Quem somos nós? O que pretendemos? - sábado 31/10/2009
Por Jaider Baptista
Passando informações sem pressa, sem rancor, o palestrante apresentou ao grupo presente ao Encontro de Belisário que quem sabe o que diz não precisa ganhar no grito, porque quando uma parte julga ganhar, ambas perdem. Todos precisam ganhar, recuperar almas, somar forças se quiserem, realmente, fazer diferença.
Segundo Jaider, não foi o que ocorreu no último Concílio Geral, em que as decisões não refletiram a vontade da maioria e assim todos perderam, o que levou um grupo de descontentes a se relacionar via internet, num primeiro momento para desabafos , mas logo depois começaram a buscar propostas de restauração da identidade metodista. Esse grupo passou a compartilhar, conviver, orar junto, autodenominando- se CONFESSANTES. Tomaram por empréstimo a terminologia dada aos protestantes alemães que decidiram não apoiar o governo nazista de Hitler, mesmo pagando um alto preço pela decisão.
Informou que decorrido pouco mais de um ano foi realizado um primeiro encontro em São Paulo, agora o segundo em Belisário, com o desejo de que outros venham a acontecer.
O palestrante apresentou uma profunda revisão histórica do Movimento Metodista, paradoxalmente, um movimento nascido dentro de uma universidade, o que explica a marcante disciplina, e atinge as minas de carvão, com pregações ao ar livre.
Relembra que o metodismo foi um movimento de renovação dentro da igreja anglicana e que a Igreja Metodista somente foi organizada depois da morte de João Wesley, sendo que hoje a Igreja Anglicana reconhece a contribuição da I. Metodista, tanto que João Wesley tem seu dia marcado no seu calendário.
O que pautava esse movimento?
EXPERIÊNCIA PESSOAL - intransferível com JESUS. Isso explica a característica acolhedora da I. Metodista. Cada um tem a sua experiência, singular, pessoal.
BUSCA DA SANTIFICAÇÃO - desenvolvimento constante da relação com Deus e com o próximo.
A GRAÇA DE DEUS - age em todo o tempo e apesar das circunstâncias.
Assim, o pensamento da I. Metodista é o de acolhimento. O que vier a mim, de maneira nenhuma lançarei fora.
Metodismo é acolhimento, inclusão, piedade, misericórdia, disciplina e oração, era assim que as comunidades metodistas que se formaram pelos cantões do nosso país se sustentavam. E a porta sempre estava aberta para aquele bêbado que, atraído pelos ecos de um coral ou pelos belos hinos, chegava falando disparates, mas era logo abraçado por um irmão ecônomo e levado para um banco e banquete, se houvesse. E sentia-se a sua falta quando ele não aparecia.
Com os atuais shows de fé estamos perdendo essas características, a Bíblia, a Escola Dominical, os cultos domésticos estão sendo esquecidos. É nisso que a comunidade de fé se sustenta. Grupos fechados constituem um perigo, como os chamados gadistas._
Outra característica que a Igreja Metodistas vem perdendo são aquelas que geram os atos de misericórdia, tão presente no movimento metodista wesleyano levando o trabalhismo inglês a se declarar fruto do movimento metodista. Isso pode ser facilmente percebido diante da grave situação de violência, corrupção e abandono da nossa sociedade, sem que a Igreja Metodista faça qualquer diferença.
A base da Igreja anteriormente era essencialmente leiga. Pastores davam assistência a diversas igrejas e pontos de pregação, não se prendendo a nenhuma delas. Sob a liderança de leigos todos oravam, pregavam, cantavam, visitavam, enfim,, era realmente uma igreja participativa.
Durante a exposição foi destacada a postura aberta com que a Igreja Metodista escreveu a sua história, citando a aproximação da Maçonaria para a aquisição de imóveis quando o objetivo era o de sua expansão, o acolhimento das escolas metodistas aos alunos de outras nacionalidades, excluídos em função da perseguição aos judeus excluídas, etc
Como relatora, depois de tantos esclarecimentos e do conhecimento de tantos nobres princípios que não podem ser perdidos, mas aprimorados, com certa amargura me pergunto: sobreviverá essa igreja genuína, discípula de Jesus, que ama e acolhe ?
A resposta pode ter vindo na noite de domingo no culto na Igreja Metodista em Belisário, onde sentimos fortalecer a nossa esperança ao participarmos de um gostoso culto numa igrejinha acolhedora, dinâmica nos cânticos pela congregação e pelo lindo grupo de juvenis, acompanhados por violão e flautas, para onde um casal caminha com três filhos por três quilômetros, sob a chuva, para dele participar, onde um bêbado teve o seu acolhimento .
Nessa esperança caminharemos certos de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
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