Um punhado de sal
Metodistas confessantes fazem seu primeiro encontro
“Não queremos construir um novo saleiro. Queremos apenas ser sal”. Talvez um dia inteiro de discussões sobre identidade e missão do metodismo no Brasil possam ser resumidos nessa única frase, nascida das reflexões do missionário Derrel Santee. Não é pouca coisa. Nessa frase, o grupo de metodistas reunido na Universidade Metodista de São Paulo, no dia 1 de novembro, destaca o seu desejo de contribuir com o fortalecimento da missão e com a valorização do metodismo brasileiro sem a necessidade de construir novas estruturas eclesiásticas ou disputar cargos nas já existentes. Uma célebre frase de John Wesley foi escolhida para definir o objetivo do grupo que nasceu a partir de uma lista de diálogos da Internet: “Deus nos levantou não para ser uma nova seita, mas para reformar a nação, particularmente a Igreja e para espalhar a Santidade Bíblica por toda a terra”.
Embora o grupo tenha escolhido o nome de “Metodistas Confessantes” – numa referência ao compromisso da Igreja Confessante do teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer – o que caracteriza esse grupo de metodistas é a paixão pela tradição wesleyana. Busca-se a construção de espaços para encontros de leigos(as) e pastores(as) interessados (as) e comprometidos com pontos essenciais da tradição metodista.
Cerca de trinta pessoas vários lugares do país estiveram presentes neste primeiro encontro. Da lista de diálogo virtual já existem mais de 130 associados. E o número de inscritos deve crescer, pois o grupo pretende criar site, fóruns de discussão e novos encontros presenciais.
O grupo pretende se manter não apenas como uma lista de diálogo virtual, a Rede Metodista Confessante – um espaço para reflexões sobre teologia e missão e cultivo da espiritualidade – mas também como um espaço de produção e socialização do conhecimento que capacite e fortaleça as igrejas locais, oferecendo alternativas de recursos teológicos, litúrgicos e didáticos comprometidos com os valores do Reino e com a história do metodismo. Do grupo fazem parte pessoas de várias idades e experiências de vida. São pessoas que sentem que podem e devem contribuir com seus conhecimentos e experiências para a missão.
Viabilizar este objetivo é, agora, o desafio do grupo. Por isso, durante o sábado inteiro muitos temas foram debatidos. Após uma análise da atual conjuntura do protestantismo brasileiro e do metodismo, em particular, o grupo discutiu seus objetivos e formas de atuação na Igreja. Oferecer oficinas de música e liturgia, preparar e disseminar materiais para estudo bíblico, divulgar livros e CDs metodistas, revitalizar o uso do Hinário Evangélico e a produção musical da Igreja são algumas das ações possíveis, no sentido de valorizar a história e o passado do metodismo com vistas ao futuro.
O grupo ainda não definiu como se organizará e como poderá concretizar seus objetivos. Há muito para discutir, definir, executar. Um primeiro passo já foi dado. Se o sal conserva o seu sabor, ele é indispensável. Se o grupo dos Confessantes conseguir se articular, a despeito das dificuldades de agenda e tempo da vida moderna, ele poderá temperar o metodismo brasileiro de boas idéias, criatividade e um compromisso histórico com os valores do Reino.
Suzel Tunes
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