Carta Aberta à COREAM - RS
* Manifesto de Apoio à COREAM - RS
De alguns dias para cá, circula pelas redes sociais a informação de que a COREAM e o Bispo da Segunda Região Eclesiástica entraram com uma medida liminar, junto à Comissão Geral de Justiça da Igreja Metodista nacional, para sustar o andamento da venda do patrimônio líquido referente a cinco instituições de ensino metodistas brasileiras.
Embora não tenhamos acesso ao conteúdo do referido pedido de liminar, queremos manifestar o nosso apoio a tal iniciativa colegiada. Segundo nosso entender, isso mostra a preocupação dos metodistas do Rio Grande do Sul para salvaguardar o patrimônio zelado por este Estado – até o momento em que se instituiu não só uma nova mantenedora, mas também uma nova configuração jurídica no que trata da gestão patrimonial da Associação da Igreja Metodista.
Nossa bandeira pró-Tombamento nasceu em razão das ameaças à integridade patrimonial e histórica do IPA e do Colégio Americano, e nessa luta percorremos caminhos não esperados por nós, pois o reconhecimento da memória histórica das instituições metodistas articula-se, em grande medida, com a continuidade educacional metodista no Estado.
Em razão disso, e a partir do que vivenciamos nos últimos meses, gostaríamos de sinalizar o que segue.
Como vemos, desde a criação da Rede Metodista de Educação se iniciou um processo de grande instabilidade jurídico-administrativa nas instituições metodistas do Sul. A vida institucional das escolas metodistas gaúchas, em suas diversas esferas institucionais, foi e está sendo afetada em sua integridade patrimonial, tanto no âmbito administrativo quanto no campo pedagógico. Os fatos demonstram que a ideia de um controle remoto sobre as instituições educacionais, que lidam essencialmente com a formação humana, não funciona.
É público e notório que a mantenedora sediada em São Paulo não trabalha pela preservação das instituições metodistas do Sul. Em primeiro lugar, porque todos os recursos das instituições metodistas do Sul são contingenciados em São Paulo, nada retornando sob a forma de benfeitorias, aportes pedagógicos e serviço técnicos de qualquer espécie.
Sistematicamente, a mantenedora tem cobrado sacrifícios da comunidade educacional metodista e a forma mais gritante disso são as ondas de demissões ordenadas por critérios numéricos estabelecidos pela mantenedora paulista. Essa política cria sobrecargas e certos vazios de profissionais no sistema metodista do Sul, causando instabilidade e deteriorando o serviço que se deve prestar à comunidade pagante. Na prática, resulta num sistemático desmonte da estrutura institucional das escolas metodista gaúchas.
A mantenedora, com todas as forças institucionais que tem, impôs ao Rio Grande do Sul uma política de extremado aperto de recursos, transferido os recursos dos alunos pagantes para São Paulo e, efetivamente, poucos sabem em que caixa esses recursos são redistribuídos. Paira a dúvida se instituições como a UMESP e a UNIMEP sofrem o mesmo tipo de arrocho quando comparadas às instituições metodistas do Sul, a ponto de estas não terem sequer um departamento de compras ou uma mínima verba para aquisição de bens de urgência cotidiana.
Ademais, quando se considera o estatuto que rege as instituições filantrópicas e os estatutos dos centros universitários, muitos perguntam sobre a consistência legal dessa transferência de capital. Ao se juntar isso à escassa transparência política da mantenedora com a assimétrica falta de isonomia entre as instituições que compõem a Rede, criaram-se todas as condições para a desestabilização de cima para baixo das instituições metodistas do Sul.
Foram e são os trabalhadores destas instituições que em grande medida têm buscado manter a chama viva dessa herança, adaptando-se às contingências exigidas e sofrendo com a demissão de colaboradores. E quanto aos metodistas, aliás, muito se “cortou na própria carne” nos últimos dez anos, pois ao menos trinta metodistas perderam seus postos de trabalho.
A mantenedora antecipou a suposta “crise financeira” a partir do momento em que inibiu qualquer possibilidade de iniciativa rumo ao diálogo democrático, desconhecendo por completo as características mercadológicas do ensino no Rio Grande do Sul. Tutelou remotamente seus dirigentes, tratou de fazer pouco caso a qualquer talento educacional vinculado com a Segunda Região Eclesiástica da Igreja Metodista e estrangulou financeiramente as instituições metodistas do Sul – ao mesmo tempo em que ansiava por negócios extrapedagógicos.
Respaldada em interpretações jurídicas precárias sem consulta prévia à Segunda Região, a mantenedora tratou de chamar incorporadoras imobiliárias para verificar as instalações imobiliárias das instituições metodistas do Sul.
Em silêncio, a mantenedora estabelecida em são Paulo articulou vendas e ou “parcerias” capazes de impor a definitiva derrocada das instituições metodistas no Sul do país. A mantenedora deve explicações à Segunda Região especialmente no que se refere ao terreno do IPA e ao seguro do Colégio Centenário, sinistrado há quase dez anos.
Por fim, há que se ressaltar o despreparo da mantenedora para cuidar do pedagógico, especialmente no que se refere ao ensino fundamental e ao médio. As escolas metodistas, que outrora estiveram entre as melhores do Rio Grande do Sul, foram reduzidas a “escolas de segurança máxima” onde não se vivencia uma prática pedagógica democrática e wesleyana.
Para o Rio grande do Sul, o “Padrão Rede Metodista de Educação” resultou em práticas reinteradas de desmonte institucional. Tal desmonte se estende à tentativa de apagar a memória confessional construída em torno de escolas e institutos superiores enraizados em suas comunidades e na memória do Estado.
Acreditamos na revitalização das instituições metodistas do Sul através de um ”Pacto de Confiança”, em cujo nascedouro reside a atitude afirmativa de pessoas éticas e instituições viáveis. O bispo Luiz Vergílio juntamente com a COREAM-RS demonstram, agora, sua inconformidade com certas imposições da COGEAM.
Para tanto, manifestamos nosso apoio!
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