sábado, 14 de novembro de 2009

ENCONTRO CAIPIRA BELISÁRIO: Devocional 1/11/2009

ENCONTRO CAIPIRA BELISÁRIO: Devocional 1/11/2009







.Acolhida: Adonias






.Leitura 1: Maria – “De manhã ouves a minha voz, quando o sol nasce, eu faço a minha oração e espero a tua resposta” (Sl 5.3)






.”Adoração”- Hino 74 HE.






.Leitura 2: Prof. Cecília: Mt 6.5-15.






.Reflexão dialogada sobre o texto lido: Coordenador: Onofre de Freitas.






.”Vigiar e Orar”: Hino 472 HE.






. Momentos de Oração em Duplas






.”A Certeza do Crente” Hino 388 HE






.Bênção: Conduze-nos


Da morte para a vida


Da falsidade para a verdade,


Do desespero à esperança,


Do temor à confiança.


Conduze-nos


Do ódio ao amor


Da guerra à paz.


Que a paz plenifique nossos corações,


Nosso mundo,


Nosso universo.

ENCONTRO CAIPIRA DE BELISÁRIO Culto de Abertura: 31/10/2009

ENCONTRO CAIPIRA DE BELISÁRIO Culto de Abertura: 31/10/2009











*Em amor somos acolhidos(as): Cléber Paradela.






*Cântico


Estamos aqui, Senhor,


Viemos de todo o lugar,


Trazendo um pouco do que somos,


Pra nossa fé partilhar,


Trazendo o nosso louvor,


Um canto de alegria,


Trazendo a nossa vontade,


De ver raiar um novo dia.






Estamos aqui, Senhor,


Cercando essa mesa comum,


Trazendo idéias diferentes,


Mas em Cristo somos um,


E quando sairmos daqui,


Nós vamos para voltar,


Na força da esperança,


E na coragem de lutar.










*Em fé invocamos a Deus: Clésio- “Eu te invoco, ó Deus, pois tu me respondes; inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras...Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 17.6 e 145.18).






*INVOCAÇÃO hino 75 HE










*Em comunidade adoramos a Deus: Adahyr: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão...Tributai ao Senhor filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e força. Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai ao Senhor na beleza da santidade” (Sl 95.6 e 29.1-2).






*Cântico: Hino 68 HE


*Momentos de Adoração a Deus: expressões orantes de adoração.






*Cântico: Ao Único (CPR, 1-4)






Ao único que é digno de receber


A honra e a glória, a força e o poder


Ao Rei Eterno, Imortal, invisível mas Real


A Ele ministramos o louvor






Adoramos a Ti ó Rei Jesus


Invocamos o Teu nome


Nos rendemos aos teus pés


Consagramos todo o nosso ser a Ti.










*Em humildade e confiança confessamos nossos pecados: Delma – “Das profundezas clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas. Se observares Senhor, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Sl 130.1-4).






*Cântico: Hino 245 HE






*Oração silenciosa de Confissão






*Declaração de fé na graça perdoadora de Deus: Hino Maravilhosa Graça






Maravilhosa graça! Maior que o meu pecar!


Como poder cantá-la? Como hei de começar?!


Trouxe-me alívio à alma, e vivo em toda a calma,


Pela maravilhosa graça de Jesus!






Graça! Quão maravilhosa graça!


Como o firmamento, é sem fim!


É maravilhosa, é tão grandiosa,


Tão sublime e doce para mim!


É maior que a minha vida inútil,


Mais profunda que o imenso mar.


A Cristo vamos, pois, louvores dar!


A Deus honrar!






Maravilhosa graça! Traz vida perenal!


Por Cristo perdoado, vou à mansão real.


Sei que hoje sou liberto, vivo de Deus bem perto,


Pela maravilhosa graça de Jesus!






Maravilhosa graça! Quão ricas bênçãos traz!


Por ela Deus salvou-me, deu-me perdão e paz!


Salvo, sim, em verdade, por toda a eternidade,


Pela maravilhosa graça de Jesus!






*Leitura Responsiva do Salmo 46: Dirigente: Dalva






*Em gratidão louvamos a Deus: Arthur – “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78.3-5).






*Hino “Castelo Forte” (HE 206)










*Oração de louvor e ação de graças: Pr. Moisés Abdon Coppe.










*Em esperança somos edificados por Deus: Nicinha - “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1.1-2).






*A Palavra da Vida – Hino 140 HE






*Leitura Bíblica e mensagem: Pr. Sérgio Arantes Pinto.






*Em disponibilidade a Deus dedicamos-lhe nossas vidas: Hino 420 HE.










*Oração: Denilson






* DOXOLOGIA


Justo és Senhor em teus santos caminhos,


E, Santo em tuas obras todas (2X)


Mui, perto estás, Senhor, de todos,


De todos os que te invocam em verdade!


Aleluia! Aleluia!






*Bênção Apostólica: Pr. Sérgio Arantes Pinto.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mais fotos do Encontro Caipira



O Encontro de Belisário

Minha gente:

O Encontro foi um trem bão demais.


Não vou relatar muito aqui nesse e-mail. Estou na lan house caipira de Beli, onde a garotada chega atém de cavalo prá entrar na rede. 


A chegada nos trouxe muita preocupação. Não consegui falar com alguns por telefone na véspera e assim a noite foi de tensão para mim. Bobagem. Deus estava no comando. A turma de J de Fora veio numa sprinter, com mais dois carros dos pastores Moisés e Ramon. Um carro, junto com a minha camionte 4X4 pegou a turma no trecho de estrada de barro (e que barro). Parada na serra prá retirar caminhão atravessado, carro agarrado vai por ai a fora. Que farra. Segundo Delma, a beleza do Encontro começou ai. Francisco Cetrulo e outro carro de Cataguases chegaram heroicamentedepois, sem o nosso apoio. Jaider veio de BH por outra estrada e conseguiu um equipe para empurrar o seu carro na lama, também dificultado por outro caminhão atravessado.

O culto de abertura foi muito bom, tendo o Rev. Sérgio Arantes como pregador

Todas as mesas forma excelentemente bem conduzidas. Moisés, Jaider, Arthur, Messias, forma "show de bola". Pinheiro (JF) e Mírian (minha esposa) na cozinha também fizeram um trabalho legal Jaider e Cetrulo tiveram problemas com o peso dos carros no retorno. Nádia e Regina ganharam alguns indesejáveis quilinhos por aqui. O grupo decidiu que deveríamos ir para o templo metodista no domingo. Procurei dois líderes leigos, já que não era dia da vinda do pastor e eles concordaram. Foi MUUUUUUIto bom. A turma pode rever um IM rural, com direito até à presença de um bêbado. (Jaider havia falado na véspera sobre o antigo modelo de IM que nós perdemos, que tinha até lugar para bêbado). Levamos a nossa liturgia impressa e Ramon foi o pregador. Maravilhoso culto. Delma Paradela esteve o tempo todo do Encontro no teclado.


Tony Vilhena (Belém) também teve ótima participação. Dois confessantes assumiram as suas passagens. Após o culto voltamos para o nosso espaço onde ficamos cantando hinos do HE, concorrendo com o forte barulho da chuva sobre a cobertura metálica. Fizemos uma avaliação no final e constatamos que um bom número de pessoas foi prá lá não acreditando em resultados e temendo ser um espaço raivoso, somente para se ficar falando mal de pastores e do Bispo, o que não aconteceu. É claro que também demos as nosssas "pauladinhas". Ninguém é de ferro.`

Como encerramento passamos às tomadas de posição. Foi o E AGORA? Sobre isso não vou me antecipar. Tivemos a Profa. Dalva Dianin como relatora e vamos deixar para passar isso de forma oficial, através da Comissão Organizadora. O Encontro serviu também para tomarmos conhecimento que há muita mais gente descontente e querendo mudanças. Muito mais do que podemos imaginar. Vamos falando, muito mais animados do que antes.



Cléber Paradela

Tivemos também uma participante do Rio, uma de Angra dos Reis, um de Ubá, outro de BH, (além de Jaider e da simpática Nádia). três de Cataguases, em tempo parcial. Cetrulo e Regina de V. Velha, além da galera de JF.

Prá quem não ia relatar muito....

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fotos do Encontro Caipira



Quem somos nós? O que pretendemos?

Quem somos nós? O que pretendemos? - sábado 31/10/2009

Por Jaider Baptista

Passando informações sem pressa, sem rancor, o palestrante apresentou ao grupo presente ao Encontro de Belisário que quem sabe o que diz não precisa ganhar no grito, porque quando uma parte julga ganhar, ambas perdem. Todos precisam ganhar, recuperar almas, somar forças se quiserem, realmente, fazer diferença.

Segundo Jaider, não foi o que ocorreu no último Concílio Geral, em que as decisões não refletiram a vontade da maioria e assim todos perderam, o que levou um grupo de descontentes a se relacionar via internet, num primeiro momento para desabafos , mas logo depois começaram a buscar propostas de restauração da identidade metodista. Esse grupo passou a compartilhar, conviver, orar junto, autodenominando- se CONFESSANTES. Tomaram por empréstimo a terminologia dada aos protestantes alemães que decidiram não apoiar o governo nazista de Hitler, mesmo pagando um alto preço pela decisão.

Informou que decorrido pouco mais de um ano foi realizado um primeiro encontro em São Paulo, agora o segundo em Belisário, com o desejo de que outros venham a acontecer.

O palestrante apresentou uma profunda revisão histórica do Movimento Metodista, paradoxalmente, um movimento nascido dentro de uma universidade, o que explica a marcante disciplina, e atinge as minas de carvão, com pregações ao ar livre.

Relembra que o metodismo foi um movimento de renovação dentro da igreja anglicana e que a Igreja Metodista somente foi organizada depois da morte de João Wesley, sendo que hoje a Igreja Anglicana reconhece a contribuição da I. Metodista, tanto que João Wesley tem seu dia marcado no seu calendário.

O que pautava esse movimento?

EXPERIÊNCIA PESSOAL - intransferível com JESUS. Isso explica a característica acolhedora da I. Metodista. Cada um tem a sua experiência, singular, pessoal.

BUSCA DA SANTIFICAÇÃO - desenvolvimento constante da relação com Deus e com o próximo.

A GRAÇA DE DEUS - age em todo o tempo e apesar das circunstâncias.

Assim, o pensamento da I. Metodista é o de acolhimento. O que vier a mim, de maneira nenhuma lançarei fora.

Metodismo é acolhimento, inclusão, piedade, misericórdia, disciplina e oração, era assim que as comunidades metodistas que se formaram pelos cantões do nosso país se sustentavam. E a porta sempre estava aberta para aquele bêbado que, atraído pelos ecos de um coral ou pelos belos hinos, chegava falando disparates, mas era logo abraçado por um irmão ecônomo e levado para um banco e banquete, se houvesse. E sentia-se a sua falta quando ele não aparecia.

Com os atuais shows de fé estamos perdendo essas características, a Bíblia, a Escola Dominical, os cultos domésticos estão sendo esquecidos. É nisso que a comunidade de fé se sustenta. Grupos fechados constituem um perigo, como os chamados gadistas._

Outra característica que a Igreja Metodistas vem perdendo são aquelas que geram os atos de misericórdia, tão presente no movimento metodista wesleyano levando o trabalhismo inglês a se declarar fruto do movimento metodista. Isso pode ser facilmente percebido diante da grave situação de violência, corrupção e abandono da nossa sociedade, sem que a Igreja Metodista faça qualquer diferença.

A base da Igreja anteriormente era essencialmente leiga. Pastores davam assistência a diversas igrejas e pontos de pregação, não se prendendo a nenhuma delas. Sob a liderança de leigos todos oravam, pregavam, cantavam, visitavam, enfim,, era realmente uma igreja participativa.

Durante a exposição foi destacada a postura aberta com que a Igreja Metodista escreveu a sua história, citando a aproximação da Maçonaria para a aquisição de imóveis quando o objetivo era o de sua expansão, o acolhimento das escolas metodistas aos alunos de outras nacionalidades, excluídos em função da perseguição aos judeus excluídas, etc

Como relatora, depois de tantos esclarecimentos e do conhecimento de tantos nobres princípios que não podem ser perdidos, mas aprimorados, com certa amargura me pergunto: sobreviverá essa igreja genuína, discípula de Jesus, que ama e acolhe ?

A resposta pode ter vindo na noite de domingo no culto na Igreja Metodista em Belisário, onde sentimos fortalecer a nossa esperança ao participarmos de um gostoso culto numa igrejinha acolhedora, dinâmica nos cânticos pela congregação e pelo lindo grupo de juvenis, acompanhados por violão e flautas, para onde um casal caminha com três filhos por três quilômetros, sob a chuva, para dele participar, onde um bêbado teve o seu acolhimento .
Nessa esperança caminharemos certos de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

De como chegamos a Belisário

De como chegamos a Belisário

O Encontro Caipira em Belisário, para a turma de Juiz de Fora, começou com uma aventura. Dá até pra contar em capítulos e sorver cada um. Pois se teve até fragoso alcantil com sabor de mel passando pela doçura da jabuticaba, tudo isso regado à comida mineira do Pinheiro.

Só relatar? Nem pensar... Belisário, com a global D. Nina, uma igrejinha singela sempre esperando... esperando. ..., mas com um grupo de juvenis que canta com a alma, um bêbado que entra porque encontrou a porta aberta, já fez e continua fazendo a história desse metodismo em terras mineiras, que é brasileiro, wesleyano... e não desiste nunca.

Caía uma chuva fina quando saímos daqui numa sprinter, capitaneados pelo Arthur, resguardados pelo pastor Moisés e Messias. Até Itamburi, tudo bem. O rali começou mesmo nos 30 km que faltavam pra chegar a Beli. Aliás, uma placa já avisava: Aqui termina o compromisso do governo estadual.Mas o Cléber logo chegou com sua camionete para nos socorrer.Fizemos baldeação numa Kombi. Na estrada de terra, caminhão parado, carro caído numa vala, tudo escorregando que nem quiabo. Há qto tempo não enfrentava uma situação dessas!

Nossos valorosos homens, metodistas de barro e raiz, arregaçaram as mangas, ops, as calças e solidarizaram- se com quem necessitava de ajuda...amassaram o barro. Qualquer alusão aos pastores e missionários que se enveredaram pelos lamaçais de nossas precárias estradas para implantar essa igreja que alguns ou muitos têm dado pouco valor é desnecessária. A imagem por si só diz tudo.

E lá chegamos. Maravilhosa recepção com faixa e tudo. Cléber, Miriam, D. Nina; Na cozinha, Pinheiro, Cibele e outros já com um delicioso frango com quiabo quase no jeito.Estreitamos abraços, conhecemos e reconhecemos amigos da rede. Chovia. Chovia muito. Eram bênçãos sem medida caindo sobre nós.

Acomodação, almoço caipira,hora do ”quimo” e bocas à obra:feitas as apresentações, um delicioso culto de abertura com a liturgia preparada pelo rev. Messias deu início aos trabalhos.Destaco a participaçãode todos na liturgia. A mensagem inspiradora, baseada em Filipenses 3 12 a 16 foi trazida pelo rev.. Sérgio Arantes.

A seguir Jaider,com firmeza, criatividade e expressividade, apresenta o tema:Quem somos nós? O que pretendemos? Depois rev.. Messias , mto bem embasado,desenvolve o tema Que Metodismo é Esse? Essas apresentações rendem, mediada pelo Arthur, uma plenária acalorada até quase meia-noite. É lógico que paramos para jantar, cafezinho, tudo mto mineiramente. Mas detalhes dessa útima parte só no próximo capítulo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Gaditas: eles são pela guerra

Gaditas: eles são pela guerra



Várias igrejas evangélicas, inclusive algumas metodistas, têm destacado textos bíblicos que citam a antiga tribo dos gaditas como inspiração para a espiritualidade dos dias de hoje. É importante, no entanto, conhecer a história da tradição dessa tribo.





O adjetivo gadita vem do nome Gad, uma palavra semítica ocidental. No Antigo Testamento, a raiz gd foi usada com dois significados:

1) Como nome próprio: Gad era um dos filhos de Jacó e Zelfa (Gn 30,10-11), que viria a dar o nome da tribo de Gad, que se estabeleceu a oeste do rio Jordão, cuja extensão ia do rio Arnon até ao sul do lago Quinerete (Tibérias). Localizada fora de Canaã, essa tribo estava em constante conflito com os povos fronteiriços. Daí as suas qualidades guerreiras, exaltadas nas bênçãos de Jacó (Gn 49,19) e de Moisés (Dt 33,20-21).

2) Gad também tinha o significado de “fortuna” ou “sorte”. Alguns estudiosos sugerem que o termo gad tem seu significado nas palavras de Lia: E disse Lia: bagad, Afortunada! E chamou o seu nome Gad (Gn 30,11; conforme Is 65,11).



O uso da palavra gad com o sentido de afortunado era, provavelmente, o mais corrente. No âmbito secular, a palavra gad é usada como uma interjeição, ou seja, uma expressão para demonstrar um sentimento, como “Que sorte!”, conforme Gn 30.11. O autor deste texto fornece um valioso testemunho que pode apontar p ara o significado mais correto e original desta palavra que é sorte. Nesse caso, a palavra gad perde toda a força teológica. A sorte, segundo a Bíblia, não tem muito a ver com a ação de Deus.



Uso religioso da palavra Gad.

Gad é um deus cananita. O livro de Isaías menciona o nome gad referindo-se a uma divindade. Mas quanto a vós que abandonais a Javé, que vos esqueceis do meu monte santo, que preparais uma mesa para gad, que ofereceis misturas em taças cheias a Meni (Is 65,11).

Gad era também o nome de um profeta. Antes de se tornar rei de Israel, um profeta com o nome de Gad atuou condenando o censo do povo (2Sm 24,10-17; 1Cr 21,7-17), recomendando a construção de um altar (2Sm 24,18-25; 1Cr 21,18-32) e participando da organização do culto levita (2Cr 29,25-29).



O significado teológico de Gad.

Há, possivelmente, duas possíveis vertentes do significado de gad que passaram para a história bíblica. Provavelmente, a palavra gad ganhou relevância em vista do seu significado, sorte. É sabido que o conceito de prosperidade, como sucesso financeiro, trouxe preocupação aos profetas bíblicos. Essa idéia exerceu uma forte pressão na teologia bíblica, conforme as preocupações do profeta Jeremias (12,1-6) e do salmista (Sl 49). Vivendo entre povos que acreditavam na manipulação dos deuses, para obter sucesso e prosperidade na vida, os líderes israelitas tiveram grandes dificuldades para instruir o povo sobre a inutilida de dessa crença, entre os israelitas.

Entretanto, o significado de guerreiro é, certamente, a caracterização que mais exerceu pressão junto ao povo, no período pós-exílico. Essa caracterização tem sua base na “bênção de Jacó” (Gn 49,19). Todavia, na “bênção de Moisés”, a fama de tribo “guerreira” deixa de ser, assim, caracterizada, e passa a ser “forte e destemida” como uma leoa: E para Gad ele diz: Bendito aquele que dá espaço a Gad! Como uma leoa, ele habitará; E destroçará o braço e o alto da cabeça. E ele verá as primícias para si. Eis que! Lá estava escondida a porção do legislador, E ele veio a ser cabeças do povo, A justiça de Javé ele fará, E os seus julgamentos (para) com Israel (Dt 33,20-21). Na “bênção de Moisés”, a tribo de Gad perde o nome de guerreira, mas não deixa de ser valente na defesa dos seus interesses. Sua luta tem a ver com a justiça do Senhor, isto é, ação de Deus que salva e traz bem-estar para o povo.



A re-significação do nome Gad no período grego.

Apesar da tribo de Gad ter desaparecido, a tradição gadita renasceu no período pós-exílico, na Obra Historiográfica do Cronista, que reúne os seguintes livros: 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias. Esta é uma obra de redação tardia que dá elevado destaque a Davi. Vivendo num cenário totalmente desfavorável – seja político e econômico ou social e religioso – os judeus concentravam os seus sonhos no messias forte e guerreiro para superar todas as adversidades impostas pelos gregos. Davi é “homem de Deus” (2Cr 8,14), modelo de fidelidade (2Cr 7,17).

Carecendo de valores materiais e força espiritual para superar as limitações, o Cronista re-escreveu a história de Israel até os dias de Esdras. É tempo de buscar e valorizar os grandes nomes do passado: a figura de Aarão é resgatada e transformada em símbolo dos sacerdotes e Davi é transformado no ideal do homem piedoso. Isso incentivou os defensores da guerra a buscarem, no passado, a indomável figura dos guerreiros gaditas. Partidário dessa idéia, o cronista assim escreveu: Eram heróis valorosos, homens de guerra prontos para combater que sabiam manejar o escudo e a lança. Tinham o aspecto de leões e, quanto à agilidade, pareciam gazelas das montanhas... Esses eram filhos de Gad, chefes de batalhão; um correspondia a cem, se fosse pequeno; a mil se fosse grande... (1Cr 12,9-16).



Conclusão

Na literatura do Antigo Testamento (e também no Novo Testamento), a tribo de Gad não desempenhou um papel significativo na história e na teologia bíblica. Apesar de ser qualificada como uma tribo guerreira (Gn 49, 19), Gad foi derrotada pelos amonitas, em meados do século IX AC, desaparecendo-se do cenário histórico.

A razão pela qual o Historiador Cronista resgatou a figura dos gaditas pode ser vista de vários ângulos. No período pós-exílico também foi recuperada a figura de Aarão. Seus descendentes assumiram o controle do Segundo Templo. Contudo, é fundamental que o intérprete da Bíblia leve em consideração pelo menos dois detalhes esclarecedores: (a) A editoração da Obra Historiográfica do Cronista deu-se, provavelmente, no século III aC. (b) Dentro de sua hermenêutica, a vitória do povo de Deus viria somente através de uma batalha que incluía, entre outros elementos, a força espiritual. É sabido que Israel não mais se ergueu como nação.

Destaco que nessa mesma época um crente javista escreveu uma poesia que se transformou num hino dos peregrinos que iam periodicamente às festas, em Jerusalém. Há muito que habito com o que odeia a paz. Eu sou pela paz.... Eles são pela guerra (Sl 120,6-7). Diante da opção pela volta dos guerreiros, como os gaditas, o livro de Salmos registra esta opinião contrária: Eu sou pela paz.... Eles são pela guerra.

A sociedade e parte das comunidades evangélicas estão produzindo nos jovens uma mentalidade de sucesso a todo custo, com forte incentivo à violência. Será que a idéia dos “guerreiros gaditas” é o melhor modelo de espiritualidade para os dias de hoje? Os evangelhos silenciam sobre a opção “gadita”.



Texto adaptado da pesquisa feita pelo pastor Tércio M. Siqueira, professor da área de Bíblia, da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Brotando esperança na semente da unidade

Brotando esperança na semente da unidade



Aconteceu noite de 24 de outubro, na 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Belém, no Estado do Pará, a celebração da Primavera para a Vida. A Campanha Primavera para a Vida é promovida nacionalmente pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE, desde 2001, abordando temas de relevância para a reflexão e ação das igrejas e arrecadação de fundos nacionais que apoiarão projetos sociais de entidades e organizações populares. O tema deste ano foi Direitos e Justiça.


A celebração contou com a participação de irmãos e irmãs das igrejas Presbiteriana Independente, Católica, Anglicana, Presbiteriana Unida, Metodista, Quadrangular e Assembléia de Deus. Também marcaram presença as representações do Instituto Universidade Popular (UNIPOP), Movimento Evangélico Progressista (MEP), Associação Amazônica de Ciências Humanas e da Religião (ACER), Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Pastoral da Juventude (PJ) e Pastorais Sociais.


O ambiente estava colorido por girassóis, flor que simboliza a Campanha. As pessoas que chegavam na igreja eram acolhidas com muito carinho. Guardamos no coração as músicas que aprendemos com a equipe de louvor. Na abertura, o Revdo. Cláudio Lísias, pastor da igreja que recebeu o encontro, falou que a Campanha Primavera para a Vida é uma oportunidade de lançarmos sementes que transformarão as vidas das pessoas para melhor, em todos os aspectos. A partir destas palavras inspiradoras, toda a celebração foi um grande chamado para que todos e todas venham semear a esperança de justiça, direitos humanos e paz para o mundo.


No Ato Penitencial, Thiago Reis, da Pastoral da Juventude, lembrou que a PJ, em conjunto com várias entidades, promovera o Dia Nacional da Juventude com a temática “Contra o extermínio da juventude, na luta pela vida!”. Enquanto igreja de Cristo, pedimos perdão por não garantirmos a vida e os direitos de nossa juventude, o que coloca o Brasil em 5º colocado entre os países com as maiores taxas de homicídio juvenil no mundo. Na certeza de sermos envolvidos/as pela misericórdia do Nosso Deus, saímos comprometidos/ as com as lutas e causas da juventude contra a violência e pelo direito à vida.


A estudante de teologia Viviane Salgado fez a leitura do Evangelho de Mateus, capítulo 25, versículos 31 a 46. Neste texto, momentos antes de ser entregue aos seus torturadores, Jesus fala aos discípulos sobre como Deus faz justiça e como podemos cooperar. Foi muito tocante a citação poética do Revdo Leobran, da 2ª IPI de Belém, embalando a música “Que estou fazendo se sou cristão”, de autoria de João Dias de Araújo. Em seguida, Revdo. Marcos Barros, anglicano, e o Revdo. Cláudio Lísias aprofundaram os ensinamentos e reflexões que o texto nos trás.


No final da celebração, a Elaine, da juventude da IPI, chamou a todos e todas para trocarem sementes de girassol e abraços de paz. A celebração culminou numa grande roda de irmãos e irmãs cantando “Deus chama a gente pra um momento novo...”. No final, partimos para o “3º sacramento”, como carinhosamente é chamado o cafezinho de confraternização na IPI de Belém.

Fonte: www.redecaic. blogspot. com


Tony Vilhena

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Movimento dos Metodistas Confessantes




Quinta-feira, 24 de setembro de 2009



Reverendíssimos e reverendíssima bispos e bispa.



Somos um grupo formado por aproximadamente cento e cinquenta cristãos metodistas, leigos e leigas, clérigos e clérigas, de todas as Regiões Eclesiásticas e Missionárias, unidos no propósito comum de refletirmos sobre nosso papel como metodistas diante dos desafios espirituais e políticos que se nos apresentam nos dias atuais.

Reunimo-nos através da troca de mensagens eletrônicas a respeito das mais recentes questões que desafiam o metodismo brasileiro e a partir de então analisamos a atuação da Igreja Metodista em todas as áreas, tanto em ambiente eletrônico (internet) como presencialmente, com o objetivo de valorizarmos a herança wesleyana e a prática metodista histórica em nosso seio.

Através do documento anexo, chamado “Movimento dos Metodistas Confessantes – Identidade Confessante: Consolidar, Avançar e Agir” apresentamos os principais pontos que norteiam nossa reflexão e nossa atuação.

Colocamo-nos à disposição dos bispos e bispa e continuamente oramos pelo bem de todos nós e pelo bem da Igreja Metodista.
Rede Metodista Confessante.


Movimento dos Metodistas Confessantes

Identidade Confessante: Consolidar, Avançar e Agir.

1. Valorizando a Identidade Metodista.

O movimento de metodistas organizado na Rede Metodista Confessante é um desafio imenso, primeiramente porque tomamos de empréstimo o testemunho da Igreja Confessante, movimento dos e das que não se dobraram à aquiescência da Igreja Evangélica da Alemanha ao nazismo. (Saiba mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Confessante). Portanto, o principal critério de participação nesse movimento brasileiro deve ser o da disposição ao testemunho.

Dar testemunho em tempos de autoritarismo e de recusa à transparência, implica declarar que “Deus é Luz e não há nEle treva alguma”. Implica assumir o princípio republicano de que tudo o que não for compatível com a luz do dia atenta contra o interesse geral. Implica denunciar o obscurantismo não apenas como fanatismo, sua face mais declarada e menos perigosa, mas, principalmente, como a proibição do dissenso. Na afirmação do/a outro/a; do dissenso como necessário à saúde do corpo eclesial e na recusa a reduzir o/a outro/a a espelho de nós mesmos; firmamos nossa unidade.

Nisso cabe a expressão do bispo brasileiro Paulo Ayres Mattos: “A noção de equilíbrio, concebida pelo metodismo histórico, nada tem a ver com a balança com os pesos justapostos. Tem a ver com o trapézio e a corda do circo – o equilíbrio não como ponto de descanso, de segurança, mas de tensionamento permanente e contínuo, de movimento e criatividade”.

No sermão 120, John Wesley deixa evidente esse “tensionamento” quando pergunta:” Mas será que somos verdadeiros com relação aos nossos próprios princípios? Por enquanto não usamos fogo ou varas. Não perseguimos até à morte aqueles que não concordam com nossas opiniões. Graças a Deus, as leis do nosso país não permitem isso; (...)”. Fica aí evidente o reconhecimento de Wesley sobre o caráter (ou falta) de certos cristãos metodistas e a indicação que ele não jogava as coisas para baixo do tapete eclesial.

Outro desafio desse Movimento Confessante deve-se à nossa proposta de voltar ao “útero” do metodismo histórico. Ou seja, “redescobrir” quem nós fomos e quem somos hoje. Isso pode nos surpreender de duas maneiras: 1) Poderemos descobrir que estamos na Igreja errada; que por não conhecermos a História do Metodismo vivíamos um engano; ou 2) Poderemos descobrir o quanto estamos distantes de nossas raízes espirituais e missionárias.

Para dar uma amostra do que poderemos descobrir fazemos uso das palavras de Duncan Reily: “Talvez a primeira coisa a estabelecer é que o Metodismo faz parte integrante do movimento protestante. Somos herdeiros da Reforma, mediante a Igreja da Inglaterra, cujos Trinta e Nove Artigos formam a base dos Artigos de Religião do Metodismo e cuja liturgia (O Livro de Oração Comum) exerceu muito mais influência na liturgia metodista do que muitos metodistas imaginam. Segundo Duncan Reily, podemos dizer que o Metodismo aceitou as três colunas principais da Reforma, a saber:
— A autoridade das Escrituras,
— a Justificação pela Fé
— e o Sacerdócio Universal dos crentes”. E Reily completa: “Tendo dito isso, temos que notar que, pela ênfase wesleyana na Santificação e Perfeição Cristã, o Metodismo também tem uma afinidade básica com o Catolicismo.” (In Revista Em Marcha: História da Igreja. Extraído das lições de nº. 15, 16 e 17).

No mesmo estudo Reily aponta cinco chaves para compreender nossa Herança Metodista:
1. A experiência religiosa de Aldersgate;
2. A evangelização;
3. O povo
4. A ênfase na santificação/perfeição cristã;
5. A ênfase missionária do metodismo wesleyano.

Localizar a evidência ou ausência desses cinco elementos da tradição no metodismo atual e refletir sobre as implicações missionárias e institucionais, sãos alguns dos objetivos dos/as Metodistas integrados à Rede Metodista Confessante.

Com a finalidade de corrigir as confusões dos pregadores e seguidores Wesley escreveu As Marcas de um Metodista; na página 2 ele diz: “Não desejamos ser também reconhecidos por ações, usos e costumes que sejam de natureza inconseqüente. Nossa religião não consiste na maneira em que nos vestimos, na postura do nosso corpo ou no cobrir de nossa cabeça; nem ainda em abstermo-nos do casamento, do comer carne ou bebidas, que são todas as coisas boas, se recebidas com ações de graça.“

Divulgar os documentos de Wesley, desafiar o estudo de seus sermões; unir e reunir o Povo Chamado Metodista em encontros fraternos será uma das atividades da Rede Metodista Confessante. Juntos/as vamos consolidar, avançar e agir. Junte-se à Rede!


2. Convite à união

À luz do protestantismo promotor da razão e da crítica - protestantismo esse que orientou John Wesley; convidamos homens, mulheres, jovens e juvenis Metodistas do Brasil a se juntarem ao Movimento Metodista Confessante a fim de que juntos/as possamos enfrentar com “equilíbrio” as “tensões” que precisam ser encaradas de frente; considerando inclusive que essas “tensões” não provêm apenas de causas internas e nacionais mas, inclusive, das transformações e dos desvios ocorridos no protestantismo mundial.

Nós, metodistas, sempre fomos do dissenso na experiência, do pluralismo no pensar e deixar pensar, mas nos reconhecíamos intensamente na vida comunitária e na disposição de caminhar juntos/as. Somos de origem diferente na mesma Igreja que nos acolheu um dia: pietistas, puritanos, crentes pentecostais, carismáticos, da tradição litúrgica, da transformação social, da denúncia profética, do trabalho pela justiça no mundo.
Recuperar o dissenso na experiência e a unidade (diferente de hegemonia) na vida comunitária e nos propósitos de ser Igreja é a principal motivação da Rede Metodista Confessante. Não temos dificuldade em caminhar junto com irmãos/ãs metodistas de experiência de fé diferente da nossa. É chegado o tempo de percebermos, de uma vez por todas, que as divisões e cortes dentro de nossa Igreja não decorem das questões relacionadas às formas como cada indivíduo expressa sua espiritualidade. Mas, por nossos compromissos íntimos ou pela ausência deles. É importante entendermos que o contrário de intolerância não é tolerância, mas, respeito ao diferente, seja ele ou ela quem for.

Se não conseguirmos testemunhar o mínimo de união e respeito mútuo dentro de casa cristã, como pensar em sermos “sal e luz” no mundo?

3. No cristianismo todos sãos sacerdotes e sacerdotisas

Ao passo devemos tolerar as diferentes expressões de fé dentro de nossa igreja e fora dela, é preciso sermos intolerantes com todas as formas de oportunismos, corrupções, desonestidades, autoritarismos e personalismos que permeiam as estruturas eclesiásticas. A esperteza mundana, a apropriação do espaço público da Igreja como ambiente particular de mando e manipulação; o domínio do aparato eclesiástico para fins escusos e para a censura ao diferente, precisa deixar de ser referendada pela nossa ingenuidade. Refletindo sobre o papel da juventude Tamara L. Walker diz: “... os sistemas sociais e políticos definem liderança em termos de 'auto-serviço' individual, status e poder. E nós nos conformamos com essa idéia dominante e dominadora de liderança.” (No artigo Papel de liderança da Juventude hoje. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p.14).

Nós, Metodistas Confessantes (e Metodistas mundiais), cremos que todos/as são ungidos/as por Deus; que o sacerdócio é universal para todos/as os/as crentes e que, portanto, não há entre nós, maiores nem menores. Conseqüentemente rejeitamos a idéia equivocada que há, entre nós, “autoridades incontestáveis”; aliás, esse é um dos pontos que nos difere de outros grupos religiosos. Quando certas “autoridades” tomam para si o trono de Jesus e delimitam para os demais a condição de suas “ovelhas” ou “discípulos/as” e admoestam com textos bíblicos isolados: “Aí daqueles que se levantarem contra os ungidos do Senhor!”; havemos de ter senso crítico e maturidade espiritual para analisar com profundidade os textos bíblicos e, mais ainda, devemos com toda “autoridade” dada por Deus e referendada por nosso serviço e testemunho de vida, reagirmos e denunciarmos tais atitudes, porque elas contradizem o entendimento de autoridade revelado por Jesus e assumido por sua Igreja aqui na terra. Ilumina-nos a jovem Tamara L. Walker da Igreja Metodista Unida: “Podemos escolher negociar nossos valores, e até perder nossos valores culturais. Podemos aceitar a cultura e os valores dominantes. Ou podemos cavar fundo na base dos ensinamentos bíblicos e viver uma liderança libertadora.” (No artigo Papel de liderança da Juventude hoje. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p.14).

Nós, Metodistas Confessantes, entendemos que é necessário recuperar a Igreja como comunidade “terapêutica”, espaço que propicia a acolhida e colabora para a conversão das pessoas e das estruturas sociais; comunidade que crê no poder do Evangelho de transformar pelo amor, graça e pela responsabilidade. Nossa Igreja brasileira tem perdido essa noção de ser Igreja. Por outro lado, assistimos a banalização do perdão a líderes inescrupulosos em sessões espetaculares na TV, com holofotes, choro e palmas da platéia. O artificialismo não muda a vida das pessoas. A graça não é barata, nem é tesouro da igreja, dizia o pastor Confessante Dietrich Bonhoeffer. (Livro: Discipulado, p. 9.)

Temos deixado de nos assumir como “sacerdotes e sacerdotisas”; e muitas vezes, nos colocado nos papéis de ovelhas cegas e, por isso, medrosas, obedientes e seguidoras de toda sorte de doutrina e de “falsos pastores”; alguns dos quais afirmam, sem corar a face, que “ovelha desobediente quebra-se a perna para que aprendam a ajoelhar e comer na mão de seu pastor”. No sermão número 1 Wesley diz: Sendo salvos da culpa, os homens são também salvos do temor. Não, em verdade, do filial temor de conceber qualquer ofensa, mas do medo servil que escraviza;...” No protestantismo mundial há “escravos” ludibriados por mega-projetos missionários, mega-igrejas, mega-shows evangélicos, etc.; por confiarem cegamente nos “nos ungidos” submetem-se a eles como se o fizessem ao próprio Deus.

O Pastor Metodista José Carlos Barbosa diz: “Nós, os protestantes, temos uma sensível predisposição de olhar com mais simpatia para as denominações consideradas evangélicas, mesmo que sejam portadoras das mais estapafúrdias 'teologias'". (Trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5ª. RE, realizado em novembro de 2005). O Pastor Confessante Bonhoeffer faz um alerta: “Teremos de nos considerar como co-responsáveis na formação histórica, de caso em caso e em cada momento, tanto como vencedores como derrotado”. (Livro: Resistência e submissão, p. 20.).

Carlos Mesters, frei e biblista brasileiro, ao analisar a caminhada dos nossos irmãos e irmãs do passado diz o seguinte: “Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Deus e buscando atingir para si e para os outros os bens da promessa divina. Muitas vezes, porém, esquecia o chamado de Deus e se acomodava. Em vez de servir a Deus, queria que Deus servisse ao projeto que eles mesmos tinham inventado. Invertiam a situação. É nestas horas que surgiram os profetas para denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus”. (Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo, p. 21.).

Se e quando assumirmos nossa condição de sacerdotes e sacerdotisas, vamos eventualmente, descobrir a nossa função profética dentro e fora de nossa igreja.

4. As Instituições Metodistas devem ser Meios da Graça

Num tempo marcado pela realidade social e religiosa carente de transformações Wesley tentou explicar o por que, no seu entendimento, Deus havia levantado os pregadores metodistas. A frase deve ser recuperada na sua inteireza: “Não para formar uma nova seita; para reformar a nação, em especial a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre a terra”.

Nós, Metodistas Confessantes, cremos que é essencial não deixarmos que nas comunidades, seja suprimida a mesa da Santa Ceia, aberta a todos/as cristãos/ãs a começar pelas crianças. Essa é a face mais pública da nossa abertura como Igreja e de nossa recusa a sermos seita. Na mesma direção, não podemos perder de vista a razão missionária de nossas instituições educacionais. Há autoridades que desejam tornar a Igreja Metodista numa “mega-igreja”; mas pouco se ouve falar missão como serviço aos pobres que seria a face mais visível do esforço para impedir que nossa igreja seja uma “seita grande”.

Como Confessantes, jamais devemos deixar que reduzam o significado da rede de universidades, centros universitários, faculdades e colégios; pois está aí a qualidade e potencialidade para se exercer influência social e testemunhar o Evangelho e as crenças metodistas. As instituições de ensino (apesar dos problemas administrativos e financeiros atuais) são as mais consolidadas, qualificadas e influentes entre todas as igrejas evangélicas do país e devem ser vistas como “instrumentos/vasos” missionários e não como “negócio”.

A educação para nós, metodistas, é meio de graça; porque a educação propicia a libertação das pessoas em várias perspectivas, inclusive e especialmente, da miséria. As Instituições Metodistas também ajudam nossa Igreja a não se comportar como seita. Elas são espaços de arejamento intelectual e de capacitação permanente de lideranças para a Igreja e para a sociedade. Porém há alguns anos, dirigentes da Igreja têm estabelecido uma relação venal entre a Igreja Metodista e as instituições de ensino. Em vez de mantenedora, a Igreja Nacional e algumas regiões, são por elas mantidas. Em vez de ofertar no altar, colhem mensalidade de estudantes. Em vez de as instituições de ensino serem agências missionárias, são, muitas vezes, espaços de promiscuidade e favoritismos; e isso explica parte das crises atuais.

Paul Tillich, um dos teólogos que deixou marcas profundas no século XX, definia o falso profeta como aquele que, vendo um muro com rachaduras decide pintá-lo e dá-se por satisfeito. A Bíblia adverte-nos sobre os perigos dos sepulcros caiados. Entre nós, confessantes, o princípio bíblico e doutrinário do Sacerdócio Universal de todos/as os/as crentes é o antídoto contra o que desvia nossa Igreja Metodista dos meios visíveis da graça e também contra o culto à personalidade promovido por alguns líderes de nossa Igreja, que se comportam como “gurus” espirituais e reduzem a participação leiga à obediência cega. Só encontramos um nome para isso: Abuso espiritual. A distinção no comportamento dos que ocupam cargos de caráter religioso deve ser rigorosamente mais elevada que os de caráter secular; quando não o é, fica implícito o “abuso de um poder sagrado”.

De igual modo e de grande importância, destacamos e defendemos a presença pública e missionária da IM através de suas entidades e instituições sociais que exercem uma articulação entre atos de piedade e obras de misericórdia, que se integram em redes de movimentos sociais em favor de pobres e oprimidos, e de grupos marginalizados e discriminados.

Nesse ano em que o Credo Social chega ao centenário, doutrina social da IM, temos o desafio identificatório metodista para que toda a igreja seja de fato comunidade missionária em serviço com o povo brasileiro e, sentido, todas as instituições eclesiásticas de diversas ordens devem se tornar, mais que aparato e símbolos de poder, devem se tornar fortemente e publicamente servas.

O “poder”, tanto institucional como espiritual só faz sentido se vislumbrar o “serviço” fecundo, respondendo de forma integral as carências presentes em nossa sociedade brasileira; inclusive as carências educacionais.

5. Poder é serviço

O sentido do Sacerdócio Universal de todos/as os/as crentes deve ser antídoto também para a tentação ao governo eclesial despótico. É preciso relembrar que o metodismo é conciliar, conexional e até episcopal; nessa ordem. Em muitos lugares mundo afora o metodismo não é episcopal (Inglaterra, igrejas do esforço missionário inglês e outras como a do Uruguai) ao contrário, mas defende o princípio de que o poder na Igreja é exercido a partir dos concílios e que as igrejas devem viver em conexão. Não é o episcopado que une o metodismo universal, mas a missão e o serviço. Nos países em que compusemos Igrejas Unidas a primeira coisa de que aceitamos abrir mão foi do episcopado: Canadá, Índia, Japão, etc.

Vale lembrar que o próprio Wesley era contra o regime episcopal. A adoção desse regime aconteceu à sua revelia nos Estados Unidos, através do sistema do voto conciliar; que era e continua sendo o lugar de mudanças.

Algumas vozes afirmam que o 18° Concílio Geral recente tornou o episcopado mais forte. O que faz uma instituição ser forte são as pessoas que a encarnam e os sinais que ela deixa na sociedade. O episcopado não é palavra mágica que tornará forte quem é fraco ou tornará exemplar quem tem conduta reprovável.

Deve chamar-nos atenção a idéia de episcopado vitalício que há muito ronda nossos Concílios. O 18° Concílio resolveu de forma leniente e culposa dar, a bispos sem voto, o título de bispos honorários. Obviamente não negamos o reconhecimento aos bispos que foram intitulados, o que chama atenção é que hoje na Igreja Metodista brasileira, parece vergonhoso ser pastor, humilhação voltar à igreja local; quando tudo deveria se legitimar a partir da igreja local. Em vez de bons pastores após um tempo de episcopado, na legítima alternância que a vida republicana exige, bispos eméritos ou honorários.

Houve quem saísse a buscar argumentos a um suposto “múnus episcopal”, como se o episcopado para nós fosse ordem, como se crêssemos que desde Pedro, o episcopado tem se perpetuado em linha de sucessão. O Mais interessante é que isso tenha acontecido no mesmo momento em que se rompiam relações com a Igreja Católica.

Lembremos: para nós metodistas a ordem é presbiteral e o episcopado deve ser o humilde exercício extraordinário do presbiterato; é poder para servir, nada mais.

Em carta, Wesley adverte John Trembath um dos pregadores: “... Quer você goste disso ou não, leia e ore diariamente. Isto é para sua vida; não há outro meio, do contrário você se tornará uma pessoa frívola a vida inteira, e um pregador afetado e superficial. Seja justo com sua própria alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não continue a se matar de fome.” (Seleções das cartas de João Wesley, p.6).

Para o bem da Igreja e da democracia interna, é importante termos uma ordem presbiteral forte, bem formada, valorizada e, no essencial, coesa (diferente de homogênea). Episcopado é condição temporária e especial; e a depender dos abusos do poder e da irrelevância para o caminhar da Igreja, pode vir a ser abolido pelo Concílio, que é o lugar onde leigos/as e clérigos/as, através do voto, fazem as mudanças que julgam necessárias à vida da Igreja. Daí a importância que conheçam com “profundidade” a tradição, os documentos, a estrutura e funcionamento e os propósitos missionários da Igreja Metodista, bem como, possuam uma visão, ao menos parcial, da realidade que cerca as diversas comunidades brasileiras.

6. Os grandes almejam relevância...

Para o Pastor Metodista José Carlos Barbosa “O metodismo entrará em declínio não por ser refutado ou perseguido, mas quando se tornar irrelevante, insensível, opressivo e insípido.” (Trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5ª RE, realizado em novembro de 2005).

O declínio do metodismo brasileiro pode ser facilmente evidenciado pelo esforço extremado de crescimento rápido, proposto por alguns líderes, por sua invisibilidade e falta de influência na sociedade brasileira (ainda nos confundem com os adventistas) e pela “sensação” opressiva que paira, mais fortemente desde o 18° Concílio Nacional, sobre ecumênicos/as, teólogos/as e especialmente, sobre os/as não “alinhados/as” ao perfil da liderança nacional.

Opressivo também tem sido a cobrança ao ministério pastoral e igrejas por crescimento a todo custo, criando uma atmosfera de ganho por produção, desestabilizando ministérios e gerando mal-estar psicológico em liderança e suas famílias, por não se alinharem a abordagens estranhas ao anúncio simples do evangelho.

Nesse sentido, a “IM deve tratar-se pelo evangelho e divã de Cristo, de seu “complexo de pequenês” adquirida ao longo dos anos e atualmente diante do crescimento de outros grupos religiosos”. Seu tamanho e qualidade deve ser aferido a partir de uma identidade relevante no país em relação ao Evangelho somente.

“Há na verdade, pouca dúvida, de que o cidadão inglês do século dezoito, de maior importância para o mundo não era um político nem poeta, nem soldado ou marinheiro, mas o pequeno itinerante a cavalo – O grande cavaleiro, como eu o chamaria – que ainda está cavalgando para novas conquistas”; disse em 1928 o historiador J. Ernest Ratlembury ao escrever sobre o Legado de Wesley para o Mundo. (Seleções das cartas de João Wesley; p.5).

O que será escrito sobre os atuais líderes do metodismo brasileiro? Como eles (elas?) têm usado seus cargos, seus títulos e suas posições de poder? Que legado eles e (elas?) deixarão para o mundo?

Se almejarmos ser Igreja discípula de Jesus, sendo sal da terra e luz do mundo, precisamos enfrentar as questões do mundo atual à luz da caminhada de Jesus. É necessária a firme defesa dos Direitos Humanos, contribuindo para “eqüidade” das mulheres, dos negros e dos pobres. E isso, obviamente, só será possível através de intervenções contundentes que garantam que as políticas públicas e o dinheiro subtraído, especialmente dos pobres através dos impostos, sejam de fato, revertidos em prol dos que precisam. Os discursos ideologicamente equivocados, ditos nos púlpitos de nossas comunidades, que afirmam que “os/as crentes não devem se envolver em política”, precisa ser encarado como nítido desvio ou total falta de entendimento do ministério de Jesus aqui na terra.
A entrada triunfal em Jerusalém e sua morte precisa ser lida e relida à luz do contexto brasileiro onde os líderes, políticos e religiosos, exploram o povo sofrido de nossa Pátria. Ser sal e Luz imitando Jesus significa, nesse sentido, inclusive contribuir para a formação política nas comunidades a fim que os membros saibam como fiscalizar e denunciar as corrupções e as injustiças a sua volta, bem como compreenderem a importância do voto na política e na igreja.

Mais que nunca é preciso empoderar (através do voto, mas sobretudo através de reflexões e ações sociais práticas) homens e mulheres que realmente tenham em seus corações o entendimento que a posição de poder na igreja e na sociedade só faz sentido quando tem o propósito de servir e promover à eqüidade; nada mais é que o esforço de aproximar os injustiçados da justiça, os doentes do cuidado, os famintos da mesa... Isso é fazer o Reino aqui na terra como nos céus, tal como Jesus nos ensinou.

7. A mesa é de Cristo

Ao orientar os primeiros pregadores e seguidores/as do movimento metodista Wesley escreve: ”De modo algum, porém, queremos nos distinguir dos cristãos reais – qualquer que seja sua denominação – como também daqueles que, sinceramente, buscam aquilo que reconhecem ainda não possuem. 'Pois quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está no céu, este é meu irmão e irmã ou mãe'”. (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p.8).

Num mundo em que o mapa das guerras e conflitos armados aponta as religiões organizadas como maior fator de ódio entre os povos, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso estão entre as mais importantes afirmações de busca da Paz. “Eu não acredito na existência de uma espiritualidade que não seja solidária e que não veja na outra pessoa o reflexo de Cristo.” (Richarlls Martins, Igreja Metodista do Brasil, no artigo O mundo é minha paróquia. In: Juventude: ressuscitadora de Esperança - Caderno de Formação para Missão, p. 27).

Somente a crença equivocada de que somos donos da mesa de Cristo e, portanto, mais especiais que os outros, pode explicar nossa intolerância. Por isso Wesley, ao falar das marcas dos metodistas escreve: “... Eu gostaria que toda gente entendesse que eu, e os que me seguem (os Metodistas), veementemente nos recusamos a sermos distinguidos dos outros homens a não ser pelos princípios do Cristianismo – o simples, o velho cristianismo é o que eu ensino, renunciando e detestando a todos os demais sinais que sirvam para a distinção. Qualquer pessoa que seja o que eu proclamo (qualquer que seja a denominação que prefira, pois nomes não mudam a essência das coisas) é um Cristão (...).” (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p7.).

O compromisso com o ecumenismo e com o diálogo inter-religioso indica nossa recusa de ser seita; nossa recusa em aceitar que as religiões sejam usadas por líderes políticos/religiosos para fomentar o ódio. Por causa deles, há muita gente no mundo disposta a morrer ou matar em nome de Deus. Por isso, em nosso país devemos estar atentos aos líderes religiosos que pregam e agem contra essas e outras afirmativas para a Paz; como se Deus fosse patrimônio de certos os grupos. Ao falar das Marcas de um metodista Wesley afirmou: “Quanto, porém, a todas as opiniões que não atingem à raiz do cristianismo, nós pensamos e deixamos pensar, pois quaisquer que sejam, certas ou erradas, não são as marcas distintivas de um metodista, como também não o são palavras ou frases de qualquer espécie.” (João Wesley, As Marcas de um Metodista; p.2)

Não é só a Igreja, instituição, que deve perguntar por sua relevância; cada individuo deverá perguntar que legado deixará nesse mundo.

Quando o missionário metodista Stanley Jones e outros cristãos arriscavam suas vidas para seqüestrar mulheres viúvas que seriam mortas na cerimônia fúnebre de seus maridos, conforme a tradição em determinados lugares da Índia, demonstraram a importância da “rebeldia”. Não podemos ser reféns da cultura, como não podemos ser reféns de um “Mercado religioso” orientado por conveniências de momento. É conveniente que líderes religiosos aceitem pressões moralistas a favor da homofobia, contra o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, contra maçonaria, etc.; quando assim agem, escondem medos pessoais e apequenam-se em seus oportunismos eleitoreiros, cujo desejo primário se evidencia apenas pela manutenção de seus cargos e salários. Procure os/as “Stanleys Jones” da Igreja Metodista brasileira. A presença ou a ausência deles/as é um forte indicativo se estamos, ou não, sendo sal e luz como igreja.

Na mesa que tem Cristo como anfitrião todos são acolhidos com amor, respeito e tolerância. Como discípulos/as somos livres para "não aceitar", mas, tolerância, amor e respeito está além de nossos valores particulares; é peculiar de nossa ética cristã.

8. O Espírito Santo sopra onde quer.

Há outros grupos metodistas, que como nós Confessantes, estão preocupados com o abandono da Identidade Wesleyana. Alguns apontam como evidencia disso a ausência da ordem litúrgica: o louvorzão, (ou karaokê evangélico como brincam os saudosistas) a “pentecostalização” das mensagens e das orações, a forte presença da teologia da prosperidade, a opção pela apresentação do Deus sem graça e a visível manipulação das pessoas através do terror, etc.

Com bom senso, alguns desses grupos têm entendido, como nós Confessantes, que o que se vê nos cultos é resultado da (des)orientação na condução teológica e espiritual da gente honesta que compõem nossas comunidades. Com o discurso gasto que “o culto não é para nós, é para Deus”, vai-se fecundando toda sorte de doutrinas.

Em respeito à fé sincera das comunidades, não nos cabe julgar nem fazer juízo da maneira que cada qual expressa “individualmente” sua espiritualidade. Todavia, devemos reagir com toda firmeza quando uma “forma” vira “modelo” e exigência (velada ou aberta) para todos/as metodistas; e quando pessoas são discriminadas e rotuladas de “frias” e sem o “fogo” do Espírito Santo porque não se enquadram ou não se submetem aos modelos espirituais impostos.

Ao escrever sobre As Marcas de um Metodista Wesley diz: “Nós não prendemos a nossa religião, no seu todo ou em parte, a qualquer modo peculiar de falar ou a qualquer conjunto de expressões extravagantes ou incomuns. Preferimos, antes que quaisquer outras, as palavras mais óbvias e mais simples, para comunicar o que temos a dizer, seja nas ocasiões comuns, seja quando falamos das coisas de Deus.” (As Marcas de um Metodista, p.2).

É oportuno o testemunho de um irmão Confessante da 4ª RE:
“Tenho necessidade dos credos, das antífonas, de muitos hinos, do coral, do café depois do culto. Fico encolhido diante dos abraços forçados pelo dirigente, ou de alguém que resolveu mandar Deus me abençoar com as mãos sobre a minha cabeça. Apavoram-me gritos do pregador, a exaltação do dízimo e das exigências financeiras para vaidade e não para o cuidado do próximo. Falta a referência nas Sagradas Escrituras como medida para a vida; sobra receituário de auto-ajuda no sermão. Sofrido é agüentar as duas horas de louvor, a desvalorização do estudo bíblico e da escola dominical, da visitação e de tudo que lembre a disciplina evangélica.”

Encerramos esse documento com o clamor de Wesley que revela seu esforço para que o Movimento Metodista não se tornasse uma seita; um de seus grandes temores.

“E assim vos rogo, meus irmãos, pelas misericórdias de Deus, que não sejais divididos entre vós. É o teu coração reto para comigo, assim como o meu o é para contigo? Eu nada mais pergunto. Se assim o for, dá-me a tua mão. Não destruamos a obra de Deus por causa de simples termos e opiniões. Tu serves e amas a Deus? Isto é o bastante. Estendo-te a minha mão direita em sinal de comunhão. Se há qualquer consolação em Cristo, se há qualquer conforto no amor, se há comunhão no Espírito, lutemos juntos pela fé evangélica, andando de maneira digna da vocação a que fomos chamados, com toda humildade e mansidão, assim também com longanimidade. Suportemo-nos uns aos outros em amor e esforcemo-nos para manter a unidade do Espírito, no veículo da paz, lembrando sempre que há um só corpo como também um só espírito, pois nossa vocação está em apenas uma esperança: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. (As Marcas de um Metodista, p.8).

É sempre bom lembrar: Wesley nasceu e morreu Anglicano.

O Movimento Metodista Confessante é uma Rede de amigos e amigas, jovens e adultos com o objetivo de:

Consolidar idéias e ideais e, através destes Avançar nos propósitos de integração e união entre as Regiões Eclesiásticas; e Agir para a valorização da identidade Metodista.

Junte-se a nós. Crie seu grupo de estudo: Um clube Santo ou quem sabe, um Caminho da Graça, onde pelo menos uma vez por mês você e seus amigos/as se reúnam para comunhão e conhecimento de nossas raízes.

“Perseverai na oração, velando nela com ações de graça. Orai também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou preso. Orai para que o manifeste como devo fazer. Andai em sabedoria para com os que estão de fora, aproveitando bem cada oportunidade. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como deveis responder a cada um.” Colossenses 4. 2-6:

Graça e Paz,
Rede Metodista Confessante
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Para aprofundar os estudos desse documento Consulte:
BARBOSA, José Carlos. Ele é Pastor Metodista e Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Metodismo e Educação (CEPEME) IEP/UNIMEP. O texto citado aqui é parte de um trabalho sobre eclesiologia, apresentado no Concílio Regional da 5ª. RE, realizado em novembro de 2005.
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. [Nachfolge]. 2a. ed. Trad. Ilson Kayser. São Leopoldo: Sinodal, 1984.
REILY, Ducan. In Revista Em Marcha: História da Igreja. Lições nº. 15, 16 e 17. São Paulo: Imprensa Metodista, 1988 - Disponível em http://www.metodistaecumenico.blogspot.com/ - dia 25/03/08).
MESTERS, Carlos. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 4a. ed. Petrópolis: vozes, 1991.
Juventude: ressussitadora de Esperança: Caderno de Formação para Missão. Tradução e Edição Rosângela Soares de Oliveira. Nova Iorque: Junta de Ministérios Globais da Igreja Metodista Unida, 2006 (Resultado da participação de jovens Metodista no Fórum Social Mundial em 2005).
WESLEY. João. As marcas de um metodista. Disponível em: http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/As_marcas_de_um_Metodista.pdf