sábado, 4 de julho de 2009

Não nos deixes cair em tentação


Não nos deixes cair em tentação - Por Bispo Nelson Luiz Campos Leite.

A propósito dos próximos Concílios Regionais e Concílio Geral



Aqui está uma “petição” que deveria estar na mente e no coração de todos(as) nós. Vivemos num contexto onde “sedução” e “tentação” são constantes em nossas vidas. Os “valores” comportamentais do “presente século” são convidativos, enganosos e estão em contraposição com os “valores do Evangelho”. Paulo nos diz: “Não vos conformeis (tomai a forma...) com os “valores” (princípios) do presente século” (Rm. 12.2). Infelizmente, nos aspectos os mais diversos, temos, conscientes ou não, nos acomodado a “esses valores”.A motivação central de muitos grupos religiosos tem sido guiada por valores e princípios desse mundo, os quais chamamos pós-modernidade.

Os Concílios Regionais serão realizados no segundo semestre e estão às portas. A preparação regional, os grupos de logística e a movimentação das igrejas locais na escolha dos seus delegados já estão em processo. Tendo em mente que nesses Concílios é onde se elegem os delegados ao próximo Concílio Geral, é momento de reflexão séria e coerente com o Evangelho a respeito de quem e com que delegação as igrejas locais elegerão os seus representantes como “candidatos ao Concílio Geral”.

Começo a perceber a já comum movimentação e vejo que é hora de orar ao Senhor da Seara: “Não nos deixes cair em tentação!”

E por quê?

Porque é necessário que sejamos guiados por uma mente e por valores que tenham sido renovados pelo Espírito em nossas mentes para que possamos vivenciar a vontade de Deus em nossos Concílios e no Concílio Geral. A única vontade que é justa, boa, agradável e perfeita.Rm. 12.2.

O grande desafio é agir, atuar, vivenciar os Concílios Regionais e, a seguir, o Geral conforme os “valores do Evangelho”, do Reino e de acordo com a Vontade Divina. Para tal, há um preço a pagar-se: esvaziamento, quebrantamento, renúncia, conversão, mudança de valores, quebra de ambição, ausência de messianismos, Unidade no Corpo...”santificação”.

A “eleição de delegados (as) ao Concílio Geral tem levado em conta os objetivos, as aspirações individuais e de grupos. Infelizmente, o foco de maior atenção e atração é o da “eleição episcopal”. Tendo-se em mente que o “critério canônico para a eleição episcopal” continua o mesmo, apesar de tantos anseios por mudança, expressos pós-eleição no último Concílio, perdemos a oportunidade de, sob inspiração divina e autoridade do Concílio, criarmos uma forma mais clara, transparente, justa e coerente com os princípios e objetivos do Evangelho e da Igreja Metodista. “Todos (as) Presbíteros (as) são candidatáveis ao Episcopado, através de uma eleição “sem discussão e debate” sob a inspiração do Espírito Santo”. Isso tem ocorrido? Você crê na veracidade e sinceridade do desenvolvimento desse padrão numa eleição episcopal? Nós, que participamos do último Concílio e da última eleição, temos a consciência de que o critério estabelecido pelos Cânones foi realizado fielmente? Creio que existem muitos delegados e delegadas que têm agido coerentemente no decorrer de nossos Concílios, podendo receber a aprovação divina... mas será a maioria? Cada um de nós, desde a igreja local, distrito, região e área nacional dará a Deus a sua resposta.

Há muita “tentação” nesse processo de eleição, desde a igreja local até a escolha dos delegados ao Geral e, especialmente, no momento da eleição episcopal. Somos chamados a “orar”. Orar sincera e coerentemente a Deus, buscando a graça do Espírito visando seguir coerentemente o que o Evangelho e a Igreja Metodista determinam.

Pessoalmente sou favorável à mudança desse critério acima colocado. Creio que a Região deveria encaminhar para o Concílio Geral as pessoas e seus nomes que mais estejam de acordo com os princípios bíblicos do episcopado e preencham de forma coerente o que se requer de um bispo ou bispa, segundo a visão da Igreja Metodista. Isso ocorreria após ter-se uma sondagem honesta e objetiva feita na igreja local e omologada por escolha num Concílio Especial Regional.

Agora nos resta vivenciar o que continuou determinando os Cânones. Aqui entram as “tentações”: aspirações pessoais, movimentos políticos, mobilização de grupos com as mais diversas posturas doutrinárias, consciência de messianismos, acordos regionais e mobilização as mais diversas. Creio na ação do Espírito Santo, na oração, mas descreio do esvaziamento, da submissão ao Senhor, do espírito de humildade e da falta de ambição descabida e desconforme com as normativas Evangélicas. Não descreio de um “quebrantamento evangélico” e nem de um “avivamento genuíno gerado pelo Espírito”.Creio ser essa nossa maior necessidade como cristãos e Igreja. Para tal, não podemos ser obstáculos à ação divina e ser livres das “tentações” anteriormente enumeradas.
Sinceramente falando, vejo como “prioridade” o que acima está, mas temo que “tudo continuará como sempre”, abrindo justificativas, racionalizações e desculpas as mais diversas através das quais a máxima não evangélica está presente: “Os fins justificam os meios”, usada descabidamente por grande parte dos cristãos hoje, em sua maioria evangélicos.

Com que espírito participaremos dos Concílios Locais e Regionais? E, depois, nas reuniões de grupos, delegações e outras?

Chego até a pensar que, no contexto atual, melhor seria a mudança transitória de critério: “eleição episcopal nos Concílios Regionais, deixando para cada Região reconhecer aqueles e aquelas a quem o Senhor tem concedido o “carisma” para o episcopado.

Não há sistema completo e perfeito, pois em todos eles nós humanos é que estaremos decidindo e mesmo no Regional os motivos anteriormente expostos poderão existir, mas de uma forma mais controlada e com possibilidade de quebrantamento mais objetivo e real. Enquanto isso, oremos e busquemos: “Não cair em tentação” contra a vontade e os princípios do Senhor.

Bispo Honorário Nelson Luiz Campos Leite.

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