segunda-feira, 27 de maio de 2013

Teologia no Plural - Como será o amanhã

“COMO SERÁ O AMANHÃ?”

Desafios, visões e perspectivas para a Educação Teológica nas próximas décadas.
Claudio de Oliveira Ribeiro


Uma meta serve para ser um alvo 
mas quando o poeta diz ‘meta’
Pode estar querendo dizer o inatingível. 
(música popular brasileira)
Não vos conformeis com esse século, 
mas transformai-o pela 
renovação de vossas mentes.
(Romanos 12. 2)

Falar sobre o futuro é uma das tarefas mais difíceis da vida! Na tradição cristã, as pessoas 
que se aventuraram à isso, como os profetas por exemplo, foram duramente criticadas, 
vistas, por vezes, como desajustadas e, dependendo da visão tiveram, foram mortas. O 
futuro é implacável! Dele sabemos apenas que a morte nos espera. Tudo mais é: teologia, 
interpretação, apostas existenciais, fé.

O teólogo Jürgen Moltmann, reconhecido como um homem de visão, já nos chamara a 
atenção em sua Teologia da Esperança:
“Mas como falar de um futuro que ainda não existe, e de acontecimentos vindouros aos quais ninguém assistiu? Não se trata de sonhos, especulações, desejos e temores, que todos necessariamente permanecem vagos e indecisos, já  que ninguém os pode comprovar? (...) Não é possível haver logos [conhecimento] do futuro, a não ser que o futuro seja continuação ou o retorno periódico e regular do presente. Mas se o futuro traz algo de surpreendente e de novo, sobre ele nada podemos afirmar, nem conhecer (...), mas tão somente naquilo que é permanente e retoma regularmente. Aristóteles chama a esperança de ‘sonho de quem está acordado’. (...). A escatologia cristã não fala do futuro. Ela toma seu ponto de partida numa determinada realidade histórica e prediz o futuro da mesma, suas possibilidades e sua eficácia futura”.

Nessa mesma direção, nos estudos culturais, o destacado pensador Homi Bhabha, na obra O
Local da Cultura, afirma que “residir ‘no além’ é ainda... ser parte de um tempo revisionário, um retorno ao presente para redescrever nossa contemporaneidade cultural; reinscrever nossa comunidade humana, histórica; tocar o futuro em seu lado de cá. Nesse 
sentido, então, o espaço intermédio ‘além’ torna-se um espaço de intervenção no aqui e no agora”.

Artigo completo: https://www.dropbox.com/s/upxmiqxkentip39/Educa%C3%A7%C3%A3o%20Teol%C3%B3gica-SW.pdf

http://www.livrariacultura.com.br/Produto/LIVRO/TEOLOGIA-EM-CURSO/22286466

TEOLOGIA EM CURSO - TEMAS DA FE CRISTA EM FOCO


As indicações metodológicas e as reflexões bíblico-teológicas presentes na obra fazem parte de um exercício crítico de síntese de questões fundamentais da teologia, procurando suas implicações prático-pastorais. Trata-se de questões básicas da fé cristã, organizadas nos temas da doutrina da criação, da antropologia teológica, da cristologia, da eclesiologia, da pneumatologia e da escatologia, analisadas a partir de sólidas estruturas teóricas e atualizada bibliografia, que necessitam de uma interpretação com base nos principais desafios apresentados pela realidade social e eclesial da atualidade.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Relato da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos/2013 - Belém/PA

Relato da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos/2013 - Belém/PA

De SOUC Belém Luterana




As celebrações da SOUC em Belém do Pará contaram com a presença de representantes de todas as igrejas e entidades/movimentos que compõem o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs – CAIC: Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Presbiteriana Independente, Igreja Sírian Ortodoxa de Antioquia, metodistas, Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos - CEBI, Movimento dos Focolares e Associação Amazônica de Ciências Humanas e da Religião – ACER.

Essas igrejas, entidades e movimentos atuam juntos na caminhada ecumênica há algum tempo, o que facilita o planejamento nas reuniões preparatórias da Semana, pois há uma sintonia muito grande entre as pessoas envolvidas nessa tarefa. Prova disso são os cantos que foram entoados, previamente escolhidos, e que são do conhecimento de praticamente todos e todas que compareceram às celebrações, pois fazem parte de um repertório bem ecumênico.

A ausência de um clérigo metodista nas celebrações propiciou o esquecimento no momento de apresentarem as igrejas presentes. Contudo, na hora certa, sempre acontecia de uma pessoa atenta ressaltar a nossa presença ali. E isso se repetiu algumas vezes, mas em todas essas ocasiões sempre aconteceu o reparo.

Nossos irmãos e irmãs ecumênicos continuam a se mostrar solidários e oferecendo apoio a nós, metodistas ecumênicos de Belém, que hoje nos encontramos sem igreja.

Em algumas celebrações da Semana pôde-se contar com a presença do bispo anglicano para a Amazônia, assim como do bispo da Pastoral Ecumênica da Igreja Católica. Em todas as celebrações, porém, contou-se sempre com representante/s das igrejas e dos movimentos/entidades.







 Como é de praxe, o encerramento da SOUC, aqui, sempre é contemplado com o café da manhã e com o almoço, ambos realizados de forma compartilhada, ou seja, cada igreja e entidade/movimento contribuem com algo para esses momentos. Com essa prática, o encerramento se constitui num momento de confraternização, de alegria, de conhecer novas pessoas que chegam para juntar-se a nós, de fortalecimento dos laços de amizade. Enfim, muita coisa boa acontece, além de desfrutarmos de novos temperos e sabores da “culinária ecumênica”.


Esperamos que no próximo ano a SOUC seja ainda mais participativa do que foi este ano.

Mais fotos da SOUC/2013: http://metodistaconfessante.blogspot.com.br/2013/05/fotos-da-semana-de-oracao-pela-unidade.html

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ato inter-religioso contra a redução da maioridade penal


Ato inter-religioso contra a redução da maioridade penal

Dia: 29 de maio (quarta-feira)
Horário:19h30
Local: Praça Roosevelt - Consolação (São Paulo)

Organização: Agostinianos (Vicariato da Consolação); Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI); Fundação Luterana de Diaconia (FLD); KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço; Movimento 18 Razões; Pastoral Carcerária; Pastoral da Juventude; Rede Ecumênica da Juventude (REJU); Rede Fale; Revista Viração; Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS). 





JUSTIFICATIVA PARA REALIZAÇÃO DO ATO:

Quem ainda não entrou em algum diálogo sobre a redução da maioridade penal? Quem nunca viu este assunto presente em algum noticiário televisivo ou em algum programa de debates entre "intelectuais"? Esse tema está presente em muitas rodas de conversa nos últimos meses, com muitas argumentações favoráveis a tal medida.



Estamos diante de uma resposta rápida assumida por muitas pessoas, numa articulação entre a sensação de insegurança, a espetacularização da vida e o oportunismo político. A base para a "solução" apresentada se contrapõe a alguns dados, como a informação divulgada pela Fundação Casa (São Paulo) neste ano, que significativamente apontam que, dos aproximadamente 9.016 internos, apenas 0,6% estão encarcerados por motivo de assassinato.



A medida de redução da maioridade penal não deseja a ressocialização de adolescentes, mas o encarceramento violento, marcado por distintas violações de direitos humanos. Além do mais, seguindo os passos do atual estado, a redução da maioridade penal ampliará cada vez mais a criminalização de uma classe, de uma cor e etnia, e de um território nas cidades: a população pobre, negra e periférica. 



Diante dessa realidade, jovens de distintas vivências religiosas e diferentes movimentos organizaram o Ato inter-religioso contra a redução da maioridade penal, que acontecerá no dia 29 de maio (quarta-feira), na Praça Roosevelt, em São Paulo (SP). Um ato construído num entrelaçamento de histórias e trajetos ao redor de um eixo comum: o direito à vida da juventude. Assim, por se reconhecer o "impulso de transformação" presente nas religiões – para além dos fundamentalismos e articulações reacionárias – convidamos a quem desejar abraçar este compromisso contra a redução a se juntar nestas redes que vamos criando, resultando em uma mobilização ampla e irmanada, para participar conosco desse ato inter-religioso.



É a hora de se construir essa ciranda de luta e esperança com tod@s nós! É o momento de se dizer, diante destas ameaças de redução de direitos já garantidos: "A Juventude quer viver!". Diga não à redução da maioridade penal e não às propostas que querem trazer retrocessos ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Fotos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Maringá/PR

Fotos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Maringá/PR 

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos aconteceu entre 14 e 18/05/2013 e contou com a participação de membros das diversas igrejas cristãs na cidade de Maringá, entre eles  católicos, anglicanos, luteranos, e metodistas.


Catedral Metropolitana Basílica Menor Nossa Senhora da Glória - 16 de maio de 2013 


Santa Isabel de Portugal, Maringá - 17 de maio de 2013 


Igreja Luterana - 19 de maio de 2013


Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - Maringá Nossa Senhora do Rosário


terça-feira, 21 de maio de 2013

Fotos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Belém/PA

Fotos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Belém/PA

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos aconteceu entre 14 e 18/05/2013 e contou com a participação de membros das diversas igrejas cristãs na cidade de Belém, entre eles  católicos, ortodoxos sirian, anglicanos, luteranos, presbiterianos e metodistas.

Abertura - 13/05/2013 - 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Belém (Presbiterianos e Metodistas)


14/05/2013 - Paróquia Cristo Rei - Igreja Católica


15/05/2013 - Catedral Anglicana de Santa Maria


16/05/2013 - Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia


17/05/2013 - Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Belém



18/05/2013 - Centro Mariápolis Glória - Focolares

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Teologia no Plural

Teologia no Plural




Claudio de Oliveira Ribeiro


O grupo de pesquisa Teologia no Plural, que reúne estudantes de teologia e de ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo, tem se preocupado com a importância da lógica plural para o método teológico. Em resumo, partimos da identificação de aspectos que, nas últimas décadas, têm limitado ou facilitado o alargamento do método e consequentemente oferecido menor ou maior capacidade de formulação de respostas teológicas consistentes diante da complexidade da realidade social latino-americana, em especial a diferença cultural nas linguagens da religião no Brasil.

Como se sabe, a passagem para o século XXI foi marcada, não somente no campo das ciências da religião e da teologia, mas em diferentes áreas do saber, por diversos impasses teóricos, parte deles identificados usualmente pela “crise dos paradigmas” que caracterizaram as últimas décadas do século XX. Os modelos de análise sofreram diversas avaliações, especialmente no tocante às formas de dogmatismo, comum em determinadas visões teológicas de caráter mais eclesiástico, ou do uso de instrumentais científicos de análise social, como o marxismo, caso da Teologia Latino-Americana.


Dessa forma, emergiram com intensidade discussões em torno do valor da pluralidade, da subjetividade e da ecumenicidade para as reflexões teológicas e as consequências disso para o conjunto da sociedade. Baseado nesses eixos, o grupo reúne pesquisas centradas nos seguintes aspectos: a) Lógica plural e teologia; b) Método teológico e os estudos culturais; c) Teologia ecumênica das religiões; d) Teologia, literatura e música; e) Temas teológicos sistemáticos e contemporaneidade.


A partir desta semana serão divulgados os textos produzidos pelo professor Claudio de Oliveira Ribeiro nos anos de 2010 a 2012 para disponibilização gratuita bem como os livros escritos e o endereço para sua compra.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Anita Betts e Mário Way

Anita Betts e Mário Way




Anita nasceu em 3 de dezembro de 1931 em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, filha de missionários metodistas americanos servindo à Igreja Metodista do Brasil desde 1919. Estudou no Brasil atéconcluir o segundo grau. De 1952 a 1956 foi cursar a universidade nos Estados Unidos, formando-se em música sacra e educação cristã. Em seguida foi para uma escola de treinamento missionário para leigos, pois planejava regressar ao Brasil como missionária. Foi onde conheceu o Mário.

Mário nasceu em 29 de dezembro de 1930, na Carolina do Sul, Estados Unidos, filho de família metodista. Participou no movimento Estudantil Universitário Metodista dos Estados Unidos, cujo um dos objetivos era o fim da segregação racial e a construção da justiça e fraternidade entre todas as etnias e povos. Em 1951 formou-se em Pedagogia. Na Igreja trabalhou em muitos ministérios e tarefas. Também em 1951 ficou sabendo que a Igreja estava procurando jovens que tivessem experiência no trabalho com juventude para serem enviados a trabalhar em várias partes da África.

Sentindo o chamado de Deus na sua vida, foi enviado pela Igreja para trabalhar em Angola, então uma colônia portuguesa na parte sul do continente africano. Sua tarefa era basicamente organizar sociedades de jovens, promovendo acampamentos, congressos, treinamentos; ajudando as igrejas locais a formarem grupos de jovens. Participava regularmente de equipes de pastores, professores, enfermeiras, etc... que visitavam as aldeias.

Serviu à Igreja Metodista de Angola (fruto missionário da Igreja Metodista dos Estados Unidos) até 1955, quando então retorna aos Estados Unidos para se fazer seu mestrado em Serviço Social, e candidatar-se a ter um ministério permanente como missionário. Foi nessa época que conheceu Anita. Como mencionamos, estudaram na mesma escola para missionários. Anita e Mário casaram-se em 1957 em Porto Alegre, Brasil, e passaram a lua de mel no Rio de Janeiro. Foi quando visitaram o Instituto Central do Povo (ICP) e o Acampamento Clay. "Foi amor a primeira vista", dizem em relação ao ICP e ao Brasil. "Se não houvesse o compromisso com Angola, gostaria de trabalhar aqui", o Mário disse na ocasião.
Mas, compromisso é compromisso.

E assim em 1958 o casal vai para Angola (onde Mário servira como Missionário) para trabalhar no Centro Comunitário em Luanda. Desenvolveram lá um trabalho sobretudo na área de educação e música. Começava a efervescência do movimento de emancipação nacional em Angola. E as igrejas evangélicas, e em especial a Igreja Metodista, eram acusadas de "instigar" os angolanos a trabalhar pela independência. Muitos pastores e líderes leigos foram presos ou mortos, e outros tiveram de fugir para o Zaire. Em 1961 Mário foi preso, junto de um grupo de missionários, acusado de "conspirar" e "trabalhar abertamente" a favor da "causa" da independência de Angola. Ficou preso por 2 semanas numa prisão especial para "presos políticos", até ser transferido para Portugal, onde, após 3 meses de prisão e sem uma acusação formal, foi posto em liberdade e expulso do país. Mário conta que a expulsão foi um "privilégio" para ele por causa de sua nacionalidade estrangeira (americana), pois a grande maioria dos que eram presos eram torturados e assassinados por grupos de extermínio ou repressão pró-governo de Portugal.

Eles diziam que a independência de Angola era a bandeira do povo angolano, particularmente do povo evangélico que, diferentemente da Igreja Católica, não tinha qualquer aliança com o governo colonialista. A grande maioria da liderança do movimento de independência tinha sido educada em escolas evangélicas. Houve uma repressão muito dura contra os evangélicos em 1961.

Na prisão Mário conversava com os outros missionários presos. Todos temiam que com a prisão e morte da liderança, o povo evangélico não agüentasse tanta repressão e que a Igreja fosse dispersada. Mas graças a Deus isso não aconteceu. "Os jovens metodistas usavam aquele distintivo da cruz de malta, seria muito fácil eles tirarem aquele símbolo para não serem reconhecidos. Mas eles faziam questão de usá-lo. Muitos deles "desapareceram", outros foram mortos", diz Anita.

Anita estava grávida quando Mário foi preso. "A casa já tinha sido apedrejada. Muitas pessoas refugiavam em nossa casa, fugindo do país. E muita gente trazia carta e material que eles queriam que saísse do país para nós entregarmos aos missionários que estavam saindo do país.
Até o dia que a polícia veio, revistaram a casa e disse pro Mário em inglês: "Este é o seu dia!" Nós tínhamos uma porção daquelas cartas e eu tive de escondê-las na roupa. E eles levaram o Mário nesse dia. Depois passaram noutro lugar, e prenderam mais três missionários." - conta Anita.

Anita continua: "Apesar de sermos todos evangélicos e metodistas, havia desde que chegamos uma nítida distância entre os irmãos angolanos e nós missionários. A luta era deles negros angolanos e nós missionários lembrávamos o branco europeu invasor e colonizador. Mas naquele mesmo dia que o Mário foi preso, aquela barreira Deus derrubou por terra. Recebemos uma inesperada visita de um grupo de mulheres que vieram com o intuito de solidariedade e consolo. Era como se elas dissessem: "agora sabemos que vocês estão do nosso lado e vocês sabem o
que nós sofremos!" E a casa foi apedrejada novamente naquele momento, mas não havia medo, somente fé e solidariedade. Estabeleceu-se um vínculo de cumplicidade". "Não dá pra ser neutros no processo de libertação e de fazer prevalecer a justiça de Deus", dizem.

"Ficamos sabendo do terrorismo da repressão. Tínhamos, por exemplo, um pastor amigo nosso que num domingo de manhã enquanto pregava, sua igreja foi invadida por um grupo de fazendeiros e arrancaram ele do púlpito e ali defronte da igreja bateram tanto nele que ele veio a falecer. Os cristãos metodistas oravam para que pudessem ser fiéis a Deus a ponto de amar a quem torturava, matava e os tratavam tão mal. Tinham a preocupação de serem fiéis ao Evangelho também durante este período difícil de perseguição! É por isso que eu não aceito e até me revolto com essa tal teologia da prosperidade, que apregoa que é só ter fé, que Deus vai tornar-nos ricos. Então me vem à mente a vida de tantos irmãos e irmãs que tiveram tamanha fé e sofreram prisões, tortura e até mesmo a morte" - diz o Mário.

Falando sobre barreiras raciais Mário testemunha: "Trabalhar em Angola foi uma grande mudança em minha vida. Eu era adolescente na igreja dos brancos que não se misturava com a Igreja dos negros. Creio que foi no movimento universitário a primeira vez que convivi, comunguei e partilhei com irmãos e irmãs negros. Aliás, foi esse movimento universitário que colocou a Igreja Metodista como pioneira na luta contra o racismo e que estabeleceu como bandeira a aproximação e integração entre brancos e negros metodistas. Hoje em dia a Igreja Metodista nos EUA chama-se Igreja Unida, e tem um só governo, uma só estrutura. E estão acontecendo nos últimos anos as primeiras experiências de pastores negros pastorearem as chamadas "Igrejas de brancos" e de pastores brancos pastorearem as chamadas "igrejas de negros". Temos bispos negros e bispos brancos". E Anita confirma: "Não havia diferenças para mim e Mário capazes de nos impedir a comunhão e o amor, de estabelecer racismo. E as crianças, graças a Deus, não vêem isso. E era muito lindo ver nossa filha loira brincar com todas aquelas crianças negras. Amamos profundamente nossos irmãos e irmãs angolanos."

Como os dois falavam o português, foram enviados em 1962 pela Junta Geral de Missões da Igreja como missionários à I Região EcIesiástica da Igreja Metodista no Brasil, onde servem na qualidade de Diáconos da Igreja ao Instituto Central do Povo (ICP). Mário continua no ICP até hoje. Anita em 1984 foi transferida para servir no Instituto Metodista Ana Gonzaga (IMAG), com a responsabilidade pela educação cristã e outros serviços de apoio às crianças internas. Anita em 1995 foi nomeada para a Equipe Regional de Trabalho com as Crianças da Região. E Mário desde 1983 também participa da Assessoria de Projetos da nossa Região. O casal tem 3 filhos nascidos em países e continentes diferentes. Evelyn nasceu em Angola, África; Steve nasceu nos Estados Unidos e Dine, nasceu no Brasil. Os três netos são nascidos no Brasil.

Ficam tristes quando ouvem alguém dizer que os missionários metodistas americanos que trabalharam na década de 60 no Brasil estavam a serviço da CIA (central de espionagem americana) e trabalhando pelo golpe de 1964. Mário afirma que "como parte do contrato da Junta Geral de Missões, é estipulado que os missionários metodistas americanos não tenham nenhum contato com a CIA ou outro órgão similar. Dos missionários metodistas americanos que conheci nesses anos todos, tanto aqui como em Angola, não sei de nenhum que prestou esse papel. Pelo contrário, nós nos opomos a esse tipo de coisa. Pode ser que isso tenha acontecido com outros missionários, inclusive americanos, mas não com os metodistas. Mas eu pessoalmente nunca conheci e nem soube de nenhum. Pelo contrário, tivemos foi um dos nossos missionários aqui no Brasil expulso pelo governo militar por ser considerado subversivo após publicar alguns artigos sobre a brutalidade dos militares e das prisões de estudantes, por exemplo".

Sobre este mesmo tema Anita conta que em abril de 1965 recebeu uma carta de uma tia dos EUA onde num parágrafo ela queria saber notícias da família Way porque estava preocupada por ouvir muitas notícias sobre o que andava acontecendo no Brasil. Já num outro parágrafo ela comenta que estava muito contente porque o Bispo Dossey estava nos EUA e fazendo tanto pela Causa. "Só isso que ela falou. Ai quando eu vi isso, que engraçado, Já fazia tanto tempo que o Bispo Dossey já tinha ido, por que ela estava escrevendo isso agora? Foi então que reparei que a carta havia sido escrita em abril de 1964 e ela havia sido aberta pela censura. A carta estava até com fitas transparentes fechando a carta. Então com essas todas coisas achei que o Mário estivesse numa nova lista de subversivos, agora na lista do governo militar do Brasil, porque estava trabalhando pela "Causa" em 1964. Eles ficaram com nossa carta durante um ano!"

Falando de sonho... Um grande sonho do Mário é ver o ICP e o Acampamento crescerem e servirem melhor à comunidade e à Igreja. Anita está contente de ver a música em nossa Igreja melhorando; tornando-se mais brasileira, com novas e belas composições, ao mesmo tempo há grupos resgatando a beleza e novidade dos hinos que integram nossa história desde há muito tempo ("os hinos do nosso hinário"). Mas seu grande sonho é ver o IMAG com casas-lares e que realmente cuidasse das crianças de uma maneira que quando elas saíssem de lá fossem pessoas preparadas para a vida, com capacidade de aproveitar oportunidades ou até mesmo de criar suas próprias oportunidades, com futuro e uma contribuição significativa para que nossa sociedade possa ser melhor.

Em julho de 1997 aposentam-se e apesar de duas filhas estarem residindo nos EUA, pretendem
continuar vivendo no Brasil. "Aqui estão os amigos; uma boa parte da vida!

Mário Faleceu no dia 12 de maio de 2013

Fonte - http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Anita_Marion_Way.pdf

sábado, 11 de maio de 2013

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - Maringá/PR

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - Maringá/PR



Rev.Robert Stephen Newnum, pastor da Igreja Metodista em Terra Rica/PR, pregará nos dias 15, 16 e 17, inclusive na Catedral Metropolitana/Basílica Menor, em Maringá.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - 2013

Semana de Oração 2013: de 12 a 19 de maio

 
O que Deus exige de nós?
 
Este é o tema da SOUC - Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos, edição 2013, que será realizada entre os dias 12 e 19 de maio. Inspirado em Miquéias 6:6-8, o material foi todo preparado pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia, com a consultoria da Federação de Universidade Católica de Toda a Índia e do Conselho Nacional de Igrejas na Índia. O CONIC, por sua vez, se encarregou de produzir todo o material que será utilizado por igrejas e movimentos ecumênicos.
 
No processo de preparação, enquanto se refletia sobre o significado da Semana, ficou decidido que, num contexto de injustiça em relação aos dalits na Índia e na Igreja, a busca pela unidade visível não poderia estar dissociada do desmantelamento do sistema de castas e do apelo às contribuições para a unidade dos mais pobres.