domingo, 27 de julho de 2008

Identidadade Confessante: A mesa é de Cristo



7. A mesa é de Cristo
Ao orientar os primeiros pregadores e seguidores/as do movimento metodista Wesley escreve: ”De modo algum, porém, queremos nos distinguir dos cristãos reais – qualquer que seja sua denominação – como também daqueles que, sinceramente, buscam aquilo que reconhecem ainda não possuem. 'Pois quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está no céu, este é meu irmão e irmã ou mãe'”. (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p.8)

Num mundo em que o mapa das guerras e conflitos armados aponta as religiões organizadas como maior fator de ódio entre os povos, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso estão entre as mais importantes afirmações de busca da Paz. “Eu não acredito na existência de uma espiritualidade que não seja solidária e que não veja na outra pessoa o reflexo de Cristo.” (Richarlls Martins, Igreja Metodista do Brasil, no artigo O mundo é minha paróquia. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p. 27)

Somente a crença equivocada de que somos donos da mesa de Cristo e portanto, mais especiais que os outros, pode explicar nossa intolerância. Por isso Wesley, ao falar das marcas dos metodistas escreve: “... Eu gostaria que toda gente entendesse que eu, e os que me seguem (os Metodistas), veementemente nos recusamos a sermos distinguidos dos outros homens a não ser pelos princípios do Cristianismo – o simples, o velho cristianismo é o que eu ensino, renunciando e detestando a todos os demais sinais que sirvam para a distinção. Qualquer pessoa que seja o que eu proclamo (qualquer que seja a denominação que prefira, pois nomes não mudam a essência das coisas) é um Cristão (...).” (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p7.)

O compromisso com o ecumenismo e com o diálogo inter-religioso indica nossa recusa de ser seita; nossa recusa em aceitar que as religiões sejam usadas por líderes políticos/religiosos para fomentar o ódio. Por causa deles, há muita gente no mundo disposta a morrer ou matar em nome de Deus. Por isso, em nosso país devemos estar atentos aos líderes religiosos que pregam e agem contra essas e outras afirmativas para a Paz; como se Deus fosse patrimônio de certos os grupos. Ao falar das Marcas de um metodista Wesley afirmou: “Quanto, porém, a todas as opiniões que não atingem à raiz do cristianismo, nós pensamos e deixamos pensar, pois quaisquer que sejam, certas ou erradas, não são as marcas distintivas de um metodista, como também não o são palavras ou frases de qualquer espécie.” (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p.2)

Não é só a Igreja, instituição, que deve perguntar por sua relevância; cada individuo deverá perguntar que legado deixará nesse mundo.

Quando o missionário metodista Stanley Jones e outros cristãos arriscavam suas vidas para seqüestrar mulheres viúvas que seriam mortas na cerimônia fúnebre de seus maridos, conforme a tradição em determinados lugares da Índia, demostraram a importância da “rebeldia”. Não podemos ser reféns da cultura, como não podemos ser reféns de um “Mercado religioso” orientado por conveniências de momento. É conveniente que líderes religiosos aceitem pressões moralistas a favor da homofobia, contra o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, contra maçonaria, etc.; quando assim agem, escondem medos pessoais e apequenam-se em seus oportunismos eleitoreiros, cujo desejo primário se evidencia apenas pela manutenção de seus cargos e salários. Procure os/as “Stanleys Jones” da Igreja Metodista brasileira. A presença ou a ausência deles/as é um forte indicativo se estamos, ou não, sendo sal e luz como igreja.

Na mesa que tem Cristo como anfitrião todos são acolhidos com amor, respeito e tolerância. Como discípulos/as somos livres para "não aceitar", mas, tolerância, amor e respeito está além de nossos valores particulares; é peculiar de nossa ética cristã.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Identidadade Confessante: O Espírito Santo sopra onde quer...

8. O Espírito Santo sopra onde quer...

Há outros grupos metodistas, que como nós Confessantes, estão preocupados com a abandono da Identidade Wesleyana. Alguns apontam como evidencia disso a ausência da ordem litúrgica: o louvorzão, (ou karaokê evangélico como brincam os saudosistas) a “pentecostalização” das mensagens e das orações, a forte presença da teologia da prosperidade, a opção pela apresentação do Deus sem graça e a visível manipulação das pessoas através do terror, etc.
Com bom senso, alguns desses grupos têm entendido, como nós Confessantes, que o que se vê nos cultos é resultado da (des)orientação na condução teológica e espiritual da gente honesta que compõem nossas comunidades. Com o discurso gasto que “o culto não é para nós, é para Deus”, vai-se fecundando toda sorte de doutrinas.
Em respeito à fé sincera das comunidades, não nos cabe julgar nem fazer juízo da maneira que cada qual expressa “individualmente” sua espiritualidade. Todavia, devemos reagir com toda firmeza quando uma “forma” vira “modelo” e exigência (velada ou aberta) para todos/as metodistas; e quando pessoas são discriminadas e rotuladas de “frias” e sem o “fogo” do Espírito Santo porque não se enquadram ou não se submetem aos modelos espirituais impostos.
Ao escrever sobre As Marcas de um Metodista Wesley diz: “Nós não prendemos a nossa religião, no seu todo ou em parte, a qualquer modo peculiar de falar ou a qualquer conjunto de expressões extravagantes ou incomuns. Preferimos, antes que quaisquer outras, as palavras mais óbvias e mais simples, para comunicar o que temos a dizer, seja nas ocasiões comuns, seja quando falamos das coisas de Deus.” (As Marcas de um Metodista, p.2)

É oportuno o testemunho de um irmão Confessante da 4ª RE:
“Tenho necessidade dos credos, das antífonas, de muitos hinos, do coral, do café depois do culto. Fico encolhido diante dos abraços forçados pelo dirigente, ou de alguém que resolveu mandar Deus me abençoar com as mãos sobre a minha cabeça. Apavoram-me gritos do pregador, a exaltação do dízimo e das exigências financeiras para vaidade e não para o cuidado do próximo. Falta a referência nas Sagradas Escrituras como medida para a vida; sobra receituário de auto-ajuda no sermão. Sofrido é agüentar as duas horas de louvor, a desvalorização do estudo bíblico e da escola dominical, da visitação e de tudo que lembre a disciplina evangélica.”

Encerramos esse documento com o clamor de Wesley que revela seu esforço para que o Movimento Metodista não se tornasse uma seita; um de seus grandes temores.

“ E assim vos rogo, meus irmãos, pelas misericórdias de Deus, que não sejais divididos entre vós. É o teu coração reto para comigo, assim como o meu o é para contigo? Eu nada mais pergunto. Se assim o for, dá-me a tua mão. Não destruamos a obra de Deus por causa de simples termos e opiniões. Tu serves e amas a Deus? Isto é o bastante. Estendo-te a minha mão direita em sinal de comunhão. Se há qualquer consolação em Cristo, se há qualquer conforto no amor, se há comunhão no Espírito, lutemos juntos pela fé evangélica, andando de maneira digna da vocação a que fomos chamados, com toda humildade e mansidão, assim também com longanimidade. Suportemo-nos uns aos outros em amor e esforcemo-nos para manter a unidade do Espírito, no veículo da paz, lembrando sempre que há um só corpo como também um só espírito, pois nossa vocação está em apenas uma esperança: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está sobre todos, age por meio de todos e está em todos ”. (As Marcas de um Metodista, p.8)

É sempre bom lembrar: Wesley nasceu e morreu Anglicano.

O Movimento Metodista Confessante Confessante é uma Rede de amigos e amigas, jovens e adultos com o objetivo de:

Consolidar idéias e ideais e, através destes Avançar nos propósitos de integração e união entre as Regiões Eclesiásticas; e Agir para a valorização da identidade Metodista.

Junte-se a nós. Crie seu grupo de estudo: Um clube Santo ou quem sabe, um Caminho da Graça, onde pelo menos uma vez por mês você e seus amigos/as se reúnam para comunhão e conhecimento de nossas raízes.

“Perseverai na oração, velando nela com ações de graça. Orai também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou preso. Orai para que o manifeste como devo fazer. Andai em sabedoria para com os que estão de fora, aproveitando bem cada oportunidade. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como deveis responder a cada um.” Colossenses 4. 2-6:

Graça e Paz,
Rede Metodista Confessante
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Para aprofundar os estudos desse documento Consulte:
BARBOSA, José Carlos. Ele é Pastor Metodista e Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Metodismo e Educação (CEPEME) IEP/UNIMEP. O texto citado aqui é parte de um trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5ª. RE, realizado em novembro de 2005.
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado.[Nachfolge]. 2a. ed. Trad. Ilson Kayser. São Leopoldo: Sinodal, 1984.
REILY, Ducan. In Revista Em Marcha: História da Igreja. Lições nº . 15, 16 e 17 . São Paulo: Imprensa Metodista,1988 - Disponível em http://www.metodistaecumenico.blogspot.com/ - dia 25/03/08).
MESTERS, Carlos. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 4a. ed. Petrópolis: vozes, 1991.
Juventude: ressussitadora de Esperança: Caderno de Formação para Missão. Tradução e Edição Rosângela Soares de Oliveira. Nova Iorque:Junta de Ministérios Globais da Igreja Metodista Unida, 2006 (Resultado da participação de jovens Metodista no Fórum Social Mundial em 2005).
WESLEY. João. As marcas de um metodista. Disponível em: http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/As_marcas_de_um_Metodista.pdf

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Perigo da religiosidade
Leia o texto de Mateus 23.1-3

É perigoso ser religioso – quanto mais religioso, mais perigo corre. A religião ensina amor e humildade. Amar os outros como a si mesmo e ser humilde são ideais muito bonitos. Praticá-los é outra coisa… Falar de amor e humildade e vivê-los são coisas distintas. Quanto mais discurso, menos prática. O amor e a humildade são silenciosos – não falam de si mesmos e não chamam atenção.

Quando a prática da religião é muito visível, pode desconfiar! É pior ainda quando a santidade se organiza. Uma vez estabelecido um sistema oficial de valores e criada uma estrutura política/social para promovê-los, abrem-se as portas para a hipocrisia e incoerência. Foi dentro deste contexto que Jesus agia nos seus confrontos com as autoridades religiosas. Jesus apoiou os ensinamentos dos fariseus. Criticou-lhes pela falta de prática. Ensinavam uma coisa, mas agiam ao contrário, transformando fé em fardo e farsa. O ser humano é o mesmo desde o início e esta disparidade entre a profissão e a prática está muito presente no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo atual. Apesar da beleza do conceito do amor e da humildade, a igreja é “palco perfeito” para hipocrisia e incoerência, tanto individual como coletiva.

No nível individual, o ideal do bem faz que as aparências sejam importantes. É natural a pessoa querer “auto-imagem boa e ser bem-vista”. Isto faz com que a sua religiosidade se torne pública e bem visível. Reuniões servem de palco para mostrar boas qualidades espirituais, reforçando seu auto-conceito e reputação. Admitir carências e derrotas seria prejudicial à auto-imagem e ao que os outros podem pensar a seu respeito. O comportamento junto com os outros crentes é diferente do que em ambientes seculares. Até muda o tom da voz quando faz oração nos cultos. A vida religiosa e secular é compartimentada, vive-se de um jeito na igreja e de outro no lar, emprego e lazer. Na igreja pode ser manso e simpático, mas no lar, é agressivo e chato. A religiosidade pode ser apenas uma máscara para esconder carências.

No coletivo, as hierarquias eclesiásticas alimentam orgulho. Quanto mais alto sobe na escada hierárquica, mais prestígio. Por ocuparem posições elevadas os líderes podem ter a sensação de serem superiores. A humildade pode ser transformada em máscara para esconder o orgulho. Os líderes se esforçam para se manter na liderança e subir ainda mais. Para manter a sua posição, as autoridades precisam preservar o sistema e promover a instituição. Os adeptos se tornam manipulados para a manutenção da máquina. A maior parte dos dízimos cobrados é usada para o bem da estrutura e não do ser humano.

Jesus exalta o serviço humilde, sem pretensões, sem visar cargos e prestígio humano, serviço que alivia os fardos

Derrel Homer Santee é pastor missionário metodista aposentado. Acesso o Blog do autor http://sementesbiblicas.blogspot.com/ Para comentar ou ler outros artigos acesse: http://br.groups.yahoo.com/group/LittleThinks/

domingo, 13 de julho de 2008



Amig@s Confessante, a Universidade Metodista de São Paulo realizará de 27 a 31 de outubro de 2008, em evento conjunto, duas de suas tradicionais Semanas de Estudos: a Semana de Estudos Teológicos da FaTeo e a Semana de Estudos de Religião do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Na ocasião, o preletor principal será o destacado teólogo alemão Jürgen Moltmann.

Veja detalhes no link http://www.metodista.br/fateo/noticias/jurgen-moltmann-em-dialogo-no-brasil

As Semanas de Estudos costumam ser também oportunidade de encontro. Como um encontro presencial já tem sido solicitado; sugerimos que o Primeiro Encontro “presencial” d@s Confessantes aconteça nessa data. Há apoio para essa proposta? Que se vote!

Abraços e desejos de Paz,

Equipe de Moderação da Rede Metodista Confessante