segunda-feira, 4 de abril de 2011

Metodistas que sofrem perseguição são acolhidos

METODISTAS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO SÃO ACOLHIDOS





Alguns membros da Igreja Metodista de Belém do Pará têm se reunido de casa em casa a cada domingo há mais de um ano. Muitos são metodistas desde a fundação da igreja naquela cidade, no bairro da Pedreira. No entanto, por serem ecumênicos e ativos em iniciativas comunitárias das quais a Instituição Metodista não atua formalmente, o grupo tem visto reduzido, nos últimos anos, o seu espaço da atuação na Igreja Metodista.

Alguns chegaram a ser impedidos de participar dos ministérios da igreja local, e em cargo nacional o que, na prática, implica poderem apenas assistir aos cultos. Um caso foi denunciado formalmente ao Colégio Episcopal da Igreja Metodista e não teve desse Colegiado a atenção, nem gerou compaixão e providências para coibir abusos.

A situação da Igreja de Belém não é isolada, pois nos anos mais recentes, há relatos em mensagens de textos difundidos via internet de outras pessoas que sofreram ataques diretos ou velados de certas lideranças metodista, levando a Igreja a sofrer muitas baixas de lideranças históricas e comprometidas com o metodismo, como na cidade de Salvador-Ba. A diferença, no caso da Igreja de Belém, é que em vez de ser desmobilizada, manteve-se viva, nas reuniões de famílias, mas carecendo de acompanhamento pastoral.

Os metodistas de Belém, com o apoio do Movimento de Metodistas Confessantes, que contesta o autoritarismo que tem marcado certas instâncias decisórias da Igreja Metodista, foram recebidos como membros, por transferência, na Igreja Metodista em Bela Aurora, Juiz de Fora.

A recepção foi realizada com programação especial, nos dias 27 e 28 de Novembro de 2010. Oito membros da Igreja de Belém representaram a totalidade dos 17 membros que solicitaram suas transferências. Agora, essas famílias paraenses formam um ponto missionário da Igreja de Bela Aurora na cidade de Belém, recebendo apoio pastoral e os sacramentos.


Somando-se aos que viajaram de São Paulo, Vitória e diversas cidades do interior mineiro, até Juiz de Fora, a igreja reunida lá em Belém também participou do culto, interagindo em um ambiente virtual de conferência, pela internet, com as imagens reproduzidas em telão no templo.


A decisão ímpar da comunidade de Bela Aurora amparou-se na conexidade regida pelos Cânones, Lei máxima que orienta as normas administrativas e missionárias do metodismo brasileiro, mas, acima de tudo, amparou-se na orientação bíblica e na vivência da fé cristã, marcadas pelo acolhimento e amparo dos que pela causa de Cristo são perseguidos.

Tratou-se de um momento carregado de simbologia na caminhada dos fiéis de Belém, Bela Aurora e da Rede Metodista Confessante, articuladora do Evento.


A Rede Metodista Confessante é um grupo que vislumbra o resgate do Metodismo Histórico que, no Brasil, passa por momentos inglórios, em que há leigos e clérigos que sofrem perseguições, exclusões e destituição de suas funções ministeriais e de cargos exercidos em diversas instâncias, tanto nas comunidades locais como em instituições da Igreja Metodista. A prática de perseguição se dá por essas pessoas discordarem de modelos “estranhos” à identidade do Metodismo. Modelos estes que ferem a espiritualidade dos membros convertidos aos princípios que marcam o metodismo: “Pensar e deixar pensar”.


Com a criação da Rede Metodista Confessante descobriu-se que há muito choro não sabido. Descobriu-se ainda que muitos membros, depois do Concílio de Aracruz, simplesmente deixaram a Igreja Metodista. Mas a comunidade de Belém compõe um dos “grupos de resistência”. Daí o pedido de socorro, acolhido como ato de amor, fraternidade e saber do papel missionário da comunidade de Bela Aurora.


O evento de Bela Aurora serve de exemplo para outros “grupos de resistência” no Brasil. Num passeio pela Rede Mundial de Computadores descobrir-se-á a existência de Comunidades Virtuais, especialmente, compostas por jovens insatisfeitos com os rumos da Igreja Metodista no Brasil.


O culto de acolhimento de membros perseguidos que passam a integrar um ponto missionário de Bela Aurora, firmados em Belém, certamente abrirá um precedente histórico importante na Igreja Metodista do Brasil. Esse “evento” lança um feixe de luz forte sobre a conexidade da igreja, expressa nos Cânones e, ao mesmo tempo, remete à lembrança de que o Espírito Santo de Deus sopra onde quer e que onde estiver dois ou mais reunidos em nome de Jesus, Ele estará presente.


Vale lembrar a fala final da pregação em Bela Aurora: “A Palavra de Deus irmãos/ãs, nos chama à resistência a qualquer tipo de injustiça contra nós e nosso próximo. Não podemos esconder nosso testemunho, como a lâmpada debaixo da mesa, mesmo que perseguidos, para que a justiça venha e o amor seja proclamado”


Pela graça bondosa de Deus e norteadora da vida de John Wesley, fundador do Metodismo, alguns perseguidos já foram abrigados por Bela Aurora, que lançou sobre o metodismo no Brasil a luz da Aurora da vida, do amor e da essência do Bom Pastor, o Bom Pastor que cuida das ovelhas, especialmente das que foram lançadas para fora do aprisco. A oração Confessante é para que Deus, em sua graça, cuide de todos/as que sofrem qualquer tipo de perseguição. Mesmo em tempos de trevas, o amor lança fora todo medo.

Rede Metodista Confessante
Texto publicado na Tribuna Metodista nº3, que pode ser baixada (todas as edições) aqui.

4 comentários:

walkimar disse...

EM TEMPOS DE TREVAS É O TEMPO ATUAL? ANTES NÃO HAVIAM TREVAS? ESTAVA TUDO CLARO?NUNCA TIVEMOS DIVERSIDADE DE PENSAMENTOS?
SOU CRIADO NA IGREJA METODISTA E HÁ TRINTA E TRES ANOS SOU MEMBRO. PARTICIPEI DA IGREJA DA DÉCADA DE OITENTA QUANDO NA REVISTA DA ED E EXPOSITOR ÉRAMOS BOMBARDEADOS DE TODO LADO PARA SERMOS UMA IGREJA CATÓLICA. ATÉ ERAMOS ASSIM CONSIDERADOS - CATOLIQUINHA.CLARO QUE HÁ EXCESSO HOJE. MAS DIZER QUE ESTAMOS EM TREVAS. ISSO REMETE AO CONCILIO PASSADO, QUANDO UM CONCILIAR SOLTOU ESSA FRASE. CAUSOU UMA TREMENDA CONFUSÃO, LEVANDO CONCILIARES A LEVANTAREM A VOZ E OS BRAÇOS CONTRA OUTROS.
NÃO ADIANTA USARMOS PALAVRAS DOCES COM INTENÇÃO NEGATIVA. SEJAMOS CLAROS.FUI MISSIONÁRIO DA AMAZONIA E CONHEÇO UM POUQUINHO DA REALIDADE ALI. CONFESSANTE. RESISTENTE.
NÃO PODEMOS SER REACIONÁRIOS. NÃO PODEMOS NEGAR A REALIDADE.
MAS PRECISAMOS TER A GRANDEZA DO PENSAR E DEIXAR PENSAR. TER A GRANDEZA DOS PRIMEIROS DISCIPULOS QUE EM CONCILIO CHEGARAM A CONCLUSÕES SÁBIAS, CASO CONTRÁRIOS, ESTARIAMOS PRESO AO JUDAÍSMO AINDA HOJE.
DESCULPE A FRANQUEZA. MUITOS ENTRAM NO BLOG.LEEM E MURMURAM ENTRE SI. APRENDI A COLOCAR MINHAS OPINIÕES PARA SEREM RESPONDIDAS, QUER A FAVOR, QUER CONTRA.
MAS PRECISAMOS TER GRANDEZA. NÃO HÁ TREVAS. HÁ REALIDADE. NÃO ADIANTA CRITICAR AS POSSÍVEIS TREVAS. PRECISAMOS ACENDER UMA LAMPARINA.
WALKIMAR

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Prezado Walkimar.

Nós, respeitosamente, discordamos de sua interpretação sobre a questão do ecumenismo. Preferimos adotar a posição wesleyana e metodista histórica.

Sobre a posição Confessante sobre o ecumenismo, sugiro a leitura:

http://metodistaconfessante.blogspot.com/2010/07/manifesto-ao-19-concilio-geral-da.html

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Complementando:

O tempo atual é de trevas. O problema não é a diversidade de pensamento. O problema é quando passa a haver coerção, perseguição, ações contrárias aos valores do Evangelho e da legislação canônica.

Houve trevas no passado? Sim. Houve.

Mas o que se vê nos dias de hoje praticamente é a implantação de uma ditadura religiosa sem respaldo legal e sem precedentes na história do metodismo brasileiro.

Talvez haja precedentes apenas na década de 60, quando o Colégio Episcopal fechou a Faculdade de Teologia, bispos e pastores metodistas denunciavam membros leigos para o DOI-CODI e para o DOPS para serem torturados, mortos ou exilados.

Dom Orvandil Moreira Barbosa disse...

Prezados/as irmãos/ãs metodistas perseguidos e resistentes

Abraço-os solidaria e fraternalmente. Sei muito bem o que vocês experimentam. Fui pastor da Igreja Matodista durante a ditadura até o início da Constituinte. Convivi com excelentes e exemplares metitodistas, que pouco a pouco tombaram. Sentindo-me mal com isso que já começava lá no final da década de 80 saí em busca de algo importante, mas com a consciência clara de missão, compromisso social e do ecumenismo, que aprendi na IM.

De modo que saudo vocês e me coloco a sua disposição para apoiá-los/as no que eu puder. Abraços com minhas orações, Dom Orvandil Moreira Barbosa www.padreorvandil.blogspot.com