terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nota de solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga

Nota de solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga



Ao se aproximar a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsèdè, após mais de 20 anos de invasão, quando os não indígenas estão para ser retirados desta área, multiplicam-se as manifestações de fazendeiros, políticos e dos próprios meios de comunicação contra a ação da justiça.

Neste momento de desespero, uma das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão querendo, irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela demarcação da área Xavante nas terras do Posto da Mata.

As entidades que assinam esta nota querem externar sua mais irrestrita solidariedade a Dom Pedro. Desde o momento em que pisou este chão do Araguaia e mais precisamente, desde a hora em que foi sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, sua ação sempre se pautou na defesa dos interesses dos mais pobres, os povos indígenas, os posseiros e os peões. Todos sabem que Dom Pedro e a Prelazia sempre deram apoio a todas as ocupações de terra pelos posseiros e sem terra e como estas ocupações foram o suporte que possibilitou a criação da maior parte dos municípios da região.

Em relação à terra indígena Marãiwatsèdè, dos Xavante, os primeiros moradores da região nas décadas de 1930, 40 e 50 são testemunhas da presença dos indígenas na região e como eles perambulavam por toda ela.  Foi com a chegada das empresas agropecuárias, na década de 1960, com apoio do governo militar, que a Suiá Missu se estabeleceu nas proximidades de uma das aldeias e  até mesmo conseguiu o apoio do Serviço de Proteção ao Indio para se ver livre  da presença dos indígenas. A imprensa nacional noticiou a retirada de 289 xavante da região os quais foram transportados em aviões da FAB, em 1966, para a aldeia de São Marcos, no município de Barra do Garças.

Em 1992, a AGIP, empresa italiana que tinha comprado a Suiá Missu das mãos da família Ometto, quis se desfazer destas terras. Por ocasião da ECO-92, sob pressão inclusive internacional, a empresa destinou 165.000 hectares para os Xavante que, durante todo este tempo, sonhavam em voltar à terra de onde tinham sido arrancados. Imediatamente  fazendeiros e políticos da região fizeram uma grande campanha para ocupar a área que fora reservada aos Xavante, precisamente para impedir que os mesmos retornassem. Já no dia 20 de junho de 1992, algumas áreas tinham sido ocupadas e foi feita uma reunião no Posto da Mata, da qual participaram políticos de São Félix do Araguaia e de Alto Boa Vista e também havia repórteres. A reunião foi toda gravada. As falas deixam mais do que claro que a invasão da área era  exatamente para impedir a volta dos  Xavante. "Se a população achou por bem tomar conta dessa terra em vez de dá-la para os índios, nós temos que dar esse respaldo para o povo" (José Antônio de Almeida ? Bau, prefeito de São Félix do Araguaia).  "A finalidade dessa reunião é tentarmos organizar mais os posseiros que estão dentro da área... Se for colocar índio no seu habitat natural, tem que mandar índio lá para Jacareacanga, ou Amazonas, ou Pará..." (Osmar Kalil ? Mazim, candidato a prefeito do Alto Boa Vista). "Nós ajudamos até todos os posseiros daqui serem localizados... Chegou a um ponto, ou nós ou eles (os Xavante) porque nós temos o direito... Dizer que aqui tem muito índio? Aqueles que estão preocupados com os índios que tem que assentar. Tem um monte de país que não tem índio. Pode levar a metade... Na Itália tem índio? Não, não tem! Leva! Leva pra lá! Carrega pra lá! Agora, não vem jogar em nós, não... ( Filemon Costa Limoeiro, à época funcionário do Fórum de São Félix do Araguaia)

A área reservada aos Xavante foi toda ocupada por fazendeiros, políticos e comerciantes. Muitos pequenos foram incentivados e apoiados a ocupar algumas pequenas áreas para dar cobertura aos grandes. O governo da República, porém estava agindo e logo,  em 1993, declarou a área como Terra Indígena que foi demarcada e, em 1998 homologada pelo presidente FHC.  Só agora é que a justiça está reconhecendo de maneira definitiva o direito maior dos índios.  O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reformas Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela Constituição Brasileira.

Mais uma vez, queremos manifestar nossa solidariedade a Dom Pedro e denunciar mais esta mentira de parte daqueles que tentam eximir-se da sua responsabilidade sobre a situação de sofrimento, tensão e ameaça de violência que eles mesmos criaram, jogando esta responsabilidade sobre os ombros de nosso bispo emérito.

5 de dezembro de 2012
Conselho Indigenista Missionário - CIMI - Brasilia
Comissão Pastoral da Terra - CPT - Goiânia
Escritório de Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia - São Félix do Araguaia
Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção - ANSA - São Félix do Araguaia
Instituto Humana Raça Fêmina - Inhurafe - São Félix do Araguaia
Associação Terra Viva - Porto Alegre do Norte
Associação Alvorada - Vila Rica
Associação de Artesanato Arte Nossa - São Félix do Araguaia
Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação - GPMSE - Cuiabá
Associação Brasileira de Homeopatia Popular - ABHP - Cuiabá
Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso - FDHT - Cuiabá
Centro Burnier Fé e Justiça - CBFJ - Cuiabá
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento - FORMAD - Cuiabá
Instituto Caracol - ICARACOL - Cuiabá
Rede de Educação Ambiental de Mato Grosso - REMTEA - Cuiabá

A Rede Metodista Confessante expressa seu apoio a esta nota de solidariedade e lamenta o fato da Igreja Metodista ter deixado de priorizar a pastoral indigenista e de desativar tal ministério em algumas regiões.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Quem são os metodistas?




Quem são os metodistas?



Quem são os metodistas, e por que se chamam assim? É o que nos pergunta um leitor da província de Foggia. "Pode-se intuir – escreve ele em sua carta – que os luteranos derivam da figura de Martinho Lutero; os calvinistas, de Calvino; mas por que os pertencentes à Igreja Metodista se chamam assim, por que levam esse nome?".

A reportagem é de Luca Baratto, publicada na revista Riforma, publicação semanal das Igrejas Evangélicas Batista, Metodista e Valdense italianas, 07-12-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os metodistas – aqueles que hoje fazem parte de uma grande família de Igrejas protestantes nascidas na Inglaterraem 1700, mas presente em todo o mundo, a ponto de contar com cerca de 70 milhões de membros – devem o seu nome a um pequeno grupo de pessoas que se reuniram em torno da figura do teólogo John Wesley

Essas pessoas se reuniam todas as noites para ler a Bíblia, dedicar-se com fervor às visitas aos encarcerados, a ajudar os pobres, à luta contra o analfabetismo. Eram tão constantes, tão metódicos na sua piedade pessoal que, no fim, alguns começaram a chamá-los, com um pouco de polêmica, de "os metodistas".

Na realidade, John Wesley e os seus amigos, ao longo do tempo, realmente inventaram um novo método, um novo modo de ser Igreja. A Inglaterra do século XVIII estava em plena Primeira Revolução Industrial. Milhares de pessoas se deslocavam do campo para as cidades, passando a viver em bairros degradados, em casas sujas, onde toda relação social se perdia. Alcoolismo, trabalho infantil, condições de trabalho humilhantes para homens e mulheres eram os males comuns daquela sociedade. 

Wesley entendeu que a sua Igreja, a Anglicana, não sabia ir ao encontro dessas pessoas. Ele pensava que não eram as pessoas que deviam se aproximar da Igreja, mas sim que era a Igreja que devia ir ao encontro delas. "O mundo é a minha paróquia", foi logo o seu lema que o levou a pregar nas praças e nos locais públicos de todos os tipos e a fazer das casas das pessoas, e não das igrejas, os lugares de uma fé cristã renovada. 

Uma espiritualidade quente e envolvente, uma pregação que não só pedia que as pessoas mudassem, mas anunciava a pessoas brutalizadas que mudar de vida realmente era possível. Uma grande atenção e sensibilidade social, tanto que justamente dentro do metodismo nasceram os primeiros sindicatos britânicos. Todas essas foram as chaves para o sucesso desse movimento que se espalhou por todo o mundo.

Na Itália, os metodistas chegaram há 151 anos: a sua história é tão longa quanto a da Itália unida. No país, eles trouxeram a mesma mistura de espiritualidade autêntica e de compromisso com a justiça social. Viver a própria fé na cidade e buscar o bem comum: essa continua sendo a espiritualidade metodista.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Curso breve de Música e culto

Curso breve de Música e culto





Este é um breve curso de liturgia e música, elaborado pelo pr.Francisco Thiago e ministrado em um encontro na Congregação em Cristais Paulistas. A linguagem do curso é prática, fugindo jargão acadêmico, apropriado para uso nas igrejas locais.

Download aqui.