Consolidar, avançar e agir na busca pela valorização da identidade metodista.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Movimento metodista confessante busca o ecumenismo e defende o dissenso
RIO DE JANEIRO, Brasil, Dezembro 4, 2007
A decisão conciliar da Igreja Metodista de auto-exclusão dos organismos que tenham a presença da Igreja Católica motivou o surgimento do movimento de metodistas confessantes, que tem, entre outros, o propósito de testemunhar “em tempos de obscurantismo e autoritarismo”, e recuperar o dissenso na experiência e a unidade na vida comunitária.
O movimento toma o nome emprestado da Igreja Confessante da Alemanha nazista, daquela parcela da Igreja Evangélica alemã que não se dobrou ao Terceiro Reich, explica em artigo no blog “medotistaconfessante” o professor e jornalista Jaider Batista da Silva, que soma-se à iniciativa “a partir do protestantismo liberal, promotor da razão e da crítica”.
Batista da Silva se diz preocupado com a idéia do episcopado vitalício que “há muito ronda nossos concílios”. Ele frisa que para os metodistas a ordem é presbiterial e o episcopado “deve ser o humilde exercício extraordinário do presbiteriato”. O episcopado, argumenta, é condição temporária e especial “e a depender da continuidade dos abusos, pode vir a ser tomado como excrescência, superfluidade”.
Entre confessantes, define, “devemos defender o princípio bíblico e doutrinário do sacerdócio universal de todos/as os/as crentes, como antídoto ao culto à personalidade promovido por pastores/as e bispos que se comportam como gurus, reduzem a participação leiga à obediência cega e submetem comunidades inteiras ao abuso espiritual. Deve ser antídoto também para a tentação ao governo episcopal despótico”.
Cristãos que são sal e luz do mundo defendem os Direitos Humanos, procuram ampliar a participação das mulheres na igreja e fora dela e seguem “o único ponto de consenso da Igreja no seu primeiro concílio”, o de Jerusalém: não se esquecer dos pobres.
O diretor do Centro Universitário Bennett, do Rio de Janeiro, defende o ecumenismo como “afirmação da recusa das religiões de continuar a espalhar o ódio” num mundo em que o mapa das guerras e conflitos armados aponta as religiões organizadas como o maior fator de ira entre os povos. O ecumenismo, assinala Jaider, é o espaço, também conflitivo, de afirmação e busca da paz.
Nas comunidades locais, preconiza o professor, é preciso anunciar, na fidelidade a Jesus, que aquele ou aquela que as procurar não será lançado fora, “em vez de seguirmos, sem compaixão, orientações episcopais desamorosas e vexatórias para segregarmos maçons e nos posicionarmos contra o projeto de lei que torna crime a homofobia”.
Jaider defende, ainda, as instituições metodistas de ensino, do terceiro grau aos colégios, capazes de exercer influência social. “Não temos televisão, mas temos a rede de educação que, com todos os problemas, é a mais consolidada, qualificada e influente de todas as igrejas evangélicas do país”, afirma.
A educação, para os metodista, diz, é meio de graça. “Por meio dela Deus age na vida das pessoas e as abençoa, muitas vezes apesar de nós. As instituições metodistas de ensino ajudam nossa igreja a não se comportar como seita, ao estabelecer relação entre elas, minoritária, pequena, ainda meio estrangeira, com a sociedade abrangente”, afirma.
Fonte: http://www.alcnoticias.org/articulo.asp?artCode=7144&lanCode=3
Com que discurso eu vou?
Reflexões sobre a Crise Identificatória do Metodismo Brasileiro
Cleber Lizardo de Assis ‘Kebel’*
Primeiramente, aponto a linha de meditação que pretendo desenvolver: o da reflexão, que etimológicamente refere-se a um exercício de ‘se pensar’, pensar de forma que o produto retorne a si, gerando novos reflexos, idéias e possibilidades.
Procurarei falar do lugar das idéias-gérmen, da reflexão-verbo, reverberadora e geradora de novos ciclos, provocativos, dinâmicos e sem a pretensão da conclusão fechada, unívoca e detentora do saber final.
Nem por isso nego pontos de partidas, pressupostos e um lugar de chegada, mesmo que, ao caminhar esteja em permanente tensão e diante de um a-topos, um sem-lugar definitivo.
Nossa perspectiva ainda será a do pensamento complexo e, portanto, conjuntivo, evitando-se as dicotomias que se excluem mutuamente e as secções antagônicas (por ex, categorias como ‘direita’ ou ‘esquerda’, ‘ortodoxo’ ou ‘progressistas’, ‘secular’ ou ‘sagrado’).
As categorias e os argumentos servirão como instrumentos provisórios, caminhos mínimos para se chegar a algo, conceitos não estanques nem rigidamente seccionados.
O tema da identidade é sempre delicado e complexo de ser abordado: seja na sua dimensão individual ou na coletiva.
Para começar, um problema: que identidade é constituída individualmente, auto-fundada? Sua construção exige interações entre diversos sujeitos, no mínimo dois, tornando-a construto interacional.
Problema dois: identidade não é estanque, produto pronto e acabado, mas um processo dinâmico, minimamente estável e que permite um ‘identificar-se’ um ‘si mesmo’. Logo, mesmo havendo algo de natureza mais fixa (Personalidade? Caráter?), existe uma abertura à reconstrução e à metamorfose, tanto que em psicanálise prefere-se falar em identificação, ou seja um processo dinâmico de incorporação de elementos notadamente relacionais.
Posto esse problema de se pensar a identidade individual, coisa que vimos ser essencialmente social, ficamos diante de algo maior, a identidade grupal, coletiva e institucional.
A chamada ‘identidade metodista’ precisou passar por diversos momentos de identificação ou incorporação, desde os elementos judaicos, gregos e sua transição ao cristianismo, passando pelas mediações católico-romanas, pelo protestantismo nascente e o anglicanismo, do metodismo primero ao metodismo em solo norte-americano até desembocar num solo latino-americano com suas particularidades.
E o processo identificatório do metodismo não encerra aí, porque teríamos que, para além dos elementos estritamente religiosos, analisar outros transversais e em ocorrência concomitante, de dimensões políticas, ideológicas e culturais que envolvem os processos humanos.
Assim posto, como apresentar um produto fechado sob o rótulo ‘metodismo brasileiro’? como aferir o discurso reto e verdadeiro (ortodoxia) diante de possíveis desvios e heresias? Como localizar uma essência mínima nos conteúdos herdados e separá-los dos joios de tantos embates históricos? Árdua tarefa, considerando que o próprio Cristo sinalizou a mesma dificuldade, remetendo a sua resolução a um tempo escatológico.
Como se o problema identificacional fosse pequeno, temos ainda os recortes que cada sujeito, de leigo a clérigo com suas idiossincrasias e incorporações, vão agregando ao discurso e à instituição ‘metodista’.
Alguns corolários: ao se discutir um conceito, deve-se ao mínimo, estabelecer acordos sobre sentidos que o mesmo evoca, delimitar pressupostos e possíveis pontos de chegada, e mais, construções e consensos básicos e mínimamente estáveis para possibilitar o diálogo.
Essa prática de um sujeito ou grupo de definir fechadamente a questão, como por exemplo, o que é ser metodista, quaisquer que sejam os bons fundamentos discursivos, está equivocada.
Do mesmo modo, o movimento de justificar argumentos baseando-se num suposto ‘depósito original e exclusivo’ consiste em erro e perigo ainda maior: daí nasce os fundamentalismo nacionais, políticos, raciais e religiosos.
O fenômeno das crises identificatórias, sejam individuais, grupais e institucionais deve ser analisado para além das categorias religiosas, buscando também as interações e embates sociais, políticos, científicos, ideológicos e simbólicos por que passa a dinâmica desse tempo que se convencionou denominar de pós-modernidade, modernidade tardia e outros títulos.
O que se estuda nas diversas ciências são o descentramento paradimático de antigos referenciais geradores de sentido (as religiões por ex) e mesmo da ciência positiva e exata; uma certa diluição de ordem subjetiva diante da multiplicidade de novas instituições-reservas de sentido como as mídias e novas espiritualidades; um fortalecimento das tecnologias midiáticas em detrimento de permanentes dificuldades comunicacionais; uma busca desenfreada e consumista facilitada por um capitalismo desalmado que conduz à exaustão, a novas crises de sentido e a uma iminente destruição global.
Dentro desse bojo, a crise perpassa desde pequenas comunidades de fé, passando pelas religiões monoteístas e pelos blocos denominacionais históricos que precisam sobreviver diante da pluralidade de referências.
Diante dessa guerra velada, consciente ou inconscientemente, os grupos se aliam a outras instituições religiosas e espiritualidades (daí, a relação imbricada entre pentecostalismo e animismo), a instituições poderosas como as mídias televisivas e musicais (não se sabe onde começa a igreja e termina a empresa) e também a instituições políticas e jurídicas numa das formas mais privilegiadas de garantir a tutela do Estado e o aparato jurídico a favor do próprio discurso (no Brasil, por exemplo, quem ousa dizer que de fato o nosso Estado e o aparato jurídico são laicos?).
As crises identificatórias por que passam as próprias religiões, o próprio cristianismo e mais estritamente as igrejas históricas, incluindo o metodismo, referem-se a uma busca de novas parcerias e alianças institucionais para fortalecer a reserva de sentido que vinham oferecendo e que se encontra escasseado. O Sal cristão vem se tornado insípido, a sua luz sem brilho próprio.
Ao discutir a ‘identidade metodista’, para que não caiamos nos chavões que tudo e nada dizem, não basta reduzir a discussão a que tipos de cânticos e liturgias queremos ou devemos praticar, nem mesmo seguir por uma reflexão isolada sobre o que é ou deve ser o metodismo.
Entendo que algumas pistas seriam ouvir nosso povo com uma auto-estima coletiva desequilibrada diante de grupos que crescem da noite pro dia sem qualquer critério e ética válidos; seria um trabalho efetivamente docente sobre o carisma de ser uma comunidade de fé vocacionada para servir e não ser servida, que dialoga e resiste criticamente, que conduz à maturidade e não à regressão infantilóide; seria defender o Evangelho como única e suficiente reserva de sentido para a humanidade; seria oferecer ao rebanho um pastoreio profético e não de manutenção, mais parecido com o do Mestre e menos com os de líderes e empresários do mercado.
Entendo que a discussão deve buscar como ponto de partida o evento Crístico, sobretudo os princípios propostos pelo Rabi, fundamentos de uma ordem a-temporal e a-tópica chamada de Reino de Deus em torno da qual deve girar nosso processo identificatório, ou como queiram outros, nossa identidade.
Capital das Minas Gerais, 03 de dezembro de 2007.
* Educador, Teólogo e Psicólogo. email: kebelassis@yahoo.com.br
Delincrentes & tristemunhos
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domingo, 2 de dezembro de 2007
Movimento ecumênico policêntrico
quarta-feira, de novembro de 2007 / Correio-e: edelbehs@alcnoticias.org |
SUÍÇA
Grupo intereclesial procura formar
movimento ecumênico "policêntrico"
GENEBRA, 28 de novembro (CMI/ALC) - O arcebispo metodista Michael Kehinde Stephen, da Nigéria, foi eleito moderador do Comitê Permanente sobre Ecumenismo no século XXI, grupo encarregado de fomentar e dar seguimento a iniciativas em prol da unidade cristã em nível mundial. Stephen foi eleito por consenso pelos 14 membros presentes à primeira reunião do comitê, realizada de 18 a 20 de novembro, em Bossey, cidade próxima a Genebra, Suíça.
O arcebispo Stephen trabalhou nas duas conferências anteriores que conduziram à criação do comitê permanente: a reunião reunida em 2003, em Antelias, Líbano, sobre a “reconfiguração do movimento ecumênico”, e a consulta realizada no final de 2004, em Chavannes-de-Bogis, Suíça, sobre “ecumenismo no século XXI”.
O encontro reuniu líderes cristãos de seis regiões do mundo. O grupo estava integrado por representantes das igrejas ortodoxas, católica, anglicana, protestantes e pentecostais, bem como da juventude cristã, organizações ecumênicas regionais, comunhões mundiais cristãs, conselhos nacionais de igrejas e organismos de socorro e desenvolvimento.
O secretário-geral adjunto do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Georges Lemopoulos, assinalou que o processo conduzido de Antelias a Bossey contou com o respaldo do Conselho, mas não se encontra sob seu controle.
Nos últimos anos, disse Lemopoulos, “avançamos sinceramente a partir da consideração do CMI como o instrumento central e privilegiado do movimento ecumênico até a visão de um movimento policêntrico”.
O CMI procurou novas e renovadas associações com igrejas evangélicas e pentecostais, bem como com a Igreja Católica Romana, num modelo caracterizado por um espírito de reciprocidade e cooperação, por uma prática de compartilhar tarefas e recursos, por uma política comum de evitar a concorrência e a demarcação de setores de influência. O secretário adjunto pediu que este processo seja “um caminho compartilhado” no qual o CMI pretende prestar assistência administrativa, garantindo a coerência e a eficácia.
Membro do Comitê Central do CMI, Robina Winbush reiterou a convicção de que o Conselho não tem nenhum desejo de ser o “centro ou a força controladora” das iniciativas emergentes em favor da unidade em Cristo. “Não se trata de questões de sobrevivência institucional”, afirmou, “mas de procurar uma nova visão do que é possível. Peço a Deus que o futuro das instituições chegue a ser também claro ao longo do caminho”.
O professor da Escola Superior de Teologia (EST), de São Leopoldo, Rudolf von Sinner, assinalou que o termo grego “pistis” pode significar tanto “fé” como “confiança”. Mediante o reconhecimento mútuo da fé num Deus, os cristãos “podem correr o risco de confiar uns nos outros. Isto nos torna vulneráveis, mas é o único modo de construir relações significativas”, disse.
Além da confiança, Sinner destacou a necessidade de estabelecer objetivos “concretos, a partir da cooperação prática até o fortalecimento das reuniões entre as congregações e a participação na luta por um mundo mais justo, mais democrático e pacífico”.
Vários membros do comitê mencionaram o Fórum Cristão Mundial, realizado recentemente em Limuru, Quênia, como exemplo de cristãos pertencentes a uma gama de tradições inusitadamente ampla que descobrem uma base comum para o diálogo e a cooperação.
O comitê permanente apresentou várias recomendações institucionais para a reunião do Comitê Central do CMI, agendada para fevereiro de 2008. Numa delas se propõe que diferentes organizações planejem uma reunião ampliada durante a X Assembléia do CMI, em 2013. Isso permitiria que muitas organizações cristãs pudessem estar reunidas, sentindo-se “em seu próprio lar”, e não “como hóspedes”. Em consonância com este objetivo, o planejamento das sessões administrativas do CMI deveria ser realizado separadamente do planejamento das atividades comuns, incluído o culto.
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Religiões oram pela paz
Religiões oram pela paz e derrubam preconceitos
Por: Marlene Portes
Especial para Jornal o Diário 30/11/07
Com o objetivo de cultivar atitudes de respeito e manter um debate entre as lideranças religiosas, será realizada no próximo dia 10, em Maringá, a IV Noite de Oração pela Paz. O encontro será no Salão Social do Templo Budista e é organizado pelo Grupo de Diálogo Inter-Religioso, que reúne religiões evangélicas, católicas, muçulmanas, budistas, baha'is e afro-brasileira.
Os representantes das várias comunidades religiosas dizem estar satisfeitos por participar do grupo. “Sofremos muito com o preconceito, pois isso nos deixa anulados. Muita gente pensa que o candomblé não é uma religião. Alguns acham que fazemos bruxaria, nos chamam de 'filhos do demônio', de macumbeiros. Isso porque não sabem o que significa isso. Já me perguntaram até se não mato criancinhas”, desabafa Maria de Lourdes Nascimento, conhecida como Mãe Maria, representante da comunidade afro-descendente. Ela conta que quando foi convidada a participar do grupo ficou surpresa, mas feliz. “Acredito que o que vai acabar com isso (o preconceito) se chama amor. Mas não um amor só para si, é um amor para a humanidade.”
Foto: Douglas Marçal
Os líderes de sete diferentes comunidades
religiosas de Maringá anunciaram ontem a realização
da Noite de Oração pela Paz no próximo dia 10.
Embora muitas pessoas resistam quanto a essa aproximação, o pastor Robert Stephen Newnum, representante da comunidade evangélica, entende que ela “é fundamental para o mundo de hoje.” Segundo o pastor, “infelizmente nem todos pensam do mesmo jeito e não percebem a importância desse espírito de aceitação do 'outro'. Temos que continuar buscando o respeito e entender que cada pessoa tem sua maneira de chegar a Deus.”
Para dom Anuar Battisti, arcebispo da Arquidiocese de Maringá, a paz depende de cada um e de pequenos gestos. “O ativismo exagerado é hoje a principal causa da violência. Vamos conseguir a paz no mundo começando pela paz entre nós, pelo relacionamento, pelos pequenos gestos como um aperto de mão, um 'olá como vai'. Substituir a cara triste pela cara de Páscoa, de Natal”, aconselha. Unidos pela paz, os líderes das comunidades religiosas acreditam que, mesmo com as diferenças de culto e crença religiosa, é preciso apoiar as causas em defesa da dignidade humana e unir-se em pról da resolução dos problemas da sociedade. Para o xeique Mohmed Elgasim Abbaker-Al Ruheidy, da comunidade muçulmana, o caminho para a paz se inicia pelo trabalho conjunto “ter conhecimentos das religiões é uma satisfação e uma prova de paz”, ressalta.
O encontro entre as religiões, em Maringá, começou com um diálogo ecumênico, em 2001. Nesse tempo, o grupo ganhou força e, em março de 2007, formou o Grupo de Diálogo Inter-Religioso, que atualmente conta com sete religiões. Os representantes se encontram a cada dois meses e, segundo o coordenador Irivaldo Joaquim de Souza, em breve um representante do judaísmo fará parte do grupo.
Fonte: <http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/165095>, aceso em 2.12.2007