POR QUE TORNAR-SE
IGREJA FOI A PIOR COISA QUE PODERIA ACONTECER AO METODISMO
Este é o quarto
numa série de textos sobre seguir Jesus na Igreja Metodista Unida. Estou
revendo a estrutura tripartite de discipulado de João Wesley buscando sugestões
e pistas de como Metodistas devem orar, planejar e agir no futuro.
(nota do blog: os três textos anteriores podem ser acessados, em inglês, no site The New Methofesto: http://newmethofesto.wordpress.com )
Terminei
meu último texto perguntando: “É hora de trazer de volta a socieadade?”
Alguém
respondeu que ela esperava que pudéssemos pensar num nome mais sexy. Verdade.
Uma “reunião de sociedade” soa pitoresco, antigo.
Tenho
certeza que podemos melhorar isso, mas este não é o ponto central. O ponto é
que reuniões de sociedade foram criadas para fomentar e insuflar as chamas do
desejo de seguir Jesus mais de perto. Não tenho certeza se e onde isso acontece
hoje na Igreja Metodista Unida, ao menos de uma forma sistemática e
intencional.
Nesta
atual série de postagens no blog, estou construindo o argumento de que não apenas
precisamos de reuniões de sociedade, mas também reuniões de classes e bandos,
porque essas três categorias eram cruciais a todo o sistema de discipulado
de João Wesley. Cada uma tinha seu
objetivo e sua função.
Tentarei
explicar de outra forma. No livro Lauching
Missional Communities (Lançando Comunidades Missionais), Mike Breen e Alex
Absalom introduzem o conceito de quatro espaços que todos nós habitamos:
público, social, pessoal e íntimo. Cada um desses espaços corresponde a um certo
aspecto da vida da igreja.
Espaço público: onde compartilhamos uma
experiência comum e conectamos através de uma influência externa, tipicamente
em grupos de mais de 100 pessoas, para inspiração, embalo e pregação; na
igreja, isso acontece no culto público.
Espaço social: onde compartilhamos um
verdadeiro “instantâneo” de quem somos, tipicamente em grupos entre 20 e 50
pessoas, a fim de construir comunidade e treinar para a missão; isso é o que
Breen e Absalom chamam de “comunidades missionais”.
Espaço pessoal: onde compartilhamos experiências
privadas, pensamentos e sentimentos, tipicamente em grupos de 3 a 12,
objetivando apoio, proximidade e desafio pessoal; na igreja, isso acontece nas
classes de Escola Dominical, grupos de Estudo Bíblico e outras formas de
pequenos grupos.
Espaço íntimo: onde compartilhamos informação
“nua” sobre quem somos e não temos vergonha, algo que é experimentado entre 2
ou 3 pessoas; Breen e Absalom afirmam que isso brota espontaneamente.
Os
autores usam essa moldura basicamente para enfatizar a necessidade de
comunidades missionais (espaço social), mas me impressionou como esse esquema
corresponde bem à estrutura de Wesley.
Espaço
público: Culto
matutino dominical na paróquia local da Igreja da Inglaterra.
Espaço
social: Reunião
da Sociedade no prédio Metodista local.
Espaço
pessoal: Reunião
da Classe.
Espaço íntimo: Reunião do Bando.
Wesley
focou mais nos últimos três porque sabia que nesses espaços é que ocorria o
verdadeiro discipulado. Ele não ignorava a importância do culto público, mas
não via isso como seu chamado primordial. Então deixou os espaços de encontros
públicos para o clero. Mas aqui é exatamente onde invertemos tudo – nós agimos
como a Igreja da Inglaterra e focamos primariamente no clero, formas
institucionais da igreja, e culto público.
Se
vamos realmente tentar recapturar o gênio do Movimento Metodista, não
ordenaríamos clérigos para dirigir cultos públicos, não colocaríamos tanta
importância na experiência dominical matutina, com suas vestimentas e liturgia.
Deveríamos talvez orientar nosso povo a frequentar a Igreja Episcopal no fim da
rua, ou a Igreja Presbiteriana na esquina, ou a Megaigreja não-denominacional
na via expressa.
Deveríamos,
sim, começar Sociedades Metodistas com o objetivo de atrair pessoas para uma
vida de discipulado, talvez ao longo das linhas das reuniões dos Alcóolicos
Anônimos. Convidaríamos pessoas para casas e bibliotecas e lanchonetes.
Começaríamos muitos desses grupos, onde quer que fossem necessários.
Equiparíamos pregadores leigos para serem líderes desses grupos, e então
passarem à frente, abrindo outros. Usaríamos cada oportunidade para falar com,
ouvir e cuidar dos outros.
Tudo
mudou quando o Metodismo se tornou uma “igreja” e nos tornamos responsáveis por
ordens clericais e cultos dominicais. Agora que as pessoas na nossa cultura não
parecem muito interessadas nesses eventos, talvez a oportunidade para nos
tornarmos Metodistas novamente esteja à nossa frente.
Ironicamente,
tornar-se “igreja” foi a pior coisa que poderia nos acontecer. E deixar a
“igreja” para trás talvez seja o caminho para o avanço.
Escrito
por Wes Magruder, Presbítero ordenado da Igreja Metodista Unida, servindo na
Conferência do Norte do Texas.
(Tradução de James Goodwin Junior. Publicado originalmente em:
Um comentário:
Confesso que esse texto é um tanto quanto instigante e provocativo. Mas também reconheço que a barreira cultural norte-americana e sul-americana é bastante significativa. Nem, sei como seria uma adaptação desse texto para refletirmos em nossa realidade...
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