quarta-feira, 30 de julho de 2014

“Demolição não combina com educação”: Carta aberta à COREAM- RS e demais interessados

“Demolição não combina com educação”: Carta aberta à COREAM- RS e demais interessados


Nós do movimento pró-Tombamento do IPA e do Colégio Americano, Juntos Somos Mais, vimos a público para alguns esclarecimentos sobre acontecimentos ocorridos na última semana, que envolvem nossos esforços pela preservação patrimonial destas instituições e a continuidade das mesmas.

Desde que iniciamos a caminhada do pró-Tombamento do IPA e do Colégio Americano, desde aproximadamente há sessenta dias, manifestamos que para nós o Tombamento é, antes de tudo, ato de reconhecimento simbólico do legado material e imaterial construído por gerações de educadores. Seus pais fundadores eram homens e mulheres abnegados pela causa da educação crítica e integral da pessoa, em prol da justiça e bem comum. “Hoje fazemos uma escolha clara pela vida, em oposição à morte e a todas as forças que a produzem” –Diretrizes para Educação da Igreja Metodista.

Entramos nessa luta acreditando no que nos ensinaram: “Educar é ensinar a viver”, “Liberdade com responsabilidade” e tantos outros valores que foram impressos em nosso caráter e em nossa formação cidadã. Por tal razão, não nos sentimos constrangidos de lutar por instituições educacionais centenárias.

Tendo o Tombamento e  a continuidade das instituições como foco, nos dedicamos a entender as causas que levaram instituições estáveis para um quadro de instabilidade financeira e jurídica a ponto de levar a leilão uma instituição consagrada como o Colégio Americano. Por sua vez, INDAGAMOS SOBRE O PAPEL DA MANTENEDORA ESTABELECIDA EM SÃO PAULO NESTE CONTEXTO DE CENTRALIZAÇÃO.

O movimento pró-Tombamento nasceu de maneira relativamente espontânea nas redes sociais e é nossa bandeira comum o Tombamento com a continuidade educacional e a abertura para o diálogo comunitário. Trabalhamos com a diversidade de talentos e a disponibilidade voluntária dos simpatizantes pela causa educacional e cultural.

Portanto, não partilhamos da política do pensamento único e divergimos não de pessoas, mas de ideias sobre o equacionamento da crise do IPA. DIVERGIMOS ESPECIALMENTE DA ARTICULAÇÃO DA MANTENEDORA SEDIADA EM SÃO PAULO, QUE QUER IMPOR UMA CHAMADA “PARCERIA” ENTRE O IPA E UMA INCORPORADORA IMOBILIÁRIA NACIONAL. Pelo que se sabe por notícias tal parceria ocuparia 65% do terreno do IPA com torres e estacionamentos, segundo o modelo já conhecido de concreto armado e elitização da cidade.

A MANTENEDORA, ESQUECENDO-SE DA SUA FUNÇÃO PRINCIPAL, NÃO AVALIOU EFETIVAMENTE AS CONSEQUÊNCIAS DE TAL PROJETO. Em primeiro lugar, esse negócio não se trata propriamente de uma venda, pois o terreno já consta como bem em hipoteca. E fala-se em “parceria” e que tal “parceria” resultaria num aporte de R$ 40 milhões para o IPA, valor supostamente necessário para minimizar os impactos trabalhistas e/ou diminuir juros das dívidas bancárias da instituição.

VALE PERGUNTAR QUE GARANTIAS A MANTENEDORA DARIA AO IPA DE QUE TAL DINHEIRO SERIA EFETIVAMENTE COLOCADO PARA EQUACIONAR SUAS DÍVIDAS. Pelo histórico da mantenedora, tudo o que ela fez até o presente momento foi enxugar a folha de pagamentos e não dar a devida atenção ao departamento jurídico – do qual nasce grande parte da instabilidade do IPA e  do Colégio Americano, assim como das demais instituições como o União em Uruguaiana, o Colégio Centenário em Santa Maria e do Instituto Educacional de Passo Fundo, que está em território da Segunda Região mas não faz parte da Rede Sul há um bom tempo.

Por outro lado, mesmo se o IPA vendesse parte de seu terreno, esses R$ 40 milhões representariam apenas uma fração de terreno do IPA e não 60% ou mais, tal como é falado. MAS O QUE É PREOCUPANTE NESSE MEGAPROJETO É O IMPACTO NA CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO, POIS A DEMOLIÇÃO DA PISCINA E DO GINÁSIO DE ESPORTES VAI ATINGIR PRATICAMENTE TODOS OS CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE DO IPA.

A área da piscina é um  complexo pedagógico que engloba os laboratórios de Anatomia, Fisiologia, Biomolecular, Química, Bioquímica Clínica, Hemato-Uroanálise, Zoologia, Botânica, salas de apoio, estúdio de fotografia, sala de fisioterapia, sala de apoio para a Bioquímica Clínica e Química. Nesse complexo funcionam ainda a Universidade do Adulto Maior, a Academia de Dança e Ginástica, espaços para as coordenadorias e a própria piscina. É DE SE SUSPEITAR, ANTE O EXPOSTO, QUE NÃO HAJA CONTRAPARTIDA À ALTURA NEM PLANEJAMENTO QUE DÊ CONTA DE TÃO COMPLEXAS E EXIGENTES NECESSIDADES ACADÊMICAS.

Na prática, o megaprojeto imobiliário pode levar o Centro Universitário IPA ao desaparecimento, pois serão criados problemas de acesso aos alunos além de problemas com implicações nas avaliações do MEC no que diz respeito aos laboratórios disponibilizados aos alunos, entre outras questões que envolvem poeira e barulho de obras que podem durar mais de dois anos.

Entre tantas razões, esta é uma das que nos leva a divergir de determinados membros do movimento pró-Tombamento, os quais assumiram a bandeira da “parceria” entre a mantenedora e a incorporadora. OPTAMOS POR MANTER UM DISTANCIAMENTO CRÍTICO DA MANTENEDORA PORQUE TEMOS AFIRMADO QUE:

1. NÃO HÁ TRANSPARÊNCIA NO REFERIDO MEGAPROJETO.
2. Ele é desproporcional. A MANTENEDORA EXAGERA NA PALAVRA “CRISE” PARA IMPOR UM MEGAPROJETO QUE PELA FALTA DE CLAREZA FAZ SUSPEITAR DAS CONTRAPARTIDAS DA INCORPORADORA, principalmente em relação ao complexo educacional da piscina e ao ginásio de esportes. A bem da verdade, estes desaparecerão pela ação das britadeiras.
3. Num mercado educacional tão competitivo os transtornos de um megaprojeto deste porte, feito sem diálogo e planejamento, vão incidir diretamente na perda de alunos. NO MAIS, O QUE É DITO COMO UM “BOM NEGÓCIO” VAI RESULTAR NA PERDA DE RECEITAS OU MESMO NO FECHAMENTO DE VÁRIOS CURSOS SUPERIORES DO IPA.

Frente aos fatos, POSICIONAMO-NOS CONTRA A TENDÊNCIA DO PENSAMENTO ÚNICO que tenta veicular a ideia de que o IPA só teria uma alternativa: ou a instituição vende seu patrimônio líquido (cursos superiores) ou aceita o pacote pronto da “parceria” entre a mantenedora com a incorporadora.

Sabedores de que um representante da mantenedora viria de São Paulo para pressionar os representantes da Igreja Metodista com sede no Rio Grande do Sul, para conjuntamente avalizar o pacote matenedora-incorporadora, PROTOCOLAMOS NO DIA 6 DE JUNHO, NA SEDE REGIONAL DA IGREJA METODISTA GAÚCHA, UM PEDIDO DE AGENDAMENTO. Intencionávamos  apresentar uma agenda propositiva para o possível equacionamento da crise para evitar o possível desmonte do Centro Universitário IPA. É NOSSO OBJETIVO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A INTEGRIDADE PATRIMONIAL E A CONTINUIDADE DO PROJETO EDUCACIONAL METODISTA. Infelizmente não obtivemos uma resposta oficial que fraqueasse nosso acesso a tais representantes.

            Continuamos na luta e pela mobilização em favor do IPA e Colégio Americano, também não esquecendo agora as demais instituições localizadas na Região Sul. Queremos afirmar isto: “DEMOLIÇÃO NÃO COMBINA COM EDUCAÇÃO”.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Maringá sediará o primeiro Encontro Estadual Ecumênico do estado

Maringá sediará o primeiro Encontro Estadual Ecumênico do estado
Encontro Ecumenico ParanáO Regional Sul 2 da CNBB prepara para o mês de setembro o 1º Encontro Estadual Ecumênico do Paraná. A iniciativa tem por objetivo reunir agentes e representantes envolvidos no serviço ecumênico do Regional para conhecer os trabalhos que atuam nessa área, aprofundar no conhecimento sobre o tema, além de motivar os agentes na caminhada ecumênica.
O encontro também pretende criar propostas de ações conjuntas para a realização e aprofundamentos da missão ecumênica e refletir a respeito da importância e necessidade do Ecumenismo como componente inevitável da missão da Igreja.
"Ecumenismo é um modo de vida. Ecumenismo é a vivência plena do projeto de Jesus no dia a dia. O discípulo de Jesus é aquele que consegue dialogar com seus irmãos e irmãs; em seu coração reside acima de tudo a unidade e também é sabedor(a) que por mais diferentes que possamos ser a vivência em comunidade é a melhor alternativa. Diálogo, fé e solidariedade são marcas indeléveis daqueles que desejam seguir o caminho de Cristo", destaca nota de divulgação do evento.
O  1º Encontro Estadual Ecumênico do Paraná terá como tema 'Juntos na missão de Deus!' e lema 'Para que todos sejam um', do evangelho de João 17, 21. 
Serviço: Data: início no dia 20 de setembro de 2014 às 8h e término no dia 21 de setembro de 2014 às 12h.
Local: Centro de Espiritualidade Rainha da Paz – CERP
E-mail: cerp@pbmm.com.brInformações pelo telefone: (44) 3225-2093

sábado, 19 de julho de 2014

Morre em Campinas, aos 80 anos, o escritor e teólogo Rubem Alves

Morre em Campinas, aos 80 anos, o escritor e teólogo Rubem Alves


  • O escritor Rubem Alves
    O escritor Rubem Alves
Morreu na manhã deste sábado (19), às 11h50, o escritor Rubem Alves, aos 80 anos. A informação foi confirmada aoUOL pela assessoria de imprensa do Hospital Centro Médico de Campinas, onde Rubem estava internado desde o último dia 10 de julho.
Segundo o hospital, Rubem veio a óbito por falência múltipla dos órgãos. Ele estava na UTI por apresentar insuficiência respiratória devido a uma pneumonia. O escritor, psicanalista, teólogo e educador era considerado um dos maiores pensadores contemporâneos da educação no Brasil.
O velório de Rubem será realizado no Plenário da Câmara Municipal de Campinas a partir das 19h deste sábado. O corpo do escritor será cremado no Crematório Metropolitando Primaveras, em Guarulhos (Grande São Paulo).
Rubem era casado com Lidia Nopper Alves e deixa três filhos.
Biografia
A trajetória de Rubem Alves foi em muito forjada e influenciada pela religião. Na juventude no Rio de Janeiro, encontrou no divino um abrigo para as maldosas brincadeiras das quais era alvo de seus colegas de escola, que o viam como um caipira de Minas Gerais – é que ele nasceu no dia 15 de setembro de 1933 em Boa Esperança, quando a cidade ainda se chamava Dores da Boa Esperança. Terminado o ginásio, foi estudar teologia no Seminário Presbiteriano do Sul. Depois de formado, voltou para seu Estado natal para atuar como pastor em meio a pessoas simples e pobres.
Nesse momento, já forjava o pensamento que seria um dos pilares da Teologia da Libertação, movimento que propunha que a religião fosse interpretada e praticada sob a perspectiva dos mais pobres, questionando, por exemplo, a noção de pecado e baseando-se, principalmente, em princípios de amor e na liberdade. Acreditava que a religião deveria ser mais um meio para melhorar o mundo dos vivos do que para garantir algo às pessoas depois de mortas. Contudo, suas ideias não foram bem recebidas pela Igreja. Como o teólogo e escritor Leonardo Boff, seu colega e amigo, sofreria retaliações pelos pensamentos que expôs e pela postura que adotou.
Depois de uma temporada de estudos em Nova York, voltou ao Brasil logo após o golpe militar de 1964 e foi denunciado como subversivo pela Igreja Presbiteriana. Para escapar daqueles que o perseguiam, retornou aos Estados Unidos junto de sua família. Lá, à convite da United Presbyterian Church – EUA (a Igreja Presbiteriana estadunidense) e do presidente do seminário teológico de Princeton, escreveu sua tese de doutorado, intitulada "Towards a Theology of Liberation", na qual colocava no papel as ideias que tomariam corpo como movimento.

Retornou ao Brasil já Ph.D, quando rompeu com a Igreja Presbiteriana e ficou desempregado. Voltaria a trabalhar lecionando no ensino superior, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro, e, a partir de 1974, seria professor da Unicamp até a sua aposentadoria.
Casou-se em 1959 com Lídia Nopper e juntos tiveram três filhos, Sérgio, Marcos e Raquel. Graças à garota, começou a escrever histórias para crianças. Dedicou-se à literatura e à poesia, entendia que ambas eram alimento para o corpo e agrado para a alma. Escrevendo realizou seu frustrado sonho de ser pianista. Via nas palavras o dom que lhe faltava para as notas musicais. Inspirado por Albert Camus, Nietzsche, Jorge Luis Borges, Roland Barthes, Fernando Pessoa e Manoel de Barros, dentre muitos outros, tornou-se um dos escritores brasileiros mais prolíficos e queridos.
Sua obra conta com mais de uma centena de livros –divididos entre infantis, de crônicas, educação, religião, teologia e até biografia ("Gandhi: a Magia dos Gestos Poéticos") –, dentre os quais merecem destaque "Ostra feliz não faz pérola", segundo colocado na categoria "Contos e crônicas" do prêmio Jabuti de 2009, "O que é religião", livro de introdução ao pensamento religioso, "A alegria de ensinar", no qual discute o conhecimento e as formas de transmiti-lo de geração a geração, "A Escola que Sempre Sonhei", também sobre educação, e os infantis "A Pipa e a Flor", "A Menina e o Pássaro Encantado" e "A Volta do Pássaro Encantado". Entendia que deveria abordar temas de complexidade filosófica de modo simples e compreensível, para que fossem acessíveis ao maior número de pessoas possível.

Na década de 1980, tornou-se psicanalista –dizia-se heterodoxo, pois acreditava que a beleza habitava as profundezas do inconsciente. Teve sua própria clínica até 2004 e de seus pacientes tirou inspiração para boa parte de suas crônicas. Em depoimento publicado no site de Rubem Alves, Leonardo Boff disse que o amigo "transformou-se em mestre com pontos de vista originais sobre os mais diversos assuntos. Ele sabe falar poeticamente do prosaico e prosaicamente do poético. Na minha opinião, é um dos que melhor maneja a língua portuguesa em nossa geração com uma elegância e leveza de estilo que nos causam verdadeiro fascínio".
A formação humanista, o apreço pelas artes, o questionamento do poder e a carreira acadêmica transformaram Rubem Alves em um grande e respeitado educador – talvez o que melhor o defina na última parte de sua vida. Pensando sobre a educação, passou a questionar o modelo de ensino estabelecido, afirmava que a função do professor deveria ser a de provocar os alunos a procurarem respostas para as perguntas adotando uma posição mais próxima aos aprendizes, e não mais o adulto que simplesmente despeja conteúdos. O ambiente de aprendizado também deveria passar por mudanças profundas, aproximando-se mais das próprias casas das crianças, onde os cômodos serviriam como espécies de laboratórios íntimos que despertariam a atenção dos pequenos para as matérias a serem ensinadas. "A escola, querendo ou não, é um ambiente artificial. A vida não está acontecendo lá", declarou em entrevista à revista Educar para Crescer.
Em seu site, escreveu "Minha estrela é a educação. Educar não é ensinar matemática, física, química, geografia, português. Essas coisas podem ser aprendidas nos livros e nos computadores. Dispensam a presença do educador. Educar é outra coisa. De um educador pode-se dizer o que Cecília Meireles disse de sua avó – que foi quem a educou: 'O seu corpo era um espelho pensante do universo'. O educador é um corpo cheio de mundos.... A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O mundo é maravilhoso, está cheio de coisas assombrosas. Zaratustra ria vendo borboletas e bolhas de sabão. A Adélia ria vendo tanajuras em voo e um pé de mato que dava flor amarela. Eu rio vendo conchas, teias de aranha e pipocas estourando... Quem vê bem nunca fica entediado com a vida. O educador aponta e sorri – e contempla os olhos do discípulo. Quando seus olhos sorriem, ele se sente feliz. Estão vendo a mesma coisa. Quando digo que minha paixão é a educação estou dizendo que desejo ter a alegria de ver os olhos dos meus discípulos, especialmente os olhos das crianças". Por essa colocar em prática essa linha de pensamento, receberia o título de professor emérito da Unicamp, em 1996, o prêmio "O educador que queremos", oferecido pela PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), em 2003. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Fé Reflexiva


A Fé Reflexiva


reflexão
Carl Gustav Jung, psicólogo cristão, estabeleceu o conceito de individuação como centro de sua Psicologia. A individuação é, segundo Jung, o processo pelo qual a pessoa torna-se progressivamente durante toda a vida o ser pleno, unificado, tal qual almejado por Deus.(*1) Partindo do pressuposto de Jung, a fé reflexiva é resultado da individuação humana. Sem ambas é impossível tornar-se o ser pleno almejado por Deus.
Neste sentido pode-se retomar à visão do fundador do Metodismo. Wesley submeteu-se à fé reflexiva e foi esta submissão que o conduziu ao encontro do verdadeiro sentido de ser cristão e de possuir uma fé autêntica, à partir das dúvidas e dificuldades inerentes ao caminhar da fé. Em sua auto-análise Wesley chegou a confessar: Meus amigos afirmam que sou louco, porque eu digo que não era um cristão há anos atrás. Eu afirmo que não sou um cristão agora. Na verdade, o que eu possa ter sido eu não sei, se eu tivesse sido fiel à graça recebida [no dia 24 de maio], quando, esperando nada menos, eu recebi tal sensação de perdão dos meus pecados como até aquele tempo eu não conhecia. Mas que não sou um cristão, neste dia, eu tenho tanta certeza como de que Jesus é o Cristo. (…) embora tenha dado e ainda dou, todos os meus bens para alimentar os pobres, eu não sou um cristão.(*2)
mulher nomar
Aqui percebe-se que Wesley não concebe a fé como um estado acabado. HEITZENRATER afirma: Wesley estava consciente do seu próprio [limite e] desenvolvimento teológico e espiritual; ele estava igualmente preocupado com a caminhada religiosa e intelectual de seus seguidores(*3). De modo muito especial, havia uma preocupação com aqueles que estariam na linha de frente das congregações, pois caso não houvesse capacitação adequada, em todos os sentidos, o trabalho resultaria em fracasso. Diante de tal fato mencionou sua decepção nas minutes: Quase todas as sementes caíram à beira da estrada; poucos frutos dela permanecem. (*4) Por isto, desde os primórdios do movimento metodista, Wesley tratou com seriedade, às vezes até extrema, da formação de seus pregadores.
Diante da força da necessidade de seu tempo, Wesley se viu compelido a aceitar pessoas com baixa formação educacional, todavia, a estas não dedicou complacência, ao contrário, ele e seu irmão Carlos constantemente examinavam o desenvolvimento dos pregadores e não era incomum que destituíssem os que não respondiam às expectativas que os irmãos consideravam razoáveis para o trabalho pastoral. Certa feita, num dos exames para pregadores incorreu-se sobre os hábitos de leitura; quando Wesley constatou o não cumprimento das leituras sugeridas, questionou: Não estão muitos de nós ainda carecendo de seriedade?(*5) Em outra ocasião, quando um dos pregadores reclamou da quantidade de leituras exigidas, afirmando que não gostava de ler, Weley foi categórico dizendo algo assim: Então trate de gostar ou arrume outra profissão.
O Espírito Santo que sopra no meio da Igreja e derrama fogo no meio do povo é o mesmo que age nas salas das universidades e nos círculos de estudos bíblicos. Um discurso “espiritualista” equivocado separa os lugares de atuação do Espírito Santo e pode ser usado como apologia da arrogância, da ignorância e da preguiça intelectual. Ao cairmos nesta armadilha, poderemos até nos iludir com uma aparente germinação de sementes; o problema será ver os frutos.
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É preciso nos lembramos dos ensinos e da espiritualidade de Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo o qual até os momentos que antecederam a sua morte sob o regime nazista, jamais deixou de se conduzir e desafiar outros a um compromisso com a fé reflexiva: Sempre de novo deverá ser examinado qual é a vontade de Deus, porque ela (…) não é um sistema de regras pré-fixadas, mas cada vez nova e diferente nas diferentes situações da vida. Coração, raciocínio, observação e experiência devem ser conjugadas para este exame. Ele é tão sério justamente porque já não se trata mais do próprio saber a respeito do bem e do mal, mas da vontade viva de Deus, (…) Nem a voz do coração, nem alguma inspiração, nem tampouco algum princípio de validade universal podem ainda ser confundidos com a vontade de Deus que se revela sempre nova somente a quem sempre procede deste exame.(*6)
Quando a fé é alicerçada na razão o ser humano aprende melhor a lidar consigo mesmo e com a divindade. Lembremo-nos da palavra de Santo Agostinho: A fé e a razão caminham juntas, mas a fé vai mais longe.
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*1. R. A. JOHNSON, He: A chave do entendimento da psicologia masculina, p. 15
*2. Richard P. HEITZENRATER, Wesley e o povo chamado metodista, p. 90
*3. Richard P. HEITZENRATER, Wesley e o povo chamado metodista, prefácio
*4. Apud. Richard P. HEITZENRATER, Wesley e o povo chamado metodista, p. 165
*5. Apud. Richard P. HEITZENRATER, Wesley e o povo chamado metodista, p. 205
*6. Dietrich BONHOEFFER, Ética, p. 28

sábado, 12 de julho de 2014

Manifesto de religiosas e religiosos em favor do povo palestino

Manifesto de religiosas e religiosos em favor do povo palestino

O movimento Kairós Palestina Brasil, formado por teólogas e teólogos brasileiros, face à grave crise humanitária provocada pelos ataques de Israel contra a população civil residente na Faixa de Gaza, elaborou o seguinte manifesto a ser entregue ao governo federal brasileiro através do CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs: 



Nós, líderes religiosos de diversas confissões de fé, igrejas, comunidades e pastorais nos dirigimos ao governo brasileiro desde nossa espiritualidade de compaixão, solidariedade e afirmação da paz com justiça e solicitamos: 

1- Que o governo brasileiro se pronuncie abertamente contra as agressões que o Estado de Israel impõe à população palestina em Gaza e na Cisjordânia numa guerra movida pela vingança e punição coletiva; 

2- Que o governo brasileiro use todos os caminhos e instrumentos do direito internacional para terminar com a ocupação israelense na Palestina; 

3- Que o governo brasileiro interrompa e termine com todas as relações militares como Estado de Israel, em especial com a empresa Elbit; 

4- Que o governo brasileiro não estabeleça relações econômicas com empresas baseadas nos assentamentos ilegais de Israel na Cisjordânia. 

Em nome do Povo que espera, na graça da Fé em Deus de todos os Nomes queremos a Paz.

Para subscrever o documento, que será entregue na terça-feira (15/07), basta acessar a página do Facebook de Kairós Palestina Brasil e acrescentar um comentário, informando nome completo, filiação religiosa e cidade.

Kairós Palestina Brasil: http://kairosbrasil.com/sobre
Página de Kairós no Facebook: https://www.facebook.com/kairospalestinabrasil?fref=ts