quinta-feira, 28 de julho de 2011

A propósito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011

 SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011



MENSAGEM PROFERIDA NA IECLB DE CARIACICA-ES


TEXTO: ATOS 2.42 “UNIDOS NO ENSINAMENTO DOS APÓSTOLOS, NA COMUNHÃO FRATERNA, NA FRAÇÃO DO PÃO E NAS ORAÇÕES”.


Introdução


Vemos nos quatro evangelhos várias maneiras de agir dos cristãos do primeiro século.

Costumamos dizer as comunidades de Mateus, de João, de Marcos e a de Lucas. Lugares e pessoas diferentes. E as muitas Igrejas fundadas por Paulo e vários outros, jovens e mulheres. Uma variedade de dons e ministérios.


O evangelho de hoje remete-nos para a comunidade Lucana.  Em Jerusalém concentrava-se a maior parte dos apóstolos. Lucas diz (atos 1. 12-14) dessa  primeira comunidade cristã e fala dos 11 apóstolos que se reuniam lá, juntos com muitos irmãos e irmãs, inclusive a mãe de Jesus e “ eram assíduos na oração no templo “.


Lucas é médico, pertencia a um grupo de famílias com mais posses e escolaridade no meio de muitos de menores rendas e também de pobres e necessitados.


1.      1. A comunidade de Jerusalém

Essa igreja de Jerusalém podemos chamá-la de igreja da utopia cristã, no sentido que é tudo que queremos e esperamos e trabalhamos para viver uma comunidade de fé e esperança.

Uma igreja de intensa vida comunitária, onde os encontros no templo, as celebrações e eucaristia como as orações se completavam nas visitas às casas, no conhecimento das necessidades das famílias, no suprimento das necessidades básicas e ainda mais na divisão de seus bens, de maneira que ninguém possuía mais do que o outro.


As orações nessa comunidade de fé não eram meras palavras, mas se transformavam em ações de solidariedade.


Era uma manifestação de alegria e sentimento de que o Espírito Santo conduzia na verdade o povo e por isso saíram e dispersos (diáspora) criaram muitas comunidades e transformaram o mundo da época. Tudo isso debaixo de grande perseguição.



Pergunta-se:

Como é possível a convivência numa comunidade parecida com as nossas igrejas e nossas cidades, com ricos, pobres, miseráveis, mendigos, migrantes, trabalhadores/as de todos os níveis e escravos ?  É bom lembrar que em certas cidades do primeiro século, quase a metade da população era de escravos.



Na comunidade de Jerusalém tem muitos pobres como hoje, pessoas que  foram impedidos de ter posses, de quem tudo foi tirado, como nossos irmãos afro-descendentes, que libertos pela LEI ÁUREA, da princesa do nosso império, permanecem na luta por seus direitos a terra como os quilombolas e à moradia digna. Esses nossos irmãos na quase totalidade enchem as vielas e favelas das cidades que ajudaram a construir. Milhões deles como o Lázaro da parábola do rico e o pobre que Jesus contou. Os que, absolutamente, nada tinham e precisavam do pão e teto como são os mendigos de todas as nossas cidades.


 As cidades antigas tinham muito em comum com as cidades atuais em desigualdades sociais, embora tempos e contextos tão distantes.


Nessa visão dos tempos de hoje não podemos esquecer os pequenos trabalhadores do campo, os trabalhadores sem terra, os trabalhadores dos períodos das colheitas, que deixam suas famílias na busca da sobrevivência.



Ainda sobre a comunidade Lucana diz o grande profeta de Deus dos nossos tempos e que já não está entre nós, José Coblin, 1988, em seu comentário de Atos dos Apóstolos: “ ... Ricos e pobres são para Lucas os que aparecem na cidade. Os agricultores explorados que fornecem a base da riqueza dos grandes não estão representados. Na cidade vivem os proprietários ; aí gastam o dinheiro que tiram do campo. Nas cidades estão também as classes inferiores que prestam os seus serviços aos ricos: artesãos, transportadores, domésticos, além dos escravos... Na cidade está  concentrada toda uma população desempregada  ou subempregada.... de pequenos agricultores expulsos de suas terras  e de todos os vencidos na luta pela vida”.


Todo esse quadro mostra alguma semelhança com as nossas cidades, respeitados os contextos sócio-econômicos e culturais.



2.       2. A Igreja de Jerusalém e sua proposta
 A   A vida em comunidade de fé promovida pela igreja de Jerusalém é uma proposta simples, de grande eficácia, revolucionária e transformadora das pessoas e da sociedade do seu tempo e do nosso tempo. É um grande desafio, pode não ser novidade, mas precisa, urgentemente, ser recuperado.

 A   Igreja de Jerusalém apresenta uma proposta de evangelização, baseada na vivência comunitária.

O    OS QUATRO SUSTENTÁCULOS DE FÉ E AÇÃO COMUNITÁRIA foram desafios que geraram crescimento em todos os sentidos para igreja de Jerusalém e o Reino de Deus se expandiu por muitos lugares.

S    São grandes indicativos para nossa maneira de sermos cristãos e igreja nos tempos atuais e sempre: O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS, A COMUNHÃO FRATERNA, A EUCARISTIA/SANTA CEIA OU REPARTIR O PÃO E A ORAÇÃO.




 “ERAM ASSÍDUOS AO ENSINAMENTO DOS APÓSTOLOS”


               Os apóstolos eram pessoas simples, mas de fé inabalável, na experiência do convívio com Cristo, sua morte e ressurreição. A autoridade dos apóstolos não vinha de sua escolaridade, pois eram de pouca instrução, mas advinha de seu testemunho e sinais realizados no meio do povo. Podemos dizer em linguagem Wesleyana nos seus atos de piedade e nas obras de misericórdia.


 A COMUNHÃO


Ninguém é dono do que possui. Deus é o Senhor de tudo e todos.  Somos administradores de tudo que é de Deus, inclusive os nossos bens.  E somos chamados para o dom de repartir com os outros os bens e todos os demais dons recebidos.


Os primeiros cristãos colocavam tudo em comum uso, a ponto de não haver mais necessitados entre eles.


Se os cristãos no Brasil tomassem uma decisão desta, com certeza, não haveria mais pobres.

 Reconhecemos os esforços políticos para a redução da desigualdade social e nos avanços de políticas públicas, mas há muito por avançar.


 As igrejas e o povo cristão não podem ficar a reboque do que pode acontecer, mas agentes atuantes e provocadores de mudanças.


A FRAÇÃO DO PÃO


Lembra, antes de tudo, a eucaristia ou a santa comunhão, a Santa Ceia, a memória da morte e ressurreição de Cristo.  Também a referência à fração do pão vem das refeições judaicas onde a comida era levada nas casas dos que nada tinham.


Jesus partiu pão para a multidão, após o gesto de uma criança oferecendo pães e peixes, instigando o grande milagre da partilha.


AS  ORAÇÕES


Através das orações os cristãos mantinham-se unidos, contra as tentações de egoísmo e indiferença, mas para suportar as perseguições religiosas também.


Esses cristãos nos deram exemplos como deve ser a vida no templo e o relacionamento com o próximo.


Unidos na oração, mostramos nossa pequenez e fragilidade, bem como nossa dependência de Deus.


Unidos na oração mostramos nossa humildade e lançamos fora a arrogância.


Unidos na oração anunciamos que um mundo melhor e para todos é possível, de amor, respeito, solidariedade e tolerância de uns com os outros.


Unidos na oração ganhamos forças para desenvolver projetos e atividades concretas, que levantem a vida do ser humano para uma vida plena, inclusiva, como os Senhor nos disse no evangelho de João 10.10: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundancia”.


Unidos na oração temos forças para denunciar a maldade e ação dos corruptos da sociedade, políticos ou outros como líderes religiosos que querem devorar o rebanho.





 CONCLUSÕES E OUTROS INDICATIVOS


Do texto em Atos 2.42-47, no final diz que os apóstolos (entenda-se homens e mulheres ) eram estimados  pelo povo e o Senhor acrescentava mais gente  à comunidade.


A Igreja e os cristãos são chamados a revelarem a graça de Deus à humanidade, através de gestos e sinais concretos de amor a todas as pessoas.


A credibilidade de todo o povo para o anúncio do evangelho pelos cristãos:


Não será pelo proselitismo, ou conversões de conveniência, pessoas pulando de igrejas, como macacos pulando de galho em galho.


Não será pela construção de grandes templos ou de grandes mercados de compra de objetos religiosos, como “curas”, “ expulsão de demônio”, “descarrêgos” ou outras magias e fantasias.

Também não será pelas campanhas de crescimento numérico, no vale tudo do mercado religioso.


A credibilidade não será pelo acúmulo de bens e riquezas.


Também não será por organizações políticas com marcas religiosas ou lobys de evangélicos ou religiosos, para defender seus grupos no Congresso Nacional, nas assembléias Legislativas e Câmaras Municipais.


MAS SERÁ PELA VIDA SIMPLES DO EVANGELHO DO AMOR, PARTILHA E FIDELIDADE AOS ENSINOS DE CRISTO.




















                                                                    rev  Adahyr Cruz – pastor metodista

                                                                    10 de junho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

No Brasil, as pedras clamam pelo povo negro brasileiro


No Brasil, as pedras clamam pelo povo negro brasileiro


Eu lhes digo, se eles se calarem, as pedras clamarão

Lc 19:40
  

Rolf Malungo de Souza[1]




Falar sobre racismo no Brasil é falar de um tema tabu. Este assunto tido como inaceitável, cria constrangimentos, podendo, inclusive, gerar reações violentas. E, embora tenhamos informações objetivas produzidas por órgãos de pesquisa do Governo Federal[2] que demonstrem que as diferenças entre negros/as e brancos/as no Brasil são escandalosas, quem insiste em denunciar estas injustiças, mesmo utilizando estas informações é acusado/a de tentar trazer para o Brasil algo que não existe, de criar um racismo ao contrário, ou de querer imitar os EUA, país que tem seu passado marcado pela discriminação e pela segregação racial e que no presente mantém excluídos dos benefícios plenos da cidadania os negros/as daquele país[3]. No Brasil, a questão racial, que já foi questão de segurança nacional[4] por colocar em xeque a identidade nacional, foi construída a partir do mito da democracia racial que procura mostrar a excepcionalidade brasileira[5], onde haveria uma relativa tolerância nas relações raciais desde os tempos coloniais, apesar de ter havido inúmeras revoltas e lutas sangrentas contra a escravidão que foram sempre reprimidas de forma igualmente violenta. Até hoje negras e negros lutam cotidianamente contra uma estrutura de poder que nega o racismo, mas ao mesmo tempo, massacra o povo negro, com atenção especial para as mulheres e jovens negros. Os dados ilustram o quanto a sociedade brasileira é racialmente injusta[6]:


Segundo o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, publicado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER/UFRJ), os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 77,9 % da população pobre é negra, enquanto 72,9% da população mais rica da população é branca. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos negros em 2005 era equivalente à 95ª posição no ranking mundial, já o IDH da população branca respondia à 51ª posição no ranking. O detalhamento das mortes por causas externas do Mapa da Violência de 2011[7] mostram que os negros são vítimas preferenciais da violência. Nos estados mais ricos do Brasil a situação é a seguinte:




Mesmo com a diminuição gradual do número geral de homicídios, o número de negros mortos continua sendo maior que os números de brancos como mostram os números e se repetem quando olhamos os dados sobre jovens com idades entre 15 e 24 anos:




Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirmou em 2010 que o percentual de negros mortos, com idades entre 15 e 24 anos, é maior do que o de brancos. A faixa etária representa quase 10% dentre as mortes anuais de homens negros, enquanto que esse número não chega a 4% para os brancos. Nas duas raças, a principal causa de óbitos são as doenças do aparelho circulatório – cerca de 28,5% dentre as mortes do sexo masculino na população branca e 25%, na negra. As causas externas (assassinatos e acidentes) estão em segundo lugar entre o que mais mata os homens negros. Entre os homens brancos, vem em terceiro lugar. Pesquisas produzidas pelo Centro de Estudos Sociais (CESeC)[8] apontam a polícia do Estado do Rio de Janeiro e os traficantes de droga como os principais algozes de negros adultos e jovens. Estes são apenas alguns dados sobre mortes por causas externas. Os dados sobre saúde e educação também não são melhores.


Apesar destes dados, o Movimento Negro na sua luta contra o racismo tem conseguido alguns avanços, um deles foi a implantação de políticas de Ações Afirmativas em várias instituições públicas, em especial a adoção de cotas nas universidades públicas para afrodescendentes se configurando uma das maiores conquistas e também principal alvo de crítica dos setores reacionários[9] que, mais uma vez, insistem em negar as injustiças conta o povo negro no Brasil. Estes setores são os mesmos que se beneficiam do poder público há gerações, alegam que a discussão sobre igualdade racial é negar que todos os brasileiros/as são iguais e reconhecer estas diferenças poderia dividir o Brasil, baseando seus discursos de que na realidade o que há é uma discriminação por classe, quando os dados e as experiências cotidianas comprovam que uma vez superada a barreira econômica isso não significa a superação da barreira étnico-racial.


Outro argumento utilizado por estes grupos é não haver sentido falar sobre diferenças raciais já que a Ciência diz que não existem raças entre os seres humanos, mas somente uma raça, a raça humana, assim além de ser perigosa, estas discussões não têm fundamentação científica, entretanto, o que estas pessoas fazem é se utilizar de um sofisma para mascarar a realidade. O conceito de raça utilizado pelos grupos anti-racistas é um conceito antropológico, ou seja, raça é construída sobre valores atribuídos à cor da pele, tipo de cabelos, nariz, etc. e estes fenótipos criam estereótipos racializados que estruturam as relações de poder no Brasil, pois eles servem para criar e manter a hegemonia branca.

Entre os setores mais impermeáveis a qualquer discussão sobre a questão racial, a igreja evangélica brasileira é um pilar de insensibilidade. Com o argumento de que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10:34) e que na igreja somos todos irmãos/ãs e que esta discussão poderia “trazer um problema do ‘mundo’ para dentro da igreja”. Criam-se obstáculos que fazem com que seja praticamente impossível discutir a questão racial nas igrejas evangélicas no Brasil, salvo raríssimas exceções. Entretanto, em conformidade com este mesmo “mundo” que a igreja quer negar, as diferenças são reconhecidas e afirmadas, mas através de péssimos testemunhos, pois as relações de poder são as mesmas dentro e fora da igreja. As lideranças nas igrejas são masculinas e brancas. Os negros/as quase sempre estão nos ministérios da música, nas cantinas e cozinhas, nos estacionamentos e portarias. Não raro, ouve-se que sonhar com um homem negro é mau presságio, que o pecado é negro e a África, um lugar amaldiçoado desde os templos bíblicos.


Um exemplo recente deste tipo de pensamento foi a declaração de um pastor chamado Marco Feliciano, que também é deputado federal, e conhecido por suas declarações homofóbicas, sexistas e racistas. Em abril deste ano, este pastor publicou na sua página de uma rede de relacionamento que “A maldição de Noé sobre Canaã toca seus descendentes diretos, os africanos”. Tais afirmações racistas ditas como se fossem verdades bíblicas ignora o quando Deus ama a toda a criatura humana igualmente e que, inúmeras vezes, nosso Senhor declara seu amor aos mesmos africanos que são chamados por ele de malditos, contrariando a Palavra de Deus. Neste episodio, mas uma vez, as pedras clamaram pelo povo negro brasileiro. Os movimentos sociais pediram satisfações e processaram o pastor/deputado. No meio evangélico somente o Movimento Negro Evangélico se manifestou publicamente. As igrejas cristãs, evangélicas e católica se calaram. Estes testemunhos fazem com que o diálogo entre as igrejas evangélicas e o Movimento Negro seja muito difícil. Os negros e negras cristãos são vistos com desconfiança pelos militantes, mesmo os que são do chamado movimento negro evangélico, pois são rotulados como traidores da história e das tradições africanas, por estarem em um espaço branco e eurocêntrico. Somado a isso, o fato de que no Brasil um número significativo de membros das igrejas evangélicas é oriundo da umbanda e do candomblé e após sua conversão assumem uma postura de total rejeição a qualquer símbolo ou referenciais africanos, relacionando-os as religiões de matriz africanas.



Meu povo foi destruído por falta de conhecimento.

Oséias 4:6


No ano de 2001 o então presidente Lula assinou uma lei que incluiu no currículo oficial da rede de ensino brasileira a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, uma antiga reivindicação do Movimento Negro Brasileiro. Depois da promulgação da Lei surgiram alguns desafios um deles foi a resistência de parte dos profissionais da Educação que não viam relevância na implementação desta disciplina, o que foi resolvido pela própria obrigatoriedade desta. Outro desafio, e talvez o mais complicado, foi a falta de pessoal qualificado para disciplina, uma vez que as universidades brasileiras não oferecem nos seus currículos, tanto nas licenciaturas quanto no bacharelado, disciplinas que qualifiquem profissionais para ministrar História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Este cenário deve mudar em poucos anos com os primeiros concursos abertos nas universidades para professores de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, porém, sem tempo a perder, mais uma vez o Movimento Negro se fez presente. Organizou cursos de pós-graduação e extensão em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana para qualificar os profissionais de educação para ocuparem as vagas abertas para esta disciplina.


E nos cursos de Teologia? Em uma rápida pesquisa em algumas importantes faculdades e universidades de Teologia, verifica-se que não há disciplinas sobre a questão étnico-racial nos programas, nem mesmo tópicos especiais que façam com que os/as alunos/as se familiarizem com as questões ligadas a História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Há uma preocupação com a cultura em um sentido mais amplo, generalizante, quase superficial, sem discutir ou pensar em estratégias de combate e superação do racismo no Brasil. Talvez uma forma de modificar este cenário fosse adotar estratégias semelhantes as do Movimento Negro, reunir pessoas qualificadas e com conhecimentos sobre a discussão dentro e fora do espaço eclesiástico para formar grupos de trabalho com duas frentes: sensibilização de diretores/as dos seminários e cursos de Teologia e lideranças para a relevância da temática e; preparar cursos que qualifiquem os profissionais de educação nos seminários e escola dominical.






[1] Rolf Malungo de Souza é membro da Igreja Metodista do Brasil e doutor em Antropologia, pesquisa gênero masculino e relações raciais, tendo publicado livros e artigos sobre o tema.


[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).



[4] Um dos mais conhecidos militantes do Movimento Negro no Brasil, Abdias Nascimento, saiu do Brasil por ser um militante e discutir a questão racial durante a ditadura militar


[5] Medeiros, idem.


[6] É claro que no Brasil há injustiças com os pobres, mulheres, etc., mas quanto estes são negros, as injustiças se agravam.


[7] http://www.sangari.com/mapadaviolencia/


[8] http://www.ucamcesec.com.br/


[9] Estes setores são compostos por parte pessoas eminentes de academia brasileira, como antropólogos, sociólogos, geógrafos e importantes jornalistas das mais poderosas redes de TV brasileiras, alguns que fizeram suas carreiras justamente discutindo a questão racial. Há também deputados e senadores de partidores de direita, que alias entram na justiça para barrar qualquer decisão que tente criar mecanismos que tentem diminuir as desigualdades ente negros/as e brancos/as, as cotas raciais, por exemplo.


LA REALIDAD DEL RACISMO HOY EN AMERICA LATINA Y EL CARIBE Y SUS DESAFIOS A NUESTRAS IGLESIAS Y ORGANISMOS ECUMENICOS.  CONFERENCIA DEL CMI EN HERMANDAD CON EL CLAI. NICARAGUA, JUNIO 22-25 DEL 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Culto ecumênico e apresentação para crianças - Comunidade em Belém.

Culto ecumênico e apresentação para crianças - Comunidade em Belém.


No fim de semana do dia 25 e 26/06/2011 o rev.Moisés Abdon Coppe esteve presente em Belém para prestar assistência pastoral à comunidade que foi recebida na Igreja Metodista em Bela Aurora.


No sábado, dia 25/06/2011, houve uma apresentação com bonecos pela manhã e à noite foi realizado um Culto Ecumênico com Celebração da Ceia do Senhor, com presença da Comunidade de Belém, além da participação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil com a revda.Sibele e revda.Marga, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil com o rev.Marcos e o revmo.Saulo, da Igreja Presbiteriana Independente com o rev.Cláudio, do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs, da Igreja Católica Romana e do Movimento dos Focolare.


Liturgia do Culto Ecumênico. Clique na imagem e baixe.



Fotos da apresentação dos bonecos e do culto ecumênico.



segunda-feira, 11 de julho de 2011

Brasil: Nunca Mais! Mas ainda Não

Brasil: Nunca Mais!
Mas ainda Não

A repatriação de documentos do período da ditadura militar, vindos de Genebra, foi celebrada no dia 14 de junho de 2011 num ato público dos mais belos e comoventes. O acervo Brasil: Nunca Mais, guardado a sete chaves pelo Conselho Mundial de Igrejas, lançará luz sobre o período de exceção dos direitos humanos, onde todas as formas de violência sobre a vida humana eram usadas sem piedade pelos “auto-intitulados” defensores da pátria brasileira.

Dentre as inimagináveis formas de tortura, a violência sexual, de homens e mulheres, muitas vezes acontecia diante de cônjuges e filhos de prisioneiros; uma verdadeira destituição da humanidade, tantos dos algozes como das vítimas.

Não se questiona o fato de que a repatriação desses documentos traz um mínimo de justiça para a memória dos mortos, seus familiares e um conforto indescritível de dever comprido para tantas pessoas que sobreviveram e ainda continuam atuantes na defesa dos direitos humanos.

Caberia à nação brasileira e seus governantes uma homenagem mais contumaz a esses heróis e heroínas: eliminando toda forma de tortura na sociedade brasileira.

Não obstante, os governantes desse Brasil, absolutamente livres dos algozes da ditadura militar, vergonhosamente entregam-se para outros tipos de algozes: O poder, o dinheiro e o conforto. E por isso, fecham os olhos para a tortura sistemática que ocorre nas prisões de todo o País.  

E nem é preciso estatísticas para elucidar esse triste fato. É sabido e notório que violentadores de mulheres e crianças são julgados por parceiros de cárcere, em cenas com estupro coletivo e que parte da população aplaude esse tipo de “justiça”.  Isso, sem contar as torturas proferidas por agentes policiais, que via de regra, são pagos para garantir que haja tratamento justo para todo ser humano.

Do outro lado das celas fétidas e super lotadas, estão juízes, desembargadores, governadores de Estado; etc... Ou seja, existe todo um aparato para tortura nas prisões desse Brasil “supostamente”, zeloso dos direitos humanos. Maior hipocrisia que essa? Somente a propagada nos porões ditadura militar.

Segundo o Instituto Brasil Verdade, entre 1997 e 2009, foram registrados 211 casos de tortura em prisões brasileiras. Evidentemente, esses dados não ilustram completamente a realidade dos presídios superlotados onde as condições de vida e higiene estão aquém do que seria aceito até para animais. Segundo o Instituto Brasil Verdade “Apesar de o Brasil ter ratificado diversos tratados e convenções de combate à tortura, a prática ainda continua sendo recorrente no país.”

Todas as denúncias sobre torturas no Brasil entre pessoas que vivem em cárcere encontram fôlego no relatório da Organização das Nações Unidas – ONU de 2006.

Dito isso, fica o alerta: Vivemos tempos de Brasil: Nunca mais; mais ainda não! Pois enquanto houver tortura em solo brasileiro, só resta  a nós brasileiros/as o papel de cúmplices ou agentes de transformação.

De que lado você está? Pense! Faça todo possível para que Nunca Mais, haja tortura no Brasil.
___________
Para aprofundar leia:
http://www.institutobrasilverdade.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6015&Itemid=99

Maria Newnum 

sábado, 9 de julho de 2011

Se excluírem meus(minhas) irmãos(ãs), terão que me excluir também!

Se excluírem meus(minhas) irmãos(ãs), terão que me excluir também!
 

Por Moisés Coppe. 












Desde que assumi o desafio de acompanhar os irmãos e irmãs de Belém do Pará tive a impressão de estar numa empreitada evangélica cuja tônica seria, tão somente, a da evidenciação dos valores que acredito e prego. Ao contrário do que muitos colegas disseram, não entrei nessa sem saber o que realmente estava acontecendo. Eu entrei, sabendo de fato, sobre cada minúcia. Um mote me perseguiu naquele momento de decisão: “tua luta é minha luta; teu problema é o meu problema; tua vitória é minha vitória; tua derrota é a minha derrota”. É claro que gostaria de ficar com as três dimensões anteriores. Entretanto, quero afirmar que a derrota ou exclusão de membros da igreja metodista de Belém se desenha estranhamente. Entretanto, expresso com veemência tácita: se excluírem meus irmãos e minhas irmãs, terão que me excluir também.

Ora, é muito fácil acusar os membros de uma igreja de rebeldes. É muito fácil provocar o abuso espiritual sobre gente que faz parte da nossa recente história metodista em terras brasileiras. Digo que isso tem um nome: covardia!


Li em blogs e ouvi muitos comentários absurdos de gente que não se conscientizou do que é e do que faz. Fiquei enojado com o grau de maniqueísmo presente em pessoas que existem tão somente para amarem a Deus e ao próximo como a si. O que li e ouvi foram distúrbios mesquinhos marcados pela lógica do exclusivismo religioso, típico de uma arena romana. Realmente, a estrutura da igreja metodista está mais próxima do papismo do que da reforma protestante.


Se por um acaso, um lampejo de sensatez chamar alguns à ordem, descobrir-se-á que toda e qualquer hierarquia foi destruída pela certeza de que Deus está em todos os lugares, pois que é vento que sopra onde quer, não só na igreja metodista ou nas chamadas evangélicas, mas onde deseja. Se Deus quer atuar aqui ou acolá, o problema é d´Ele, não nosso. E sabemos bem que Deus está agindo no mundo sem a nossa pretensa santidade.


Eu mesmo tenho visto Deus agir de formas inusitadas. E sempre foi assim. Pedro teve que comer coisas que ele não queria porque Deus purificou. Mas muitos santos atuais não querem, sequer, considerar a visão. Mesmo que Deus diga que a coisa é boa, eles a rejeitarão usando, inclusive, o nome daquele que foi acusado de maioral dos demônios.


É triste perceber pastores se manifestando de forma agressiva e boçal sem o mínimo de critério e sem conhecimento de causa. Mas eu sei que a verdade vem à tona, cedo ou tarde. Ela vem. Sim, vem. Espero que venha...


Assim, absorto em um turbilhão de comentários maliciosos, clamo aulicamente por justiça. O sofrimento pode ser até aceito e assimilado, mas o sofrimento provocado por líderes religiosos tem que ser extirpado urgentemente. Por isso, o sofrimento dos meus irmãos e das minhas irmãs de Belém do Pará, tanto para a comunidade Nova Aurora ou para os que comungam na central, provocado por pessoas que existem para abençoar, somente abençoar, não pode ser por mim aceito. Persigo aqui uma lógica existente na cultura mineira: “Se mexer com a minha família, mexe comigo”. Mexendo com eles, mexem comigo. Se eles(as) forem excluídos(as), que me excluam também. A mesma coragem que líderes possuem para decidir a vida dos leigos precisa ser demonstrada a pastores, na mesma moeda, na mesma medida.
Diriam os práticos, diante dessa minha argumentação: “se não está satisfeito, cai fora”. Com prazer o faria se não existissem tantas boas pessoas metodistas nesse Brasil de meu Deus. Não fico por causa de questão subsidiária, tampouco por segurança econômica. Por graça de Deus não sou como alguns que dependem da igreja para sobreviver. Eu sei de muitos que estão representando papéis para permanecerem em suas posições, mas o coração está muito longe daquilo que dizem ou pregam.


O que acontece com estes(as) quando colocam a cabeça no travesseiro? Duvido que haja sossego a não ser que a vida pastoral se configure no campo da indiferença.


Não quero criar contendas, mas não vou abrir mão de pensar diferente. Podem me chamar de rebelde, de feiticeiro, de aproveitador, de fazer politicagem, mas não me acusarão de duas caras. Pelo menos, falo o que penso e me exponho, doa a quem doer. Vou expor meus pontos de vistas e dou direito a todos(as) exporem os seus. Só não vitimem as pessoas em nome de uma pretensa santidade maniqueísta e exclusivista. Acho que o pastorado deve ser sempre o símbolo da unidade entre as contradições. Ter uma postura e uma convicção é fundamental para a nossa ética de convicção, mas não podemos abandonar a nossa ética de responsabilidade para com os outros.


Enfim, em todo esse processo somente me importei com algumas pessoas e aprendi a amá-las. Poderiam ser pessoas de qualquer outro lugar. Belém é uma terra esquecida pela igreja metodista. O que existe lá é muito pouco. Aliás, um diálogo amigável e respeitoso entre as partes poderia resolver o problema. Isso é muito possível desde que as pessoas não sejam obrigadas a concordar com todas as coisas, afinal de contas, a liberdade é um valor incomensurável para a vida cristã.


Que fique evidente o fato de que a mesma coragem para exclusão de membros leigos seja também praticada aos membros clérigos. Acho que isso é, no mínimo, agir com integridade.


Publicado originalmente em In Ludere.