sábado, 16 de agosto de 2008

Identidadade Confessante: Poder é serviço



5. O sentido do Sacerdócio Universal de tod@s @s crentes deve ser antídoto também para a tentação ao governo eclesial despótico. É preciso relembrar que o metodismo é conciliar, conexional e até episcopal; nessa ordem. Em muitos lugares mundo afora o metodismo não é episcopal (Inglaterra, igrejas do esforço missionário inglês e outras como a do Uruguai) ao contrário, mas defende o princípio de que o poder na Igreja é exercido a partir dos concílios e que as igrejas devem viver em conexão. Não é o episcopado que une o metodismo universal, mas a missão e o serviço. Nos países em que compusemos Igrejas Unidas a primeira coisa de que aceitamos abrir mão foi do episcopado: Canadá, Índia, Japão, etc...
Vale lembrar que o próprio Wesley era contra o regime episcopal. A adoção desse regime aconteceu à sua revelia no Estados Unidos, através do sistema do voto conciliar; que era e continua sendo o lugar de mudanças.
Algumas vozes afirmam que o 18° Concílio Geral recente tornou o episcopado mais forte. O que faz uma instituição ser forte são as pessoas que a encarnam e os sinais que ela deixa na sociedade. O episcopado não é palavra mágica que tornará forte quem é fraco ou tornará exemplar quem tem conduta reprovável.
Deve chamar-nos atenção a idéia de episcopado vitalício que há muito ronda nossos Concílios. O 18° Concílio resolveu de forma leniente e culposa dar, a bispos sem voto, o título de bispos honorários. Obviamente não negamos o reconhecimento aos bispos que foram intitulados, o que chama atenção é que hoje na Igreja Metodista brasileira, parece vergonhoso ser pastor, humilhação voltar à igreja local; quando tudo deveria se legitimar a partir da igreja local. Em vez de bons pastores após um tempo de episcopado, na legítima alternância que a vida republicana exige, bispos eméritos ou honorários.
Houve quem saísse a buscar argumentos a um suposto “múnus episcopal”, como se o episcopado para nós fosse ordem, como se crêssemos que desde Pedro, o episcopado tem se perpetuado em linha de sucessão. O Mais interessante é que isso tenha acontecido no mesmo momento em que rompia-se relações com a Igreja Católica.

Lembremos: para nós metodistas a ordem é presbiteral e o episcopado deve ser o humilde exercício extraordinário do presbiterato; é poder para servir, nada mais.

Em carta, Wesley adverte John Trembath um dos pregadores: “... Quer você goste disso ou não, leia e ore diariamente. Isto é para sua vida; não há outro meio, do contrário você se tornará uma pessoa frívola a vida inteira, e um pregador afetado e superficial. Seja justo com sua própria alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não continue a se matar de fome.” (Seleções das cartas de João Wesley, p.6)

Para o bem da Igreja e da democracia interna, é importante termos uma ordem presbiteral forte, bem formada, valorizada e, no essencial, coesa (diferente de homogênea). Episcopado é condição temporária e especial; e a depender dos abusos do poder e da irrelevância para o caminhar da Igreja, pode vir a ser abolido pelo Concílio, que é o lugar onde leig@s e clérig@s, através do voto, fazem as mudanças que julgam necessárias à vida da Igreja. Daí a importância que conheçam com “profundidade” a tradição, os documentos, a estrutura e funcionamento e os propósitos missionários da Igreja Metodista, bem como, possuam uma visão, ao menos parcial, da realidade que cerca as diversas comunidades brasileiras.

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