sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As eleições de 2010 e os bispos metodistas

As eleições de 2010 e os bispos metodistas

O movimento metodista, desde suas origens nos irmãos Wesleys, sempre se caracterizou por sua atuação política e social. Defesa dos mais fracos, abolição do comércio escravagista, rede de assistência social e voz profética na sociedade de então. Com a institucionalização do movimento metodista em Igreja, a ação social e política da Igreja Metodista se cristalizou no Credo Social e nos pronunciamentos do Colégio Episcopal, que se manifesta publicamente frente a situações que necessitam de um posicionamento firme do povo chamado metodista. 


O ano de 2010 não é diferente e o Colégio Episcopal da Igreja Metodista emitiu o Pronunciamento sobre as Eleições de 2010. Todavia, a prática adotada nas Regiões difere das orientações proferidas pelos próprios bispos signatários dos documentos. 


Entre os fatos novos que as eleições nos trazem, o pastor da Primeira Igreja Batista de Curitiba, pr. Paschoal Piragine, circulou um vídeo no qual ele orienta sua membresia a evitar conferir seus votos a um determinado partido baseado em conceitos teológicos e informações baseadas em boatos e rumores. Este vídeo foi amplamente distribuído no meio evangélico, inclusive por uma pessoa que trabalha na Sede Regional da Terceira Região e pelo revmo.bispo Adonias Pereira do Lago. Diante de uma manifestação que claramente contraria as orientações metodistas sobre a prática política, a Rede Metodista Confessante consultou os bispos Adriel de Souza Maia e Adonias Pereira do Lago através das cartas que seguem abaixo:


“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5.14-21

               Estimado revmo.Adonias Pereira do Lago  Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como é de praxe do povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda eram um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

                 Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

                 Como é de praxe, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

                    Desta maneira destacamos a circulação de um vídeo disponível no site Youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI ) de autoria do pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, onde o referido clérigo recomenda que sua membresia não vote no Partido dos Trabalhadores sob a justificativa de que ao fazê-lo seus membros estariam apoiando a “institucionalização da iniqüidade” (sic) dado o apoio do PT ao PL 5003/2001 conhecido como “Lei da Homofobia” e ao PNDH-3. No texto da referida lei não existe nenhum item que justifique as palavras do clérigo batista pelo fato da lei punir criminalmente a pessoa que “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo,orientação sexual e identidade de gênero:” (artigo 20 do PL 5003/2001 em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/429491.pdf ). No Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre o Projeto de Lei acerca da Homofobia lemos que “Reconhece que há na sociedade brasileira manifestações de natureza discriminatória de todo tipo, e inclusive contra as pessoas homossexuais. Tais manifestações não fazem justiça aos direitos individuais, nem, tão pouco, à tradição cristã de reconhecer qualquer ser humano como criatura divina e ao mandamento bíblico de amar o próximo como a si mesmo.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/Pronunciamento_02_07.pdf).

                       O referido vídeo está sendo distribuído a membros, leigos e leigas, clérigos e clérigas da Igreja Metodista pelo revmo.bispo Adonias. Portanto, solicitamos amorosa e respeitosamente ao revmo. Adonias Pereira do Lago o esclarecimento de que tal pronunciamento por parte do pastor Paschoal Piragine Júnior reflete a posição oficial do revmo.Bispo e da Igreja Metodista na 5ª Região ou se o mesmo se trata de opinião pessoal e orientação para discussão e reflexão entre a membresia da igreja, sem que haja com isso a prescrição de que o voto do membro leigo, leiga, clérigo e clériga seja dado a este ou aquele partido e negado a este ou aquele partido.

                     Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )


Carta de teor semelhante foi emitida tendo o bispo Adriel por destinatário.

“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5.14-21

                 Estimado revmo.Adriel de Souza Maia.

                 Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como é de praxe do povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda eram um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

                  Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

                     Como é de praxe, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

                      Desta maneira destacamos a circulação de um vídeo disponível no site Youtube.com (http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI ) de autoria do pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, onde o referido clérigo recomenda que sua membresia não vote no Partido dos Trabalhadores sob a justificativa de que ao fazê-lo seus membros estariam apoiando a “institucionalização da iniqüidade” (sic) dado o apoio do PT ao PL 5003/2001 conhecido como “Lei da Homofobia” e ao PNDH-3. No texto da referida lei não existe nenhum item que justifique as palavras do clérigo batista pelo fato da lei punir criminalmente a pessoa que “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo,orientação sexual e identidade de gênero:” (artigo 20 do PL 5003/2001 em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/429491.pdf ). No Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre o Projeto de Lei acerca da Homofobia lemos que “Reconhece que há na sociedade brasileira manifestações de natureza discriminatória de todo tipo, e inclusive contra as pessoas homossexuais. Tais manifestações não fazem justiça aos direitos individuais, nem, tão pouco, à tradição cristã de reconhecer qualquer ser humano como criatura divina e ao mandamento bíblico de amar o próximo como a si mesmo.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/Pronunciamento_02_07.pdf).

                       O referido vídeo está sendo distribuído a membros, leigos e leigas, clérigos e clérigas da Igreja Metodista através de um endereço de propriedade da Sede Regional da Terceira Região. Portanto, solicitamos amorosa e respeitosamente ao revmo. Adriel de Souza Maia o esclarecimento de que tal pronunciamento por parte do pastor Paschoal Piragine Júnior reflete a posição oficial da Terceira Região ou se o mesmo se trata de opinião pessoal daquele ou daquela que é o responsável pela distribuição do vídeo entre a membresia da Terceira Região.

                     Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )

 

As cartas  foram enviadas aos destinatários no dia 10 de setembro de 2010. Recebemos no dia 21 de setembro de 2010 resposta do revmo.bispo Adriel no qual ele esclarece que: 

  • Esteve fora do país até a véspera daquela data, portanto havia tomado conhecimento do caso naquele momento.
  • A funcionária da Sede Regional repassara tal vídeo a seus contatos pessoais utilizando-se do e-mail institucional da Igreja Metodista. A funcionária foi admoestada e recebeu atendimento pastoral por parte do bispo Adriel. Portanto, o vídeo não reflete nem a opinião do bispo e nem da Sede Regional.
  • O pronunciamento do pastor Paschoal Piragine não reflete a postura profética e pastoral com as quais a Igreja Metodista pauta seus relacionamentos com  as estruturas de poder político.
  • Reafirma seu compromisso com a dignidade do Evangelho de Jesus Cristo e com o aperfeiçoamento da democracia, visando a melhoria da qualidade de vida da população, especialmente a dos marginalizados.
 No dia 10 de setembro recebemos resposta do bispo Adonias Pereira do Lago, no qual o bispo esclarece que:

  • O encaminhamento do vídeo teve por objetivo a reflexão e a oração.
  • Sua opinião pessoal não foi repassada no e-mail que encaminhou o vídeo.
 O esclarecimento do revmo.Adonias é insuficiente por dois motivos. Primeiro, o bispo repassou o posicionamento do pr.Paschoal Piragine para ser refletido e analisado pelos pastores da 5ª Região, mas não repassou outros textos que interagiam com o pronunciamento do pr.Piragine, inclusive de outros pastores batistas e políticos ligados à Igreja Batista que contradisseram o que o pr.Piragine havia dito. Entre as respostas encontram-se o pronunciamento da Aliança de Batistas do Brasil, a resposta do teólogo batista Manoel  Ribeiro de Moraes Jr. e a carta escrita por políticos do PT ligados à Convenção Batista Brasileira, que desmentia algumas falácias contidas no pronunciamento do pr.Piragine.

Todavia, o mais preocupante foi ver que o vídeo do pr.Paschoal Piragine foi colocado no site da Sede Regional da 5ª Região, desmentindo a resposta do próprio bispo e contradizendo as orientações contidas nos documentos metodistas. O vídeo foi retirado algumas horas depois, mas o desrespeito aos documentos metodistas havia sido perpetrado.

Ainda no contexto de contradições entre discurso e prática por parte do Colégio Episcopal, no dia 17 de setembro de 2010 foi enviada a seguinte carta ao revmo.Roberto Alves, motivada por uma série de desrespeitos aos documentos metodistas, inclusive ao Código de Ética Pastoral pelo fato de que o bispo da Quarta Região enviou e-mails a pastores e líderes metodistas naquela Região indicando um candidato a deputado federal, fato repetido por Superintendentes Distritais, e pela pregação do rev.Aloísio, da IMCBH, na Igreja Metodista em Venda Nova, onde ele, em ambiente de culto público, instruia sobre em quais candidatos os metodistas deveriam deixar de votar.

Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. (1 Timóteo 3.16)

Estimado revmo.Roberto Alves de Souza.

Aproximamo-nos da data das eleições, neste ano marcadas para o dia 3 de outubro, e como é de praxe na vida civil de nosso país, as mais diversas manifestações políticas e partidárias se fazem presentes em nossa vida através dos meios de comunicação. Como caracteriza o povo chamado Metodista, diversas e diversos irmãs e irmãos se envolvem no processo eleitoral que é a base do processo republicano do Estado Brasileiro, através de candidaturas, militância partidária ou embate de idéias. O metodista e a metodista é por natureza ser político. John Wesley, desde os primórdios do movimento metodista, quando ainda era um movimento de renovação no seio da Igreja da Inglaterra, envolvia-se em questões como a proibição do tráfico de escravos oriundos da África, como a humanização do sistema prisional inglês, além da ativa militância junto aos pobres e marginalizados da sociedade com a criação de bancos, enfermarias e obras sociais, em áreas nas quais o Estado falhava em sua função de dar assistência à população.

Tal posicionamento ecoa até hoje em nossa Igreja através de documentos como o Credo Social que diz: “A Igreja Metodista considera, na presente situação do País e do mundo, como de particular importância para sua responsabilidade social o discernimento das seguintes realidades: a) Deus criou os povos para constituírem uma família universal. Seu amor reconciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmãos e destrói toda forma de discriminação entre os homens. A Igreja é chamada a conduzir todos a se receberem e a se afirmarem uns aos outros como pessoas em todas as suas relações :na família, na vizinhança, no trabalho, na educação, no lazer, na religião e no exercício dos direitos políticos. b) A reconciliação do mundo em Jesus Cristo é a fonte da justiça, da paz e da liberdade entre as nações; todas as estruturas e poderes da sociedade são chamados a participar dessa nova ordem. A Igreja é a comunidade que exemplifica essas relações novas do perdão, da justiça, e da liberdade, recomendando-as aos governos e nações como caminho para uma política responsável de cooperação e paz.” (Credo Social - Seção III - A ORDEM POLÍTICO-SOCIAL E ECONÔMICA).

Como de costume, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista se manifestou de maneira a orientar a membresia leiga e clériga sobre o agir nestas épocas de eleição. No documento disponível para acesso gratuito no site da Sede Nacional (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ) destacamos os seguintes pontos: “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições (...)C. Conhecimento mínimo do processo eleitoral, visando evitar manipulação do voto popular; (...)G. Não se deixar iludir pela utilização massiva dos meios de comunicação.” ( PRONUNCIAMENTO DO COLÉGIO EPISCOPAL SOBRE AS ELEIÇÕES NACIONAIS DE 2010 – pgs. 5 e 6).

No dia 2 de setembro de 2010 os pastores, pastoras e líderes da Igreja Metodista na 4ª Região receberam um e-mail de sua autoria apresentando o candidato a deputado federal Noraldino Junior. O e-mail é assinado pelo revmo. Bispo apresentando-se como presidente da 4ª Região Eclesiástica, o que chancela o status do comunicado como uma palavra oficial da autoridade maior do metodismo nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Em reunião recente no Distrito de Juiz de Fora, o nome do referido irmão e candidato voltou a ser citado pelo Superintendente Distrital, em uma reunião oficial do clero da Igreja Metodista no referido distrito. Em pleitos anteriores, diversos irmãos e irmãs metodistas se candidataram a cargos públicos, entre eles (citado apenas a título de exemplo, não se configurando no único caso) o rev. Lúcio Mendonça, candidato a prefeito de Além Paraíba. O referido clérigo se licenciou do cargo para evitar conflitos com as recomendações episcopais e código de ética pastoral. Tanto este como outros candidatos metodistas no contexto geográfico da 4ª Região não foram divulgados através de um comunicado oficial por parte do bispo presidente, o que caracteriza a atual comunicação e os comunicados por parte de Superintendentes Distritais como apoio oficial do bispo da Igreja Metodista ao candidato Noraldino Junior. Não há como afirmar com certeza, mas certamente é possível inferir que existam outros candidatos e candidatas metodistas concorrendo no atual pleito eleitoral nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Tais candidatos e candidatas que, neste ou em pleitos anteriores, não receberam nenhuma espécie de apresentação por parte do Presidente da 4ª Região Eclesiástica.

Entendemos que esta atitude por parte do revmo. Bispo contradiz o Código de Ética Pastoral, Seção V, artigo 33 que diz: “Art. 33 – O pastor e a pastora zelam para que as atividades e programas de suas igrejas ou ministérios não se prestem à propaganda eleitoral ou à doutrinação político-partidária.” (http://www.metodista.org.br/arquivo/documentos/download/codigo_etica_pastoral.pdf ), bem como contradiz a Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista – Voto Cidadão: Compromisso com o Reino de Deus, Cidadania e Missão sobre as Eleições Municipais de 2008 que diz: “C) Como instituição eclesiástica, a Igreja Metodista não tem nem pretende contrair vínculos partidários. Não temos compromisso com qualquer partido político. Devemos fidelidade somente o Senhor Jesus Cristo e ao povo a que somos chamados a servir. A participação política em termos partidários dá-se, preferencialmente, por meio dos membros leigos e leigas metodistas. Estendemos, portanto, nossa apreciação às organizações e aos partidos políticos que são movidos em sua prática concreta por objetivos e critérios que representem nossa consciência como Igreja de Cristo.” (pg.3).

Ainda no contexto do cenário eleitoral atual, o rev. Aloísio, pastor da Igreja Metodista Central em Belo Horizonte , ao pregar o sermão como convidado na Igreja Metodista em Venda Nova (MG) em 29 de agosto de 2010 afirmou durante o sermão que o evangélico não deveria votar em determinada candidata pelo fato de seu candidato a vice-presidente ser, supostamente, “praticante de satanismo”. Esta declaração por parte de um pastor metodista no momento da Edificação no Culto Público é preocupante por dois motivos. Primeiro, porque o referido clérigo orienta a membresia a evitar conferir seus votos em determinado contendor eleitoral baseado única e exclusivamente em boatos que circulam em textos apócrifos, através dos e-mails das pessoas evangélicas neste país. Em segundo lugar porque além de infringir os documentos acima mencionados, este ato do pastor supracitado viola clara e explicitamente o Pronunciamento do Colégio Episcopal sobre as Eleições Nacionais de 2010 no item I da seção “Sugestões práticas para o preparo dos membros para as eleições” que diz: “Deve ser evitado todo pronunciamento dos e sobre candidatos/as no momento do culto público ou de reuniões específicas da própria Igreja, tais como a Escola Dominical (Carta Pastoral “Eleições de 1994” ).” (http://www.metodista.org.br/download/372/Carta_Pastoral_sobre_Eleicoes_2010_-_reduzido_2.pdf ).

Solicitamos, respeitosa e humildemente, ao revmo.Roberto Alves de Souza esclarecimentos a respeito de tão flagrantes violações a recomendações episcopais, pronunciamentos do Colégio Episcopal e Código de Ética Pastoral, sabendo que todas as coisas cooperam para o bem daquele que ama a Deus.

Agradecemos antecipadamente a atenção pastoral dispensada e reiteramos nossa disposição para orar e apoiar o ministério pastoral e episcopal da Igreja Metodista.

Fabio Martelozzo Mendes
Moderador
Rede Metodista Confessante
( http://www.metodistaconfessante.blogspot.com )

 


 O ocorrido na 4ª Região é mais grave porque houve flagrantes desrespeitos aos citados documentos metodistas, inclusive ao Código de Ética Pastoral. Porém, semelhantemente a episódios anteriores, quando solicitações de informações e esclarecimentos havia sido feitos ao revmo.Roberto Alves, esta carta foi deixada sem resposta.

http://metodistaconfessante.blogspot.com/2009/11/carta-de-solicitacao-de-informacoes-aos.html 

http://metodistaconfessante.blogspot.com/2010/08/carta-de-solicitacao-de-informacoes-ao.html 

Com atitude contrastando frontalmente a atitude dos revmos.bispos Adriel e Adonias, que se dispuseram a permanecerem em diálogo democrático e fraterno, o bispo Roberto Alves exerce algo que ele não tem o direito de fazer, que é o de permanecer em silêncio, ignorando a conexionalidade e a democracia representativa que caracteriza o episcopado metodista.

Esta postura reforça a posição adotada por parte dos integrantes do Colégio Episcopal em reforçar o autoritarismo, a autocracia e a concentração de poder hiperclericalizada em um ambiente que outrora era caracterizado pela participação ativa dos leigos e leigas, pela representatividade com a qual a Igreja era dirigida, através de seus Concílios, subvertendo a função episcopal que é extraordinária e de serviço, não de poder e de autoridade. 
 

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