segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Primeiro encontro de Confessantes da Tradição Wesleyana

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nesta vida.” - Vinícius de Moraes Tema: Consolidar, Avançar e Agir pela Identidade Metodista

Local: Universidade Metodista de São Paulo - Rua do Sacramento, 230 – Bairro Rudge Ramos - São Bernardo do Campo – SP – Auditório do Ed. Capa
Data: 1º de Novembro de 2008
Horário: Início às 8h da manhã – Encerramento às 18h

Mesa da Graça: Haverá uma mesa grande para acolher algo que simbolize seu Estado e sua cultura local para dividir com os presentes: Exemplo: Uma cesta de pão de queijo mineiro, mini-rapaduras do nordeste, etc...
O convite é estendido à crianças, juvenis, jovens e adultos leigos/as e clérigos/as metodistas "inscritos" no grupo da Rede Metodista Confessante: http://br.groups.yahoo.com/group/metodista_confessante/

Para Confirmar Presença Envie email para: metodista_confessante-owner@yahoogrupos.com.br

Acompanhe maiores informações no Blog: http://metodistaconfessante.blogspot.com/

domingo, 17 de agosto de 2008

Ao Confirmar presença para Primeiro Encontro

MUITO IMPORTANTE: Amig@s

- Caso queira estacionar na UMESP envie o número da Placa do veículo, pois, estamos “tentando” conseguir autorização para estacionar. Caso consigamos a segurança só permitirá estacionar tendo previamente o número da placa;

- Informe se vai ficar em hotel, casa de amigos ou se precisará de hospedagem. Estamos solicitando que @s Confessantes de São Paulo, acolha @s irm@s. Paulo Bessa oferece duas vagas.
- Em último caso, poderemos “tentar” hospedagem na UMESP para quem precisar. Mas para isso, precisamos de saber com muita antecedência, pois a UMESP estará sediando a Semana de Estudos Teológicos.

Contamos a gentileza de tod@s no envio dessas informações, o quanto antes.

Saudações da Equipe de Organização.

Lista de Hotéis

Hotel Blue Tree Tower (Santo André)
Hotel Ibis (Santo André)
Hotel Mercure (Santo André)
Hotel Pampas Palace, www.pampaspalacehotel.com.br, (11) 4122-2000
Park Plaza Hotel, www.parkplaza.com, (11) 4126-5500
Hotel Liau Park Plaza (São Bernardo do Campo)
Park Plaza Suítes (São Bernardo do Campo)

sábado, 16 de agosto de 2008

Identidadade Confessante: Consolidar, Avançar e Agir

1. Valorizando a Identidade Metodista.
O movimento de metodistas organizado na Rede Metodista Confessante é um desafio imenso, primeiramente porque tomamos de empréstimo o testemunho da Igreja Confessante, movimento d@s que não se dobraram à aquiescência da Igreja Evangélica da Alemanha ao nazismo. (Saiba mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Confessante). Portanto, o principal critério de participação nesse movimento brasileiro deve ser o da disposição ao testemunho.

Dar testemunho em tempos de autoritarismo e de recusa à transparência, implica declarar que “Deus é Luz e não há nEle treva alguma”. Implica assumir o princípio republicano de que tudo o que não for compatível com a luz do dia atenta contra o interesse geral. Implica denunciar o obscurantismo não apenas como fanatismo, sua face mais declarada e menos perigosa, mas, principalmente, como a proibição do dissenso. Na afirmação d@ outr@; do dissenso como necessário à saúde do corpo eclesial e na recusa a reduzir @ outr@ a espelho de nós mesmos; firmamos nossa unidade.

Nisso cabe a expressão do bispo brasileiro Paulo Ayres Mattos: “A noção de equilíbrio, concebida pelo metodismo histórico, nada tem a ver com a balança com os pesos justapostos. Tem a ver com o trapézio e a corda do circo – o equilíbrio não como ponto de descanso, de segurança, mas de tensionamento permanente e contínuo, de movimento e criatividade”.
No sermão 120, John Wesley deixa evidente esse “tensionamento” quando pergunta: “ Mas será que somos verdadeiros com relação aos nossos próprios princípios? Por enquanto não usamos fogo ou varas. Não perseguimos até à morte aqueles que não concordam com nossas opiniões. Graças a Deus, as leis do nosso país não permitem isso;(...)”. Fica aí evidente o reconhecimento de Wesley sobre o caráter (ou falta) de certos cristãos metodistas e a indicação que ele não jogava as coisas para baixo do tapete eclesial.

Outro desafio desse Movimento Confessante deve-se à nossa proposta de voltar ao “útero” do metodismo histórico. Ou seja, “re-descobrir” quem nós fomos e quem somos hoje. Isso pode nos surpreender de duas maneiras: 1) Poderemos descobrir que estamos na Igreja errada; que por não conhecermos a História do Metodismo vivíamos um engano; ou 2) Poderemos descobrir o quanto estamos distantes de nossas raízes espirituais e missionárias.
Para dar uma amostra do que poderemos descobrir fazemos uso das palavras de Duncan Reily:
“Talvez a primeira coisa a estabelecer é que o Metodismo faz parte integrante do movimento protestante. Somos herdeiros da Reforma, mediante a Igreja da Inglaterra, cujos Trinta e Nove Artigos formam a base dos Artigos de Religião do Metodismo e cuja liturgia (O Livro de Oração Comum) exerceu muito mais influência na liturgia metodista do que muitos metodistas imaginam. Segundo Duncan Reily, podemos dizer que o Metodismo aceitou as três colunas principais da Reforma, a saber:
— A autoridade das Escrituras,
— a Justificação pela Fé
— e o Sacerdócio Universal dos crentes” . E Reily completa: “Tendo dito isso, temos que notar que, pela ênfase wesleyana na Santificação e Perfeição Cristã, o Metodismo também tem uma afinidade básica com o Catolicismo.” (In Revista Em Marcha: História da Igreja. Extraído das lições de nº 15, 16 e 17)

No mesmo estudo Reily aponta 5 chaves para compreender nossa Herança Metodista:
1. A experiência religiosa de Aldersgate;
2. A evangelização;
3. O povo
4. A ênfase na santificação/perfeição cristã;
5. A ênfase missionária do metodismo wesleyano.

Localizar a evidência ou ausência desses 5 elementos da tradição no metodismo atual e refletir sobre as implicações missionárias e institucionais, sãos alguns dos objetivos d@s Metodist@s integrados à Rede Metodista Confessante.

Com a finalidade de corrigir as confusões dos pregadores e seguidores Wesley escreveu As Marcas de um Metodista; na página 2 ele diz: “Não desejamos ser também reconhecidos por ações, usos e costumes que sejam de natureza inconseqüente. Nossa religião não consiste na maneira em que nos vestimos, na postura do nosso corpo ou no cobrir de nossa cabeça; nem ainda em abstermo-nos do casamento, do comer carne ou bebidas, que são todas coisas boas, se recebidas com ações de graça.“

Divulgar os documentos de Wesley, desafiar o estudo de seus sermões; unir e reunir o Povo Chamado Metodista em encontros fraternos será uma das atividades da Rede Metodista Confessante. Junt@s vamos Consolidar, avançar e Agir. Junte-se à Rede!

Identidadade Confessante: Convite à união

2. À luz do protestantismo promotor da razão e da crítica - protestantismo esse que orientou John Wesley; convidamos homens, mulheres, jovens e juvenis Metodistas do Brasil a se juntarem ao Movimento Metodista Confessante a fim de que junt@s possamos enfrentar com “equilíbrio” as “tensões” que precisam ser encaradas de frente; considerando inclusive que essas “tensões” não provém apenas de causas internas e nacionais mas, inclusive, das das transformações e dos desvios ocorridos no protestantismo mundial.

Nós, metodistas, sempre fomos do dissenso na experiência, do pluralismo no pensar e deixar pensar, mas nos reconhecíamos intensamente na vida comunitária e na disposição de caminhar junt@s. Somos de origem diferente na mesma Igreja que nos acolheu um dia: pietist@s, puritan@s, crentes pentecostais, carismátic@s, da tradição litúrgica, da transformação social, da denúncia profética, do trabalho pela justiça no mundo. 
Recuperar o dissenso na experiência e a unidade (diferente de hegemonia) na vida comunitária e nos propósitos de ser Igreja é a principal motivação da Rede Metodista Confessante. Não temos dificuldade em caminhar junto com irm@s metodistas de experiência de fé diferente da nossa. É chegado o tempo de percebermos, de uma vez por todas, que as divisões e cortes dentro de nossa Igreja não decorem das questões relacionadas às formas como cada indivíduo expressa sua espiritualidade. Mas, por nossos compromissos íntimos ou pela ausência deles. É importante entendermos que o contrário de intolerância não é tolerância, mas, respeito ao diferente, seja ele ou ela quem for.

Se não conseguirmos testemunhar o mínimo de união e respeito mútuo dentro de casa cristã, como pensar em sermos “sal e luz” no mundo?

Identidadade Confessante: . No cristianismo todos sãos sacerdotes e sacerdotisas

3. Ao passo devemos tolerar as diferentes expressões de fé dentro de nossa igreja e fora dela, é preciso sermos intolerantes com todas as formas de oportunismos, corrupções, desonestidades, autoritarismos e personalismos que permeiam as estruturas eclesiásticas. A esperteza mundana, a apropriação do espaço público da Igreja como ambiente particular de mando e manipulação; o domínio do aparato eclesiástico para fins escusos e para a censura ao diferente, precisa deixar de ser referendada pela nossa ingenuidade. Refletindo sobre o papel da juventude Tamara L. Walker diz: “... os sistemas sociais e políticos definem liderança em termos de 'auto-serviço' individual, status e poder. E nós nos conformamos com essa idéia dominante e dominadora de liderança.” (No artigo Papel de liderança da Juventude hoje. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p.14).

Nós, Metodistas Confessantes (e Metodistas mundiais), cremos que tod@s são ungid@s por Deus; que o sacerdócio é universal para tod@s @s crentes e que, portanto, não há entre nós, maiores nem menores. Conseqüentemente rejeitamos a idéia equivocada que há, entre nós, “autoridades incontestáveis”; aliás, esse é um dos pontos que nos difere de outros grupos religiosos. Quando certas “autoridades”, tomam para sí o trono de Jesus e delimitam para os demais a condição de suas “ovelhas” ou “discípul@s” e admoestam com textos bíblicos isolados: “Aí daqueles que se levantarem contra os ungidos do Senhor!”; havemos de ter senso crítico e maturidade espiritual para analisar com profundidade os textos bíblicos e, mais ainda, devemos com toda “autoridade” dada por Deus e referendada por nosso serviço e testemunho de vida, reagirmos e denunciarmos tais atitudes, porque elas contradizem o entendimento de autoridade revelado por Jesus e assumido por sua Igreja aqui na terra. Nos ilumina a jovem Tamara L. Walker da Igreja Metodista Unida: “Podemos escolher negociar nossos valores, e até perder nossos valores culturais. Podemos aceitar a cultura e os valores dominantes. Ou podemos cavar fundo na base dos ensinamentos bíblicos e viver uma liderança libertadora.” (No artigo Papel de liderança da Juventude hoje. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p.14).

Nós, Metodistas Confessantes, entendemos que é necessário recuperar a Igreja como comunidade “terapêutica”, espaço que propicia a acolhida e colabora para a conversão das pessoas e das estruturas sociais; comunidade que crê no poder do Evangelho de transformar pelo amor, graça e pela responsabilidade. Nossa Igreja brasileira tem perdido essa noção de ser Igreja. Por outro lado, assistimos a banalização do perdão à líderes inescrupulosos em sessões espetaculares na TV, com holofotes, choro e palmas da platéia. O artificialismo não muda a vida das pessoas. A graça não é barata, nem é tesouro da igreja, dizia o pastor Confessante Dietrich Bonhoeffer. (Livro: Discipulado, p. 9.)

Temos deixado de nos assumir como “sacerdotes e sacerdotisas”; e muitas vezes, nos colocado nos papéis de ovelhas cegas e, por isso, medrosas, obedientes e seguidoras de toda sorte de doutrina e de “falsos pastores”; alguns dos quais afirmam, sem corar a face, que “ovelha desobediente quebra-se a perna para que aprendam a ajoelhar e comer na mão de seu pastor”. No sermão número 1 Wesley diz: Sendo salvos da culpa, os homens são também salvos do temor. Não, em verdade, do filial temor de conceber qualquer ofensa, mas do medo servil que escraviza; ...” No protestantismo mundial há “escravos” ludibriados por mega-projetos missionários, mega-igrejas, mega-shows evangélicos, etc...; por confiarem cegamente nos “nos ungidos” submetem-se a eles como se o fizessem ao próprio Deus.

O Pastor Metodista José Carlos Barbosa diz: “Nós, os protestantes, temos uma sensível predisposição de olhar com mais simpatia para as denominações consideradas evangélicas, mesmo que sejam portadoras das mais estapafúrdias 'teologias'". (Trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5 RE, realizado em novembro de 2005). O Pastor Confessante Bonhoeffer faz um alerta: “Teremos de nos considerar como co-responsáveis na formação histórica, de caso em caso e em cada momento, tanto como vencedores como derrotado”. (Livro: Resistência e submissão, p. 20.)

Carlos Mesters, frei e biblista brasileiro, ao analizar a caminhada dos nossos irmãos e irmãs do passado diz o seguinte : “Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Deus e buscando atingir para si e para os outros os bens da promessa divina. Muitas vezes, porém, esquecia o chamado de Deus e se acomodava. Em vez de servir a Deus, queria que Deus servisse ao projeto que eles mesmos tinham inventado. Invertiam a situação. É nestas horas que surgiram os profetas para denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus”. (Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo, p. 21.)

Se e quando assumirmos nossa condição de sacerdotes e sacerdotisas, vamos eventualmente, descobrir a nossa função profética dentro e fora de nossa igreja.

Identidadade Confessante: As Instituições Metodistas devem ser Meios da Graça

4. Num tempo marcado pela realidade social e religiosa carente de transformações Wesley tentou explicar o por que, no seu entendimento, Deus havia levantado os pregadores metodistas. A frase deve ser recuperada na sua inteireza: “Não para formar uma nova seita; para reformar a nação, em especial a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre a terra”

Nós, Metodistas Confessantes, cremos que é essencial não deixarmos que nas comunidades, seja suprimida a mesa da Santa Ceia, aberta a tod@s crist@s a começar pelas crianças. Essa é a face mais pública da nossa abertura como Igreja e de nossa recusa a sermos seita. Na mesma direção, não podemos perder de vista a razão missionária de nossas instituições educacionais. Há autoridades que desejam tornar a Igreja Metodista numa “mega-igreja”; mas pouco se ouve falar missão como serviço aos pobres que seria a face mais visível do esforço para impedir que nossa igreja seja uma “seita grande”.

Como Confessantes, jamais devemos deixar que reduzam o significado da rede de universidades, centros universitários, faculdades e colégios; pois está aí a qualidade e potencialidade para se exercer influência social e testemunhar o Evangelho e as crenças metodistas. As instituições de ensino (apesar dos problemas administrativos e financeiros atuais) são as mais consolidadas, qualificadas e influentes entre todas as igrejas evangélicas do país e devem ser vistas como “instrumentos/vasos” missionários e não como “negócio”.
A educação para nós, metodistas, é meio de graça; porque a educação propicia a libertação das pessoas em várias perspectivas, inclusive e especialmente, da miséria. As Instituições Metodistas também ajudam nossa Igreja a não se comportar como seita. Elas são espaços de arejamento intelectual e de capacitação permanente de lideranças para a Igreja e para a sociedade. Porém há alguns anos, dirigentes da Igreja têm estabelecido uma relação venal entre a Igreja Metodista e as instituições de ensino. Em vez de mantenedora, a Igreja Nacional e algumas regiões, são por elas mantidas. Em vez de ofertar no altar, colhem mensalidade de estudantes. Em vez de as instituições de ensino serem agências missionárias, são, muitas vezes, espaços de promiscuidade e favoritismos; e isso explica parte das crises atuais.

Paul Tillich, um dos teólogos que deixou marcas profundas no século XX, definia o falso profeta como aquele que, vendo um muro com rachaduras decide pintá-lo e dá-se por satisfeito. A Bíblia adverte-nos sobre os perigos do sepulcros caiados. Entre nós, confessantes, o princípio bíblico e doutrinário do Sacerdócio Universal de tod@s @s crentes é o antídoto contra o que desvia nossa Igreja Metodista dos meios visíveis da graça e também contra o culto à personalidade promovido por alguns líderes de nossa Igreja, que se comportam como “gurus” espirituais e reduzem a participação leiga à obediência cega. Só encontramos um nome para isso: Abuso espiritual. A distinção no comportamento dos que ocupam cargos de caráter religioso deve ser rigorosamente mais elevada que os de caráter secular; quando não o é, fica implícito o “abuso de um poder sagrado”.

De igual modo e de grande importância, destacamos e defendemos a presença pública e missionária da IM através de suas entidades e instituições sociais que exercem uma articulação entre atos de piedade e obras de misericórdia, que se integram em redes de movimentos sociais em favor de pobres e oprimidos, e de grupos marginalizados e discriminados.

Nesse ano em que o Credo Social chega ao centenário, doutrina social da IM, temos o desafio identificatório metodista para que toda a igreja seja de fato comunidade missionária em serviço com o povo brasileiro e, sentido, todas as instituições eclesiásticas de diversas ordens devem se tornar, mais que aparato e símbolos de poder, devem se tornar fortemente e publicamente servas.

O “poder”, tanto institucional como espiritual só faz sentido se vislumbrar o “serviço” fecundo, respondendo de forma integral as carências presentes em nossa sociedade brasileira; inclusive as carências educacionais.

Identidadade Confessante: Poder é serviço



5. O sentido do Sacerdócio Universal de tod@s @s crentes deve ser antídoto também para a tentação ao governo eclesial despótico. É preciso relembrar que o metodismo é conciliar, conexional e até episcopal; nessa ordem. Em muitos lugares mundo afora o metodismo não é episcopal (Inglaterra, igrejas do esforço missionário inglês e outras como a do Uruguai) ao contrário, mas defende o princípio de que o poder na Igreja é exercido a partir dos concílios e que as igrejas devem viver em conexão. Não é o episcopado que une o metodismo universal, mas a missão e o serviço. Nos países em que compusemos Igrejas Unidas a primeira coisa de que aceitamos abrir mão foi do episcopado: Canadá, Índia, Japão, etc...
Vale lembrar que o próprio Wesley era contra o regime episcopal. A adoção desse regime aconteceu à sua revelia no Estados Unidos, através do sistema do voto conciliar; que era e continua sendo o lugar de mudanças.
Algumas vozes afirmam que o 18° Concílio Geral recente tornou o episcopado mais forte. O que faz uma instituição ser forte são as pessoas que a encarnam e os sinais que ela deixa na sociedade. O episcopado não é palavra mágica que tornará forte quem é fraco ou tornará exemplar quem tem conduta reprovável.
Deve chamar-nos atenção a idéia de episcopado vitalício que há muito ronda nossos Concílios. O 18° Concílio resolveu de forma leniente e culposa dar, a bispos sem voto, o título de bispos honorários. Obviamente não negamos o reconhecimento aos bispos que foram intitulados, o que chama atenção é que hoje na Igreja Metodista brasileira, parece vergonhoso ser pastor, humilhação voltar à igreja local; quando tudo deveria se legitimar a partir da igreja local. Em vez de bons pastores após um tempo de episcopado, na legítima alternância que a vida republicana exige, bispos eméritos ou honorários.
Houve quem saísse a buscar argumentos a um suposto “múnus episcopal”, como se o episcopado para nós fosse ordem, como se crêssemos que desde Pedro, o episcopado tem se perpetuado em linha de sucessão. O Mais interessante é que isso tenha acontecido no mesmo momento em que rompia-se relações com a Igreja Católica.

Lembremos: para nós metodistas a ordem é presbiteral e o episcopado deve ser o humilde exercício extraordinário do presbiterato; é poder para servir, nada mais.

Em carta, Wesley adverte John Trembath um dos pregadores: “... Quer você goste disso ou não, leia e ore diariamente. Isto é para sua vida; não há outro meio, do contrário você se tornará uma pessoa frívola a vida inteira, e um pregador afetado e superficial. Seja justo com sua própria alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não continue a se matar de fome.” (Seleções das cartas de João Wesley, p.6)

Para o bem da Igreja e da democracia interna, é importante termos uma ordem presbiteral forte, bem formada, valorizada e, no essencial, coesa (diferente de homogênea). Episcopado é condição temporária e especial; e a depender dos abusos do poder e da irrelevância para o caminhar da Igreja, pode vir a ser abolido pelo Concílio, que é o lugar onde leig@s e clérig@s, através do voto, fazem as mudanças que julgam necessárias à vida da Igreja. Daí a importância que conheçam com “profundidade” a tradição, os documentos, a estrutura e funcionamento e os propósitos missionários da Igreja Metodista, bem como, possuam uma visão, ao menos parcial, da realidade que cerca as diversas comunidades brasileiras.

Identidadade Confessante: Os grandes almejam relevância...

6. Para o Pastor Metodista José Carlos Barbosa “O metodismo entrará em declínio não por ser refutado ou perseguido, mas quando se tornar irrelevante, insensível, opressivo e insípido.”(Trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5ª RE, realizado em novembro de 2005).
O declínio do metodismo brasileiro pode ser facilmente evidenciado pelo esforço extremado de crescimento rápido, proposto por alguns líderes, por sua invisibilidade e falta de influência na sociedade brasileira (ainda nos confundem com os adventistas) e pela “sensação” opressiva que paira, mais fortemente desde o 18° Concílio Nacional, sobre ecumênic@s, teólog@s e especialmente, sobre @s não “alinhad@s” ao perfil da liderança nacional.

Opressivo também tem sido a cobrança ao ministério pastoral e igrejas por crescimento a todo custo, criando uma atmosfera de ganho por produção, desestabilizando ministérios e gerando mal-estar psicológico em liderança e suas famílias, por não se alinharem a abordagens estranhas ao anúncio simples do evangelho.

Nesse sentido, a “IM deve tratar-se pelo evangelho e divã de Cristo, de seu “complexo de pequenês” adquirida ao longo dos anos e atualmente diante do crescimento de outros grupos religiosos. Seu tamanho e qualidade deve ser aferido a partir de uma identidade relevante no país em relação ao Evangelho somente.
“Há na verdade, pouca dúvida, de que o cidadão inglês do século dezoito, de maior importância para o mundo não era um político nem poeta, nem soldado ou marinheiro, mas o pequeno itinerante a cavalo – O grande cavaleiro, como eu o chamaria – que ainda está cavalgando para novas conquistas”; disse em 1928 o historiador J. Ernest Ratlembury ao escrever sobre o Legado de Wesley para o Mundo. (Seleções das cartas de João Wesley; p.5)
O que será escrito sobre os atuais líderes do metodismo brasileiro? Como eles (elas?) têm usado seus cargos, seus títulos e suas posições de poder? Que legado eles e (elas?) deixarão para o mundo?

Se almejamos ser Igreja discípula de Jesus, sendo sal da terra e luz do mundo, precisamos enfrentar as questões do mundo atual à luz da caminhada de Jesus. É necessário a firme defesa dos Direitos Humanos, contribuindo para “eqüidade” das mulheres, dos negros e dos pobres. E isso, obviamente, só será possível através de intervenções contundentes que garantam que as politicas públicas e o dinheiro subtraído, especialmente dos pobres através dos impostos, sejam de fato, revertidos em prol dos que precisam. Os discursos ideologicamente equivocados, ditos nos púlpitos de nossas comunidades, que afirmam que “@s crentes não devem se envolver em política”, precisa ser encarado como nítido desvio ou total falta de entendimento do ministério de Jesus aqui na terra.
A entrada triunfal em Jerusalém e sua morte precisa ser lida e re-lida à luz do contexto brasileiro onde os líderes, políticos e religiosos, exploram o povo sofrido de nossa Pátria. Ser sal e Luz imitando Jesus significa, nesse sentido, inclusive contribuir para a formação política nas comunidades a fim que os membros saibam como fiscalizar e denunciar as corrupções e as as injustiças a sua volta, bem como compreenderem a importância do voto na política e na igreja.

Mais que nunca é preciso empoderar (através do voto, mas sobretudo através de reflexões e ações sociais práticas) homens e mulheres que realmente tenham em seus corações o entendimento que a posição de poder na igreja e na sociedade só faz sentido quando tem o propósito de servir e promover à eqüidade; nada mais é que o esforço de aproximar os injustiçados da justiça, os doentes do cuidado, os famintos da mesa... Isso é fazer o Reino aqui na terra como nos céus, tal como Jesus nos ensinou.