quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

CELEBRAÇÃO PELO 9º ANO DO MARTÍRIO DA IRMÃ DOROTHY STANG

CELEBRAÇÃO PELO 9º ANO DO MARTÍRIO DA IRMÃ DOROTHY STANG

Em Belém do Pará, no dia 12 de fevereiro de 2014, às 19 horas, aconteceu a celebração ecumênica pelo 9º ano do martírio da Irmã Dorothy Stang. A celebração aconteceu na sede da CNBB – Regional Norte 2 e contou com a participação de representantes das diversas pastorais da CNBB, do Comitê Dorothy, da CRB - Conferência dos Religiosos do Brasil, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana e dos metodistas ecumênicos. A celebração constituiu-se num momento de oração, de memória, de homenagens e de renovação do compromisso com a SAGRADA HERANÇA: à defesa de todas as formas de VIDA – de Vida DIGNA para todos, momento em que as pessoas presentes foram desafiadas, assim como Dorothy, a encarnar o PROFETISMO anunciado e vivido por JESUS CRISTO e a serem igreja que caminha junto ao povo, sentindo suas dores e lutando para libertá-lo de toda forma de opressão e violação de seus direitos.


Na partilha da palavra, os metodistas estavam representados pelo irmão Lucivaldo de Matos Gomes, que atualmente reside em São Luís e se encontrava em férias, em Belém.


Bispo Saulo Mauricio de Barros da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.    
Lucivaldo de Matos Gomes, metodista.
Padre Paulo Joanil, secretário executivo da CNBB e coordenador da CPT.



Símbolos utilizados na liturgia.


Bispo Saulo Mauricio de Barros.
Lucivaldo de Matos Gomes.
Irmã Rebeca Stire, da Congregação de Notre-Dame, a mesma a qual pertenceu a Irmã Dorothy.
Padre Paulo Joanil.


Lucivaldo de Matos Gomes no momento da partilha da palavra.


Bispo Saulo Mauricio de Barros.
Lucivaldo de Matos Gomes.
Padre Paulo Joanil.


O Povo participa da celebração

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Teologia no Plural - A Importância da Lógica Plural para o Método Teológico

Teologia no Plural - A Importância da Lógica Plural para o Método Teológico 


Trata do método teológico a partir da identificação de aspectos que, nas últimas décadas, têm limitado ou facilitado o seu alargamento e conseqüentemente oferecido menor ou maior capacidade de formulação de respostas teológicas consistentes diante da complexidade da realidade social latino-americana, em especial a diferença cultural nas linguagens da religião no Brasil. Para isso, diante do quadro atual de mudanças sociais e religiosas, será discutida a importância: (i) de um equacionamento adequado para as relações entre teologia e cultura e o valor dos estudos culturais para a reflexão teológica na atualidade, (ii) da pluralidade e da ecumenicidade para o método teológico, com vistas à sistematizar as principais implicações teóricas e práticas da formação de uma lógica plural na reflexão teológica e nas ciências da religião e as conseqüências disso para o conjunto da sociedade. 

As reflexões que se seguem são formuladas a partir do encontro de duas preocupações acadêmicas, uma de caráter mais institucional e coletivo e outra mais pessoal, que me acompanha já há alguns anos. A primeira tem a ver com a necessidade de se aprofundar no campo das ciências da religião a perspectiva de caráter mais hermenêutico em torno das linguagens da religião. O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, onde leciono, propôs recentemente uma área de concentração – “Linguagens da Religião” – cujo propósito está em torno do “estudo de textos, símbolos, mitos, ritos, práticas das religiões, assim como de sistemas doutrinários a partir de sua linguagem e articulação próprias por meio de métodos das ciências da linguagem, da hermenêutica, da teologia, da filosofia, da história e da antropologia”. 


 Teologia das Religiões em Foco
 um guia para visionários. São Paulo: Paulinas, 2012 [com Daniel Santos Souza].
Síntese didática dos principais autores e temas em torno da teologia das religiões, em suas variadas perspectivas teóricas, tanto no campo protestante como no católico-romano. Trata da visão ecumênica apresentando trajetórias de vida, experiência de diálogo intra e interreligioso, conceitos relativos ao pluralismo religioso e textos de autores/as com vivência e procedência de distintos continentes e inserções acadêmicas e pastorais.
http://www.paulinas.org.br/loja/?system=produtos&action=detalhes&produto=521698

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

João Dias de Araújo: poeta e profeta a serviço do mundo

João Dias de Araújo: poeta e profeta a serviço do mundo



João Dias de Araújo: poeta e profeta a serviço do mundo
Esta entrevista foi realizado em maio de 2012, durante o congresso que celebrou os 50 anos da Conferência do Nordeste, em Vitória. Nilo Tavares — pastor batista, historiador e mestre em ciências da religião — conversou com João Dias de Araújo, um dos palestrantes do evento que é considerado um marco na história do protestantismo brasileiro pela iniciativa de dialogar sobre problemas nacionais com importantes intelectuais da época, refletindo teologicamente a respeito do processo revolucionário brasileiro. João Dias de Araújo, conhecido pelo livro Inquisição sem fogueiras (reeditado recentemente pela Fonte Editorial, 2010) e pelo hinoO que estou fazendo se sou cristão?, tem 82 anos, é casado, tem cinco filhos, é professor do Seminário Batista do Nordeste e pastor da Igreja Presbiteriana Unida de Feira de Santana, na Bahia.
Poderia contar um pouco da sua história, da sua trajetória de vida? 
A minha vida foi marcada pela presença do presbiterianismo no Brasil. Em primeiro lugar, porque nasci numa casa onde meu pai e minha mãe eram de origem presbiteriana. Meu avô tinha meu nome, João Dias. Ele morreu no ano em que eu nasci, 1930. Recebi este nome em homenagem à vida e à personalidade grandiosa que ele teve em Cuiabá, capital do Mato Grosso. Ao invés de nascer em Cuiabá onde meus pais moravam, eu nasci em Campinas, quase dois meses depois, uma vez que no ano de 1930 meu pai foi estudar teologia em Campinas. Ele era casado e teve o primeiro filho. Eu fui o segundo e nasci em Campinas. De lá ele terminou o curso após três anos, voltando para o Mato Grosso, onde foi pastor em Rosário Oeste e, posteriormente, na própria cidade de Cuiabá, onde vivi a minha infância até os quinze anos. Lá tive o contato com o trabalho presbiteriano e com a vida da cidade de Cuiabá, onde estudei até terminar o ginásio, e nessa ocasião eu tomei a decisão e confirmei com meu pai que eu queria ser pastor como ele; e então fui encaminhado para o curso pré-teológico que era o curso clássico, especialmente para candidatos ao ministério. 

Aos quinze anos saí de casa para estudar o pré-teológico em Indira, no subúrbio de São Paulo, e lá entrei em contato com mais de cento e vinte estudantes, e todos pretendiam ir para seminários abertos para todas as denominações. Haviam pessoas de várias denominações, além dos presbiterianos, episcopais, presbiterianos independentes, metodistas, e alguns batistas. Terminei o curso com um estágio de três anos muito pouco proveitoso. De lá, eu fui para Campinas, onde meu pai estudou e onde eu nasci, estudando no próprio seminário onde nasci, depois de dezoito anos. Lá começa minha trajetória. 

Meu pai depois foi transferido para Caetité, na Bahia, onde eu passava minhas férias: naqueles campos do sudoeste da Bahia e do norte de Minas Gerais. Toda minha trajetória de vida está ligada ao ensino teológico. Este ano estou completando sessenta anos de magistério em teologia. Comecei no último ano do seminário em 1952, onde cursava o último ano e fui convidado para ensinar religião na escola pública, no Instituto Carlos Gomes de Campinas, e de lá nunca mais parei de ensinar. Estou ensinando até hoje, sessenta anos de magistério, e vamos dizer cinquenta e nove anos de ensino teológico. Eu comecei lá em Pernambuco, e hoje estou na Bahia, ensinando teologia também. Essa é minha trajetória na educação. Com isso, participei de movimentos dentro e fora da igreja. 

Como se deu sua caminhada na Conferência do Nordeste? 
Bom, com relação à Conferência do Nordeste, eu tinha uma experiência pastoral-teológica. Essas experiências fizeram com que pessoas da direção da Confederação Evangélica, que eram minhas conhecidas, conhecessem minha trajetória, uma trajetória que comecei desde seminarista quando eu visitava meu pai, minha mãe, meus irmãos em Caetité no Sudoeste da Bahia, quando eu ia e voltava para o seminário de Campinas em São Paulo. Eu viajei várias vezes em caminhões e em trens com retirantes nordestinos, e meu primeiro envolvimento ainda como estudante de teologia foi com os retirantes, os migrantes, viajando com eles nos trens e nos caminhões pau de arara. Eu vi o drama e comecei a escrever naquela época, quando tinha ainda menos de vinte anos. Comecei a escrever poemas chamando a atenção das igrejas, dos seminários, focando o problema brasileiro da desigualdade entre as regiões e o grande sofrimento do povo do Norte e Nordeste. 

Comecei a escrever poemas. Alguns falando do problema em geral, outros contando episódios como uma poesia que chamei de “O trem da morte”, que escrevi quando presenciei, numa das viagens, uma criança que morreu nos braços do pai após cair de um banco. A família da criança estava indo de mudança para São Paulo, saindo do interior da Bahia, e muitos outros poemas que eu fiz e declamava nas igrejas, e fora das igrejas também, quando tinha oportunidade. Foi desta forma que eu comecei a defender a situação. Defender e protestar contra a situação da migração no Brasil. Especialmente do Norte e Nordeste para o Sul, Centro-Oeste e Sudeste, o que estava trazendo muitos conflitos pra terra do Nordeste e do Norte, como também pra quem recebia, no caso os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, especialmente o Sudeste, porque a maioria dos retirantes vinha pra São Paulo, Rio e pro Sul do país. Mas a militância começou com um poeta que protestava contra os novos escravos, os sofredores do Brasil, que eram os nordestinos especialmente. 

Como poeta eu estava atuando, escrevendo, publicando os escritos e os poemas, declamando nas igrejas, nos lugares, instituições, colégios, onde eu era convidado a dar uma palavra; aí eu tocava nesse problema que começou porque meu pai morava no interior da Bahia e eu tinha que ir visitá-lo. Eu ia, e via todo aquele sofrimento. Então eu estava junto com outros intelectuais, jornalistas, escritores, denunciando aquele problema social do Brasil, especialmente no Nordeste do Brasil. Então, o pessoal da Confederação já me conhecia, já conhecia essa história. Depois eu fui ser pastor. Fui formado em Campinas e, em 1952, fui indicado pra ser pastor da cidade de Itacira, Bahia. Era um trabalho missionário na Chapada Diamantina, no centro, no coração da Bahia. Havia um grande colégio que preparava professores e professoras, uma igreja e um hospital e uma escola de enfermagem. Era um centro missionário no coração da Bahia, hoje essa cidade é chamada Wagner, e era parte do município de Lençóis. Ali eu passei sete anos. Daí eu fui pro Recife e quando a Conferência do Nordeste foi realizada, eu estava começando meu professorado no Seminário Presbiteriano do Recife. Lá eu tinha tido contato não só com a teologia, mas também com a vida da cidade, do estado e da região. Eu me liguei às autoridades de lá, apoiei a candidatura do governador Miguel Arraes, que foi um líder do Partido Socialista Brasileiro, e posteriormente foi presidente do partido durante algum tempo. Entrei em contato com Francisco Julião e colaborei com as Ligas Camponesas, na parte das mensagens que ele diria para ajudar o povo nordestino. 

Eu publiquei dois livros: um, chamado Escondendo-se da luz, que é um tema bíblico; e o outro, Portas cor de rosa, as portas da Nova Jerusalém, inspirado na utopia, na nossa escatologia. Como estava lá no Recife já no segundo ano do meu trabalho como professor de teologia, e como eu era conhecido de alguns ali na Confederação, eles me convidaram, perguntando se eu podia preparar um estudo para a Conferência do Nordeste. Foi aí que eu aceitei o convite e comecei a estudar mais e preparar a palestra sobre como seria a visão bíblica do assunto: Cristo e o processo revolucionário brasileiro. Aí eles me deram o tema para eu desenvolver que era: “O conteúdo revolucionário do ensino de Jesus sobre o reino de Deus”. Eu transformei esse título num subtítulo chamado: “A revolução do reino de Deus”, que apresentei durante a conferência. A segunda palestra foi a minha, bíblica, e a primeira com o Joaquim Beato, além das outras que houve por lá. 

Você poderia contar como sua denominação, a Igreja Presbiteriana do Brasil, percebia esse momento histórico e político, e como ela se posicionou em relação à conferência? 
Havia duas posições principais. A posição do grupo mais novo da Igreja: pastores, presbíteros, jovens, de um lado, apoiando; e havia o grupo mais conservador da igreja, tentando atrapalhar. Nesta comemoração aqui em Vitória, apresentei um escrito intitulado As memórias da década de sessenta, que pode ajudar a esclarecer esse ponto. As igrejas despertaram. Então eu falo que nessa década, primeiramente despertaram os metodistas, depois os presbiterianos, depois os batistas e depois a Confederação Evangélica, que chamou as demais igrejas para tratar dos problemas brasileiros daquela época, da década de sessenta. Naquele período havia, então, um grupo que era a favor. O próprio presbitério ao qual eu pertencia no interior da Bahia, chamado Presbitério do Campo Formoso, mandou uma proposta para a assembleia geral, chamado Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana, no começo de julho de 1962, antes da Conferência do Nordeste. Nesse encontro da Igreja Presbiteriana, o Presbitério de Campo Grande mandou esse documento, pedindo que a assembleia nacional promulgasse e proclamasse um Credo Social, como fizeram os metodistas, um ano antes. Então o grupo de pastores que estava no presbitério, grupo do qual eu fazia parte do colegiado, fez a proposta. 

Eu, que estava ainda começando o trabalho no Seminário Presbiteriano, o Rev. Áureo Bispo dos Santos e o Rev. Celso Lola Dourado, mais tarde deputado federal constituinte, levamos essa proposta e a Igreja Presbiteriana se pronunciou sobre a situação com um documento chamado Pronunciamento social da Igreja Presbiteriana do Brasil. Eu participei naquela reunião. Foi aprovado pela maioria. Agora, houve um grupo que não concordava, que dizia que isso não era assunto para ser tratado em assembleia de igreja. Mas havia um despertar das igrejas de tal maneira que o grupo que apoiava era sempre um grupo que, na sua maioria, era composto de jovens e teólogos: nomes como os de Joaquim Beato, Rubem Alves, Claude Labrunie e seus parentes que estavam lá. Havia, entre os jovens pastores que estavam lá, alguns deles que foram vítimas da repressão dentro da Igreja Presbiteriana. No fim da assembleia o clima favorecia, e o pronunciamento foi aprovado. Um grupo apoiava e um grupo era contra, mas o grupo que apoiava era maior e a Igreja Presbiteriana respondeu à demanda do presbitério baiano, e foi feito um pronunciamento social ou um credo social, e três semanas depois começou a Conferência do Nordeste. Depois dessa decisão na assembleia nacional dos presbiterianos, o assunto continuou na Conferência do Nordeste. 

Que impressões você teve como participante dessa consulta onde os protestantes buscavam se engajar, vinculando a fé com a vida social e política? O que mudou em sua vida após vivenciar esse momento? 
Mudou. E muito. Primeiro, eu tinha interesse nesse campo, em que a igreja não iria somente ver e interpretar, mas participar desse processo revolucionário que estava se desenvolvendo no Brasil e em toda a América Latina. O mundo inteiro estava num processo de muita mudança, muito diálogo e muita reflexão. Então eu vi na Conferência do Nordeste algumas coisas que foram importantes. O movimento da Confederação Evangélica do Brasil era composto por treze igrejas e quatro instituições que participavam do diálogo que estava sendo travado no Brasil e na América Latina. O que era buscado não era o que Marx ou Engels diria sobre aquele processo revolucionário, e o que Adam Smith, pra representar o capitalismo, diria sobre aquele processo revolucionário, mas o que Cristo tinha a ver com aquilo e como nós evangélicos podíamos dialogar com essa realidade chamada realidade brasileira, de uma sociedade que estava passando uma crise muito grande, em que se clamava por toda parte por reformas, por mudanças, com novos horizontes para o Brasil, a América Latina e o mundo. Então, eu via ali uma possibilidade de fazer existir o diálogo e que Cristo iria contribuir nesse processo revolucionário. Notei que a imprensa pernambucana, os principais jornais, escreveram e disseram que as igrejas evangélicas estavam reunidas aqui para tentar contribuir com o diálogo sobre esta época de transição da vida brasileira — Os protestantes estão preocupados e querem dar sua contribuição. Essas reformas que estão sendo vividas e essas aspirações do povo de uma mudança de fato. Posso dizer que este foi, na história da Igreja Evangélica do Brasil, a primeira vez que houve um esforço concentrado das Igrejas para tentar responder àquilo que antes não era nem pensado, ou seja, o diálogo com a cultura brasileira e os problemas do Brasil. 

Como você reinterpreta a identidade protestante brasileira cinquenta anos depois desse momento histórico, revisitando essa história? 
Com a entrada no Brasil do regime ditatorial e do regime militar, começou-se a cercear a continuação do processo revolucionário. Eles quiseram outra direção, pela força, pelas armas. Então, vamos dizer que durante toda a década de sessenta, eles começaram a podar todas as propostas para uma nova situação que não fosse aquela desejada pelos militares e conservadores do Brasil. Quer dizer, por exemplo, que eles não queriam que os jovens continuassem à frente, através da UNE, nem da juventude das igrejas, nem da teologia da libertação, nem dos esforços dos intelectuais, nem dos artistas, nem da liderança jovem do Brasil e do mundo. A nova direção queria era o cerceamento da liberdade, pois o golpe militar foi feito para fechar todo o diálogo e encaminhar tudo para um lado, vamos dizer, mais da direita conservadora, dos ideais mais tradicionais do bloco norte-americano, da influência norte-americana e do Exército. Até que se preferiu mesmo implantar um regime que não fosse só apoiado pelos Estados Unidos, afinal eles estavam envolvidos, uma vez que o governo americano atuou aqui com a CIA antes e depois do golpe militar. O presidente Reagan estava achando que tinha que haver várias investidas em Cuba, em Granada, no Panamá e em outros lugares que eles terminavam por controlar. Infelizmente o diálogo foi cortado e isso impediu que muitas propostas feitas na Confederação Evangélica do Brasil e na Conferência do Nordeste fossem pra frente e não tivessem sua realização. 

As igrejas protestantes tiveram suas lideranças podadas pelo expurgo que surgiu por conta do que houve no Brasil após a Conferência do Nordeste. Está tudo no livro que escrevi, Inquisição sem fogueiras, pesquisando várias regiões do Brasil. Então, infelizmente, a igreja ficou numa situação sem saída, porque houve muita repressão por parte dos órgãos de segurança dentro e fora da igreja. Não só professores, estudantes, jovens, intelectuais dentro do protestantismo foram calados, mas também as lideranças de jovens que foram cerceadas pelo poder de fora da igreja e dentro da igreja. 

Por outro lado, esse processo revolucionário se atrasou, pois não houve desenvolvimento como deveria haver. Como não tínhamos mais abertura nas igrejas, começamos a trabalhar com ONGs. Houve um cerceamento e a igreja não pode desenvolver mais seus planos com aqueles que eram líderes. Não nos conformamos. Então, podemos dizer que o movimento ecumênico não pôde se desenvolver normalmente, mas naquilo que nós chamamos hoje de Fórum Ecumênico Brasil, que antes foi chamado de Centro Ecumênico de Recursos, com a ajuda do Conselho Mundial de Igrejas e de outras igrejas na Europa e nos Estados Unidos, para apoiar essas ONGs. 

Então hoje nós temos as ONGs do Norte, como a UNIPOP, de Belém, e o Conselho Amazônico de Igrejas (CAIC), passando pelo Centro-Oeste, a Missão Caiuá, missão ecumênica que deu mais valor àquele projeto para os índios, desde antes, passando pelo Norte, Nordeste, Sudeste, e chegando ao Rio Grande do Sul. Do norte ao sul do país e de leste a oeste surgiram as ONGs e muitas delas estavam ligadas às igrejas. As principais igrejas foram a Presbiteriana Unida, Metodista, Luterana, Episcopal, junto com a Católica, que também colaboraram formando as suas ONGs na mesma linha como o CEBI, que foi uma ONG formada pela Igreja Católica, mas era ecumênica. Mas aconteceu assim na Bahia, surgiu a CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço); em Recife surgiu a Diaconia, que era o serviço da ONG dos Luteranos; aqui no Rio de Janeiro surgiu o CEDI, que mais tarde se tornou Koinonia; no Rio Grande do Sul a CECA, com o mesmo caráter ecumênico. 

Podemos dizer que muitas coisas da Conferência do Nordeste foram implementadas, executadas mais pelas ONGs do que pela direção das igrejas. Isso significa que a Confederação Evangélica do Brasil, com treze igrejas, após a Conferência do Nordeste, essas igrejas continuam atuando, diante das circunstâncias, e atuaram mais através das ONGs que elas mesmas apoiaram. Por exemplo, a ONG da Bahia, da qual fui um dos fundadores, a Comissão Evangélica dos Direitos da Terra (CEDITER), foi fundada pelo Presbitério do Salvador, que ainda faz parte da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil. Então, eu participei dessa ONG até hoje, com trinta anos de existência, com a finalidade de ajudar os pequenos trabalhadores rurais e os posseiros a terem os seus direitos, e as suas organizações, de melhorarem, de serem defendidos da repressão. Então, muitas coisas que foram defendidas e sugeridas como estratégicas das igrejas não puderam ser executadas pelas próprias igrejas, mas o reforço das ONGs de alguma maneira sem comprometer as igrejas fizeram aquilo que a Conferência do Nordeste queria que fosse a nossa participação no processo revolucionário brasileiro. Por exemplo, ao lado da CEDITER ,que era da Igreja Presbiteriana, havia outra ONG chamada MOC (Movimento de Organização Comunitária), que era formada por católicos e evangélicos, e trabalhou a favor da erradicação do trabalho infantil e da educação de crianças e adultos; assim vários aspectos da vida social que a igreja queria participar melhor, e que eram sugestões da Conferência do Nordeste, estavam sendo realizados. O papel das ONGs é muito importante. 

Como a memória dessa articulação aparece nas narrativas dos protestantes brasileiros de hoje? Outros campos distintos da sociedade compartilham dessa memória? Em que medida essas memórias foram esquecidas ou ressignificadas? Como você percebe isso? Hoje o que nós vemos nas igrejas, tirando o problema que é a atuação das ONGs, se refere às igrejas instituídas hoje no Brasil. A maioria delas não leva em consideração o que foi resolvido, decidido e vivido na Conferência do Nordeste. Veio a repressão dentro da igreja e fora da igreja, de modo que aquela memória foi interrompida pra não continuar os esforços para implementar aquele projeto da Conferência do Nordeste. Lá em Feira de Santana, por exemplo, a Universidade Estadual de Feira de Santana está estudando esse fenômeno. A professora Elizete Silva, que é a coordenadora do curso de História e ouvimos nesse congresso, está pesquisando e já publicou vários livros em que ela mostra que mesmo com os pastores que atuaram na linha da Conferência do Nordeste, o povo da igreja, a membresia da igreja, não foi atingida no sentido de estar sempre presente, já que a igreja precisava estar mais ligada ao processo revolucionário de mudança no Brasil. Então vamos dizer que a “mocidade” das igrejas hoje não conhece nada dessa história, e a maioria das igrejas não toca mais neste assunto, a não ser quando há uma conferência como esse encontro em que relembramos esse fato. 

O Dr. Raimundo Barreto, da Igreja Batista, escreveu um artigo esclarecendo exatamente por que a Conferência do Nordeste foi esquecida, por que ninguém mais fala nela. Um congresso que trouxe um desafio para as igrejas, e as igrejas todas caladas. Eu lá em Pernambuco fiquei preocupado, pois eu vivi lá uma experiência interessante. Os pentecostais da Assembleia de Deus deram muito apoio ao trabalho das Ligas Camponesas, apoiaram o prefeito socialista Miguel Arraes, e estavam sempre favoráveis às mudanças que ele queria desenvolver, baseado nas teses do educador Paulo Freire. Havia apoio e esse começava a sumir depois do golpe militar. A liderança da Assembleia de Deus ficou com medo do golpe militar, e mudou a atitude, não deu mais aquele apoio que dava antes. Lembro-me que dos muitos votos que recebiam os políticos da esquerda, especialmente do partido socialista naquela época, eram de membros das Assembleias de Deus. E eles tinham uma liderança muito forte na política, especialmente na região da cana de açúcar, de Alagoas, Pernambuco e Paraíba, e o apoio que eles deram às Ligas Camponesas, depois a luta pela formação dos sindicatos de trabalhadores rurais, uma luta que surgiu depois do golpe militar, mas depois eles começaram a se retrair e não participar. Com isso houve crise em quase todas as igrejas. Refiro-me, então, aos pentecostais da Assembleia de Deus. No livro Inquisição sem Fogueiras eu mostro isso. Por exemplo, a IPU. Quer saber como surgiu a IPU? Basta ler meu livro e aí você vai saber que um grupo queria continuar, mas teve que sair das igrejas tradicionais, uma vez que essas igrejas começaram a se dividir, alguns saindo para esse diálogo e outros saindo para o pentecostalismo, neopentecostalismo, o chamado movimento de renovação espiritual, voltando à tese clássica do protestantismo de ênfase mais no indivíduo do que na sociedade. 

E aí havia gente que dizia que era heresia. Eu chamo de heresia sociológica, e falei isso lá no Recife na frente de um pastor, um líder pentecostal: Hoje basta a gente pregar o evangelho e a sociedade muda, não se trata de um problema social! Eu disse: O que colega? O que o irmão falou aí se trata de uma heresia sociológica, dizer que transformando-se o indivíduo a sociedade vai se transformar. Cristo já diz que não: têm de converter as cidades, não basta converter o indivíduo, a cidade tem que aceitar o Reino de Deus, e não só o indivíduo. Hoje o sociólogo que ouvir o senhor falar assim vai dizer o seguinte: Bom, essa pessoa que falou isso ou não entende nada de sociologia, ou então está se enganando. O grande teólogo Reinhold Niebhur escreveu um livro sobre isso, O Homem Moral na Sociedade Imoral. O protestante quer ser moral, puritano, ético, e ele pensa que com isso ele, sendo cristão, vai transformar a sociedade, mas não transforma! Há mecanismos que atuam na organização da cidade e da sociedade de tal maneira que dizer que basta pregar o evangelho e a pessoa se convertendo muda a sociedade, isso é apenas uma fuga e não uma realidade. Essa é a ideia de muitas igrejas: “Eu não vou entrar na política, nem nos movimentos sociais porque basta converter a pessoa, a pessoa vai lá, cada pessoa têm a sua contribuição na sociedade...” (risos). Essa não é a verdade, é uma heresia sociológica, essa tese dificulta o enfrentamento da realidade. 

O que você espera do futuro? Se as igrejas continuarem hoje tentando olhar as sugestões da Conferência do Nordeste e viver o processo revolucionário brasileiro, elas vão ter que mudar algumas linhas. Por exemplo a professora Magali Nascimento, da Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, São Paulo, apresentou como é que hoje se caracteriza o protestantismo na linha da automação que ela chama de gospel. Ela estuda muito bem as tendências do protestantismo hoje no Brasil, que atingiram uma grande maioria de igrejas, e essa tendência prioriza a questão das emoções, hiperconsideração das emoções, em que o louvor é a parte principal da adoração. A igreja não precisa, segundo esse movimento, ouvir a palavra de Deus, as explicações, a mensagem do texto bíblico. Ele vai a igreja pra louvar, e até aquelas igrejas mais conservadoras que não adotavam o louvor, estão adotando. Com o apoio dos pentecostais e neopentecostais, a igreja caminha para o lado em que as emoções estão em primeiro lugar, e o louvor como ponto mais alto da vida cristã, não considerando às vezes nem o aspecto ético, e nem tão pouco a reflexão teológica. Então o pessoal acha que está tudo bem. Alguns jovens quando vão pra esses cultos, ao terminar a parte do louvor, e vai haver a leitura e a explicação da Bíblia, eles saem, vão embora, é como se eles pensassem: “Pra que? Já temos o culto, louvor é a única coisa que temos que fazer, é a experiência”. Então os líderes desses grupos de louvor que eu conheço, pelo menos um bom número deles, saiu da igreja porque não têm uma boa base doutrinária; saíram para as drogas porque não têm apoio intelectual pra sobreviver dentro das igrejas. Este é o lado negativo que estou enfatizando. Muitas coisas levaram hoje o nosso protestantismo à superficialidade, dando mais ênfase às emoções e pouco espaço à reflexão. E quando fazem alguma coisa ligada aos problemas sociais, preferem o assistencialismo. Basta ser uma igreja ativa que faz caridade, trabalhos de escola, ou que distribui cestas básicas, faz bazares pra ajudar a combater a pobreza, que eles chamam de ação social. Ação social já implica um pouco mais de reflexão. Assistência social, fazer caridade popular, é a superficialização, cada vez mais, da maneira de se fazer diálogo com a sociedade, no sentido de mudar algumas coisas na sociedade. 

Nós sabemos que as igrejas evangélicas que adotam a teoria ou a teologia da prosperidade agem da seguinte maneira: basta chegar o dinheiro, têm alguma coisa e então aplica-se nos pobres. Por exemplo, a Igreja Universal enche a boca pra dizer que quando houve seca no Nordeste ela mandou caminhões e caminhões pra distribuir sacos de arroz, feijão, e farinha. Só que para eles isso não têm nada a ver com a vida do cristão. Os pobres estão aí e precisam de ajuda, mas não vamos querer mudar a mentalidade dos pobres. Se vamos ajudar os pobres, vamos dar comida pra eles e pronto, se eles quiserem se converter ótimo, se eles não quiserem estamos fazendo caridade (risos). Não há uma reflexão. Podemos dizer que há uma superficialidade, e a igreja hoje enfrenta esse desafio. Nós sabemos que isso não se aplica a todas as igrejas. Há, naturalmente, algumas igrejas que estão mais preocupadas com essa situação e estão querendo mudar, mas através da membresia das igrejas, nas quais estão também as ONGs. 

As ONGs também oferecem um perigo que foi estudado por Rubem Alves numa certa ocasião: o dilema entre ideologia e fé. As pessoas acham que a fé pode ser substituída pela ideologia. Uma ideologia de caráter progressista da situação, a ideologia substituindo a fé na sua experiência eclesial também. Então essa questão de separar ideologia da fé. Eu tenho encontrado crentes, membro de igreja, que acham que não precisa fazer oração, nem ler a Bíblia, nem ir domingo à igreja, porque ele já faz um trabalho na ONG pra ajudar. Por exemplo, o trabalho dos catadores de lixo, ele vai lá fazer o trabalho de ONG pra melhorar a vida dos catadores de lixo, ou então dos trabalhadores rurais, ele procura até separar a ideologia da fé e basta estar engajado na ideologia daquela ONG, e não precisa ir à igreja, nem fazer oração, nem ler a Bíblia (risos). Como se pudesse fazer alguma coisa divorciada da fé... isso é o que está acontecendo na igreja; ou a igreja não fala, e quando fala esta divorciada da fé. Então estamos num beco sem saída. 

Hoje a igreja evangélica está desafiada a buscar esse diálogo num mundo completamente diferente daquele que foi na década de sessenta. Hoje os apelos são outros, temos aí uma avalanche do chamado conservadorismo político que valoriza os mercados, a busca dos bens, a teologia da prosperidade e a igreja hoje é chamada pra novas fronteiras que não havia naquela época, na década de sessenta. E hoje é muito difícil conscientizar os membros das igrejas a participarem do processo revolucionário. Não há clima. O individualismo, a luta pela sobrevivência, a valorização monetária faz com que a pessoa se afogue em dívidas, cartão de crédito, conta de banco, poupança, e isso deixa uma confusão mental em muitas pessoas e igrejas que não estão atuando. 

Agora, eu vejo desafios muito grandes para a igreja hoje, ela pode responder a esses desafios em outras áreas como a educação, uma educação que seja mais de acordo com os princípios do Evangelho para o público de hoje, que está completamente desencaminhado pelo chamado materialismo prático, pois hoje os ideais principais seriam: adquirir, comprar, consumir. Uma geração de consumidores, muitos dentro da igreja, e eles estão pensando em consumir, em gozar a vida e consumir, de ter garantias materiais, uma casa própria, um carro próprio, a educação, mas sem pensar numa perspectiva teológica. Nós temos que dar essa perspectiva. 
Em memória de João Dias de Araújo (1931-2014)


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Teologia Cristã em Diálogo com a Espiritualidade Indígena

A Teologia Cristã em Diálogo com a Espiritualidade Indígena



Maria Renilda Tavares dos Santos e Isaías Lino Madureira


A espiritualidade indígena brasileira é tão diversificada que não haveria espaço aqui para descrevê-la. Dessa forma procuraremos abordar alguns elementos da espiritualidade da etnia dessana com qual temos familiaridade peculiar. Trata-se da família Veloso Vaz, proveniente da cabeceira do Rio Uaupés, no Alto Rio Negro, Município de São Gabriel da Cachoeira-AM, mais conhecida também como “Capital Indígena do Brasil”.



A família Veloso Vaz, movida pelo desejo e necessidade de desenvolvimento, migrou para as imediações de Manaus-AM, instalando-se na RDS Tupé, onde atualmente desenvolve um projeto de difusão cultural indígena através do qual encontra seu sustento.

A espiritualidade dessana traz em si uma carga cultural que representa um complexo sistema moral, ético e religioso, concentrado na figura do Pajé e manifesto na forma de danças e celebrações rituais com utilização de diversos instrumentos musicais considerados sagrados.

O senhor Raimundo Veloso Vaz é o Pajé da aldeia dessana na comunidade da RDS Tupé. Por meio de algumas entrevistas, tomamos ciência do impacto causado pelo encontro entre a teologia cristã e a espiritualidade indígena no contexto da etnia dessana.

Como líder espiritual de sua comunidade o senhor Raimundo, também conhecido como Pajé Kíssib Kumu, nos descreveu os efeitos negativos deste encontro da teologia cristã com a espiritualidade indígena que vai desde a proibição do uso de certos instrumentos musicais, considerados “amaldiçoados” por alguns “missionários cristãos”, até a negação total dos valores tradicionais indígenas.

De outro lado encontra-se o senhor Domingos Sávio Veloso Vaz, Cacique dessana da mesma comunidade. Em sua perspectiva, o encontro da teologia cristã com a espiritualidade indígena pode ser considerado “diálogo”, pois acredita que valores tradicionais dos brancos podem fortalecer, em determinadas áreas, o bem estar e a segurança dos povos indígenas no mundo moderno.

Sendo assim, temos um exemplo muito importante a considerar: membros de uma mesma etnia e família indígena podem sustentar pontos de vista diferentes no que diz respeito ao diálogo que se estabelece entre teologia cristã e espiritualidade indígena. Do ponto de vista do Pajé dessana o diálogo dificilmente se estabelece e produz bons resultados porque é inequivocamente unilateral em detrimento dos valores tradicionais indígenas.
Do ponto de vista do Cacique dessana, o diálogo pode e deve ser estabelecido já que valores institucionalizados como a educação, saúde, transporte e inclusão social são fundamentalmente valores constituintes da espiritualidade humana, pelos quais também lutou, sem medir esforços, um dos nossos mais proeminentes líderes cristãos: John Wesley.
Em fim, pode a teologia cristã dialogar com a espiritualidade indígena de modo produtivo? Sim, desde que esse diálogo ajude a recobrar a dignidade que os filhos e filhas de Deus possuem através do estabelecimento de verdadeiras relações de confiança mútua; restaurando o direito e a autonomia indígena sobre a terra através da criação e desenvolvimento de políticas públicas justas e promovendo a reconstrução de suas culturas e tradições como forma de reconhecimento e valorização da liberdade e identidade de cada povo e nação. O amor do Jesus Cristo bíblico e verdadeiro, que lhes foi prometido e negado no passado, precisa ser tornado conhecido por toda a nação indígena a fim de que tenham o direito de recebê-lo ou rejeitá-lo. Para tanto, a difusão das Escrituras cristãs na língua materna torna-se absolutamente necessária.



Em Cristo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.  (Gálatas 3.28).



Bibliografia

BIBLIA SAGRADA. Tradução em Língua Portuguesa por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006. 1248p.
CHAMORRO, Graciela; CAVALCANTE, Thiago Leandro. Fronteiras e Identidades: encontros e desencontros entre povos indígenas e missões religiosas. Nhanduti, São Bernardo do Campo: 2011. 352p.
COLÉGIO EPISCOPAL, Igreja Metodista, Diretrizes Pastorais para a Ação Missionária Indigenista. São Paulo: Cedro, 1999. 28p. (Biblioteca Vida e Missão, 9)
GALVÃO, Raimundo Castro; GALVÃO,   Wenceslau Sampaio.  Livro dos Antigos Desana -  Guahari Diputiro Porã. São Gabriel da Cachoeira: Instituto Socioambiental, 2004. 690p. (Narradores Indígenas do Rio Negro, 7)
LANGER, Protásio Paulo; CHAMORRO, Graciela; Missões, Militância Indigenista e Protagonismo Indígena. Nhanduti, São Bernardo do Campo: 2012. 368p.
VAZ, Domingos Sávio Veloso. Série de entrevistas concedidas ao Projeto Luz e Vida: Missão Amazônia. Manaus, Janeiro e Julho 2012; Janeiro 2013.
VAZ, Raimundo Veloso. Série de entrevistas concedidas ao Projeto Luz e Vida: Missão Amazônia. Manaus, Janeiro e Julho 2012; Janeiro 2013.
WRIGHT, Christopher J. H. A Missão do Povo de Deus: uma teologia bíblica da missão da igreja. Vida Nova, São Paulo: 2012. 352p.


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Estudos de Teologia Contemporânea.
Alunos: Maria Renilda Tavares dos SantosIgreja Metodista Central em Manaus-AM e Isaías Lino Madureira, Igreja Evangélica Cristo é Vitória, Ermelino Matarazzo-SP.
Curso Bacharel em Teologia - 6º período - matutino
Acompanha apresentação vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=YOZEYVW6L2o

Publicado originalmente em: http://projetoluzevidamissaoamazonia.blogspot.com.br/2013/11/a-teologia-crista-em-dialogo-com.html

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Baixe o Livro de Estudos Bíblicos "O Espírito Sopra onde Quer..." Editado pela REJU - Rede Ecumênica da Juventude, em Parceria com CEBI

Baixe o Livro de Estudos Bíblicos "O Espírito Sopra onde Quer..." Editado pela REJU - Rede Ecumênica da Juventude, em Parceria com CEBI




Conheça a edição ampliada do livro "O Espírito sopra onde quer..." 
Daniel Souza

No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, a REJU lança a 2ª Edição (revista e ampliada) do livro “O Espírito sopra onde quer...”. Uma edição ampliada de um material que lançamos em 2011, com o mesmo título. Era um trabalho inicial em nossa Campanha Nacional Contra a Intolerância Religiosa. Agora, editamos um livro que apresenta - além dos estudos bíblicos presentes na outra edição - textos para os diálogos em grupo, uma aproximação com a temática da intolerância religiosa a partir de distintas perspectivas. Algo que nos faz REJU, uma mobilização das juventudes de distintas experiências de fé e articulações em defesa da vida. Um espaço de acontecimentos, em movimento, com jovens presentes em diferentes locais do país.
Desde 2011, especificamente, a REJU tem como principal incidência pública esta Campanha contra a Intolerância Religiosa. Uma intervenção que procura desenvolver espaços de reflexão, parcerias e ações para uma convivência interreligiosa e a superação da intolerância religiosa, no horizonte mais amplo da promoção dos direitos. Por isto – buscando o empoderamento de nossas juventudes - nos envolvemos numa atividade de releitura das nossas tradições religiosas a partir de uma hermenêutica ecumênica e juvenil. Como temos lido os textos tidos como sagrados em nossa fé? Estas leituras favorecem as diversas maneiras de intolerância ou fermentam caminhadas de novidade e liberdade? Com estas questões, olhamos para o texto bíblico, para as memórias que temos de suas interpretações, para os novos significados e criações que geramos.
Nestes horizontes, apresentamos um livro construído em dois momentos. O primeiro deles, chamamos de Textos para o diálogo. Uma coletânea de cinco artigos, alguns escritos em 2011 e disponibilizados no site da REJU, que procura abrir horizontes sobre a temática da intolerância religiosa. Já o segundo momento é composto de seis Estudos Bíblicos, também construídos por jovens de diferentes confissões religiosas, que procuram reler as tradições tidas como sagradas no cristianismo a partir das realidades de intolerância religiosa, propondo novos rumos de liberdade.
Por fim, temos uma fé que é um convite, estarmos a serviço deste vento que sopra onde deseja e tem um nome: Liberdade; e um sonho: que ao fim da leitura comunitária destes textos para o diálogo e destes estudos bíblicos, você também diga – assim como aconteceu conosco: não sou mais o mesmo, não sou mais a mesma!
O Espírito soprou por aí...
Uma ótima leitura.


Para baixar o texto completo, clique aqui.