terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mais homenagens a Victor José Ferreira

Mais homenagens a Victor José Ferreira





Faleceu Victor José Ferreira
Clóvis de Oliveira Paradela
Espalhem a notícia dentre os cidadãos do Reino: tombou um príncipe em Israel: nosso querido Victor foi promovido a glória aos 3 minutos de hoje, 25 de outubro.

Nos últimos dias o seu corpo foi morrendo, entrando em falência e sobrou o coração que insistiu em bater durante muitas horas ainda. Quem o conheceu sabe da pessoa amorosa que foi e por isso não poderia ser diferente: seu coração morreria bem depois dos demais órgãos.

Fez carreira na Rede Ferroviária Federal desde os 12 anos, quando entrou como aprendiz na escola profissionalizante em Além Paraíba. Na Rede teve uma carreira brilhante, ocupando vários postos entre Instrutor de Formação Profissional a Diretor de Recursos Humanos e Organizacionais. Após sua aposentadoria ocupou-se em trabalhos de consultoria, tendo prestado serviços a empresas públicas, privadas e do terceiro setor.

Na Igreja Metodista aceitou o convite para ser “pastor de dedicação voluntária” e, posteriormente, pastor suplente, numa época que faltavam pastores na Igreja. Depois voltou à condição de membro leigo da Igreja.

Na condição de presidente do Conselho Diretor do Bennett assumiu interinamente a Reitoria daquele Instituto Metodista nos anos 80, função que ocupou por um ano sem remuneração, acumulando com seu trabalho na Rede Ferroviária.        Na última década foi Superintendente do Cogeime e novamente Reitor do Instituto Metodista Bennett.

O Victor casou-se com Celinéia (Celi), minha irmã. Ele era pessoa extremamente amorosa, abnegada, que sabia promover a vida das pessoas à sua volta, inspirando, incentivando. Não me lembro dele falando mal de alguém ou com expressões maldosas que destroem reputações. Ao contrário, sempre destaca aspectos bons das pessoas.

Com sua generosidade ajudou a muita gente a tomar um rumo na vida, inclusive a mim em minha adolescência. Era um excelente conselheiro e como sabia nos inspirar confiança e visão de futuro.

Durante sua enfermidade nunca reclamou. Falava sempre que estava tudo bem. No dia 16 de outubro foi internado e entrou em coma pela primeira vez.  À minha esposa, Emylucy, médica que o acompanhava nestes dias, sempre dizia “o bom de tudo é que Deus está conosco”. No domingo passado após o culto da tarde fui visitá-lo e por isso fui o último a falar com ele. Após uma rápida conversa e uma oração, despedi-me dizendo “O bom de tudo...” e ele completou “é que Deus está conosco”. Estas foram as suas últimas palavras em vida.

Deus esteve com ele. Hoje seu rosto estava com expressões de tranquilidade. Ele estava bonito, com boa aparência. Deus esteve com ele e agora ele está com Deus.

Coloco aqui uma lápide de honraria a este guerreiro vencedor que “morreu de pé”, meu ídolo e herói da infância e adolescência.

“Deus o deu, Deus o tirou, louvado seja o nome do Senhor.”



Rio de Janeiro, 25/10/2012


João 4:14  “... a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”.

Estimada irmã Celinéia e familiares,

Um laço rompido, uma partida, um desfecho, é sempre um lamento, uma dor, uma tristeza dessas que nos aquietam e nos fazem parar. O final de uma história, de uma vida, é ainda mais triste, pois sugere saudade, distância, ausência. Quando, porém, a lembrança é capaz de se encontrar com a vitalidade dos bons ideais e o vigor de um trabalho bem feito, a alma se faz nova e a vida, mesmo quando finda, se renova pela eternidade, como uma fonte que jorra para sempre através da amizade que um dia se fez.

São estas as lembranças que o Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista e suas mantidas guardarão do Prof. Victor José Ferreira, companheiro desta Instituição de muitos anos como membro do Conselho Diretor e Presidente do Conselho Diretor. Sua contribuição foi ímpar, seu testemunho sinalizador do Reino de Deus e seu zelo inspirador em todos os momentos da vida institucional. Sua ausência será sentida, mas os frutos do seu trabalho permanecerão indicando a força da fé e da esperança na educação e na vida.

Piracicaba, 25 de outubro de 2012

Clovis Pinto de Castro
Diretor Geral
Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista


Piracicaba, 29 de outubro de 2012

Muitos escreveram sobre o Victor nos últimos dias

Demorei muito a encontrar esse arquivo.

Gostaria de dividi-lo com vocês. Esse era o Victor que amávamos, de quem sentimos saudades, de quem tantas boas lembranças vão permanecer.

Se alguém de
Abraço

BIA


Em 2007, em resposta a um material que recebi da Domingueira Poética referente ao Dia da Mulher, escrevi ao Victor um texto a partir do qual pretendia agradecer-lhe a gentileza e a atenção. E dizia que achava que “ele devia partilhar essa história que, não sei porque, você nunca relatou nos e-mails. Ela é tão significativa quanto o texto que você nos enviou pelo Dia da Mulher. Desculpe se vai nela um pouco de imaginação, mas é como eu senti seu significado quando a ouvi de você”. Victor respondeu dizendo que talvez a enviasse a uma mala direta mais restrita, que chamava de Mala Direta Afetiva Eletrônica, para “pessoas as quais tenho a liberdade de pedir que não me julguem cabotino”.

Para os que não a leram, acho que é uma história e uma homenagem que valem  ainda hoje.

“São Paulo da correria, das manhãs cinzas, dos mendigos que se espalham. E das pessoas que se ignoram, passando pelas esquinas que acumulam rotinas dos mesmos horários, e que nem assim fazem com que bons-dias se tornem um hábito. Nestes todos dias que levam ao trabalho, ele cruza, quase que cotidianamente, com a mendiga que fica próxima à sede da Igreja Metodista. Como tantas outras, sentada na calçada. Talvez abandonada pela sorte. Talvez abandonada por si mesma antes de ser abandonada pelos outros. Às vezes pedindo ajuda, às vezes recebendo uma moeda. São dezenas os que passam por ela, saídos do metrô que leva e traz diferentes destinos. Mas poucos a olham, pensam no sol e na chuva que torna a chuva um pouco pior, embora mais difícil seja mesmo a solidão, que se soma à fome, talvez ao medo das ruas.

Com o tempo eles se cumprimentam, dele ela passa a receber bom dia, um sorriso. Não sei se chegam a conversar. Mas há um pouco de humanidade na troca de algum aceno entre ambos.

Num 8 de março de um ou dois anos atrás, o nosso Victor passou por uma floricultura para chegar à sede da Igreja Metodista com mais uma de suas gentilezas às tantas mulheres que ali dividiam os espaços consigo. Mas entre o metrô e o edifício, estava a mendiga. E nada lhe pareceu mais natural que ela recebesse a primeira das flores.

Uma lágrima escorreu dos olhos daquela mulher. Foi mais que surpresa. Certamente foi a certeza de ainda estar viva. Talvez de sentir-se renascida. Respeitada. Olhada como gente. De repente, perceber que alguém rompera a barreira do silêncio.

Não o final da história. Nem se a mendiga permaneceu na esquina, nem se continuaram se cumprimentando. Sequer sei o que ela terá feito com aquela flor.

Mas sei que o gesto de dar aquela flor talvez seja o mais significativo que tenha visto, em muitos anos, de respeito e reconhecimento às mulheres.

É muito mais a ele do que à sua lembrança ( eu escrevia diretamente ao Victor)  de envio  de um poema que talvez devêssemos agradecer neste 8 de março.”




Um comentário:

Keller disse...

Entendo que o Victor gostaria de saber, da notícia:
HISTÓRIA: Estrada de Ferro Vitória a Minas completa 106 anos
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A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) completou ontem, dia 13 de maio, 106 anos de operação. Com 905 quilômetros de extensão e considerada uma das ferrovias mais produtivas do país, em 2012 a EFVM foi responsável pelo transporte de 144,5 milhões de toneladas, entre minério de ferro e carga geral.

A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) opera o único trem de passageiros diário no Brasil e liga duas capitais: Vitória, no Espírito Santo, e Belo Horizonte, em Minas Gerais.Às 7h, um trem parte de Cariacica, na região metropolitana de Vitória, Espírito Santo, e chega a Belo Horizonte, Minas Gerais, por volta de 20h10; no sentido inverso, um trem parte da capital mineira às 7h30 e encerra a viagem às 20h30. Há também um trem adicional que faz o percurso entre Itabira e Nova Era, ambas em Minas Gerais.Em funcionamento desde 1907, o serviço transporta cerca de um milhão de passageiros por ano e percorre 664 quilômetros de regiões de belas paisagens e importância histórica. A viagem dura aproximadamente 13 horas.

No trem, há vagão que funciona como lanchonete, outro para restaurante, vagão exclusivo para portadores de necessidades especiais e ar-condicionado no carro executivo. Há serviço de bordo em todos os ambientes.

Única do Brasil que opera o transporte de passageiros de longa distância diariamente, no ano passado, quase um milhão de pessoas embarcaram nos trens da Vitória a Minas, que percorrem 664 quilômetros entre o Espírito Santo e Minas Gerais numa viagem que envolve história e belas paisagens.