A juventude quer viver
“A juventude quer viver”. Este
foi o lema e o nome dado ao ato inter-religioso contrário à redução da
maioridade penal. O evento foi organizado e promovido por jovens e para jovens
que, de sujeitos de direitos, tornaram-se objetos de violações destes mesmos através
de leis que pretendem engordar as celas dos presídios brasileiros, com o
pretexto de erradicar a violência que acomete o país.
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Figura 2: Ester Lisboa, calada, carrega menina com estatísticas.
Os luzeiros
Os luzeiros
O ato foi compartilhado por meio de cinco luzeiros espalhados
pela praça que representavam temas relevantes e carregavam provocações
artísticas iluminadas pela luz do fogo. “A luz ao mesmo tempo em que revela e
denuncia realidades muitas vezes apagadas, é também um forte símbolo de
esperança. Assim foi a nossa caminhada, denúncia e esperança”, explica
Alexandre Quintino, metodista, articulador da Rede Ecumênica da Juventude
(REJU) e voluntário do Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI).
Primeiro luzeiro: Quem cala a sua voz? A falta de oportunidades cala, políticas públicas precárias
calam, o Estado cala, a mídia cala, a sociedade cala. Todos calam, mas quem
permanece calado? Com suas bocas tampadas com fita-crepe, um coletivo ecumênico
decidiu se expressar escrevendo cartazes com suas aflições acerca da situação
em que a juventude está inserida atualmente.
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Segundo luzeiro: Quanto vale a sua voz? A voz de um aluno da escola pública vale R$ 15 mil por ano para o Estado. Já para um detento, este valor sobe para R$ 40 mil anualmente. Mesmo assim, suas vozes permanecem abafadas pela precariedade em que se encontram os dois sistemas. Isto mostra que não é a quantia gasta pelo Estado que determina o direito de falar nesta sociedade. |
Neste luzeiro, a voz retornou às
cordas vocais de direito. A Cia Basalto de Artes, do Capão Redondo, apresentou
uma peça emocionante sobre a circunstância em que milhões de famílias
brasileiras se encontram, enquanto que os rappers MC Rahsan e Sharylaine rimavam suas denúncias. Ao final, Caroline Borges declamou com
voz forte a música e poesia de autoria dos Engenheiros do Havaí sobre quem nos
cala.
“No segundo luzeiro vivenciamos a dor, a indignação e o desespero provocados pelo descaso das pessoas, do governo e das igrejas. Um momento de denúncia que nos provocou uma dor na alma, por sermos tão apáticos a realidade, como se fôssemos pessoas sem alma, sem coragem, verdadeiramente corpos - carnessecas”, destaca a anglicana Ester Lisboa, assessora do Programa Saúde e Direitos de KOINONIA.
Figura 6: MC Rahsan representou a
Periferia de SP.
Figura 7: Sharylaine foi a primeira
mulher a gravar um LP de hip hop feminino.
Figura 8: Cia Basalto de Artes emocionou
o público de forma sensível.
Terceiro luzeiro: Qual a cor da prisão? Negra, esta é a cor que prevalece em 60% dos presídios brasileiros. Não só da cor tratou-se este luzeiro, mas também do analfabetismo, da escassez do mercado de trabalho e das injustiças impressas em cartazes e lidos em voz alta pelos participantes do ato.
Quarto luzeiro: O que move a punição? Não é o crime que move a punição no Brasil. É
a desigualdade. A população carcerária da Fundação Casa é composta na sua grande
maioria por jovens pobres, negros e periféricos que, ao invés de serem
reabilitados e ressocializados como deveriam, são esquecidos em celas imundas e
superlotadas. E do que eles reclamam? Da comida fria, da roupa suja, da meia
trocada a cada 30 dias, da falta de desodorante. Estes foram os depoimentos dos
meninos que estão na Fundação Casa e que foram lidos pelos participantes no
quarto luzeiro.
Figura 10: Selma Silva compartilhou sua
dor de mãe. Foto: Nina Boe.
Quinto luzeiro: Direitos pra quem? A juventude tem direito à educação de
qualidade gratuita e pública; à liberdade de expressão; à cultura; à saúde
pública de qualidade; entre outros. A juventude tem direitos assumidos e
protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente dos quais os jovens do
movimento ecumênico que ocupou a Praça Roosevelt reivindicou de mãos dadas e
cantando.
Figura 11: uma ciranda finalizou o Ato.
Foto: Nina Boe.
Figura 12: Jovens de diferentes
tradições religiosas se uniram para o Ato. Foto: Mauro Di Domenico Leite.
Mais fotos do ato: http://metodistaconfessante.blogspot.com.br/2013/06/metodistas-participam-do-ato-inter.html
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