terça-feira, 25 de agosto de 2009

O feitiço da serpente


O feitiço da serpente


Desde a primeira fase do 18º concílio surgiram frases como: “A questão ecumênica é apenas a ponta do Ice berg; a questão é poder; os carismáticos querem assumir a Igreja Metodista...” Ora, é preciso começar dar nome aos leões. Não! Aqui não cabe a linguagem inclusiva.

Primeiro, é necessário traduzir o que significa, por exemplo, a questão de poder. Deve-se ir direto ao ponto: É o controle ideológico e o controle financeiro das instituições rentáveis da Igreja. Do contrário, a polêmica advinda dessa suposta “homérica” discórdia já teria levado há tempos à uma divisão. Por que não aconteceu? Por que certos indivíduos resistiriam tanto tempo? Não seria o caso de terem fundado outra igreja, como fizeram alguns?

Segundo, será que os carismáticos devem ser colocados num mesmo saco? Não estariam apenas sendo usados por certos leões raivosos?

Há sim carismáticos anti-ecumênicos, espiritualistas e ávidos pelo poder... Mas há carismáticos sinceros em sua fé e também há carismáticos ecumênicos. Nesses grupos, pode ser que haja pessoas com compreensões bíblicas e teologias díspares dos “intelectuais” e “liberais” da igreja, mas em absoluto, pode-se afirmar que a maioria almeje controlar seus recursos financeiros. Um caminho didático consiste em separar o joio do trigo.

É muito provável que a maioria carismática nem ao menos possua dimensão do que está acontecendo na igreja pós-18º Concílio. As compreensões equivocadas sobre ecumenismo e o desconhecimento acerca dos fundamentos históricos do metodismo, não fazem de todos oportunistas. S aber quem é quem, é um exercício que requer menos preconceito e mais amor.

Oportunismo é que o se assiste por parte de um grupo pequeno - conduzido por uma dúzia ou menos de líderes - que se valeu de um ponto nefrálgico da Igreja para construir um projeto que em absoluto tem a ver com espiritualidade dos carismáticos, com a preservação da tradição da igreja ou algo similar, defendida pelos “tradicionalistas” ou, “liberais” da Igreja Metodista brasileira.

É passada a hora de se analisar a dimensão do encantamento lançado sobre o ecumenismo que tal qual serpente balançando o guiso enfeitiçador, foi usado na certeza de encantar não apenas aos carismáticos desavisados, mas também paralisar toda igreja entorno de uma discussão que apenas esconde os reais propósitos dos “encantadores” de serpente.

Essa tática é comum entre líderes e regimes totalitários. Eles pegam um ponto nefrálgico de uma sociedade ou de um grupo e direcionam os holofotes, deixando à sombra os reais propósitos de suas agendas.

Na história da humanidade, esse feito se repetiu sucessivas vezes. Enquanto muitos se entregaram ao feitiço do que aparecia sob efeito da “luz”, na escuridão alguns brincavam de “deus,” varrendo para dentro de fornalhas corpos que garantiam o show macabro e lhes conferia credibilidade. Credibilidade essa, fruto do encantamento, do medo e do horror.

Há de se fugir das ingenuidades, dos encantamentos e perceber que em maior ou menor grau, a história de repete forjada pela “grandeza medíocre” dos que querem poder a todo custo. É só olhar para o projeto do presidente dos Estados Unidos, é só olhar a nossa volta.

Em A mosca azul, p. 122, Frei Beto diz: “Nos porões da humanidade aprendi por que na floresta os tigres se movem à noite. Não buscam a luz, nem se deixam inebriar pelos primeiros raios do alvorecer. Nutrem-se do que vislumbram em plena escuridão”.

Profetas e profetizas da história bíblica não se deixaram enfeitiçar por serpentes. Eles e elas, mesmo em tempos de perseguições e fornalhas trouxeram à luz o que precisava ser revelado.

E nós, temos sido profetas e profetizas, ou temos nos “alinhado” aos encantadores de serpente??

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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá.

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

O retorno do Santo Ofício ao Pará

O retorno do Santo Ofício ao Pará

Aqui em Belém, a igreja metodista surgiu na década de 70, no bairro da Pedreira, conhecido como "o do samba e do amor", e sempre atuou junto ao povo do local (projeto de carpintaria, escola de educação infantil, presidiu o Conselho Municipal de Assistência Social, etc.), destacando-se na atuação ecumênica, inclusive foi fundadora do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC).

Esta ênfase ecumênica sempre mereceu severo monitoramento das alas mais carismáticas que compunham o Colégio Episcopal, que, por sua vez, sempre pregavam que enquanto a Igreja da Pedreira adotasse esta postura da "teologia da libertação" o metodismo em Belém não teria futuro.

Então, tendo à frente o bispo Rozalino, um plano foi traçado no final da década de 90. Como não poderiam fechar a Igreja da Pedreira e iniciar do zero um novo trabalho metodista com uma outra orientação, aliaram-se a um pastor recém saído da Igreja Batista para fundar uma outra Igreja Metodista em Belém, daí nasceu a Igreja Metodista do Umarizal. O Umarizal é um bairro de classe média, bem diferente da realidade periférica da Pedreira.

A idéia era que esta nova Igreja do Umarizal, por ser mais central e ter um pastor militar que não "bebera" da teologia metodista, iria aos poucos suplantar o trabalho da Igreja da Pedreira, tornando-se a "verdadeira" referência do metodismo na cidade. Assim, a Igreja Metodista do Umarizal virou a "menina-dos- olhos" do poder metodista. Era uma "comunidade missionária a serviço do po...DER". Para lá foram destinados vários recursos e projetos. Enquanto isso na Metodista da Pedreira, até ficar sem pastor ficou.

Mas a obra não é dos homens, é de Deus. Assim, após quase dez anos de fracassos na tentativa de por fim à Igreja Metodista da Pedreira, por diversas crises internas, quem ruiu foi a abastarda Igreja Metodista do Umarizal, em plenas mãos do bispo Adolfo, já atual bispo da REMA, que, diga-se de passagem, sempre foi o bispo que mais vociferou contra a postura teológica e o histórico da Igreja Metodista da Pedreira.

Não conformado com a falência do metodismo a serviço do poder, o bispo Adolfo adotou uma nova estratégia. No início de 2008, inseriu os membros da igreja falida do Umarizal dentro da Igreja da Pedreira, provocando um desconforto imenso para os irmãos e irmãs das duas igrejas. Antes ele ainda teve a ousadia descarada de fazer a seguinte proposta: Os membros da Umarizal ficam com o prédio e a estrutura da Igreja da Pedreira e os membros da Pedreira que dão ênfase nas obras de misericórdia vão para um terreno comprado pela Igreja do Umarizal. Claro, esta proposta foi rejeitada. Hoje temos um templo e duas igrejas.
Para conduzir este "casamento arrumado", o bispo escolheu um outro pastor que também fora da Igreja Batista, trazido ao metodismo pelo pastor ex-batista que iniciou o trabalho no Umarizal. Pensaram, "agora pronto, foi dado o golpe final" no metodismo que prega a ação social, o diálogo ecumênico, a leitura dos documentos da Igreja, uma espiritualidade profunda. O próprio bispo Adolfo afirma sem nenhum pudor ou o mínimo de respeito aos irmãos e irmãs que caminham há anos no evangelho que o metodismo da Igreja da Pedreira faz parte do "deserto" do metodismo brasileiro que no último Concílio foi ultrapassado e agora chegou-se à terra prometida: ênfase no ganho de almas, no crescimento numérico e estruturação financeira da Igreja.

Bastou um ano para percebermos que este "casamento arrumado" não daria certo. Em novembro de 2008, no Concílio Local para a Avaliação da unificação das igrejas de Belém a maioria da Igreja votou pelo fim da união. Ainda mais, o Concílio pediu a urgente mudança de pastor local, relatando uma extensa lista de autoritarismos em apenas um ano de gestão. Para a surpresa de todo mundo, o bispo Adolfo desprezou a decisão da Igreja local e, bem ao seu estilo, decretou um Ato de Governo, decidindo a partir dos seus princípios de "inerrância e infalibilidade" pela continuação da pseudo-união da agora Igreja Metodista Central de Belém e permanência do atual pastor.

A intenção do bispo e de seu pastor, pupilo fiel, é fazer as irmãs e os irmãos metodistas da Pedreira "sangrarem" e chorarem até a última gota, e, assim, vencer pelo cansaço. Querem que estas pessoas saiam aos poucos da Igreja, deixando o espaço livre para a conclusão do plano iniciado na década de 90: acabar com a Igreja (pessoas, princípios, atuação, visão teológica, espiritualidade) da Pedreira. E isto eles já têm conseguido com muito mérito, visto que já se contam mais de vinte as pessoas, eu sou uma destas, que deixaram de comparecer nos cultos à noite para não se depararem mais com shows do Lázaro, expulsão de demônios, apelos absurdos e pregações que mais parecem indiretas ou recados.

Faço toda esta introdução na tentativa de mostrar o contexto em que se dá a notícia "Bispo Adolfo passará o mês de agosto em Belém". Esta visita é justificada pela necessidade de acompanhar este processo de transição forçada "do deserto para a terra prometida" e enquadrar aqueles que estejam fora desta "visão". O Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição terminou seus trabalhos no Pará há exatos 240 anos (1769), deixando um rastro de julgamentos e "Atos de Governos" baseados em fundamentalismos do Catolicismo Romano da época. A Inquisição era uma instituição da Igreja Católica Romana criada para combater quem não se alinhasse com os mandatários do poder eclesiástico e da Metrópole, estes foram acusados de hereges, de manter pacto com o diabo, de supersticiosos e de bruxos e bruxas. Falando em caça às bruxas, não podemos esquecer que estamos falando de um bispo que deixou a Igreja Metodista do Brasil num imenso constrangimento quando acusou de bruxaria uma pastora negra que desenvolvia trabalhos com mulheres carentes.

Agora teremos no mês de agosto de 2009 o Tribunal do Santo Ofício Metodista, com o bispo Adolfo acolhendo as denúncias e autuando contra aqueles e aquelas que têm resistido pela fé há anos de ataques ininterruptos. Sucumbirá enfim a Igreja Metodista da Pedreira? Não sabemos. Contudo, digo novamente, a obra não é dos homens, é de Deus. Logo, nossa esperança é que os conchavos humanos e as estratagemas do poder não resistam à coerência e a sinceridade de quem serve a Deus com ardor e alegria.

Embora com a esperança aguçada, ouso fazer este registro como um testemunho. Pois como diria Affonso Romano de Sant'Ana "o que não escrevi, calou-me". Por isso, compartilho com vocês estas doloridas palavras não por rebeldia ou insubmissão às autoridades, mas porque não agüentamos mais suportar calados. Ficar em silêncio neste caso é tornar-se cúmplice. Irmãs e irmãos do coração aquecido de todo o Brasil têm que saber o que se passa no metodismo por estas terras quentes e longínquas da Amazônia. Oração e informação, serão essas as nossas respostas às perseguições que o bispo nos impõe, mesmo sentindo a afumegação das fogueiras.

Tony Vilhena


Não se pode matar a idéia a tiros de canhão, nem tampouco acorrentá-la
Louise Michel (educadora e libertária, lutou na Comuna de Paris)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Para que todos sejam um

Saiu o trabalho do GT do Ecumenismo, iniciado após o 18º CG da Igreja Metodista:

Para que todos sejam um
A perspectiva metodista para a Unidade Cristã

Colégio Episcopal da Igreja Metodista - Agosto de 2009


APRESENTAÇÃO


"Estas coisas vos escrevo para que a nossa alegria seja completa."I João, Capítulo 1, Versículo 4
 

Nosso compromisso com Deus é o de "espalhar a santidade bíblica por toda terra". Nessa perspectiva, afirmamos também nosso compromisso com a unidade cristã, para que o mundo creia. Assim sendo, apresentamos a vocês esta orientação pastoral.Quando tenho uma relação sadia comigo e com Deus, não tenho problemas para dialogar com as outras comunidades religiosas. A vida sadia, santa, é sempre uma vida aberta aos outros seres humanos e é nela que alcançamos a "alegria completa".O poder do Evangelho vem do Deus que é amor. Ele olha para nós como pessoas a quem Ele ama.Buscando tornar esta orientação de mais fácil utilização, estabelecemos nela algumas novidades. Assim, as inserções nas laterais das páginas são ora referência a frases destacadas do texto, ora perguntas feitas para despertar a discussão nos grupos de estudos. Sugerimos que essas orientações sejam usadas para transmitir as informações deste documento na Escola Dominical, nos grupos societários, nos grupos de discipulados e outros. Seu objetivo é funcionar como uma metodologia de apoio para o aprofundamento do tema.Tenha um abençoado estudo deste documento e que o mesmo produza frutos dignos do Reino de Deus.
 

Bispo João Carlos LopesPresidente do Colégio Episcopal

Download do documento completo: http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/Que_todos_sejam_um.pdf

Fonte: Site da Sede Nacional.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Qual o rumo da Igreja Metodista?

Qual o rumo da Igreja Metodista?

Airton Campos

Recebi recentemente cópia de mensagem, entre pastores amigos meus, que tinha o título acima. O texto citava a visão de Amós descrita no capítulo 7 do seu livro: “O Senhor me mostrou numa visão isto também: Ele estava perto de muro construído direito, a prumo, e tinha um prumo na mão. Ele me perguntou: Amós, o que você está vendo? Um prumo – respondi. Então Ele me disse: eu vou mostrar que meu povo não anda direito; é como um muro torto, construído fora do prumo. E nunca mais vou perdoar o meu povo”.

E a mensagem que recebi dizia: uma igreja sem prumo é uma igreja sem rumo. O problema é que alguns líderes não suportam ver o prumo de Deus orientando a obra.

Recebi também, de outro pastor, cópia de mensagem enviada a outros pastores e bispos reagindo bastante ao convite para participar do II Congresso Regional de Discipulado rumo a 1 milhão de Discípulos a se realizar no final do mês de agosto, na Escola de Missões.

Sua indignação foi porque o congresso seria ministrado por dois “apóstolos” da Comunidade Evangélica Projeto Vida, que atua segundo os princípios do G-12 e dissemina esta idéia.

A propaganda divulgada na página da 1ª Região Eclesiástica na Internet apresenta a imagem dos dois “apóstolos” em primeiro plano e informa ainda a participação especial do Bispo Paulo Lockmann logo abaixo. A propaganda faz ainda alusão ao tema daquele grupo: Rompendo Limites; Superando Limitações e Ultrapassando Fronteiras, e divulga o nome de sua página na Internet.

Consta que o convite aos “apóstolos” já foi revogado e que ele não era do conhecimento do Bispo, mas a propaganda continuava na Internet. Não consigo entender como a presença do Bispo é anunciada, o cartaz é feito e divulgado inclusive no site da Região e o Bispo não sabe?

Também não tenho nada contra se alguém se intitula “Apostolo” ou qualquer outro título honorífico e que seja venerado, mas que o seja na igreja dele, não na metodista. A estranheza é ainda maior porque existe um texto do Bispo Paulo Lockmann endereçado aos pastores da Região intitulado: “Para não dizer que não falei do G- 12” e também uma Pastoral do Colégio Episcopal apontando os desvios doutrinários deste movimento que contraria as doutrinas bíblicas e wesleyanas.

A Pastoral do Colégio Episcopal, entre outras informações, declara explicitamente: “considerando os equívocos neste método apresentado como programa de discipulado, damos a seguinte orientação ao povo metodista: Não entreguemos nossas ovelhas para serem pastoreadas por terceiros... . Segundo a tradição metodista, grupos de discipulados devem ser organizados em nossas igrejas...Que nestes grupos seja aplicado o modelo wesleyano. Devemos ter cuidado com os métodos e programas de discipulado que apresentam outras conceituações. . O Colégio Episcopal, ao analisar as propostas do G-12 declara que elas são incompatíveis com os documentos, doutrinas e caminhada da Igreja em dons e ministérios; e que pastores e pastoras não têm o direito de envolver a comunidade local em propostas que não foram avaliadas pelos respectivos Concílios... O/a pastor/a que assim proceder, estará contrariando a orientação doutrinária da Igreja, e atraindo para si toda a responsabilidade. Desta forma, estará sujeito ao que prescreve os Cânones da Igreja Metodista.”

Será que isto aconteceu? Diante da exposição e divulgação do evento como foi concebido, espera-se pelo menos uma palavra episcopal, de divulgação também ampla, tornando novamente clara a condenação da Igreja Metodista a este tipo de discipulado. E isto de divulgação também ampla.

Este movimento do G-12 surgiu no Vale do Paraíba e causou um grande problema nas igrejas metodistas da área. A Igreja Metodista tem suas normas de discipulado e de busca de consagração e crescimento espiritual racional, mas mesmo entre nós existem muitos buscando apenas uma espiritualidade emocional, sem conseqüência, condenado por Wesley em seu sermão A Natureza do Entusiasmo.

Wesley exigia de seus pastores leitura e estudo, mas parece que hoje alguns pastores não lêem sequer as Pastorais do Colégio Episcopal, preferindo um ativismo emocional, sem profundidade, sem necessidade de estudo e preparação da mensagem. Estão sempre entusiasmados com práticas neo-pentencostais, esquecendo nossa tradição e doutrina, surgindo a toda hora com novidades: dente de ouro, dança profética, etc.

Quando é que vamos realmente agir e crer que o metodismo é um movimento de busca da santificação equilibrada e de mudança no mundo?

Mas não é só na questão doutrinária que muitos líderes agem em desacordo com a Igreja. Também com relação à estrutura da igreja local alguns deixam sua marca pessoal desagregadora. As sociedades de mulheres tem sido uma das vítimas desta ação em muitas igrejas, enfrentando restrições até deixarem de existir. Isto não é uma prática nova, mas não tem sido corrigida pelas autoridades eclesiásticas.

Será porque nossa Região, apesar de abranger um só Estado, cresceu muito e já dificulta o acompanhamento e a supervisão de lideranças locais?

Temos visto apenas planos de crescimento fabuloso sem que se debata de maneira clara uma nova estrutura regional, que no sistema atual só vai concentrando poder. Existem muitas dúvidas a elucidar e inquietações a dirimir.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Se preciso, pinto o rosto e saio às ruas

Se preciso, pinto o rosto e saio às ruas


Rev. Fernando Cezar Moreira Marques
Igreja Metodista no Ipiranga - São Paulo, SP


Era o ano de 1992. Eu morava nos Estados Unidos, trabalhava e estudava na Pastoral Universitária metodista da Michigan State University.

Imagine o que eu passei: dependia dos raros (porque caros) telefonemas e dos Correios para receber alguma notícia de um Brasil que fervilhava em torno do impeachment do Presidente da República.

Lá de longe acompanhei, ansioso, o movimento que, incrível, parecia mobilizar a população. Lembro-me de ter desejado estar no Brasil naqueles dias para viver as experiências que certamente entrariam para a História nacional.

Não pude. E me senti como o sujeito da canção do Milton: "Quem perdeu o trem da História por querer saiu do juízo sem saber, foi mais um covarde a se esconder diante de um novo mundo".

Pois é, confesso: perdi o trem da História.

Eu e a Velhinha de Taubaté (pra quem não se lembra, criação do LF Veríssimo). Eu, por estar fora do país; ela, por ingenuidade, credulidade, apatia, comodismo. Trancou-se em casa para não se envolver recusando-se a acreditar no que todos entendiam como óbvio.

Anos depois, mais especificamente em julho de 2007, minhas suspeitas se confirmaram: a velhinha era metodista e delegada ao Geral. Só isso explica a lambança.

Será que foi com ela que o Lula e outros Colégios aprenderam a tática do "Não sei, não vi, não sabia, não posso fazer nada, não tenho nada com isso!"?

Receio que ela ainda esteja por aí, temendo, como sempre, ser identificada como alguém que faz conchavos e combina estratégias. Prefere acreditar que todos são bonzinhos como ela e que tudo é e será feito com a melhor das intenções.

Se todos pensarem assim, o que será da Igreja no próximo Concílio Geral?

De minha parte, decidi que, no que depender de mim, nunca mais perco o trem da História.