quinta-feira, 28 de julho de 2011

A propósito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011

 SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011



MENSAGEM PROFERIDA NA IECLB DE CARIACICA-ES


TEXTO: ATOS 2.42 “UNIDOS NO ENSINAMENTO DOS APÓSTOLOS, NA COMUNHÃO FRATERNA, NA FRAÇÃO DO PÃO E NAS ORAÇÕES”.


Introdução


Vemos nos quatro evangelhos várias maneiras de agir dos cristãos do primeiro século.

Costumamos dizer as comunidades de Mateus, de João, de Marcos e a de Lucas. Lugares e pessoas diferentes. E as muitas Igrejas fundadas por Paulo e vários outros, jovens e mulheres. Uma variedade de dons e ministérios.


O evangelho de hoje remete-nos para a comunidade Lucana.  Em Jerusalém concentrava-se a maior parte dos apóstolos. Lucas diz (atos 1. 12-14) dessa  primeira comunidade cristã e fala dos 11 apóstolos que se reuniam lá, juntos com muitos irmãos e irmãs, inclusive a mãe de Jesus e “ eram assíduos na oração no templo “.


Lucas é médico, pertencia a um grupo de famílias com mais posses e escolaridade no meio de muitos de menores rendas e também de pobres e necessitados.


1.      1. A comunidade de Jerusalém

Essa igreja de Jerusalém podemos chamá-la de igreja da utopia cristã, no sentido que é tudo que queremos e esperamos e trabalhamos para viver uma comunidade de fé e esperança.

Uma igreja de intensa vida comunitária, onde os encontros no templo, as celebrações e eucaristia como as orações se completavam nas visitas às casas, no conhecimento das necessidades das famílias, no suprimento das necessidades básicas e ainda mais na divisão de seus bens, de maneira que ninguém possuía mais do que o outro.


As orações nessa comunidade de fé não eram meras palavras, mas se transformavam em ações de solidariedade.


Era uma manifestação de alegria e sentimento de que o Espírito Santo conduzia na verdade o povo e por isso saíram e dispersos (diáspora) criaram muitas comunidades e transformaram o mundo da época. Tudo isso debaixo de grande perseguição.



Pergunta-se:

Como é possível a convivência numa comunidade parecida com as nossas igrejas e nossas cidades, com ricos, pobres, miseráveis, mendigos, migrantes, trabalhadores/as de todos os níveis e escravos ?  É bom lembrar que em certas cidades do primeiro século, quase a metade da população era de escravos.



Na comunidade de Jerusalém tem muitos pobres como hoje, pessoas que  foram impedidos de ter posses, de quem tudo foi tirado, como nossos irmãos afro-descendentes, que libertos pela LEI ÁUREA, da princesa do nosso império, permanecem na luta por seus direitos a terra como os quilombolas e à moradia digna. Esses nossos irmãos na quase totalidade enchem as vielas e favelas das cidades que ajudaram a construir. Milhões deles como o Lázaro da parábola do rico e o pobre que Jesus contou. Os que, absolutamente, nada tinham e precisavam do pão e teto como são os mendigos de todas as nossas cidades.


 As cidades antigas tinham muito em comum com as cidades atuais em desigualdades sociais, embora tempos e contextos tão distantes.


Nessa visão dos tempos de hoje não podemos esquecer os pequenos trabalhadores do campo, os trabalhadores sem terra, os trabalhadores dos períodos das colheitas, que deixam suas famílias na busca da sobrevivência.



Ainda sobre a comunidade Lucana diz o grande profeta de Deus dos nossos tempos e que já não está entre nós, José Coblin, 1988, em seu comentário de Atos dos Apóstolos: “ ... Ricos e pobres são para Lucas os que aparecem na cidade. Os agricultores explorados que fornecem a base da riqueza dos grandes não estão representados. Na cidade vivem os proprietários ; aí gastam o dinheiro que tiram do campo. Nas cidades estão também as classes inferiores que prestam os seus serviços aos ricos: artesãos, transportadores, domésticos, além dos escravos... Na cidade está  concentrada toda uma população desempregada  ou subempregada.... de pequenos agricultores expulsos de suas terras  e de todos os vencidos na luta pela vida”.


Todo esse quadro mostra alguma semelhança com as nossas cidades, respeitados os contextos sócio-econômicos e culturais.



2.       2. A Igreja de Jerusalém e sua proposta
 A   A vida em comunidade de fé promovida pela igreja de Jerusalém é uma proposta simples, de grande eficácia, revolucionária e transformadora das pessoas e da sociedade do seu tempo e do nosso tempo. É um grande desafio, pode não ser novidade, mas precisa, urgentemente, ser recuperado.

 A   Igreja de Jerusalém apresenta uma proposta de evangelização, baseada na vivência comunitária.

O    OS QUATRO SUSTENTÁCULOS DE FÉ E AÇÃO COMUNITÁRIA foram desafios que geraram crescimento em todos os sentidos para igreja de Jerusalém e o Reino de Deus se expandiu por muitos lugares.

S    São grandes indicativos para nossa maneira de sermos cristãos e igreja nos tempos atuais e sempre: O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS, A COMUNHÃO FRATERNA, A EUCARISTIA/SANTA CEIA OU REPARTIR O PÃO E A ORAÇÃO.




 “ERAM ASSÍDUOS AO ENSINAMENTO DOS APÓSTOLOS”


               Os apóstolos eram pessoas simples, mas de fé inabalável, na experiência do convívio com Cristo, sua morte e ressurreição. A autoridade dos apóstolos não vinha de sua escolaridade, pois eram de pouca instrução, mas advinha de seu testemunho e sinais realizados no meio do povo. Podemos dizer em linguagem Wesleyana nos seus atos de piedade e nas obras de misericórdia.


 A COMUNHÃO


Ninguém é dono do que possui. Deus é o Senhor de tudo e todos.  Somos administradores de tudo que é de Deus, inclusive os nossos bens.  E somos chamados para o dom de repartir com os outros os bens e todos os demais dons recebidos.


Os primeiros cristãos colocavam tudo em comum uso, a ponto de não haver mais necessitados entre eles.


Se os cristãos no Brasil tomassem uma decisão desta, com certeza, não haveria mais pobres.

 Reconhecemos os esforços políticos para a redução da desigualdade social e nos avanços de políticas públicas, mas há muito por avançar.


 As igrejas e o povo cristão não podem ficar a reboque do que pode acontecer, mas agentes atuantes e provocadores de mudanças.


A FRAÇÃO DO PÃO


Lembra, antes de tudo, a eucaristia ou a santa comunhão, a Santa Ceia, a memória da morte e ressurreição de Cristo.  Também a referência à fração do pão vem das refeições judaicas onde a comida era levada nas casas dos que nada tinham.


Jesus partiu pão para a multidão, após o gesto de uma criança oferecendo pães e peixes, instigando o grande milagre da partilha.


AS  ORAÇÕES


Através das orações os cristãos mantinham-se unidos, contra as tentações de egoísmo e indiferença, mas para suportar as perseguições religiosas também.


Esses cristãos nos deram exemplos como deve ser a vida no templo e o relacionamento com o próximo.


Unidos na oração, mostramos nossa pequenez e fragilidade, bem como nossa dependência de Deus.


Unidos na oração mostramos nossa humildade e lançamos fora a arrogância.


Unidos na oração anunciamos que um mundo melhor e para todos é possível, de amor, respeito, solidariedade e tolerância de uns com os outros.


Unidos na oração ganhamos forças para desenvolver projetos e atividades concretas, que levantem a vida do ser humano para uma vida plena, inclusiva, como os Senhor nos disse no evangelho de João 10.10: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundancia”.


Unidos na oração temos forças para denunciar a maldade e ação dos corruptos da sociedade, políticos ou outros como líderes religiosos que querem devorar o rebanho.





 CONCLUSÕES E OUTROS INDICATIVOS


Do texto em Atos 2.42-47, no final diz que os apóstolos (entenda-se homens e mulheres ) eram estimados  pelo povo e o Senhor acrescentava mais gente  à comunidade.


A Igreja e os cristãos são chamados a revelarem a graça de Deus à humanidade, através de gestos e sinais concretos de amor a todas as pessoas.


A credibilidade de todo o povo para o anúncio do evangelho pelos cristãos:


Não será pelo proselitismo, ou conversões de conveniência, pessoas pulando de igrejas, como macacos pulando de galho em galho.


Não será pela construção de grandes templos ou de grandes mercados de compra de objetos religiosos, como “curas”, “ expulsão de demônio”, “descarrêgos” ou outras magias e fantasias.

Também não será pelas campanhas de crescimento numérico, no vale tudo do mercado religioso.


A credibilidade não será pelo acúmulo de bens e riquezas.


Também não será por organizações políticas com marcas religiosas ou lobys de evangélicos ou religiosos, para defender seus grupos no Congresso Nacional, nas assembléias Legislativas e Câmaras Municipais.


MAS SERÁ PELA VIDA SIMPLES DO EVANGELHO DO AMOR, PARTILHA E FIDELIDADE AOS ENSINOS DE CRISTO.




















                                                                    rev  Adahyr Cruz – pastor metodista

                                                                    10 de junho de 2011

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