domingo, 17 de maio de 2009

Manifesto do Movimento Metodista Confessante sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2009



No livro Um só Senhor, uma só Igreja publicado no Brasil em 1964 o Rev. Metodista Dr. John Robert Nelson pergunta:
"Por que tanto interesse hoje pela unidade cristã? Se o problema da unidade fosse ignorado, a vida seria muito mais fácil para a maior parte dos cristãos em todo o mundo. O fato de que diferenças doutrinárias impedem todos os membros da família de Cristo de receber a Sua Ceia na mesma mesa, não seria causa de angústia de espírito de forma alguma; a competição aberta de igrejas cristãs pregando o mesmo Evangelho da mesma Bíblia na mesma vila para confusão dos mesmos povos não-cristãos, não seria causa de escândalo; cada pequeno grupo de cristãos poderia sentir-se complacente e satisfeito em seu isolacionismo das demais igrejas vizinhas; e cada denominação poderia realizar seu próprio programa de evangelização e de serviço social sem cogitar dos outros. Tudo isto estaria certo, se não fosse por uma cousa: Jesus Cristo quer que sua Igreja seja uma em mente, espírito, vida e testemunho." (p.6).

Estamos em 2009 e as mesmas questões apontadas pelo Rev. John Robert Nelson, há 45 anos continuam latentes: Será que há esperança para o ecumenismo?

Em 1986 outro metodista, o Professor Dr. Hélerson Bastos Rodrigues em No mesmo barco: vivência inter-eclesiástica dos Metodistas do Brasil De 1960 A 1971, assim introduz seu livro:" 'Se teu coração é como o meu coração'; se amas a Deus e a toda a humanidade, não peço mais: 'Dá-me a tua mão' ". Apoiando-se na Escritura (2 Reis 10.15) João Wesley, deflagrador do metodismo, pregou sobre "O Espírito Católico" [ou seja, universal], desenvolvendo uma argumentação que se encaminhou para conclusões da seguinte ordem:
... o homem de espírito católico é o que (...) ama — como amigos, como irmãos no Senhor, como membros de Cristo e filhos de Deus, como atuais co-participantes do presente reino de Deus e co-herdeiros de seu reino eterno — a todos, de qualquer opinião ou culto, ou congregação, que creiam no Senhor Jesus Cristo; que amem a Deus e aos homens; e que, regozijando-se em louvar a Deus e temendo causar-lhe ofensa, sejam cuidadosos no abster-se do mal e zelosos nas boas obras.
Espalhados pelas Igrejas que hoje atuam em dezenas de países, os sucessores de João Wesley souberam acolher aos conselhos de seu patrono. No Brasil, também, os metodistas não perderam o ideal da unidade que vem de Jesus Cristo.”

Não esqueçamos: o autor fala da de uma realidade do ano de 1986. Ao descrever o relacionamento da Igreja metodista brasileira com a Igreja Católica Helerson Bastos diz: "Nas 'celebrações em conjunto' programaram-se situações que contaram com católicos e protestantes, entre os quais os metodistas, que elaboraram e realizaram o evento conjuntamente. Tratam-se das Semanas de Oração pela Unidade Cristã, Semanas de Oração pela Pátria, celebração de ação de graças em datas nacionais, solenidades religiosas em formaturas escolares. (...)” (p.92)

Nas páginas conclusivas do livro Helerson Bastos afirma: “Os metodistas foram se conscientizando da necessidade de conhecer mais profundamente sua própria Igreja, suas raízes, sua identidade, sem o que não teriam como prosseguir maduramente no diálogo ecumênico.” Helerson Bastos encerra o livro com os seguintes dizeres sobre o ecumenismo:
“Realidade? Utopia!
Fé. . . esperança. . . amor. ..
Dá-me a tua mão. Estamos no mesmo barco.”

Desde a publicação de No mesmo barco passaram-se 23 anos e muitos/as metodistas nesse ano de 2009 repetem as mesmas indagações: Ecumenismo é realidade? Ou utopia?

Infelizmente o 18º concílio da Igreja Metodista do Brasil realizado em julho de 2006 decidiu sua retirada de todos os organismos e eventos onde a Igreja Católica participe. Assim distanciou seus membros do sonho de um ecumenismo pleno. Mas não “matou” a “utopia” dos corações ecumênicos. Muito pelo contrário, homens e mulheres comprometidos com o metodismo “histórico” encontram-se hoje ainda mais engajados/as como a causa ecumênica, por entender que ela é, não somente o fundamento da Igreja de Cristo, mas, o alicerce do Metodismo histórico formulado pelo pai da fé do metodismo mundial.

As palavras de Wesley, fundador do metodismo, ainda chama pela união das mãos e dos corações em unidade fraterna, refutando toda “unanimidade” perversa e excludente. “Na casa de nosso Pai/Mãe, que como galinha acolhe todos/as sob suas asas, há muitas moradas...” É essa compreensão que nutre o Movimento Metodista Confessante e demais metodistas ecumênicos espalhados/as pelo Brasil.

A cada Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, nós, católicos e protestantes, temos oportunidade de testemunhar que: “Iluminados/as pela luz do Cristo que se fez homem e habitou entre nós”, temos a nítida convicção que “um novo mundo é possível”, mesmo e apesar das formulações equivocadas das lideranças “passageiras” que controlam o “poder” de nossas igrejas.

Assim na fé, na esperança e no amor podemos pedir: Dá-me tua mão; afinal estamos no mesmo barco.
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Movimento Metodista Confessante http://metodistaconfessante.blogspot.com/
Aprofunde a leitura
Um só Senhor, uma só Igreja
http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Um_so_Senhor_uma_so_Igreja.pdf
No mesmo barco: vivência inter-eclesiástica dos Metodistas do Brasil De 1960 A 1971
http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/No_Mesmo_Barco.pdf

Um comentário:

Bruce disse...

Parabenizo o movimento pelo belo texto, que nos inspira e nos faz sonhar também com este dia. E que este dia seja eterno. mas para que chegue este tempo, Entendo que o caminho inevitavel é o da unidade da família Metodista, pois como podemos falar ao mundo de diálogo ecumênico se há muito ruido em nossas linhas de comunicação? Como forjar e mudar a mentalidade de mentes fechadas para o diálogo se nas salas do nosso principal circulo de formação teológica, entre docentes e discentes (claro que como suas exceções) retrata na prática atitudes que vão de encontro a este tão almejado ideal, quando pentecontais e "tradicionais" se engalfinham?
Acredito que o nascer de tantas denominações seja um escandalo e uma resposta ao silêncio dos reformados que gastaram tanto tempo e enegia degladeando-se entre si gerando assim tantas divisões. tais divisões vai de encontro a nossa fé (ICo 1.10), mas ser exemplo (ICo 11.1), ser padrão, (Itm 4.12), torna-se imprescindível em tempos de muitas palavras e poucos exemplos. Acredito que devemos começar de nós mesmos, em nossas casa, e que isto isto se reflita em nossas amadas igrejas e que as nossas igrejas iluminem o mundo. Iluminar o mundo é a nossa vocação. Agradeço aos queridos irmãos e irmãs pelo espaço, orando a Dus para que possamos ser um em Cristo. Rev. Bruce