quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ato Ecumênico em memória dos mortos e desaparecidos durante a Ditadura

Ato Ecumênico em memória dos mortos e desaparecidos durante a Ditadura




Ato Ecumênico em memória dos mortos e desaparecidos durante a Ditadura e também dos mortos e desaparecidos de hoje. Será no dia 2/11, às 10h30, no Cemitério do Araçá, em São Paulo, junto ao Columbarium onde estão os ossos de mortos enterrados clandestinamente pela ditadura no Cemitério de Perus.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Hinário Metodista Brasileiro - Projeto Aprovado pelo 18º CG é Encerrado Sem Explicações?

Hinário Metodista Brasileiro - Projeto Aprovado pelo 18º CG é Encerrado Sem Explicações?




O 18º Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado em primeira fase em Aracruz e em segunda fase em São Bernardo do Campo, aprovou a criação do Departamento Nacional de Música e Arte, bem como a produção de um Hinário Metodista Brasileiro, já que o Hinário Evangélico, atual hinário oficial de nossa denominação, é na verdade um hinário ecumênico, compilado pela antiga Confederação Evangélica e muitos de seus hinos não refletem a teologia metodista. Outro aspecto é que o novo hinário contemplaria a produção hinológica brasileira e latinoamericana contemporânea, bem como seria mais inclusivo com relação a hinos voltados para crianças.

No 19º Concílio Geral o DNMArte apresentou uma amostra, com trinta e oito hinos, cento e oito páginas com partituras e CD com acompanhamentos. Todavia, inexplicavelmente a Igreja Metodista abortou o projeto sem qualquer explicação à equipe que havia sido designada para elaborá-lo.

Em 30 de agosto de 2013, ao questionar, via redes sociais, a Igreja Metodista sobre a posição na qual o projeto se encontra, o rev.Luiz Carlos Ramos responde o seguinte: 

"Caro, fiquei aguardando pra ver se algum porta-voz autorizado responderia à sua indagação. Como ninguém se pronunciou, e por ter feito parte do processo de construção do projeto do HMB, sinto-me na obrigação de lhe dar uma satisfação. Infelizmente, ao que tudo indica, o projeto foi abortado. Não sei bem como uma decisão conciliar pode ser revogada por instâncias subalternas, mas parece que na Igreja Metodista muita coisa obscura como essa anda acontecendo. Quando foi para redigir o projeto eu fui convocado, mas pra sepultá-lo, não tive sequer a honra de ser notificado. O HMB, na minha opinião, se concretizado como previa o projeto, seria sem dúvida o melhor hinário dentre os hinários brasileiros. Tomo a liberdade de compartilhar com vc as minhas anotações das reuniões do GT de que participei, e também a Mostra preparada para o último Concílio (Brasília). Nele trabalharam arduamente a Profa. Lisete Espíndola, o Maestro Jonas Paulo Silva, o acadêmico de teologia Yuri Steinhoff, e o Prof. Luiz Carlos Ramos. Infelizmente, justamente quem não moveu uma palha para colaborar nesse trabalho incrível, foi quem decidiu despachá-lo desta para pior. Compartilhando aqui, quem sabe alguma outra igreja possa aproveitar a ideia. Para quem quiser conferir: http://www.luizcarlosramos.net/hinario-metodista-brasileiro-b/"

Em 22 de outubro perguntamos ao rev.Edson Mudesto sobre o andamento do projeto HMB, especificamente as seguintes questões:

O projeto do HMB ainda está em andamento ou foi encerrado? 
Caso tenha sido encerrado, quem é o responsável por tal decisão? 
Caso o projeto ainda esteja em andamento, qual é o cronograma com próximas reuniões e próximos passos do projeto?
Quem são os atuais integrantes do Grupo de Trabalho responsável pela elaboração do HMB?

No dia 23 de outubro o rev.Edson Mudesto respondeu o e-mail, todavia, sem responder a nenhuma das questões elencadas, dizendo apenas que ele e o revmo.Adonias, bispo-presidente da Igreja Metodistas, estariam elaborando um texto a ser publicado no Expositor Cristão com informações concernentes ao projeto.

Posteriormente, após nova insistência em relação a uma posição mais clara, o rev.Edson Mudesto afirma que o projeto terá continuidade, acrescentando que houveram diversas reuniões do DNMArte de 2011 até hoje tratando do assunto. Todavia, tais reuniões aconteceram sem a presença de membros da 3ª Região e do GT responsável pelo projeto. Aqui podemos ver qual a composição do DNMArte criado pelo 18º Concílio Geral: http://www.metodistavilaisabel.org.br/paginicial/noticia.asp?Numero=1736

Além dos representantes das Regiões, o GT do Hinário Metodista Brasileiro era formado por especialistas, músicos e produtores, com tarefas bastante definidas sobre suas atribuições e contribuições. Estes integrantes do GT também não participaram das reuniões que ocorreram após a confecção da amostra do Hinário distribuída no 19º CG. 

Estes acontecimentos levantam questões éticas e canônicas: o DNMArte interrompeu um projeto cuja execução havia sido matéria de Concílio Geral. O DNMArte contou com substituição ou eliminação de seus componentes sem que os mesmos tivessem sido comunicados.

Lamentamos profundamente o fato de que a burocracia interna da Igreja Metodista descumpra de maneira tão flagrante uma determinação conciliar e aborte a produção de um recurso cuja necessidade fora detectada pelo Concílio Geral. 


Aqui - outro link para obter a amostra do Hinário Metodista Brasileiro: http://www.metodista.br/fateo/noticias/AMOSTRA_DO_HMB.pdf

Atualização em 29/10/2013: Após contato com o rev.Edson Mudesto em 22/10 e publicação do texto em 28/10 às 8h, o revmo.Adonias Pereira do Lago emite palavra orientativa sobre o projeto do Hinário Metodista Brasileiro, publicado no site da Sede Nacional. Sua palavra confirma as informações apuradas, de que o projeto não avançou desde julho de 2011 e que ele está suspenso por tempo indeterminado.

Causa estranheza o fato de que tal comunicação tenha-se dado apenas agora, sem que os membros do Grupo de Trabalho ou do DNMArte tenham sido informados antes, irmãos e irmãs que dedicaram seu trabalho voluntário, dons e ministérios para a elaboração e execução do projeto.

Segue texto do bispo Adonias.
A Igreja Metodista Brasileira possui um Departamento Nacional de Música e Arte, cuja maior preocupação é de assessorar as Igrejas locais no exercício de seus ministérios, dentro da visão e prática do seja servir e adorar a Deus por meio da música e arte. Para isto, está disponibilizado via site na área nacional um link com materiais de apoio e capacitação musical para os respectivos ministérios que atuam junto as nossas comunidades ( www.metodista.org.br/musica-e-arte).
Os bispos e bispa da Igreja percebem uma riqueza nesta área, porém entendem que tudo pode ser melhor para a glória de Deus e edificação da Igreja, bem como sua aplicabilidade destas ferramentas na expansão missionária e no crescimento com qualidade de cada comunidade local.
O Departamento busca auxiliar o ministério local, por meio da motivação a excelência nesta área, visando o cumprimento da missão de ser e fazer discípulos e discípulas de todas as nações. São bem vindos em nossas celebrações cúlticas a presença de corais, grupos, bandas, duetos, trios, conjuntos, acompanhados de órgãos, pianos, bem como instrumentos de sopro, cordas, percussão, etc. Tudo feito com boa harmonia, boas letras e com muita dedicação aos ensaios, compromisso e consagração de quem os fazem.
Alem das ações citadas, ver nosso povo cantando em uníssono lindos cânticos, maravilhosos hinos, preferencialmente bem acompanhados instrumentalmente, é nossa satisfação e cremos ser maior ainda de Deus, que recebe o louvor e a adoração por meio das musicas.
Também nos alegramos quando adoramos a Deus ou somos edificados por meio de coreografias, teatros ministrados ao Senhor com bom conteúdo, dedicação, amor, visando tão somente a gloria de Deus e a edificação do povo de Deus.
Motivamos a todos/as que são chamados para exercerem este ministério especifico, que busquem o constante aperfeiçoamento pessoal e ministerial, na perspectiva da santidade pessoal, conduta coerente com o evangelho, no templo e grupos pequenos, bem como fora destes espaços. Alertamos para que todos evitem simplesmente copiar ou seguir os modismos, mas buscar em Deus letras e melodias que edificam a Igreja e desperta nosso povo a verdadeira adoração, serviço e pratica do discipulado como estilo de vida, como expressão de nossa obediência ao chamado missionário que Jesus Cristo faz a todos nos.  
Enquanto seus pastores e pastora, passamos a vocês um palavra orientativa quanto ao Hinário Metodista Brasileiro.
Primeiro: motivamos cada Igreja local a continuar usando, juntamente com bons cânticos, o atual Hinário Evangélico em cultos no templo, bem como nos grupos pequenos. Ele oferece hinos de excelente teologia e conteúdo de grande valor espiritual para a vivência de nossa espiritualidade e missão. Ame e cante o nosso hinário com carinho!
Segundo: forjar um novo hinário demanda tempo, recursos técnicos, teológicos, financeiros de grandes proporções e neste momento não temos condições para fazer tal investimento. O projeto no tempo certo e em condições adequadas voltará a ser colocado em pauta para dialogar sobre sua continuidade, bem como decidir sua importância missionária na vida e missão de nossa Igreja.
Foi elaborado um protótipo do hinário e foi apresentado ao 19º Concilio Geral. Este conteúdo não será perdido, mas aproveitado por cada uma de nossas Igrejas. Somos gratos a Deus pelos irmãos e irmãs que colaboraram neste projeto inicial.
Que o Deus Santo e Poderoso continue sendo adorado, glorificado por meio da música e arte na vida e missão de nossa Igreja. Esperamos que todo povo metodista continuem focados no centro de nossa existência enquanto cristãos, crescendo na fé, comunhão e serviço, em especial sendo e fazendo novos discípulos e discípulos pelos caminhos da missão em terras brasileiras e até os confins da terra.
Bispo Adonias Pereira do Lago
Presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista
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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Culto de Ação de Graças em Memória do Rev.Celsino de Oliveira Paradella.

Culto de Ação de Graças em Memória do Rev.Celsino de Oliveira Paradella.


Dia 02/11/2013 às 19h30.
Igreja Metodista em Bela Aurora - Juiz de Fora/MG

Noite de autógrafos do livro "A Casa de Meu Pai e suas Muitas Moradas", de Clóvis de Oliveira Paradela.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Censura na Página do Expositor Cristão no Facebook?

Censura na Página do Expositor Cristão no Facebook?

Aconteceu entre os dias 29 de setembro e 02 de outubro de 2013, na Catedral de Roma, a Conferência Pela Paz, organizada pela Comunidade de Santo Egídio com a participação de líderes católicos, protestantes, anglicanos, ortodoxos, muçulmanos e judeus. 

O revmo.Paulo Lockmann representou o Concílio Mundial Metodista na conferência.


O perfil oficial do jornal Expositor Cristão divulgou a participação do bispo brasileiro na conferência, mas estranhamente apagou a postagem de sua página. 


Em primeiro lugar este acontecimento causa constrangimento aos metodistas brasileiros e brasileiras que conservam-se fieis à herança do metodismo histórico e permanecem dispostos e abertos ao diálogo ecumênico. Afinal de contas, o mesmo tipo de diálogo que nosso bispo brasileiro realiza no exterior, é vedado aos metodistas aqui no Brasil.

Em segundo lugar, o constrangimento se dá pelo fato de estar havendo tentativa de se ocultar informações dos metodistas brasileiros. Segundo informações, o próprio revmo.Paulo Lockmann solicitou a retirada da notícia do ar.

Aqui uma reprodução da notícia no perfil oficial do Expositor Cristão, posteriormente retirada:





E aqui uma imagem que mostra que o perfil do Expositor Cristão excluiu a postagem a pedido do bispo Paulo Lockmann:





Atualização: Cerca de vinte e quatro horas depois de apagada a notícia conforme solicitação do revmo. Paulo Lockmann, perfil oficial do Expositor Cristão volta a publicá-la: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=215424138631567&set=a.210350989138882.1073741831.209979669176014&type=1

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

TRAVESSIAS TORTURADAS - Resenha

TRAVESSIAS TORTURADAS - Resenha




Eliézer Rizzo de Oliveira
eliezer_rizzo@uol.com.br

Eu conhecia Dermi Azedo de referência no meio ecumênico. Mas nunca tínhamos tido a oportunidade de uma aproximação e apresentação. Sem sucesso, eu procurara seu livro “Travessias torturadas” 1 em diversas livrarias.

Fiquei imensamente feliz em conhecê-lo na capital paraense, no início de agosto de 2013. Nosso amigo comum Flávio Rocha (cientista político da Universidade Federal de São Paulo) convidou-o para um evento que decorreu de minha iniciativa, juntamente com meu colega Paulo Cunha (historiador da Unesp de Marília, SP): a mesa redonda “Comissão da Verdade” dentro do VII Encontro Nacional de Estudos de Defesa, que a ABED (entidade nacional sobre estes temas) promoveu na belíssima cidade de Belém.

Eu me encontrava na mesa dos trabalhos quando vi Dermi entrar no auditório em uma cadeira de rodas. Emocionado, deixei da mesa e fui cumprimentá-lo. Trocamos algumas palavras, senti que havia tantas experiências e referências comuns que parecia que éramos amigos há tempos.

Se eu conhecia o perfil do autor enquanto jornalista e militante de direitos humanos, o livro que ora comento acrescenta muitas informações sobre sua vida e militância política. A primeira que me acorreu, faz alguns meses, emocionou-me sobremaneira. Foi a respeito da perda de seu filho cuja história é de arrepiar. Dermi e esposa haviam sido presos pela equipe do fascínora delegado Sérgio Fleury, do DEOPS de São Paulo. Além de sofrerem nas mãos deste ícone da repressão política nos termos mais abjetos e ilegais, mais atentatórios aos direitos humanos, Dermi e esposa viram seu filho Carlos Alexandre, um bebê, sofrer “em seu frágil corpo de criança a brutalidade da repressão fascista dos porões do DEOPS/SP”. O menino carregou consigo as dores e as consequências de tal violência. Adulto, afastou-se da vida que lhe era demasiadamente pesada.

Dermi escreveu ao seu filho uma carta lindíssima que divulgou no Facebook, onde a li. A partir daí, passamos a ter algum contato. Portanto, foi com este pano de fundo que tive o prazer de conhecê-lo em Belém para um debate sobre um delicado tema dos direitos humanos em nosso país que é a Comissão da Verdade.

Dermi escreve muito bem, de modo claro e elaborado. Misto de texto jornalístico com texto acadêmico, ou melhor, com as virtudes de ambos.

O livro, que é uma referência sobre a Igreja Católica sob o regime militar, abre-se com uma declaração de amor à democracia:

A democracia formal não pode iludir-se sobre o caráter efêmero e susceptível das democracias de Estado de Direito. Trata-se de uma planta bela e fraca, por natureza, que exige ser cuidada cada minuto do dia; do contrário, a falta de água felicitará a tarefa dos abutres e todas as nossas serão exterminadas. No entanto, existem sinais de esperança. Espero que este livro contribua para reforçar a esperança em um Brasil justo, e fraterno, e solidário” (p. 8-9).

Dermi participou do movimento estudantil dos anos 1960 que se notabilizou por inúmeras manifestações grandiosas. Foi preso no congresso da UNE em Ibiúna, interior de São Paulo, sobre o qual a repressão se abateu. Ele relata sua prisão, sua fuga para o Chile com apoio da Igreja, dedica páginas muito significativas a pessoas que foram atingidas pela repressão, a exemplo do dominicano Frei Tito, que tirou sua própria vida no exílio.

De retorno ao país, foi secretário de Educação de Currais Novos, sua potiguar cidade Natal, função da qual foi expelido por pressão de autoridades militares (p. 35-36).

Atuou no movimento ecumênico de direitos humanos em torno da figura magnífica do Cardeal D. Paulo Arns.

Repressão política.

Dermi nos leva a um passeio por diversos temas dos direitos humanos, das igrejas cristãs (a Católica, em particular) e da repressão durante o regime militar. O capítulo “Estrutura e funcionamento da repressão” é muito relevante, pois contém informações pertinentes e ajuda na compreensão deste fenômeno único que foi a dominação militar sobre o Estado, o governo, as instituições sociais. Acrescento, dominação sobre a própria vida das Forças Armadas e dos militares enquanto funcionários.

Ele examina o papel do Serviço Nacional de Informações, criado pelo primeiro general presidente Castelo Branco por proposição do general Golbery do Costa e Silva, que posteriormente teria considerado sua própria obra como um monstro. O autor equivoca-se numa informação de menor importância ao identificar o general Costa e Silva (ministro da Guerra do primeiro governo militar) como chefe do SNI, de onde teria saído para ocupar a Presidência da República. De fato, o general Figueiredo cumpriu este roteiro no governo Geisel, a quem sucedeu; antes dele, o general Médici foi chefe do SNI e sucedeu Costa e Silva (p. 47).

Importa mesmo é que sua análise do SNI é muito bem fundamentada, assim como de toda a estrutura nacional de informações cujo epicentro era o próprio SNI. O mesmo no tocante aos aparelhos repressivos, cujas informações Dermi remete em nota de rodapé ao coronel Brilhante Ustra, autor do livro “Rompendo o silêncio” com o qual pretendeu oferecer resposta ao “Brasil Nunca Mais” (p. 51). Destaco a liberdade intelectual com que Dermi buscou informações no livro de um militar que é verdadeiro ícone dos tempos e procedimentos repressivos. Um pesquisador competente e independente deve agir precisamente deste modo.

Dermi pergunta quais teriam sido as motivações de policiais e militares a atuar nas estruturas da repressão política. Ele identifica quatro motivações “puras”: “razões de Estado”, “obediência devida”, “vingança explícita” e “perspectiva de ascensão profissional” (p. 55-56). Imagino que estas motivações possam ter-se combinado de 
maneiras diferentes conforme os casos. E conheço militares que se recusaram a participar deste esquema em razão de suas convicções democráticas. Um deles disse-me que colocaria sua carreira a prêmio, mas jamais seria um torturador.

As influências de Israel, Estados Unidos e França no sistema de repressão política são apontadas pelo autor com muita propriedade. Estas influências disseram respeito a métodos de investigação e de tortura, que os repressores brasileiros combinaram com métodos ainda hoje usuais na atividade policial, dentre eles o emprego do pau de ara que vem da época da escravidão.

Repressão contra a Igreja Católica Romana.

A fonte principal desta parte do livro, conforme explica a nota 1 (p. 62), é um documento que o CEDI (Centro de Ecumênico de Documentação e Informação) elaborou, em 1978, sobre o mesmo tema a pedido do Cardeal Arns e do Bispo Balduíno. Outra fonte importante é “Brasil Nunca Mais”.

O autor detalha as investidas do regime militar contra Igreja: calúnias, intimidação, espionagem, prisão, tortura, processos judiciais, censura prévia, sequestros, etc. Um processo permanente de difamação, com a colaboração de setores do alto clero (veremos a seguir), buscou manchar as figuras dos cardeais Arns e Helder Câmara, além do bispo Pedro Casaldáliga.

Os números de vítimas são expressivos: 122 clérigos e 273 leigos foram presos de 1968 a 1978, além de 22 pessoas desaparecidas, padres estrangeiros expulsos do país e dois religiosos banidos.

A Rádio 9 de Julho, da Arquidiocese de São Paulo, foi fechado pelo governo militar em novembro de 1973. Apenas em 1999 ela foi restituída à Igreja pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Brasil Nunca Mais

Dermi Azevedo reconstrói a saga deste projeto que retirou, literalmente, informações de milhares de processos que se encontravam no Superior Tribunal Militar.

A ideia original do projeto coube ao pastor presbiteriano Jaime Wright, numa tarde de agosto de 1979, quando se dirigia, acompanhado de alguns amigos, ao aeroporto de São Paulo para receber o educador Paulo Freire, que voltava ao país depois de 15 anos de exílio” (p. 75).

O pastor e o arcebispo de São Paulo obtiveram apoio financeiro do Conselho Mundial de Igrejas para um trabalho que envolveu cerca de trinta advogados e outros profissionais, como jornalistas e sociólogos (p. 76). Fotocopiados em Brasília, os documentos eram analisados em São Paulo.

A Editora Vozes publicou dois volumes com os resultados deste imenso trabalho: “Brasil Nunca Mais” e “Perfil dos atingidos”. Emerge uma estrutura da repressão, na qual se destacam 444 torturadores e inacreditáveis 285 formas de torturas, que provocaram o sofrimento de 17 mil presos constantes dos processos (p. 77). Como se vê ao longo do livro, o sofrimento e a perseguição foram impostos a leigos e cléricos, dentre estes o bispo D. Adriano Hipólito, “sequestrado e seviciado pela repressão” (p. 132).

Um anexo é dedicado ao “bárbaro trucidamento do padre Antônio Henrique”: ele foi “amarrado, arrastado, recebeu três tiros na cabeça e algumas torturas; todos os golpes atingiram exclusivamente a cabeça e o pescoço” (p. 141). Este assassinato ocorreu em março de 1969, três meses e meio após a decretação do AI 5 que possibilitou à repressão ampliar o âmbito de suas atividades por todo o país e com uma profunda convicção de impunidade. Parecia a muitos que a ditadura duraria para sempre, ou, ao menos, por muitos e muitos anos (projeto Brasil Potência).

A nota do Governo Colegiado da Arquidiocese de Olinda e Recife denunciou as perseguições e a morte do Padre Antônio Henrique, fez votos de continuação do seu trabalho “pelo qual doou a vida”, de “conversão de seus algozes” e, pastoralmente, afirmou: “pedimos a Deus perdão para os assassinos, repetindo a palavra do Mestre: ‘Eles não sabem o que fazem’”. Um clamor é elevado pelos signatários, a começar do Dom Helder Câmara, “para que, ao menos, não prossiga o trabalho sinistro deste novo esquadrão da morte” (p. 143).

O autor aponta pessoas, nos âmbitos eclesiásticos cristãos (sobretudo católicos), que cooperaram com a repressão política como delatores, espiões ou torturadores. Foram jornalistas, membros do alto clero, membros de entidades ultra-conservadoras. O autor relaciona estes procedimentos repressivos com a ampliação da presença política da Igreja nos países da América Latina. O contexto da Guerra Fria propiciou aos Estados Unidos o emprego de técnicas de espionagem e repressão. Esta potência estimulou de diversos modos a repressão no continente. Repressão nacional e cooperação internacional: a Operação Condor, que o autor define com precisão, é um paradigma:

destinada não apenas a recolher informações sobre os dissidentes e sobre as organizações opositoras aos regimes militares, mas também para executar tarefas de eliminação de líderes” (p. 92).

O caso mais gritante de cooperação do alto clero com um regime militar é o argentino, ao qual o autor dedica informações precisas. Há testemunhos de pessoas que, na condição de presos políticos, foram “torturadas na presença de sacerdotes católicos” (p. 94).
Ao mesmo tempo, o autor esclarece a demissão de um prelado brasileiro: o Papa Paulo VI não gostou do relatório do Cardeal Agnelo Rossi sobre a situação dos direitos humanos em São Paulo e o demitiu: “Esse foi o primeiro caso dessa natureza na história mais recente do pontificado romano” (p. 97).

Enfim, muito haveria ainda a comentar sobre este livro digno, oportuno e profundamente identificado com a causa dos direitos humanos e da democracia. Da dor o autor retira a serenidade que impressiona. Recorro a algumas de suas palavras finais:

Em todas essas andanças, sempre tentei ser amoroso. Fracassei muitas vezes. Mas continuo pensando que, sem amor, a vida se esteriliza. (...) Se fosse preciso recomeçaria tudo. (...) E continuaria a sonhar com um mundo novo, de homens e de mulheres novos” (p. 154).



1 Dermi Azevedo. Travessias torturadas. Direitos Humanos e ditadura no Brasil. 1964-1985. 1ª ed. Natal, RN: Comitê Estadual pela Verdade, Memória e Justiça-RN, 2012, 162 p.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Conselho Mundial de Igrejas se reunirá neste outubro para testemunhar ao mundo a unidade cristã e o desejo de Deus da justiça com paz

Conselho Mundial de Igrejas se reunirá neste outubro para testemunhar ao mundo a unidade cristã e o desejo de Deus da justiça com paz

Magali do Nascimento Cunha




"Deus da Vida, guia-nos à justiça e à paz". A oração tema da 10ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas, que será realizada neste outubro que se aproxima (30/10 a 8/11), em Busan, Coreia do Sul, expressa uma das mais destacadas demandas do tempo em que vivemos: justiça com paz e paz com justiça, fontes de vida, vontade de Deus. Na Assembleia Plena da mais importante organização do movimento ecumênico mundial, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a certeza de que justiça e paz são dons de Deus, ministério do Cristo e de seus discípulos e discípulas no século XXI será o conteúdo que animará a quase uma centena de grupos de estudos bíblicos, as sessões plenárias temáticas, os 21 miniplenários de conversações ecumênicas, além dos momentos de oração e de celebração litúrgica. 

A Assembleia do CMI: um mosaico de experiências 

O CMI foi fundado há 65 anos, em 1948, por igrejas do mundo inteiro empenhadas em trabalhar pela unidade visível dos cristãos e das cristãs, motivadas pela oração do Cristo: "Que eles sejam um para que o mundo creia" (Jo. 17.21). A fundação já era resultado de esforços realizados, desde o século XIX, de tornar visíveis e mais articuladas experiências dos mais diversos grupos com diálogo e cooperação nos campos missionários, na edição de Bíblias e no trabalho com educação cristã, nas associações de jovens, na promoção da justiça e da paz, nos debates teológicos. Com a consolidação do movimento ecumênico foram várias as organizações formadas com este propósito mas a mais expressiva delas, e também aglutinadora de muitas tantas, é o Conselho Mundial de Igrejas. Desde 1948 foram realizadas inúmeras atividades para concretizar o esforço conjunto das igrejas em várias frentes. Foram nove as assembleias plenas, a última delas realizada em Porto Alegre/Brasil, em 2006, a primeira na América Latina. Em 2013, será primeira vez que o CMI terá o seu encontro maior no continente asiático. A assembleia é a expressão viva das 345 igrejas-membro que se reúnem para orar, celebrar, refletir e tomar decisões. A 10ª Assembleia deverá receber 825 delegados das igrejas e mais de 4 mil participantes, entre organizações associadas e representantes de outras igrejas cristãs. Será a primeira assembleia em toda a história com mais de 90% de inscrições confirmadas, o que representa um significativo engajamento das igrejas-membros e outros associados. 

Fundamentalmente, a assembleia é um espaço que permite às igrejas membros e aos sócios ecumênicos avançarem para uma visão e entendimento comum do mundo daquilo que o Evangelho anuncia; celebrar o Deus da vida e refletir em torno da Palavra de Deus. É um momento, também, quando se avalia o trabalho dos programas do Conselho e se fixam prioridades de ação para os próximos anos. 

O programa 

Cada dia de encontro na assembleia começará e finalizará com orações e celebrações litúrgicas. Também haverá quase cem grupos de estudos bíblicos focados na temática da assembleia, centrados em períodos da história bíblica em que a vida se viu ameaçada, e nos momentos em que, por meio da graça de Deus, prevaleceram a justiça e a paz.

Em Busan serão realizadas oito sessões plenárias temáticas. Quatro delas apresentarão as dificuldades mundiais com as quais as igrejas podem confrontar de maneira conjunta e darão conta de que maneira os interlocutores ecumênicos trabalham juntos para vencer esses desafios. Uma série de 21 “conversações ecumênicas”, destinadas a fomentar o debate sobre questões de interesse comum, terão a finalidade de contribuir para a configuração de uma agenda ecumênica comum para o período posterior à Assembleia de Busan. Clique aqui para conhecer os 21 temas




Com o fim de possibilitar o intercâmbio de dons e experiências entre os participantes a Assembleia terá o “Madang”- palavra de origem coreana que denota reunião, encontro, comunidade, celebração, família, mas que ao mesmo tempo tem uma conotação de espaço físico, na mesma linha do que foi o “Mutirão” na Assembleia de Porto Alegre. O Mandang será constituído de oficinas, exposições, atividades especiais, atuações, obras de teatro, artes visuais, espaços de debate, encontros culturais preparados por igrejas e grupos ecumênicos de todo o mundo. 

Delegados/as das igrejas membros e representantes oficiais de organizações associadas dedicarão uma parte importante do tempo ao trabalho institucional, como possíveis mudanças no sistema de governo do CMI, eleições para as comissões, acolhimento de relatórios do que foi realizado de 2006 a 2013 e avaliação do trabalho dos comitês da assembleia. 

Busan, Coreia do Sul: o espaço de encontro 

Com 3,7 milhões de habitantes, Busan é a segunda maior cidade da Coreia do sul, situada na costa sudeste do país, a 325 km da capital. A cidade é um importante centro industrial, comercial e cultural, onde está localizado o maior porto do país, no estreito do vale do Rio Nakdong. A Coreia do Sul foi motivação para a realização da Assembleia do CMI por conta da grande diversidade de igrejas cristãs e do contexto inter-religioso do País, a força de congregações locais e a esperança de unidade entre os países da península. A igreja tem crescido rapidamente na Coreia, onde quase um quarto da população é cristão. O contexto inter-religioso da Coreia destaca a crescente experiência de diálogo que outras igrejas ao redor do mundo têm vivido. 

A Coreia continua a ser uma península dividida politicamente. A esperança de que o povo coreano seja um dia reunido é forte para muitos coreanos. As igrejas na Coreia, juntamente com o movimento ecumênico, têm sido encorajadores dos esforços de reunificação por décadas. A esperança para a reconciliação e o testemunho comum para a reunificação marcará significativamente a 10ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas. Por isso, o comitê organizador, junto com a liderança do CMI, convidaram as igrejas da Coreia do Norte para o processo de organização do evento e para promover o diálogo e a cooperação. Os organizadores também convidaram igrejas evangélicas e pentecostais coreanas não participantes do movimento ecumênico e outros grupos religiosos para terem uma presença na assembleia.




O tema do encontro é "Deus da vida, conduza-nos à justiça e à paz". Mais do que nunca, a península coreana precisa de uma mensagem de paz, afirmou o secretário geral do CMI Olav Tveit. A situação na península é uma preocupação do CMI que vem de longa data, também pelo impacto que um eventual conflito provocaria em suas igrejas membro na Coreia do Sul e pelas relações iniciadas com a Federação Cristã da Coreia do Norte. A realização da Assembleia em Busan, argumentou Tveit, é uma expressão da esperança da Igreja em todo o mundo às congregações das Coreias na construção da paz e reconciliação. "Convidamos todos os cristãos a orarem pela península da Coreia e que a vontade de Deus, pela justiça e a paz, seja feita", disse. 

Desde 1996, o Conselho Nacional de Igrejas da Coreia do Sul e Federação Cristã da Coréia do Norte têm trabalhado juntos a cada ano para realizar orações conjuntas em um processo iniciado pelo CMI. A oração para a Páscoa de 2012 foi elaborada em uma reunião na China, de representantes de igrejas coreanas. 

Eventos prévios 

Historicamente, alguns grupos se reúnem previamente à Assembleia do CMI para tratar de temas que lhe são específicos dentro dos desafios ecumênicos: mulheres (desta vez junto com homens), jovens, pessoas com deficiência e indígenas. Um Instituto Teológico Ecumênico Global também acontecerá em Seul previamente, com continuidade durante a assembleia em Busan. 

Um evento relacionado à Assembleia de Busan que já está acontecendo é o Trem da Paz: uma iniciativa das igrejas coreanas para chamar a atenção para a necessidade de paz e reunificação da península coreana. Trata-se de um trem que sairá, em 6 de outubro, de Berlim/Alemanha, onde um muro que dividia o País foi superado em 1989, com direção a Busan, onde chegará em 28 de outubro, passando por Moscou, Irkutsk, Beijing, Pyongyang, Seul. Os participantes, vários pagando suas próprias passagens, outros com selecionados para receber subsídios do CMI terão oportunidade de intercambiar experiências de promoção da paz e da reconciliação e orar pela derrubada do muro que divide a Coreia, mas também pela derrubada de outros muros como o que isola os palestinos e separa dos irlandeses. Sobre o Trem da Paz veja: http://www.peacetrain2013.org/index.html

A participação metodista

37 Igrejas Metodistas presentes em 60 países mais o Concílio Mundial Metodista são membros do CMI. Os/as metodistas são uma forte presença no movimento ecumênico historicamente: além de reconhecidos líderes de diversos processos relacionados ao ecumenismo mundial (também no âmbito latino-americano e brasileiro), três dos sete secretários-gerais do CMI desde 1948 até hoje foram metodistas (veja a lista e a biografia dos sete secretários em http://www.oikoumene.org/es/about-us/organizational-structure/general-secretary/since-1948/since-1948?set_language=es)

A Igreja Metodista no Brasil, seguindo a vocação dos metodistas em todo o mundo, é membro-fundadora do CMI, tendo participado com um delegado na primeira assembleia, a de 1948, em Amsterdan/Holanda. Na última assembleia do CMI em Porto Alegre (2006), a delegada leiga Magali do Nascimento Cunha foi eleita membro do Comitê Central do organismo, segmento formado por 150 representantes de igrejas e continentes, que se reúne para tratar da vida do conselho no interregno das assembleias. Ela representou a Igreja Metodista no Brasil e as igrejas-membro do CMI na América Latina no período juntamente com outros quatro membros (do Brasil, da Bolívia e da Argentina), tendo contribuído também com uma nomeação específica para a Comissão Especial de Consenso e Colaboração (diálogo entre protestantes e ortodoxos no comitê central). O mandato se encerra na Assembleia de Busan, onde Magali Cunha participará como membro do Comitê Central que se encerra, na liderança de um grupo de estudo bíblico, na facilitação de uma das conversações ecumênicas e nas reuniões da comissão especial. A delegação da Igreja Metodista no Brasil para a Assembleia de Busan será composta pelos bispos Adonias Pereira do Lago e Stanley da Silva Moraes e pelos leigos Lucas Pereira do Lago e Magali do Nascimento Cunha. Outros/as metodistas do Brasil servirão à Assembleia do CMI: o jovem Alexandre Quintino, da Igreja Metodista em Vila Mariana foi selecionado para participar como parte do staff ("steawards") que atuará nos serviços de apoio da assembleia; as Revdas. Rosângela Soares de Oliveira e Nancy Cardoso Pereira atuarão na Pré-Assembleia de Mulheres, nos estudos bíblicos e plenários temáticos. O jovem Lucas Pereira do Lago se inscreveu e foi selecionado como participante subsidiado pelo CMI para o Trem da Paz.

Todos/as podem participar à distância

Para saber mais sobre a 10ª Assembleia do CMI em Busan veja o site oficial: http://wcc2013.info/es. Nele se pode ter acesso ao programa completo (inclusive das pré-assembleias), aos documentos de referência, aos estudos bíblicos, ao livro com as liturgias e músicas, e ao relatório com as realizações do CMI desde a Assembleia de 2006 em Porto Alegre. Há também reflexões sobre o tema, canções (em MP3 e com partituras) que podem ser acessadas e reproduzidas nas comunidades locais - basta clicar em: http://wcc2013.info/en/resources
A seção do website "Peregrinação para Busan" (http://wcc2013.info/es/es/resources/pilgrimage-to-busan) convida cada congregação cristã espalhada pelo mundo a estudar temas e se preparar para acompanhar a Assembleia com estudos específicos em: unidade cristã, chamado ao testemunho, vida entre pessoas de outras fés, trabalho pela justiça de Deus, oração pela paz e espiritualidade transformadora para o discipulado.
Há também um vídeo didático contando a história de todas as assembleias do CMI até Busan: http://www.oikoumene.org/es/resources/videos/the-assemblies-of-the-world-council-of-churches-on-the-road-to-busan?set_language=es

Magali do Nascimento Cunha, leiga metodista, jornalista professora da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, membro do Comitê Central do CMI de 2006 a 2013. Fontes: CMI, ALC, Stanet, Presbyterian Record. Fotos: site da Assembleia.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Reações à Intervenção na FATEO - A (des)educação teológica na Igreja Metodista brasileira - Marcelo Carneiro

Reações à Intervenção na FATEO - Marcelo Carneiro





A (des)educação teológica na Igreja Metodista brasileira
Marcelo da Silva Carneiro[1]

A busca por uma igreja voltada para os dados numéricos em vez do conteúdo doutrinário começa a mostrar sua face mais perversa: a sistemática aniquilação dos projetos de teologia metodista brasileiros. Essa afirmação pode ser considerada radical e pessimista, e muitos dirão que não tenho base para provar isso. Realmente não tenho, porque nos últimos tempos tenho acompanhado esse processo apenas por ouvir falar, mas até o ano passado estava envolvido em duas instituições de peso na formação teológica dos pastores e pastoras metodistas, o Instituto Metodista Bennett (RJ) e a FATEO na Universidade Metodista de São Paulo, em Rudge Ramos.

O que tenho visto e que me deixa alarmado atualmente? Vamos analisar alguns fatos: (1) o Instituto Metodista Bennett foi fechado, e com ele a Faculdade de Teologia do Rio de Janeiro. Um seminário será criado no Rio para ajudar a formar pastoras e pastores, e sendo regional, seguirá o programa de discipulado da Região; (2) professores da FATEO-SP estão sendo afastados, com a justificativa da aposentadoria compulsória (70 anos) ou dos 12 anos em instituição. Fato é que os professores afastados têm uma trajetória de questionar práticas da Igreja que nada têm a ver com a tradição metodista, ou são considerados “racionais” demais; (3) Na Região Amazônica, seminaristas estão sendo afastados, sob alegação de que não estão na “visão” da nova administração regional. Nesse caso, são pessoas que estão estudando em SP, justamente na FATEO; (4) Seminaristas oriundos do Rio de Janeiro, mas que demonstraram em seus estudos uma postura crítica, não conseguiram nomeação na região de origem, e acabaram buscando espaço em outras regiões. (5) E para completar o quadro, a busca obsessiva por números na Igreja Metodista tem permitido práticas bizarras e completamente nocivas às comunidades, fomentando o autoritarismo pastoral, a segregação entre membros, à “espiritualização” dos cargos, afastando pessoas e esvaziando os púlpitos da sã doutrina.

A verdade é que os acontecimentos atuais devem ser vistos à luz da história recente do metodismo brasileiro. Desde que as instituições teológicas foram criadas, houve na Igreja Metodista dois movimentos em relação a elas: aquele que fomentou uma análise crítica da missão da Igreja, permitindo-se dialogar com outras confissões cristãs e vertentes teológicas, primando por uma postura ecumênica e racional; e outro que julgava mais importante a prática pastoral sem uma reflexão crítica, porque considera que a teologia “mata” a ação do Espírito Santo.

Esse processo de antagonismo recrudesceu nos anos 1970-80, quando a ala da Igreja que pendia para uma concepção mais elabora teologicamente foi identificada como “progressista”, e a outra, menos envolvida com a teologia e mais com um pragmatismo pastoral foi denominada “carismática”. A primeira, engajada politicamente, identificava-se com a esquerda; a outra, mesmo tendo simpatizantes da esquerda, posicionava-se pragmaticamente a favor de quem está no poder. Entretanto, havia possibilidade de ambos trabalharem: enquanto uma desenvolvia programas ecumênicos e teologicamente elaborados, e em suas igrejas a liturgia mantinha a tradição dos hinos e corais, a outra investia em retiros espirituais, encontros de avivamento (os ENAVI), e uma liturgia menos formal, com cânticos e sem roteiro escrito.

Assim foi até o fatídico ano de 2006, quando o 18º Concílio Geral da Igreja Metodista se reuniu e numa sessão dolorosa e confusa, que entrou madrugada adentro, aprovou a saída da Igreja Metodista de organismos ecumênicos. Com isso, as pessoas envolvidas em projetos ecumênicos foram afastadas, ou afastaram-se desses projetos, ou continuaram e foram marginalizadas na igreja onde aprenderam a viver ecumenicamente. Com a eleição de dois bispos alinhados com os “carismáticos”, a partir daí o projeto de uma Igreja voltada para os números ganhou corpo e poder político. Do Colégio Episcopal mais antigo apenas dois se mantiveram, sendo que um foi aposentado neste último geral, e o outro sempre deveu aos “carismáticos” sua eleição, portanto, politicamente não representava oposição à nova onda.

Com o programa de “discipulado”, que na verdade se mostrou um sistema de multiplicação de membros, baseado em projetos como as igrejas de células e o famigerado “G-12”, o metodismo brasileiro entrou de vez num projeto pragmático de crescimento, pouco preocupado numa análise social e política da realidade, a partir de uma teologia reflexiva e contextualizada. Mas havia uma pedra no caminho: as instituições teológicas, com seus professores engajados, e seus programas que refletem a vocação do metodismo histórico de pregar o Evangelho sem perder de vista as condições concretas de vida. Em seu contato com os alunos e alunas, faziam com que estes avaliassem criticamente as práticas da Igreja, ampliavam o conceito de missão e provocavam a disposição para pensar de maneira mais ampla na sociedade, em vez de apenas no espiritual.

Com isso em mente, não é de se estranhar as ações do governo da Igreja para limitar e esvaziar o papel das instituições teológicas na formação de pastoras e pastores. Pode ser que a situação não esteja ainda irremediavelmente perdida, mas o fato é que os últimos acontecimentos parecem ser a ponta do iceberg. Espero estar equivocado em minha análise, mas o cenário global da Igreja Metodista no Brasil não me ajuda a pensar diferente. Em breve, a formação dos pastores e pastoras será apenas um programa de passos para criar grupos de “discipulado”, cujo conteúdo será basicamente: “como conquistar uma cidade”, “expulsando os demônios territoriais”, “praticando uma vida vitoriosa”, e temas semelhantes. O tempo dirá.






[1] Téologo Metodista.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A casa de PROFETAS ou a CASA de profetas?

A casa de PROFETAS ou a CASA de profetas?



Intervenção do Colégio Episcopal na autonomia universitária da UMESP e nos atos arbitrários cometidos contra docentes da Faculdade de Teologia? Mas sempre foi assim!

Os bispos, os pastores, os amigos sempre resolveram entre si quem iria ou não pra Faculdade de Teologia... em todos estes anos o processo nunca foi objetivado na forma de concurso ou processo seletivo, nem se esquematizou mecanismos de avaliação que correspondessem aos critérios de qualificação da área de teologia/filosofia.  Eram decisões internas, contas de chegar, indicações e capitanias hereditárias. Problemas aqui e ali... uma vaga da Faculdade de Teologia sempre era uma possibilidade para se resolver uma questão ou outra.

  O que acontece agora é que os bispos, pastores e seus amigos... mudaram! Já não há quase resquícios de “nossos bispos e amigos” e aí que a informalidade e a falta de ferramentas acadêmicas vão cobrar um preço altíssimo agora.

  A Casa de Profetas sempre vai estar aparelhada ao centro de poder... a não ser que a Profecia seja mais saudável que a Casa, isto é que os interesses confessionais, administrativos e de homossociabilidade não se imponham na estrutura mesmo da produção e socialização do conhecimento.  

No texto bíblico esta tensão é muito clara e tem uma interferência teológica muito concreta nas nossas vidas e modos de culto e vida comunitária até hoje.

  Os Profetas do Deuteronomista estão sempre envolvidos com a avaliação e o discernimento dos erros e acertos dos governantes e sua Casa. Por conta disso, vez e outra um Profeta vai ser preso e passar a pão e água... porque não confirmou o poder e autoridade do Rei de plantão.

Micaías (1 Reis 22) não omitiu a mensagem que Deus ordenara e falou contra o Rei, contradizendo todos os demais profetas do reino que o apoiavam (amém! amém!). Tem sempre alguém disposto a bajular para subir na vida, subir no púlpito. Mas para Micaías a  Profecia importava mais do que a Casa. O resultado?

Colocai este homem na casa do cárcere, e sustentai-o com o pão de angústia, e com água de amargura.

  Na lógica de produção da Profecia no âmbito do que chamamos de teologia deuteronomista a Profecia se alimentava de crítica e crise. Os poderosos tinham que ouvir o que não queriam, tratavam de negociar aqui e ali para manter uma relação aceitável com Profetas, procuravam pela profetisa na periferia em caso de aperto (Hulda),consultavam a profecia da mãe de santo (Saul 1 Samuel 28), eram derrubados por movimentos de inspiração profética (2 Reis 9)... a Profecia não cabia debaixo do braço do Rei... 'tava solta na vida do povo clamando por libertação, dignidade e respeito ao órfão, a viúva e o migrante.

Mas... no pós-exílio esta relação mudou radicalmente! Na teologia Cronista o lugar do Profeta é domesticado para os interesses do Poder. Impedidos de ter uma vida política e subordinados pelos acordos com os imperadores de fora (Pérsia!) as Crônicas colocam a Profecia dentro da Casa e modificam suas tarefas (1 Crônicas 25)

David e os responsáveis pelo tabernáculo nomearam homens para profetizarem acompanhados de harpas, alaúdes e címbalos.

  E assim foi! A Casa, o Templo, o Sacerdócio se tornaram o centro de tudo e os Profetas agora eram funcionários do Templo e... louvavam! Harpas, alaúdes e címbalos! Nenhuma crítica aos Poderosos, cantem! Nenhuma crítica ao sistema opressivo, louvem!

  E nessa estamos! Faz tempo a Igreja Metodista quer saber de Profecia domesticada e fazedora de lucro, aquela do “canta-canta”, aquela que se adapta aos interesses do mercado e que participa do processo de mercantilização da vida. Ah sim! milhares e milhares de espectadores, compradores de cd e massa de manobra da cultura gospel.

  Eu fico com Amós! Com a profecia fora da Casa, a Profecia do camponês desbocado, expulso e exilado... mas verdadeiro de coração diante de Deus e do povo.

Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes corra o juízo como as águas; e a justiça, como o ribeiro perene" (Amós 5:21-24)

  Resistir é necessário e urgente! Eu quero Profecia, aquela que distanciou Jesus das elites da Casa/Templo, aquela que leva pra Cruz e aquela que ressuscita nos braços das mulheres, @s pobres e as comunidades.  Um dia, na História, a Igreja Metodista vai ser chamada a prestar contas de toda essa santarrice, por ter entregue o Evangelho ao mercado, abandonado as fidelidades do amor e so serviço @os pobres... e por ter sucateado e entregue a casa de Profetas aos cantores e gulosos senhores da prosperidade.


"  Por isso, pastores, ouçam a palavra do Senhor: visto que o meu rebanho ficou sem pastor, foi saqueado e se tornou comida de todos os animais selvagens, e uma vez que os meus pastores não se preocuparam com o meu rebanho, mas cuidaram de si mesmos em vez de cuidarem do rebanhoouçam a palavra do Senhor, ó astores/bispos:
Livrarei o meu rebanho da boca deles, e ele não lhes servirá mais de comida.
" ‘Porque assim diz o Senhor: Eu mesmo buscarei as minhas ovelhas e delas cuidarei.”  Ezequiel 34:7-11

Nancy Cardoso Pereira é pastora metodista e teóloga.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O povo do coração aquecido está esfriando – intervenção na Faculdade de Teologia da Universidade Metodista

O povo do coração aquecido está esfriando – intervenção na Faculdade de Teologia da Universidade Metodista



“e, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.” – Mateus 24:12
Era uma noite extremamente fria, destas do inverno paulistano. Além do frio intenso, caía a garoa típica, acompanhada de uma forte neblina. Eu, dentro do carro, bem agasalhado, porém sentindo que era uma noite extremamente fria.
Quando, por volta de quase meia-noite, avistei um senhor calvo, magro, na calçada organizando uma pequena fila de moribundos. A cena era bastante triste. Como era tarde, passei rapidamente, mas a cena me ficou gravada.
Outro dia fui em busca de saber que local era aquele, e descobri que era um abrigo para pessoas carentes. Nas noites frias oferecem um leito e uma sopa quente para aqueles que nada têm. Descobri que aquele abrigo pertencia à Igreja Metodista, e que o senhor calvo e magro era na verdade o Bispo Nelson.
Fui pesquisar quem eram os metodistas, pois na época desconhecia esse povo. Descobri que este era o povo do coração aquecido, um povo que tem em sua regra de fé a promoção da vida através do seu credo social. Um povo que tem como idealizador John Wesley, o homem ao qual com certeza o Bispo Nelson se espelhava, juntamente com Jesus, naquela noite fria.
Isso foi tão marcante para mim que, apesar de ser um pentecostal já desconfiado das inúmeras heresias que já adentravam em minha igreja, fui despertado a iniciar meus estudos na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, a FaTeo em São Bernardo do Campo (SP). No decorrer dos anos, não demorou muito para também conhecer muitos metodistas que não seguiam os exemplos de Wesley, porém também descobri seres humanos como a Profa. Magali, seu esposo, Bispo Paulo Aires, Bispo Nelson, Prof. Milton Schwantes, Prof. Helmut, Prof. Oswaldo e outros e outras que, além de seguirem os exemplos de Wesley, se fundamentavam na vida de Jesus.
A experiência na FaTeo foi marcante. Entrei como um pentecostal desanimado, machucado, sem esperanças e saí com um conhecimento amplo do que é a vida religiosa e como caminhar nessa árdua carreira. Saí melhor, pois descobri que Jesus caminha conosco nessa caminhada e por isso nossos corações se aquecem.
Já se passaram anos desde a minha formação, porém continuo sendo um filho da FaTeo. Por isso, nessa semana as notícias que recebi me entristeceram muito.
Tenho viajado muito ao Rio de Janeiro e já havia percebido que a igreja carioca está bastante mudada, pois elementos neopentecostais fazem parte da igreja metodista agora. Recentemente, passei em frente de uma igreja e vi uma faixa que anunciava uma campanha de curas e milagres. Imaginei: “será que é mesmo uma igreja metodista?”. Sim, era mesmo.
Hoje o G12, células, pré-encontro, encontro, pós-encontro fazem parte do contexto metodista. Hoje a teologia wesleyana é trocada por teologias da Batista da Lagoinha, Renascer, Daniel Mastral, Neuza Itioka e outras. Triste, muito triste.
Porém, na semana passada chegou até mim um manifesto onde os próprios metodistas se declaram assustados com essa perda de identidade e também perda dos seus valores essenciais.
Imaginei que isso seria o fim, mas não. Era o início de muitas coisas más.
Recebi também a carta de um pastor ao seu bispo comunicando que o Colégio Episcopal estava para demitir os principais professores da FaTeo a partir do ano que vem, e todos os professores até 2016. Será feita uma troca, e não me assusto se esses professores que ali estão há décadas zelando pelas essências da Teologia Wesleyana venham a ser trocados por ícones dessas vertentes neopentecostais e da Teologia da Prosperidade, pois são essas teologias “que enchem a igreja”.
Sendo assim, não me resta outra alternativa a não ser demonstrar a minha indignação e tristeza com tudo isso. Talvez me perguntem: “mas você não é metodista! O que você tem a ver com isso?”
Tenho muitas coisas. Primeiramente, respeito e depois gratidão por tudo o que aprendi, e entre os principais valores aprendi a zelar pela Palavra de Deus.
Acho uma injustiça que professores e professoras, depois de dedicarem suas vidas em prol da edificação de homens e mulheres na Palavra de Deus sejam lançados fora como peças obsoletas, e sejam substituídos por outras peças, que agora se encaixam aos propósitos da nova liderança da igreja.
A FaTeo é um patrimônio histórico, pois sempre abrigou as diferentes formas de credos, sejam elas metodistas ou não. Sendo assim, a FaTeo não pertence só à Metodista. Ela é um patrimônio humano.
Sei que minha voz pode ecoar baixo, mas eu sou fruto da esperança. Eu sou fruto da fé, firme fundamento daqueles que crêem que um mundo novo é possível.
Que isso não aconteça. Esse é o desejo que aquece o meu coração.
Que Deus abençoe a todos,
Paulo Siqueira

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Reações à Intervenção na FATEO - Rev.Adahyr Cruz

Reações à Intervenção na FATEO - Rev.Adahyr Cruz




O rev.Adahyr Cruz, presbítero aposentado da 4ª Região Eclesiástica, escreveu ao revmo.Stanley Moraes, secretário executivo do Colégio Episcopal, a seguinte carta:

"Mestre, o mar se revolta, as ondas me dão pavor..."

Stanley,
escrevo-lhe esta mensagem porque preciso declarar a minha total revolta. 
Hoje é para mim um dia de muita tristeza e luto após a confirmação, por fontes de amigos da FATEO, da notícia de uma semana atrás, da intervenção em nossa Casa de Profetas pelo Colégio Episcopal.

Veio -me à mente toda a atrocidade cometida pela liderança da Igreja, especialmente do CE em 1968, fechamento da FATEO, expulsão de alunos e professores, trancamento de federações e congressos e muito mais até a inspiração e suporte para a  entrega de membros da igreja  aos órgãos de repressão. Você foi como eu vítima desse autoritarismo. 

A igreja levou muitos anos  para tomar seu caminho, até chegar aos Concílios Regiomais de de 2005 e daí desaguar no fatídico CG de 2006, por meios absurdos nas eleições de alguns bispos e deposição de outros. E de lá para cá com outras eleições,entendeu a tendência majoritária que a Igreja só pode ser liderada pela hegemonia pentecostal e néo-pentecostal. Botaram fogo nas linhas da tradição metodista, dons e ministérios, a pluralidade  de dons e serviços, ecumenismo, teologia e liturgia, etc. Cada reunião do CE novas decisões que comprovam o caminho obscuro da sofrida IM.

Pelo jeito que vinha a carruagem, os interventores iam parar na FATEO e a decisão de demitir professores foi das mais trágicas e inconsequentes possíveis.
Fico me perguntando, essas decisões de ódio do CE são unânimes ? Não tem alguns ou alguns bispos opositores ? Se tem parece-me que se acovardam e tem mais fidelidade aos pares do que a Deus, pois não se pronunciam, não botam a cara, não mostram suas diferenças.

Agora vem o  corte do Paulo Aires e Nelson Leite, porque são bispos sem afinação com CE, a idade ou tempo de serviço, na verdade são desculpas esfarrapadas, não tem outra expressão. De igual modo o prof. Josias e Tércio. Perderam a memória? Estão doentes, com alzheimer talvez ? Esqueceram o que ensinaram, pregaram, dirigiram em suas muitas lideranças ? Não, são mesmo cassações ideológicas, coisas que achávamos não voltasse mais à IM.

E tem mais nas decisões e registros do CE, a demissão dos professores Cláudio Ribeiro e o prof. Luís Carlos Ramos, esses já esquentavam por sua seriedade nas pesquisas e a verdade e transparências em suas aulas na formação de centenas e centenas de alunos.

Na sequência virão os outros Paulo Garcia, Helmut, Rui e outros onde a varredura puder alcançar, a menos que hajam acordos, compreensivos em épocas de repressão e torturas.

Minha mensagem pode ser enviada a quem você quiser, especialmente, aos bispos presidentes das regiões, não tenho mais nada a ser cassado a não ser a carteirinha de pastor aposentado, pois até a nomeação sem ônus para pastorear os índios Guarani me foi tomada, sem surpresa, pois a presença social da IM na sociedade também saiu da pauta do CE.

"Mestre o mar se revolta, as ondas me dão pavor, o céu se reveste de trevas....", são palavras do velho hino metodista, já não cantado e muito atualizado e assim me despeço, pedindo a Deus por todos nós e que salve a IM de mais um naufrágio.

Rev. Adahyr Cruz, pastor metodista.

Posteriormente, o revmo.Stanley Moraes respondeu ao rev.Adahyr.

"Colega Adahyr.
Graça e Paz!
Desejo que este te encontre bem, mesmo que com o que exprimes como “total revolta”.
Estive sem acesso à e-mails de 02 a 15 do corrente, pelo que não tinha chegado em teu e-mail até agora.
Lendo uma carta pastoral do Bispo Luiz Vergilio, tomei conhecimento da carta que tinhas me encaminhado, para que eu enviasse aos bispos e bispa, e que o Miguel Montanha mandou a ele.
Estou te encaminhando a carta do Bispo Luiz Vergilio, pois ele orienta o quadro pastoral da 2ª RE sobre este assunto, pois se diz muitas coisas que não correspondem a verdade.
Em fevereiro de 2010 o Colégio Episcopal estabeleceu diretrizes para o quadro de professores e professoras da Faculdade de Teologia. De imediato reuniu-se com o Presidente do Conselho Diretor e com o Reitor para passar-lhe as orientações, e acertar com eles o processo de implementação das mudanças.
Depois de muitas reuniões, encontros, etc,  agora os princípios estão sendo implementados.
Eu não chamo isso de intervenção, mas de orientação, pastoreio... O Colégio Episcopal é responsável pela Faculdade de Teologia, e esta tem que se renovar à luz das decisões dos Concílios Geral e Pastorais do Colégio Episcopal.
Quando eu fiz complementação teológica meus professores eram bem jovens. A maioria não tinha nem mestrado. Alguns deles estão na FaTeo até hoje, e agora já são doutores. É só eles que podem lecionar na FaTeo, ou na Igreja há outras pessoas que também podem estar lá?
O Colégio Episcopal continua exercendo seu ministério na Igreja, com as convicções que tem (eu não tenho dificuldade de dizer que também com sua ideologia), fazendo aquilo que entende ser o melhor para que a Igreja cumpra sua missão.
Como metodistas que “pensamos e deixamos pensar” podemos concordar ou discordar de suas ações, mas temos que acolhê-lo como nosso pastor/pastora. Somos servos do Senhor.
Que o Senhor ilumine a vida de nossa Igreja, e nos preserve como comunidade missionária a serviço do povo, fazendo discípulos e discípulas.
Fraternalmente em Cristo
Bispo Stanley"