglicanos de Salem, nos Estados Unidos, no século XVII, perseguiram e mataram feiticeiros com igual empenho. 'A mística do saber feminino e a sexualidade indomável entram como uma questão programática do movimento feminista', aponta Laura de Mello e Souza, professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo. 'Mas a caça às bruxas é um fenômeno histórico mais amplo, que não se restringe à perseguição das mulheres. Já, hoje, acusar alguém de bruxaria é sem pé nem cabeça.' 

Eliad pertence a um grupo ecumênico de mulheres que se dedica ao que se convencionou chamar de teologia feminista: incorporar no estudo da Bíblia a experiência das mulheres. Foram elas que trouxeram ao debate religioso temas incômodos como o aborto e a sexualidade. Suas teses tiveram mais força nos anos 80 e parte dos 90, mas, assim como a Teologia da Libertação, perderam espaço no confronto com as correntes pentecostalistas e carismáticas que cresceram entre protestantes e católicos. Para as teólogas feministas, Eliad é a vítima extrema de um embate mais profundo travado no coração das igrejas cristãs. Ao se levantar contra uma decisão arbitrária da igreja, ficou sozinha, expondo as fissuras do movimento.

'A Eliad sofreu uma inquisição moderna', diz a teóloga Yury Orozco, do Católicas pelo Direito de Decidir, o mais importante grupo religioso feminista do país. 'Sua heresia foi confrontar sua igreja com temas novos.' Em 1995, a freira Ivone Gebara foi condenada ao silêncio pelo Vaticano por ter se manifestado publicamente em favor da descriminação do aborto. 'Vivemos um retrocesso e muitas de nós, que foram ativas no passado, recuaram e silenciaram, a ponto de se negar a testemunhar em favor de Eliad', diz a pastora luterana, mestre em Ciências da Religião, Haidi Harschel. 'Hoje estamos na marginalidade, em nome de uma religião de mercado, individualista, que demoniza o corpo e os movimentos sociais', aponta a doutora em Bíblia e pastora metodista Nancy Cardoso Pereira. 'A Eliad teve mais coragem que a maioria de nós.'

ELIAD DIAS DOS SANTOS
Maurilo Clareo/ÉPOCA


 Formação - Mestre em Teologia e História pela Umesp 

 Atuação - Pastora metodista e militante feminista, trabalha com prostitutas e mulheres de rua 

 Punição - Afastada por 'bruxaria', depois de falar sobre a Inquisição para um grupo de mulheres



 http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT757593-1664,00.html

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O caso Belém e a carta solicitando ação pastoral ao revmo.Bispo Adolfo

Desde o ano de 2004, o bispo da REMA vem promovendo uma campanha de uniformização na Igreja Metodista segundo seus critérios de santidade, e consequentemente há perseguições contra todos os que se desalinham com suas concepções de igreja. Seu comportamento não visa defender as posturas, decisões e orientações da Igreja Metodista, mas sim tolher a qualquer custo a ação de irmãos e irmãs que atuem no movimento ecumênico.


A Igreja Metodista da Pedreira é uma igreja com mais de três décadas de existência, referência na ação social da cidade, na atuação em prol dos direitos humanos e do diálogo ecumênico. Inclusive, no ano de 2005 seu pastor era o coordenador do conselho ecumênico regional. Contudo, devido aos problemas de manutenção da Metodista do Umarizal, após várias conversas e intervenções do bispo, houve uma fusão das igrejas, originando a Igreja Metodista Central de Belém. 


Ambas as igrejas, devido a suas constituições históricas e formação teológica, eram muito diferentes. A Metodista da Pedreira conhecia os documentos metodistas, realizava a Escola Dominical usando as revistas oficiais, tinha projetos sociais, era de periferia, mas não crescia satisfatoriamente em número de membros. Já a Metodista do Umarizal era uma comunidade formada por uma dissidência da Igreja Batista, localizada num bairro nobre, tendo muita dificuldade de entender sobre o funcionamento e a doutrina da Igreja Metodista, mas com um grande potencial evangelístico. 


 Este foi critério, o da possibilidade de dar, em progressão geométrica, crescimento numérico ao trabalho metodista na cidade, que motivou o plano de repressão total ao “jeito de ser metodista” da igreja da Pedreira. O bispo também se baseou nos novos rumos do metodismo brasileiro pós o último Concílio Geral. Segundo as próprias palavras do revmo.Adolfo, o metodismo praticado pela igreja da Pedreira era o “deserto” do metodismo brasileiro, “agora o metodismo está chegando à Terra Prometida”, logo era tempo de profundas mudanças.


 Deu-se início à repressão e expurgo de  qualquer rastro do metodismo considerado “atrasado”, “humanista”, “liberal”, “ecumênico”, da “teologia da libertação” e que não se traduzia em crescimento. Foi nomeado em 2008 o pastor João Coimbra, um ex-pastor batista, trazido ao metodismo pelo também ex-pastor batista que iniciou a igreja do Umarizal. Sua missão deveria ser contribuir para unidade daquelas duas realidades metodistas tão diferentes que optaram por trabalharem juntas, numa só comunidade. Porém, percebeu-se que o trabalho do rev.João Coimbra era o de impor a visão hegemônica e sufocar a espiritualidade existente na Igreja Metodista da Pedreira.

Entre as medidas repressivas aconteceu a cassassão de mais da metade dos membros da CLAM da IMCB. Como tal ato viola frontalmente os Cânones da Igreja Metodista, recorreu-se ao expediente de convocar o Concílio Local. Após duas sessões do Concílio Local, ambos com a presença do revmo.Bispo Adolfo Evaristo, a cassassão dos membros da CLAM não foi aprovada. Mas a situação de perseguição inviabilizou a possibilidade de que aproximadamente dez famílias continuassem a participar da vida comunitária na IMCB, passando a existir um grupo de metodistas exilados e peregrinos, expulsos de sua própria terra e lar.

Em outubro de 2009 um grupo de metodistas reunidos em Belisário expressaram sua preocupação em relação à situação em questão e redigiram uma carta pedindo ao bispo Adolfo Evaristo sua ação pastoral, amorosa e conciliatória, para que todos os membros da Igreja Metodista Central em Belém pudessem exercer suas vocações e vivência cristã em paz, harmonia, sob o pastoreio de Cristo. A carta foi enviada em 23 de novembro de 2009 e permaneceu sem resposta.

Em março de 2010 o professor Saulo Tarso Cerqueira Baptista, um dos membros originais da Igreja Metodista da Pedreira, foi excluído da sua condição de Suplente do Conselho Superior de Administração da Rede Metodista de Educação, a pedido do bispo da REMA e do SD do distrito de Belém, medida aprovada no Concílio Regional da REMA que não contou com a presença do acusado (Saulo) e nem lhe deu o canônico e democrático direito à ampla defesa.

Tem sido amplamente divulgado na REMA e na Igreja Metodista Central em Belém a intenção de excluir do rol de membros da igreja os irmãos e irmãs que, devido a ação pastoral repressiva e opressora, foram forçados a deixarem a comunidade. Em virtude de tal situação, a carta solicitando a ação pastoral foi novamente enviada ao revmo. Adolfo em 2 de agosto de 2010, desta vez recebendo a curta resposta do bispo presidente da REMA de que tal situação é de cunho interno e que está sendo resolvida internamente. Se a expulsão de membros da Igreja Metodista que são ativos, participam das instâncias regionais e gerais da Igreja, trabalham nos ministérios locais e nas instituições de ensino da Igreja Metodista se concretizar, um dos mais negros capítulos da história da Igreja Metodista terá sido escrito.

A Igreja Metodista é conexional, conciliar e episcopal. A autoridade episcopal em nossa igreja não tem o caráter monárquico como o episcopado exercido na Igreja Católica. Nem o escopo de sua atuação é ilimitado como em igrejas neopentecostais, cuja institucionalização não está consolidada e, portanto, é passível de ser administrada sob os moldes de empresa, com donos e gerentes. O episcopado na Igreja Metodista é uma função extraordinária, exercida através do poder emanado da própria igreja de maneira democrática e representativa que os elegem nos Concílios Gerais. Estes por sua vez formados por delegados eleitos nos Concílios Regionais, que representam todas as igrejas de suas regiões. As igrejas locais elegem seus delegados através de Concílios Locais que são as assembléias formadas por todos os membros leigos ativos na comunidade local. Em última análise os bispos e bispa foram escolhidos pela membresia leiga e clériga de toda a Igreja Metodista, não para representar esta ou aquela Região, mas para representar a Igreja Metodista como um todo. Desta forma entendemos que está havendo uma extrapolação da função episcopal, como ela é compreendida no metodismo brasileiro, em seus documentos, cânones e história.

 Segue abaixo o texto da carta solicitando a ação pastoral ao revmo. Adolfo Evaristo de Souza.

Solicitação de ação pastoral episcopal  

Revmo. Bispo Adolfo Evaristo de Souza

Região Missionária da Amazônia



Segue novamente correspondência anteriormente enviada em 23 de novembro de 2009, a qual não obtivemos resposta até o presente momento.


Prezado Bispo:

Entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro do corrente um grupo de líderes clérigos e leigos esteve reunido em Belisário, na Zona da Mata mineira, com o objetivo de discutir a caminhada de nossa amada Igreja, á luz de seus documento e bases históricas, na busca da valorização da identidade metodista.

Foram momentos riquíssimos, onde também pudemos tomar conhecimento e discutir muitas práticas que vêm sendo adotadas em igrejas locais diversas, inquestionavelmente distantes de nossa base doutrinária.

Também tivemos o privilegio de receber um representante da Igreja Metodista no Bairro da Pedreira, o irmão Tony Vilhena, da cidade de Belém-Pa e é esse o motivo que nos leva a dirigirmos ao Reverendíssimo Bispo, pois nos preocupou o testemunho a nós apresentado, que entendemos representar o pensamento da liderança daquela comunidade de fé.

Tivemos uma clara impressão de que não está havendo respeito àqueles queridos irmãos, que se mantêm coerentes na linha de pensamento e ação metodista, principalmente em relação à defesa das causas sociais e nas práticas ecumênicas que nos caracterizam ao longo de nossa história.

Dessa forma, solicitamos ao prezado Bispo, a adoção de ações amorosas que possam vir contornar as crises ali existentes, restaurando a harmonia entre aqueles irmãos animando-os a prosseguir nos projetos de implantação do Reino de Deus naquele sofrido local.

Antecipadamente agradecidos pela atenção que será dispensada a esse nosso pedido, subscrevemos.

Fabio Martelozzo Mendes
Coordenador do Grupo Metodistas Confessantes