segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Teologia no Plural - Por uma Teologia da Criação que supere os Fundamentalismos


Teologia no Plural - Por uma Teologia da Criação que supere os Fundamentalismos

Claudio Ribeiro

Introdução

O conhecimento do bem e do mal é um ‘capítulo’ de uma antiga novela. Nela, atores e atrizes de longínqua data atuaram na busca de conhecimento, de sobrevivência e de poder, quase sempre entrelaçando tais dimensões. Buscaram a verdade, com ciência e sapiência; tentaram descobrir o mistério da vida, o que está para além e para aquém dos dias; se esforçaram para explicar a realidade da vida em toda a sua complexidade e ambigüidade. Passados milhões de anos, estamos nós aqui, no mesmo enredo da vida, agora com a contribuição de uma série de consensos científicos, mas ao mesmo tempo sendo desafiados por concepções refratárias à eles, o que usual e genericamente são chamadas de fundamentalistas.

A relação da teologia com as ciências sempre foi conflitiva. Quem leu a obra O Nome da Rosa, de Umberto Eco, ou viu o filme, deve se lembrar que na Idade Média as pessoas que se aventuravam nessa relação acabavam provando do veneno amargo da morte. E se essa obra é uma representação do mundo atual, tal como sugeriu Eco, o mesmo destino, com variações, poderá ocorrer à teólogos e à teólogas que aprofundarem o debate com as ciências.O pensamento moderno, desde René Descartes (1592 –1650), foi ao mesmo tempo generoso e implacável com as visões teológicas que buscavam o fundamento racional da fé. Ao passar por esse “fogo”, tornaram-se robustas as interpretações teológicas que articularam fé e razão, igreja e sociedade, a Bíblia e as ciências e outras polaridades que anteriormente estavam separadas dicotomicamente ou “engolidas” pela religião. 

Quando o século XX chegou, já tínhamos vários e substanciais avanços nessas relações e um  amadurecimento do conhecimento científico, especialmente o que se convencionou chamar de “ciências humanas”: a sociologia, a antropologia, a história, a economia, e, posteriormente, a psicanálise. Os grupos cristãos, portanto, já possuíam elementos para compreender, ainda que provisoriamente, as razões dos males sociais, o funcionamento da sociedade, os motivos que levam as pessoas à pobreza e ao sofrimento, o surgimento do universo, os processos da evolução humana e tantas outras realidades que sempre fizeram emergir inquietações religiosas e perguntas e respostas teológicas.

Como se sabe, o campo de reflexão que articula teologia e ciências é amplíssimo e por isso não é adequado entrar nele em poucas linhas. Mesmo a relação com as ciências humanas ou sociais, por ser igualmente ampla e complexa, não deve ser tratada como um todo. Por isso, para dar uma contribuição – modesta, por suposto - nesse debate indicarei apenas alguns aspectos que considero cruciais para a teologia hoje superar as formas de fundamentalismos.A motivação das reflexões que se seguem gira em torno da complexa relação da visão evolucionista da vida com o que se convencionou a chamar de fundamentalismo. Em que a perspectiva religiosa fundamentalista, tanto no catolicismo romano como no protestantismo, desafia a elaboração de uma teologia que busca articular fé e ciências? Qual seria a contribuição possível de uma “teologia da natureza”, como formulou, entre outros, o teólogo John Haught, para a vivência de uma fé que fuja das simplificações na compreensão da vida, do fixismo histórico e do medo do futuro? 

Artigo Completo: https://www.dropbox.com/s/hqmcwuuff1emnqz/Circulo-do-Rio-criacao.pdf

Pode a Fé Tornar-se Idolatria? A atualidade para a América Latina da relação entre Reino de Deus e história em Paul Tillich. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.

Analisa tendências de setores da Teologia Latino-Americana da Libertação e da Teologia da Prosperidade a identificar direta e expressamente seus projetos - de inspiração socialista ou capitalista - como sendo "o" Reino de Deus, o que, teologicamente, é caracterizado como idolatria. Para tanto, utiliza-se como referencial teórico o pensamento do renomado teólogo protestante Paul Tillich, aproximando-o dos principais desafios da realidade sociocultural e política da América Latina, dos debates sobre o estágio das perspectivas marxistas no campo científico e das dimensões relativas à vivência religiosa no Continente.


http://www.livrariacultura.com.br/Produto/LIVRO/PODE-A-FE-TORNAR-SE-IDOLATRIA/22325052

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