Pensamentos e Abstrações
Introduzindo o assunto
Tenho pensado no costume de se colocar adjetivos em alguns conceitos ou entendimentos teológicos. Desta forma, há várias teologias professadas e proferidas nos discursos e nos movimentos eclesiásticos e para-eclesiásticos. Sempre surgem entendimentos ou conceitos teológicos que recebem, em função de suas características, um nome. Cito como exemplo, a teologia da prosperidade, teologia da esperança, teologia da guerra espiritual, teologia de missões, teologia do caminho, e assim por diante. Gostaria de refletir sobre um conceito teológico que se coloca, invariavelmente, quando se considera a vivência cristã num mundo secularizado e marcado por um fundamentalismo religioso extremamente individualizado, ou seja, o conceito de caráter cristão.
Introduzindo o assunto
Tenho pensado no costume de se colocar adjetivos em alguns conceitos ou entendimentos teológicos. Desta forma, há várias teologias professadas e proferidas nos discursos e nos movimentos eclesiásticos e para-eclesiásticos. Sempre surgem entendimentos ou conceitos teológicos que recebem, em função de suas características, um nome. Cito como exemplo, a teologia da prosperidade, teologia da esperança, teologia da guerra espiritual, teologia de missões, teologia do caminho, e assim por diante. Gostaria de refletir sobre um conceito teológico que se coloca, invariavelmente, quando se considera a vivência cristã num mundo secularizado e marcado por um fundamentalismo religioso extremamente individualizado, ou seja, o conceito de caráter cristão.
Seria possível falar de uma “teologia do caráter cristão”? Seria possível caracterizar esta teologia e teria ela relevância na atual conjuntura e cultura eclesiástica? Para tratar deste assunto se faz necessário colocar algumas questões: Qual evangelho tem sido pregado em nossos dias? Quais são os frutos que acompanham a vida dos que proclamam o evangelho de Cristo? Como vivem os líderes da Igreja? Como a Igreja mede o sucesso de seus líderes? Qual o estilo de vida da liderança? Os líderes são avaliados pela sua fidelidade a Deus e aos compromissos assumidos ou pelos resultados obtidos numa perspectiva do mercado? Quem de fato é referência de vida cristã para os novos cristãos? A Igreja tem sido sal da terra e luz do mundo?
Ao definir caráter e caráter cristão, os bispos e bispa da Igreja Metodista assim se expressaram: “caráter é o conjunto de traços particulares relacionados ao aspecto moral do ser. O caráter cristão é o conjunto das características de que a Bíblia fala e que são inerentes a Jesus Cristo ou ao Espírito Santo e, conseqüentemente, deveriam ser parte da vida daqueles e daquelas que nasceram de novo e têm o Espírito Santo”.[1] Ao fazerem esta consideração esperam que todos os membros da Igreja evidenciem o caráter cristão.
Refletindo sobre os contornos de tal teologia
Gostaria de apresentar alguns contornos na busca por uma teologia do caráter cristão.
1. Uma teologia do caráter cristão deve levar em conta os referenciais bíblicos e teológicos que fundamentam a integridade da pessoa que exerce liderança e que vivencia o Evangelho de Cristo. Estes referências são encontradas nas cartas pastorais endereçadas a Timóteo e a Tito. O apóstolo, ao ensinar seus discípulos, elencou qualidades que devem acompanhar a vida dos líderes. Destaco as seguintes: irrepreensível, temperança, sobriedade, modéstia, hospitalidade, aptidão para ensinar, sem violência, sem contendas, sem avareza, vivência familiar equilibrada, maturidade, bom testemunho, respeitabilidade, sem ganância e sem arrogância, além de outras (I Tm 3.1-13).
2. Uma teologia do caráter deve considerar o referencial teológico e doutrinário deixado por João Wesley, ou seja, a santidade bíblica. Ele definia a santificação como amar a Deus de todo coração e ao próximo como a si mesmo. Considerava o amor como prova suprema da presença de Deus e da Sua Ação na vida do cristão. Portanto, uma santidade que se concretizava em atitudes em relação ao próximo, atitudes de respeitabilidade, dignidade, tolerância, solidariedade, consideração e apoio.
Falar de amor nos dias de hoje é repetir um chavão pejorativo e que tem a ver mais com a própria pessoa. Assim, prefiro falar de caridade que apresenta um apelo que vai em direção aos outros e, desta forma, chega no amor abnegado revelado por Cristo na cruz do Calvário.
3. Uma teologia do caráter cristão deve assinalar a integridade que acompanha a vida de uma pessoa transformada pela Graça de Deus. A Graça de Deus é transformadora, capacitadora e, portanto, forjadora da integridade cristã. Integridade vem do latim integritate e significa qualidade de íntegro; inteireza; retidão; pureza. Já o termo íntegro significa inteiro; completo; perfeito; reto; imparcial; brioso.
Desta forma, a integridade começa com o cuidado que a pessoa tem consigo mesma, com as atitudes que toma, com a vida daqueles que estão próximos e com a vida daqueles que estão ao seu alcance. É a integridade física, moral, ética, relacional, familiar, profissional, social, etc.
4. Uma teologia do caráter cristão tem como contorno a espiritualidade, que não pode ser a estereotipada, a da moda, a que promove o ibope pessoal, a que atrai os holofotes, a que apresenta uma imagem superficial e enganosa da pessoa, a da dominação, do grito, da enganação. A espiritualidade na perspectiva de uma teologia do caráter é aquela que se evidencia através do cuidado pastoral, da alegria em servir a Deus em toda e qualquer circunstância e do discernimento maduro e comprometido com os valores do Reino de Deus.
5. Uma teologia do caráter cristão deve levar conta a dimensão pública. Não há liderança que possa ser desenvolvida sem a perspectiva da coletividade, da comunidade e da sociedade em geral. O que a pessoa é enquanto ser vivente e transformado pela Graça de Deus tem que ter respaldo no público da vida, no enfrentamento das questões contraditórias da vida, no testemunho e na defesa do direito e da justiça. Não é porque a pessoa se apresenta como alguém que tem a Graça e o Espírito de Deus que pode se colocar acima da lei e dos direitos dos outros.
6. Uma teologia do caráter cristão é alimentada na vivencia familiar e doméstica, onde a pessoa se desnuda e é conhecida pelas reações espontâneas e pelo que ela é “por dentro”. A teologia do caráter cristão começa no íntimo das relações familiares e conjugais, considerando que a família é um meio de graça.
Gostaria de apresentar alguns contornos na busca por uma teologia do caráter cristão.
1. Uma teologia do caráter cristão deve levar em conta os referenciais bíblicos e teológicos que fundamentam a integridade da pessoa que exerce liderança e que vivencia o Evangelho de Cristo. Estes referências são encontradas nas cartas pastorais endereçadas a Timóteo e a Tito. O apóstolo, ao ensinar seus discípulos, elencou qualidades que devem acompanhar a vida dos líderes. Destaco as seguintes: irrepreensível, temperança, sobriedade, modéstia, hospitalidade, aptidão para ensinar, sem violência, sem contendas, sem avareza, vivência familiar equilibrada, maturidade, bom testemunho, respeitabilidade, sem ganância e sem arrogância, além de outras (I Tm 3.1-13).
2. Uma teologia do caráter deve considerar o referencial teológico e doutrinário deixado por João Wesley, ou seja, a santidade bíblica. Ele definia a santificação como amar a Deus de todo coração e ao próximo como a si mesmo. Considerava o amor como prova suprema da presença de Deus e da Sua Ação na vida do cristão. Portanto, uma santidade que se concretizava em atitudes em relação ao próximo, atitudes de respeitabilidade, dignidade, tolerância, solidariedade, consideração e apoio.
Falar de amor nos dias de hoje é repetir um chavão pejorativo e que tem a ver mais com a própria pessoa. Assim, prefiro falar de caridade que apresenta um apelo que vai em direção aos outros e, desta forma, chega no amor abnegado revelado por Cristo na cruz do Calvário.
3. Uma teologia do caráter cristão deve assinalar a integridade que acompanha a vida de uma pessoa transformada pela Graça de Deus. A Graça de Deus é transformadora, capacitadora e, portanto, forjadora da integridade cristã. Integridade vem do latim integritate e significa qualidade de íntegro; inteireza; retidão; pureza. Já o termo íntegro significa inteiro; completo; perfeito; reto; imparcial; brioso.
Desta forma, a integridade começa com o cuidado que a pessoa tem consigo mesma, com as atitudes que toma, com a vida daqueles que estão próximos e com a vida daqueles que estão ao seu alcance. É a integridade física, moral, ética, relacional, familiar, profissional, social, etc.
4. Uma teologia do caráter cristão tem como contorno a espiritualidade, que não pode ser a estereotipada, a da moda, a que promove o ibope pessoal, a que atrai os holofotes, a que apresenta uma imagem superficial e enganosa da pessoa, a da dominação, do grito, da enganação. A espiritualidade na perspectiva de uma teologia do caráter é aquela que se evidencia através do cuidado pastoral, da alegria em servir a Deus em toda e qualquer circunstância e do discernimento maduro e comprometido com os valores do Reino de Deus.
5. Uma teologia do caráter cristão deve levar conta a dimensão pública. Não há liderança que possa ser desenvolvida sem a perspectiva da coletividade, da comunidade e da sociedade em geral. O que a pessoa é enquanto ser vivente e transformado pela Graça de Deus tem que ter respaldo no público da vida, no enfrentamento das questões contraditórias da vida, no testemunho e na defesa do direito e da justiça. Não é porque a pessoa se apresenta como alguém que tem a Graça e o Espírito de Deus que pode se colocar acima da lei e dos direitos dos outros.
6. Uma teologia do caráter cristão é alimentada na vivencia familiar e doméstica, onde a pessoa se desnuda e é conhecida pelas reações espontâneas e pelo que ela é “por dentro”. A teologia do caráter cristão começa no íntimo das relações familiares e conjugais, considerando que a família é um meio de graça.
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*Por Bispo Josué Adam Lazier é Bispo Emérito da Igreja Metodista no Brasil. Para ver na íntegra esse ensaio visite a Página do autor: http://josue.lazier.blog.uol.com.br/
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