quarta-feira, 23 de abril de 2008

Conselhos para sobreviver ao mundo gospel

O mundo gospel se torna cada dia mais patético; distante do protestantismo; em rota de colisão com o cristianismo apostólico; transformado numa gozação perigosa; adoe­cendo e enlouquecendo mil­hares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.

Não consigo responder a to­das as mensagens que ento­pem minha caixa postal. Mi­lhares pedem socorro. Eu pre­cisaria ter uma equipe de es­pecialistas, todos me ajudan­do a atender os que me per­guntam: “ a maldição do pas­tor vai pegar mesmo?”; “é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?”; “em nome da evangelização, devo aturar esses sermões ralos?”.
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangéli­cos com petição de dinheiro, venda de “Bíblias fantásticas”, milagres no ata­cado e simplismos hermenêu­ticos. As bobagens alcança­ram níveis intoleráveis.

O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes pa­rem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe os livros evangé­licos encalharem nas pratelei­ras - idem, para os meus. De­pois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a dife­rença entre os que fazem mis­são e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusi­ve o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televi­são. Não comente, nem criti­que, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apósto­los. Afaste-se! Silencie! De­sintoxique mente, alma e espí­rito da linguagem, pressupos­tos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentá­rio de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofer­tas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que dimi­nuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não te­nha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou minis­tério:
Quanto tempo é gasto no cul­to para pedir dinheiro?
A hora do ofertório vem acompanhada de uma lingua­gem com “maldição, gafanho­to ou licença legal para ata­ques do diabo”?
Prometem-se “prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza”, para os que forem fiéis?
Existe alguma suspeita na ad­ministração dos recursos arre­cadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, nin­guém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira - o monumen­tal ufanismo evangélico preci­sa deflacinar.

Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
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Ricardo Gondim é pastor da Assembléia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Pau­lo. É autor de, entre outros, Orgulho de Ser Evangélico. Gondim foi um dos convidados a falar no Encontro Nascional de Pastor@s da Igreja Metodista.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Ministério pastoral: em busca de novos caminhos


Por Rev.Ronaldo Sathler-Rosa
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7 - A atual supremacia da competição e da comercialização disseminada na aldeia globalizada se instalou, igualmente, no interior de igrejas alinhadas com o cristianismo.

É fator ponderável que ergue barreiras para a credibilidade da Igreja, na recepção pelo mundo contemporâneo da mensagem cristã. Ademais, a competição aninha sentimentos de superioridade, de arrogância e conseqüente rigidez doutrinária, acobertada por “argumentos” de “pureza da fé”, de “defesa dos autênticos valores cristãos”. Acompanham-na atitudes de desapreço e até mesmo de exclusão de outras igrejas e grupos de pessoas que não partilham as mesmas ênfases teológicas.
Concluindo, o fascínio que a vocação pastoral exerce sobre muitos de nós e sua abrangência muito além dos limites institucionais tradicionais é o que nos leva a submeter essas anotações a colegas, a leitoras e leitores interessados na missão da Igreja na atualidade. Outros caminhos vão se abrindo à medida que interagimos em resposta aos desafios desses “sombrios” tempos atuais. O diálogo com a sociedade é, também, expressão de nosso compromisso com o Evangelho que nos convoca: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa” (Mateus 5.14-15).


Para ler o texto completo acesse http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=6267
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Rev. Ronaldo Sathler-Rosa
Professor da Faculdade de Teologia e da Pós-Graduação em Ciências da Religião da UMESP. Adaptado de “A nova cidadania do cristianismo: da tutela à imersão”, artigo de Ronaldo Sathler-Rosa, publicado em Estudos de Religião, 32, 2007.