terça-feira, 4 de agosto de 2009

Se preciso, pinto o rosto e saio às ruas

Se preciso, pinto o rosto e saio às ruas


Rev. Fernando Cezar Moreira Marques
Igreja Metodista no Ipiranga - São Paulo, SP


Era o ano de 1992. Eu morava nos Estados Unidos, trabalhava e estudava na Pastoral Universitária metodista da Michigan State University.

Imagine o que eu passei: dependia dos raros (porque caros) telefonemas e dos Correios para receber alguma notícia de um Brasil que fervilhava em torno do impeachment do Presidente da República.

Lá de longe acompanhei, ansioso, o movimento que, incrível, parecia mobilizar a população. Lembro-me de ter desejado estar no Brasil naqueles dias para viver as experiências que certamente entrariam para a História nacional.

Não pude. E me senti como o sujeito da canção do Milton: "Quem perdeu o trem da História por querer saiu do juízo sem saber, foi mais um covarde a se esconder diante de um novo mundo".

Pois é, confesso: perdi o trem da História.

Eu e a Velhinha de Taubaté (pra quem não se lembra, criação do LF Veríssimo). Eu, por estar fora do país; ela, por ingenuidade, credulidade, apatia, comodismo. Trancou-se em casa para não se envolver recusando-se a acreditar no que todos entendiam como óbvio.

Anos depois, mais especificamente em julho de 2007, minhas suspeitas se confirmaram: a velhinha era metodista e delegada ao Geral. Só isso explica a lambança.

Será que foi com ela que o Lula e outros Colégios aprenderam a tática do "Não sei, não vi, não sabia, não posso fazer nada, não tenho nada com isso!"?

Receio que ela ainda esteja por aí, temendo, como sempre, ser identificada como alguém que faz conchavos e combina estratégias. Prefere acreditar que todos são bonzinhos como ela e que tudo é e será feito com a melhor das intenções.

Se todos pensarem assim, o que será da Igreja no próximo Concílio Geral?

De minha parte, decidi que, no que depender de mim, nunca mais perco o trem da História.

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