sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Memória Metodista - Memorial do Professor Campante


O Pr. Prof. Antônio Vidal Campante (04/12/1919 a 28/03/2010 às 23h 50min)

“Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de seus Santos” Sl 116.15
Que a notícia corra por todos os arraiais metodistas e evangélicos: “tombou um príncipe em Israel”.
Prof. Antônio Vidal Campante foi um dos baluartes da Igreja Metodista em Minas gerais que conheci. Um verdadeiro campeão na carreira Cristã. Homem de uma franqueza e transparência, conforme nos ensina a Bíblia, características essas tão necessárias e escassas nos dias de hoje. Homem santo que viveu fielmente na presença de Deus: viveu e morreu no Senhor.
Casou-se com Jenny de Araújo Rangel Campante, neta do Rev. Antônio Braga de Araújo, pastor Metodista. Com dona Jenny teve os filhos Ester e Eldro, esse com o nome homenageando o final dos nomes dos avós Manoel e Pedro.
Prof. Campante viveu os seus últimos anos em Brasília, cidade onde moram seus filhos, na casa de sua filha Ester, onde Dona Jenny, falecida em 2005, também viveu os últimos anos. Nesses últimos anos de vida o Prof. Campante havia sido acometido de um derrame cerebral que o impedia a fala e a locomoção, mas conservou a sua boa memória.
Prof. Antônio Campante foi um grande amigo de meu pai, Rev. Celsino Paradela, desde o tempo de infância/adolescência (1934) na cidade de Anta-RJ. Essa amizade foi conservada até o final da vida de meu pai.
O Prof. Campante tinha um grande desejo de ser pastor. Sentiu-se chamado e apresentou-se a Igreja, mas devido às seqüelas de uma paralisia infantil, que comprometeu seu braço e perna direita, ele não foi aceito, porque na época os pastores teriam que se deslocar a cavalo. Ele falava disso com emoção até há pouco tempo atrás.
Em 1937 o Rev. Gavião foi o único pastor que lutou por mim. O meu requerimento foi indeferido por não possuir os requisitos necessários exigidos pela junta de educação “tem que ser um homem com saúde boa e ele é aleijado”. Eu era um homem de saúde boa, aleijado eu não sou.[1]
Aos 23 anos foi estudar e formou-se em Direito e em Letras e fez carreira como professor de Português no Granbery, no Colégio Estadual e em outras escolas em Juiz de Fora.
Na Igreja Metodista tornou-se Diácono da antiga ordem. Essa ordem tinha funções pastorais. Foi ajudante na Igreja Metodista em São Mateus, em Juiz de Fora, por duas ocasiões antes de 1950.
Todos perderam com a não aprovação do Prof. Campante ao ministério. Ele perdeu por não ter sido um pastor como sonhava e a Igreja perdeu um homem muito culto, bem informado, consagrado e que sempre teve o coração nas coisas de Deus e da Igreja Metodista.
Da primeira vez que preguei como pastor recém consagrado, em janeiro de 1982, na Igreja de São Mateus, em Juiz de Fora - MG, fiz questão de chamá-lo para impetrar a benção, porque na condição de diácono da antiga ordem ele poderia exercer as funções pastorais. O que seria a minha primeira “impetração de benção” transferi a esse velho amigo.
Esse nosso grande amigo, notabilizava-se por uma memória impressionante. Lembrava-se com detalhes de fatos ocorridos há muitos anos atrás. Contava de 70 anos atrás como se fosse ontem.
Na época do papai pastor em Jardinópolis, Juiz de Fora, o Prof. Campante pregava aos terceiros domingos. Essa é a imagem que levarei dele para sempre. Pregando, cantando velhas canções da Igreja, fazendo perguntas para testar a memória dos ouvintes, como por exemplo, antes do sermão perguntava o que havia pregado no mês passado. Naturalmente ninguém lembrava, exceto o Arthur Dianin, que conhecendo essa tática, passou a escrever e a responder a pergunta na outra pregação.
Esse “Príncipe de Israel” era um homem santo de quem terei saudosa memória.
Nesse momento de separação lembro-me de seu testemunho de fé através de seu hino predileto, 77 do Cantor Cristão, que aprendeu com meu pai, com quem gostava de cantar: “Minha alma segue o vale escuro, Desce o corpo às águas do Jordão. Não receio, pois Jesus, Salvo à pátria me conduz. Sim, o melhor amigo é Cristo”.
Deixo abaixo a letra completa desse hino.
“Deus o deu, Deus o tirou, louvado seja o nome do Senhor!”

Clóvis de Oliveira Paradela
Rio de Janeiro, 29 de março de 2010.

JESUS É O MELHOR AMIGO (CC 77)
Sei que o melhor amigo é Cristo,
Quando a tempestade assalta a fé
Pronto estende a sua mão,
Tranqüiliza o coração
Sim o melhor amigo é Cristo
(Coro)
Jesus é o melhor amigo (2x)
Repreende com dulçor
E me anima com vigor!
Sim o melhor amigo é Cristo!
Fiel amigo tenho em Cristo!
Nele encontro amor, consolo e paz.
Em seu braço esperarei,
Nenhum mal recearei
Sim, o melhor amigo é Cristo!
Minha alma segue o vale escuro,
Desce o corpo às águas do Jordão.
Não receio, pois Jesus
Salvo à pátria me conduz,
Sim, o melhor amigo é Cristo.
No paraíso eterno todos
Os remidos, transformados já,
Esse canto de louvor
Sempre entoam ao Senhor:
Sim, o melhor amigo é Cristo!



[1] - Entrevista com o Prof. Antônio Vidal Campante em junho de 1997.

As Marcas de Jesus

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