O sétimo elemento
No sábado dia 14/12, fui pego de
surpresa com a notícia da criação da 7ª região eclesiástica na Igreja Metodista
no Brasil compartilhada no facebook, no mesmo momento me indignei com a notícia
e para minha surpresa, muitos outros manifestaram sua discordância. Meu intuito
com esse post é justamente esclarecer o porquê eu acho essa notícia negativa.
Gostaria de explicar algumas questões antes.
Você paga seu dízimo e ofertas na
igreja e um percentual desses dízimos vão para sede regional se sustentar. Esse
dinheiro serve para pagar infraestrutura física, funcionários, viagens,
remuneração do bispo e entre outras coisas.
Eu procurei na internet
informações e encontrei dificuldades para encontrar informações sobre as
despesas das regiões eclesiásticas, então vou argumentar aqui sobre uma ideia
que eu tenho que essas despesas representam, mas ficaria muito satisfeito se
alguém me mandasse informações mais precisas, mas vamos em frente.
Considerando o custo de um bispo
seria em torno de R$25.000/mês, ou seja, R$325.000/ano, incluso aí 13º, férias,
água, luz, telefone, carro, gasolina, subsídio e outras despesas relacionadas
somente ao ministério episcopal. Fora isso, soma-se a necessidade de uma sede
regional, suas contas, 5 funcionários, encargos e etc, mais R$25.000/mês ou
seja totalizamos cerca de R$650.000 reais/ano para sustentar uma sede regional.
Se levarmos em conta outras despesas, chegamos facilmente em R$1 mi/ano, mas
vamos considerar que seja R$650.000/ano.
Só de comprar essas novas
despesas, superamos a oferta nacional missionária que em 2013 foi no valor de
R$550.000, ou seja, um dinheiro que poderia está sendo gasto em missões, será
utilizado somente em manter a estrutura de uma nova sede e mais um bispo. "Ah! Mas o bispo tem muito trabalho e não estava tendo condições de
administrar uma região com mais de 100 mil membros". Bem, eu não tenho
condições de avaliar a realidade do bispo, mas fiz uma pesquisa sobre igrejas
metodistas em outros países (bem mais transparentes que os nossos) e comparei a
relação bispo/nº de membros e vejam o que eu encontrei.
Coréia do Sul - 11 bispos –
1.587.385 membros – Aproximadamente 1 bispo a cada 144 mil membros - http://www.kmc.or.kr/new_eng/about/about05.html
Estados Unidos – 50 bispos –
7.725.039 membros – Aproximadamente 1 bispo a cada 154 mil membros - http://en.wikipedia.org/wiki/United_Methodist_Church
Ou seja, o número de membros não
me parece uma justificativa plausível para o surgimento de uma nova região.
Aliás, no site da Igreja Metodista Unida, tem o valor dos salários dos bispos
que é em torno de U$120.000 anuais + a residência. Seria muito transparente da
parte da Igreja Metodista do Brasil divulgar esses valores. As informações
foram encontradas em http://archives.umc.org/interior.asp?ptid=21&mid=5860
Ademais, se a média de membros
adotada por bispos é na faixa de 50 mil, o que aconteceria com a primeira se
ela atingir a meta de 1 milhão de membros em 2014? Seriam 20 novas regiões?
Importante se ressaltar que uma conferência (equivalente a região eclesiástica
aqui) na Coréia do Sul tem mais de 300.000 membros.
A questão geográfica a mim
tampouco parece um argumento lógico, visto que o rio de janeiro já é a menor
região, o que não implica em grandes deslocamentos do bispo para gerenciar a
igreja, diferentemente das regiões missionárias e todas as regiões
eclesiásticas excetuando-se o Rio Grande do Sul e São Paulo.
Por fim, não vejo a menor lógica
(humana e espiritual) na criação dessa região e a meu ver essa divisão (que
colocam como multiplicação) da primeira região, tem muito mais um fim político
do que uma “expansão missionária”. Não tive tempo e nem quis me aprofundar nas
questões tais quais, números de delegados e poder de uma região isolada nas
decisões nacionais da igreja, se os benefícios e salários dos bispos são
compatíveis com a realidade do país e outras coisas, mas temos aí um bom campo
de debate.
Entristeço-me com tudo isso e
gostaria de coração que alguém que pense o contrário de mim me trouxesse
argumentos válidos antes de me taxar de rebelde, ou falar com argumentos rasos
como “é a vontade de Deus”, ou “isso é fruto do crescimento”. Ah e não se
esqueçam de me ajudar com informações sobre as despesas das regiões,
ajuda a enriquecer (somente) a discussão. ;)
Artigo escrito por Pedro Calixto, membro da Igreja Metodista em Carlos Prates-BH, 4ª Região
2 comentários:
Estou estarrecido! E como é curioso perceber que a região dividida foi exatamente a região que implementou as aberrações atuais na igreja metodista. Pelo visto, terei mesmo de transferir minha membresia para a presbiteriana e abraçar a predestinação... :(
Estou estarrecido! E como é curioso perceber que a região dividida foi exatamente a região que implementou essas aberrações na igreja metodista. Pelo visto, terei mesmo de transferir minha membresia para a presbiteriana e abraçar a predestinação... :(
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