terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Movimento metodista confessante busca o ecumenismo e defende o dissenso



RIO DE JANEIRO, Brasil, Dezembro 4, 2007

A decisão conciliar da Igreja Metodista de auto-exclusão dos organismos que tenham a presença da Igreja Católica motivou o surgimento do movimento de metodistas confessantes, que tem, entre outros, o propósito de testemunhar “em tempos de obscurantismo e autoritarismo”, e recuperar o dissenso na experiência e a unidade na vida comunitária.

O movimento toma o nome emprestado da Igreja Confessante da Alemanha nazista, daquela parcela da Igreja Evangélica alemã que não se dobrou ao Terceiro Reich, explica em artigo no blog “medotistaconfessante” o professor e jornalista Jaider Batista da Silva, que soma-se à iniciativa “a partir do protestantismo liberal, promotor da razão e da crítica”.

Batista da Silva se diz preocupado com a idéia do episcopado vitalício que “há muito ronda nossos concílios”. Ele frisa que para os metodistas a ordem é presbiterial e o episcopado “deve ser o humilde exercício extraordinário do presbiteriato”. O episcopado, argumenta, é condição temporária e especial “e a depender da continuidade dos abusos, pode vir a ser tomado como excrescência, superfluidade”.

Entre confessantes, define, “devemos defender o princípio bíblico e doutrinário do sacerdócio universal de todos/as os/as crentes, como antídoto ao culto à personalidade promovido por pastores/as e bispos que se comportam como gurus, reduzem a participação leiga à obediência cega e submetem comunidades inteiras ao abuso espiritual. Deve ser antídoto também para a tentação ao governo episcopal despótico”.

Cristãos que são sal e luz do mundo defendem os Direitos Humanos, procuram ampliar a participação das mulheres na igreja e fora dela e seguem “o único ponto de consenso da Igreja no seu primeiro concílio”, o de Jerusalém: não se esquecer dos pobres.

O diretor do Centro Universitário Bennett, do Rio de Janeiro, defende o ecumenismo como “afirmação da recusa das religiões de continuar a espalhar o ódio” num mundo em que o mapa das guerras e conflitos armados aponta as religiões organizadas como o maior fator de ira entre os povos. O ecumenismo, assinala Jaider, é o espaço, também conflitivo, de afirmação e busca da paz.

Nas comunidades locais, preconiza o professor, é preciso anunciar, na fidelidade a Jesus, que aquele ou aquela que as procurar não será lançado fora, “em vez de seguirmos, sem compaixão, orientações episcopais desamorosas e vexatórias para segregarmos maçons e nos posicionarmos contra o projeto de lei que torna crime a homofobia”.

Jaider defende, ainda, as instituições metodistas de ensino, do terceiro grau aos colégios, capazes de exercer influência social. “Não temos televisão, mas temos a rede de educação que, com todos os problemas, é a mais consolidada, qualificada e influente de todas as igrejas evangélicas do país”, afirma.

A educação, para os metodista, diz, é meio de graça. “Por meio dela Deus age na vida das pessoas e as abençoa, muitas vezes apesar de nós. As instituições metodistas de ensino ajudam nossa igreja a não se comportar como seita, ao estabelecer relação entre elas, minoritária, pequena, ainda meio estrangeira, com a sociedade abrangente”, afirma.

Fonte: http://www.alcnoticias.org/articulo.asp?artCode=7144&lanCode=3

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