sexta-feira, 28 de junho de 2013

Deus, perdoa-me porque pequei






Deus, perdoa-me porque pequei



2013-05-25 20.11.47














Há poucos meses meu marido assumiu o pastoreio de uma pequena comunidade. Tem sido uma experiência rica e nova para nós que há anos trabalhamos juntos em tantas outras atividades.Ele conduz os cultos de um modo bem diferente do que comumente se vê nas igrejas do Brasil. Por exemplo, ele não manda embora as crianças, ao contrário, prepara um sermão especial para elas primeiro e só depois conduz o sermão para os adultos. Na verdade, percebo que os adultos ficam com os olhos brilhantes, esperando o sermão dos pequenos.
Quando chega a hora do sermão dos adultos a criançada se joga no chão sobre um tecido estendido, ao lado do púlpito e fica por ali, lendo historinhas bíblicas, desenhando, pintando… É reconfortante vê-las ali protegidas por Deus e por nós os adultos.
Outro momento do culto que acho marcante é quando o pastor incentiva a confissão silenciosa dos pecados. Vejo aquelas mãozinhas unidas cochichando para Deus algo que, certamente, eles nem sabem o que é. Mas eu sei.
Sei que tenho pecado por praticar uma cristandade inócua. Por exemplo: 338 pessoas foram assinadas no Brasil em 2012 por serem gays, lésbicas, travestis ou transexuais. Segundo Relatório Anual do Grupo Gays da Bahia (GGB), houve um aumento de mortes em 27% com relação ao ano de 2011 (266 mortes) e um crescimento em 177% nos últimos 7 anos; isso sem contar os casos que não foram denunciados como crime de homofobia. Ainda segundo o relatório do GGB, em 2012 ocorreu uma morte a cada 26 minutos no Brasil decorrentes da homofobia e uma dessas mortes foi de um rapaz que estava abraçado ao irmão e pensaram que ele era gay. Ah! Quanta parte tenho nesses crimes todos por minha passividade. Quanta brutalidade meu Deus! E eu quieta.
Enquanto observo aquelas mãozinhas inocentes, aqueles olhinhos fechados diante de Deus vou me encolhendo por dentro de vergonha. Que futuro estou semeando para essas crianças? O que tenho feito para que elas não sejam os assassinos ou as vítimas do amanhã?
Me vem a mente o capítulo 23 de Mateus e o quanto me encaixo na descrição dada por Jesus aos Escribas e Fariseus; exímios conhecedores da Lei. Ao mesmo tempo, quanto me falta daquela indignação de Jesus para dizer “aí de vós hipócritas, aí de vós guias cegos…” aos líderes religiosos do meu tempo que, tal qual qual os Escribas e Fariseus, colocam pesados jugos sobre os ombros do povo, exploram sua ignorância e plantam no coração das crianças o preconceito, o ódio, o racismo e a homofobia.
Mas minha falta de indignação e o meu silêncio me faz cúmplice. Deus perdoa-me porque pequei.
Que por essas e outras crianças eu assuma meus pecados de frente e tenha a coragem de dizer todas as manhãs diante do espelho: Deus, perdoa-me porque pequei… E, ajuda-me a converter meu coração e minhas ações cristãs sem hipocrisias e medos.
“Se um dia eu for Santa, serei com certeza a santa da escuridão. Estarei continuamente ausente do Paraíso.” – Madre Teresa de Calcutá

sábado, 22 de junho de 2013

Igreja Metodista emite declaração a respeito das manifestações populares no Brasil

Igreja Metodista emite declaração a respeito das manifestações populares no Brasil

Baixe aqui o pronunciamento do Colégio Episcopal a respeito das manifestações: http://www.metodista.org.br/arquivo//Ao_povo_Metodista_Brasileiro.pdf



O Colégio Episcopal da Igreja Metodista emitiu, nesta sexta-feira, uma carta dirigida ao povo metodista brasileiro na qual pronuncia-se a respeito das recentes manifestações populares. 

É salutar e importante o pronunciamento do Colégio Episcopal, sobretudo quando o povo metodista é estimulado a uma participação política cidadã, engajada nos problemas sociais e atenta às demandas do povo. 

Todavia, o discurso da Igreja Metodista deve ser coerente com sua prática diária de exercício da fé e da cidadania. Desta forma, os comentários feitos à carta do revmo.José Carlos Peres, bispo da 3ª Região, também se aplicam ao pronunciamento do Colégio Episcopal.

Veja aqui os comentários à carta do revmo.José Carlos Peres: http://metodistaconfessante.blogspot.com.br/2013/06/comentarios-carta-aberta-do-revmo-jose.html

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Teologia no Plural - Por uma Teologia Wesleyana Latinoamericana

POR UMA TEOLOGIA WESLEYANA LATINO-AMERICANA:


Homenagem ao prof. Rui de Souza Josgrilberg pelo seu período como diretor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista

Claudio de Oliveira Ribeiro*


Introdução

Não podemos encarnar o evangelho, sem incluir outras pessoas e grupos na dinâmica da graça e sem distinguir claramente onde o povo está, que forma ele está tomando na sociedade ou como está acontecendo a marginalização que ele está sofrendo (RSJ).
Sempre que tive oportunidades para refletir ou para escrever sobre teologia wesleyana, a
pessoa que vinha à minha mente era a do prof. Rui de Souza Josgrilberg. O encanto dele
pelo pensamento de Wesley, a visão crítica em relação às formas mais simplistas de
entender o Metodismo e, sobretudo, o amor dele pela Igreja me motivavam e motivam
muitíssimo.


Mais uma vez, retomo o tema da teologia wesleyana – e mais do nunca com a marca latino-americana, que é nossa vocação comum – tendo como referência e lembrança todos os esforços que o professor Rui dedicou nessa área. Aliás, devo dizer que ele me abriu portas significativas na minha experiência acadêmica quando ao chegar em Rudge Ramos há dez atrás para compor a equipe da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista fui por ele convidado para compor o grupo de pesquisa que logo denominamos “Teologia Metodista Brasileira” (TEOMEB) que, por sua vez, abriu caminhos para a constituição, pouco tempo depois, do Centro de Estudos Wesleyanos. A intenção do grupo era/é produzir uma teologia que retome os elementos da fé cristã como entendidos na tradição wesleyana e os repense considerando o contexto brasileiro em particular e o latino-americano em geral.


Artigo completo: https://www.dropbox.com/s/ag9vz7h1jo4yvzr/Metodismo-Rui.pdf 



http://www.livrariacultura.com.br/Produto/LIVRO/TEOLOGIA-DA-LIBERTACAO-MORREU-A/22378790
A Teologia da Libertação Morreu? Reino de Deus e Espiritualidade Hoje. São Paulo: Fonte Editorial//Ed. Santuário, 2010.

Trata das principais tensões entre racionalidade e subjetividade humana, especialmente as que estão presentes na herança do marxismo, que marcam o debate em torno da teologia e da filosofia latino-americanas. A pressuposição é que a teologia e a pastoral latino-americanas não ficaram isentas dos impactos proporcionados pelas mudanças socioeconômicas e políticas no final do século XX simbolizadas pela queda do "muro de Berlim" e que, em função disso, requerem novos referenciais teóricos para que a produção teológica possa ser aprofundada e adquira estágios cada vez mais relevantes.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Comentários à Carta Aberta do Revmo. José Carlos Peres (bispo da 3ª Região da Igreja Metodista) ao Governador Geraldo Alckmin.

Comentários à Carta Aberta do Revmo. José Carlos Peres (bispo da 3ª Região da Igreja Metodista) ao Governador Geraldo Alckmin. 


Baixe aqui a carta escrita pelo revmo.José Carlos Peres: http://www.metodista.br/fateo/noticias/carta-do-bispo-peres-ao-governador-de-sp




"Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados." Provérbios 31.8-9

Gostaria de felicitar o revmo.José Carlos Peres, bispo da 3a.Região da Igreja Metodista, pelo pronunciamento contra a violência policial cometida contra a a população.

 Todavia, lamento que este pronunciamento tenha se dado tão tardiamente. O pronunciamento foi feito apenas após a violência policial ter extrapolado e atingido indiscriminadamente toda a população, não apenas os manifestantes, como havia sido o caso das três primeiras manifestações, também reprimidas violentamente sem que os manifestantes tivessem provocado situações que desencadeassem a violência. Lamento que a carta aberta seja tardia e que o bispo não tenha percebido a justiça nas reinvindicações feitas nas manifestações. Pedido de justiça contra a opressão, corrupção e autoritarismo por parte dos governos federal, estaduais e municipais.

 Também lamento que a Igreja Metodista, outrora engajada nas lutas sociais e na defesa das populações desfavorecidas contra os que detém o capital e o aparato estatal esteja sistematicamente desmobilizado suas pastorais e ministérios voltados à defesa dos direitos humanos.

Lamento que Regiões Eclesiásticas estejam extinguindo suas pastorais indigenistas, mesmo com uma crise sem precedentes nas populações indígenas, cujas terras são cobiçadas por ruralistas e grileiros. Lamento que as pastorais indigenistas que não estão sendo extintas recebem tão pouco apoio institucional que sua atuação fica restrita e impossibilitada. Lamento que as pastorais da Terra da Igreja Metodista, que em um passado recente caminhavam em busca da reforma agrária sejam atualmente mera lembrança e história.

 Lamento que algumas regiões eclesiásticas estejam desmobilizando os ministérios de Ações Afirmativas Afrodescendentes, muito embora a valorização da cultura africana e sua influência na cultura brasileira e evangélica seja cada dia mais reconhecida e muito embora a luta contra a desigualdade social no Brasil esteja apenas começando. 

 Lamento o fato de que a cada dia acontecem mais e mais ataques físicos contra pessoas homossexuais e a igreja repete o ato de Pilatos de lavar as mãos e dizer que "ama o pecador mas abomina o pecado". Muito embora seu discuros seja o do amor, seus atos são os de abominar aquele cuja orientação não seja compreensível pela maioria da população e a igreja fecha suas portas baseando-se em uma hermenêutica cristalizada em conceitos de meados do século passado, desta forma excluindo, perseguindo e alijando da vida denominacional as vozes que clamam por uma abertura nos estudos bíblicos para a compreensão das novas interpretações bíblicas. Interpretações tão novas como um dia o metodismo foi novo, como um dia o protestantismo foi novo, como um dia o cristianismo foi novo.

 Lamento que uma igreja surgida entre mineiros e operários, cuja história na Inglaterra está ligada ao surgimento dos sindicatos, à luta contra a escravidão, à reforma penitenciária e nos Estados Unidos hoje apóia a revisão da legislação injusta contra os imigrantes, a integração da população homossexual na vida e ministério da igreja e contra a influência das corporações tenha, no Brasil, tornado-se tão burguesa e encastelada que simplesmente ignora e desconhece a luta e o labor diário de sua população.

Fabio Martelozzo Mendes
membro da I.M. na Lapa - 3ª Região

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A casa de meu pai e suas muitas moradas. Resenha do livro de Clóvis de Oliveira Paradela

A casa de meu pai e suas muitas moradas.  Resenha do livro de Clóvis de Oliveira Paradela





Tive imenso prazer em ler este relato emocionante da vida, do ministério e da família do reverendo Celsino Paradela, mineiro do fim do mundo, autor de uma obra pastoral imensa e muito reconhecida pelos que dela usufruíram, não estou certo se também pelos ocupantes de cargos e funções de poder da sua Igreja Metodista do Brasil. O autor é igualmente pastor, seu filho Clóvis, nascido quase no fim da fila de cinco homens e três mulheres que permaneceram na fé cristã que aprenderam com seus pais.


O livro é bem escrito e bem humorado, uma homenagem do autor ao centenário de nascimento do seu pai. Ele recorre a diversos depoimentos de familiares, dos irmãos e irmãs em primeiro lugar, de colegas de ministério do pastor Celsino, de amigos da igreja, de professores, com nível excelente de expressão vernacular de todos eles. Por vezes, tive dificuldade para identificar quem estava lendo: o autor ou um depoente. Isto porque ele adotou dois tipos de destaques para os depoimentos. No primeiro, aparece a identidade da pessoa no subtítulo e o texto segue na formatação similar ao texto do próprio Clóvis. No segundo, o depoimento aparece em letra menor e margem recuada. Caso o livro receba merecidas edições posteriores, valeria a pena equacionar sua formatação de modo a facilitar a leitura.


Sou de uma família presbiteriana que tem alguns pastores que começaram a atuar no início do século passado; outros, por volta dos anos 40 e 50. Minha geração teve candidatos ao ministério (é o meu caso), mas partimos para outras formações e outra relação com nossas igrejas de origem. No meu caso ainda, com a Igreja Metodista da qual me tornei membro por transferência no contexto de minha breve experiência como estudante da Faculdade de Teologia de Rudge Ramos no ano das múltiplas crises: 1968.


Mantenho uma relação mais ou menos próxima com a Igreja Metodista nas últimas décadas. Penso que acompanhei suas opções, suas orientações e seus desafios. Em razão deste quadro de referência, deste pano de fundo, ao longo da leitura eu mantive um diálogo intelectual com o autor e com o biografado, cuja trajetória me faz lembrar o semeador da parábola. O pastor Celsino semeou todos os dias durante décadas; variaram os terrenos que receberam suas sementes, as pessoas, as lideranças e as circunstâncias, como ocorre na vida de qualquer pessoa. Porém, quantas igrejas e quantos metodistas não se inscrevem na colheita vasta do que foi plantado por este pastor?


Celsino foi pastor de igrejas pequenas, tornou-as mais numerosas em membros e trabalhos, fundou e regeu corais, deslocou-se pelo território mineiro por todas as maneiras possíveis quase sempre com exclusão de carros e ônibus. E pensar que quase sua postulação ao ministério não foi acolhida porque era franzino!


Incomoda este julgamento do poder eclesiástico a respeito da aparência, não do coração do jovem aspirante ao ministério. É o segundo caso de que ouço falar. O rev. José Borges dos Santos Júnior, pastor presbiteriano, foi presidente do Supremo Concílio desta igreja, professor do Seminário de Campinas, além de pioneiro em programas de rádio. Pois bem, contou-me minha tia Irany, que foi sua secretária por muitos anos, que ele foi rejeitado ao pastorado metodista porque era não tinha um perfil físico adequado!


Os relatos ora me provocaram alegria, ora me entristeceram; ora vontade de rir, ora de chorar. Gostei de todos os depoimentos, mas seu neto Cleber foi muito feliz ao escrever:


“hoje tenho orgulho muito grande de ser neto de um homem trabalhador, que conseguiu formar e dar educação a tantos filhos, e educou espiritualmente tantas famílias por tanto tempo. Os frutos plantados por ele serão colhidos por muito tempo” (p. 290).


Criado em família rural, em condições sociais bem adversas, não se pode afirmar que tenha melhorado de vida ao ter acesso aos estudos no Grambery, instituição educacional metodista de Juiz de Fora. Nem se pode afirmar tampouco que tenha obtida uma boa condição financeira como pastor. Longe disto. Clóvis deixa claro que as dificuldades eram diárias. Certa vez dona Clea ia reter os filhos em casa porque não tinham roupa adequada para uma atividade em sua própria igreja. O problema foi resolvido pela solidariedade de outras pessoas.


Jamais deixou de ter horta e galinhas nas casas pastorais onde viveu com a família. A venda de verduras e ovos complementou a renda familiar durante muitos anos. Os salários baixos nem sempre lhe eram pagos em dia. Há um caso estridente: os administradores (a junta de ecônomos) de uma das igrejas de que foi pastor, diante de uma crise financeira, não lhe pagaram alguns meses de salários, e jamais se redimiram desta dívida. Para dar conta das dificuldades advindas desta injustiça, o pastor Celsino vendeu um pequeno sítio onde abrigara parentes.


Imagino que este pastor atuante - tão procurado por pessoas que se encontravam diante de problemas de saúde, por exemplo – desempenhava (por analogia) uma função de natureza pública, pois atendia as necessidades alheias e não se beneficiava pessoalmente dos bons resultados: buscava vagas em hospitais, hospedava-as em sua casa, dava-lhes segurança e apoio. Fazia-o em decorrência da sua visão do pastorado e de sua missão evangelizadora. A memória destas ações fermenta em depoimentos emocionados.


No início da leitura, eu me perguntei: o pastor Celsino teve amigos católicos? E de outras denominações evangélicas? Sim, ele os teve, e as informações são abundantes. Ele foi amigo de presbiterianos, batistas e assembleanos, teve relações meio atravessadas com adventistas em razão de seu proselitismo agressivo (p. 84, 94,132,171, 274). Teve amigos católicos muito chegados à família, inclusive um padre – e muito se apreciavam (p. 70, 119).


E teve conflitos com um e outro padre. Eram os tempos de estranhamento entre estas igrejas cristãs, certamente antes do Concílio do Vaticano II. Alguns conflitos, típicos de cidade pequena, quase chegaram à violência contra a qual se colocou o pastor Celsino (p. 102-107, 111).


A guarda do domingo é sempre uma questão complicada. Fácil, aparentemente, para quem impõe as regras, nem sempre para quem é obrigado a cumpri-las. O mesmo com relação a dançar (houve quem não gostasse que uma menina dançasse com um palhaço que divulgava a chegada de um circo), ouvir rádio ou ver televisão aos domingos. Rifa, então, nem falar (p. 154). Inicialmente uma coisa mundana que criava aversão, a televisão foi uma bênção (sem exageros) no final da vida do pastor Celsino, apaixonado cruzeirense. Isto porque ele já se encontrava desvestido da camisa de força dos papéis pastorais: livre para ver televisão!


Faço parênteses: eu adorava futebol na minha infância, adolescência e juventude, como ainda hoje, e nunca me conformei com a proibição de jogar aos domingos. Tinha de dar bom testemunho, danando-se minhas convicções e o livre arbítrio. Deixei de me comprometer com equipes por este motivo. Um pastor da minha infância (que casou meus pais, me batizou e fez minha profissão de fé) saiu-se com esta diante da minha questão se era pecado jogar futebol no domingo: “se for brincadeira, não; se for para valer, é pecado”. Casuísmo religioso de um pastor culto e dedicado que tinha de dar nó em pingo d´água.


Celsino e sua esposa Clea educaram os filhos com o apoio de instituições metodistas, mas também sem elas. Tiveram este objetivo, como milhares de casais protestantes para quem a educação possibilita a leitura da Bíblia, em primeiro lugar, e prepara os filhos para o futuro. Clóvis desfila as profissões, os graus acadêmicos de toda a família: irmãos e irmãs, noras e genros, filhos e filhas, sobrinhos e sobrinhas. Uma linha ascensional é nítida: os filhos estudaram mais do que os pais porque tiveram mais oportunidades, havia mais escolas; todavia, sem o impulso dos pais, provavelmente não teriam ido tão longe (p. 126-127, 263-265).


Vou comentar pontualmente alguns aspectos da vida profissional do pastor Celsino.


  1. Relação com o poder eclesiástico nos níveis local, regional e nacional. Os relatos remetem ao poder da igreja local como uma mistura de estruturas presbiteriana (conselhos, juntas) e batista ou congregacional (o poder do conjunto dos membros ativos). Pessoas influentes que permanecem durante muitos anos em posições de poder, tendendo a um conservadorismo estrutural; famílias que disputam posições de poder. Um exemplo interessante: uma família deixa uma igreja local e funda uma igreja presbiteriana! A divisão que levou à criação da Igreja Metodista Wesleyana resulta, segundo Clóvis, de um conflito de famílias.
  2. Em que pese sua autoridade moral e legal, o pastor depende destes outros níveis. Com relação à região, o poder é desempenhado pelo bispo que, sobretudo, nomeia os pastores para as igrejas e exerce a disciplina. Celsino nem sempre foi designado para a igreja que queria, nem sempre ficou naquela em que se encontrava bem. Isto em razão do poder do bispo, submetido, por sua vez, aos grupos de pressão. Não fica claro como o pastor Celsino se relacionou com o poder regional. Se ele jamais quis ser bispo, quem ele apoiou, a quem se opôs? Por que motivos?
  3. A Igreja Metodista foi tomada por crises importantes durante seu pastorado. Especificamente, fechou sua Faculdade de Teologia em 1968, renovou o Colégio Episcopal, reabriu esta escola e avançou em seu caminho ecumênico; anos depois, a crise diz respeito às tensões e disputas pelo poder entre tradicionais e carismáticos, sendo que diversas orientações teológicas vicejam no meio-campo. Como Celsino viveu a crise de 1968?
  4. Ele não se engajou no ecumenismo, mas foi tolerante com outras denominações e com o catolicismo. Virtude rara a tolerância, mesmo entre ecumênicos. Como ele se relacionou com a orientação fortemente ecumênica da Igreja Metodista?
  5. Dividir para multiplicar: Celsino foi estrategista no desenvolvimento das igrejas de que foi pastor. Estimulou a chegada de jovens a funções de direção; abriu-lhes o púlpito; realocou os membros em congregações por critérios geográficos (antes e depois de um rio, por exemplo) para que se tornassem igrejas.

Deixo o pai para comentar uma bela ideia do filho-autor. Trata-se de um projeto eclesiástico semelhante à confederação entre países independentes: um acordo para a realização de objetivos comuns, mantendo-se os estados membros (como seria com as igrejas) sua plena soberania no tocante a outros aspectos. Clóvis define o problema e a solução:


“Se somos um povo só, o que nos impede de nos unirmos novamente? Por que não somos uma só igreja? Tenho um sonho, uma visão que Deus me deu: sonho com uma confederação metodista no Brasil, composta por federações (Igrejas) autônomas, porém unidas nas doutrinas básicas do metodismo histórico, em projetos missionários e nas ajudas mútuas, somando forças para a implantação do Reino de Deus. Cada federação (Igreja) poderia manter sua organização eclesiástica própria, suas peculiaridades, mas teria uma forte relação na visão e prática do Evangelho à luz do metodismo wesleyano” (p. 191).

Um sonho? Talvez. Mas pode ser uma semente.


Eliezer Rizzo


http://www.filhosdagraca.com.br/index.php/component/k2/item/52-casa-meu-pai

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Carta à presidenta Dilma Rousseff sobre a questão da demarcação das terras indígenas

A Posse da Terra

"Não podem os metodistas, no entanto, herdeiros da tradição de João e Carlos Wesley, deixar de erguer a voz de protesto, veementemente, contra as brutais violações dos direitos dos povos indígenas, de forma direta ou indireta, no passado e agora. A Igreja Metodista em seus diversos níveis de gestão (local, distrital, regional e geral) estará sempre atenta a todas e quaisquer formas de desrespeito destes, incluindo os garantidos na Constituição Brasileira, enfatizando os seguintes:

► a posse da terra;
► a autodeterminação e autogestão;
► direito de acesso aos serviços de saúde, incluindo o reconhecimento e respeito à medicina tradicional;
► direito à educação escolar diferenciada e específica a cada cultura; 
► a liberdade e a segurança pessoais e a livre expressão religiosa e cultural."





Carta à presidenta Dilma Rousseff

A atitude do governo federal de desqualificar, através da Casa Civil, os estudos antropológicos desenvolvidos pela FUNAI e que servem de base aos processos administrativos para efetivar as demarcações de terras indígenas, gerou uma insegurança jurídica para os interesses dos povos indígenas no Brasil.

A decisão da Casa Civil da Presidência da Republica apresentada aos representantes do agronegócio e parlamentares do Mato Grosso do Sul, em reunião na semana passada em Brasília, de que a Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério do Desenvolvimento Agrário, “avaliarão e darão contribuições” aos estudos antropológicos realizados pela FUNAI, repete a ação do último governo militar ao instituir o famigerado “grupão” do MIRAD, capitaneado pelo general Venturuni, para “disciplinar” a FUNAI e “avaliar” as demandas indígenas.

O caminho para uma demarcação de terra indígena hoje é complexo e apesar do Decreto 1.775/96 (da lavra do então Ministro Nelson Jobim) facultar o contraditório em todas as fases do processo administrativo, este processo acaba indo parar na justiça a partir da simples nomeação, pela FUNAI, do grupo técnico encarregado de identificar uma terra indígena. E a judicialização é cheia de percalços e artimanhas jurídicas, medidas liminares a serviço do impedimento, chegando a absurdos como, por exemplo a Reclamação 8070 (relativa a terra indígena Raposa Serra do Sol), que ocupou tempo e trabalho de juízes. Mecanismos de protelação judicial que empurram a solução dos conflitos por décadas afrontando a obrigação constitucional da União de concluir as demarcações até cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988.

O processo das terras terenas, onde acaba de ser assassinado pela Polícia Federal o índio Oziel Gabriel de 35 anos, chegou ao STF depois de 13 anos de tramitação e ao alcançar tão alta instância do judiciário brasileiro, com aprovação em plenário, onde analisou-se nos autos as provas de cada lado envolvido juntadas em todos estes anos de tribunais, retorna à Justiça do Mato Grosso do Sul, para novas perícias e faz-se um looping para não resolver o problema. Será que começa do zero?

A proposta da Ministra Gleisi Hoffmann introduz uma nova rota de fuga para criação de contraditórios jurídicos. É mais um mecanismo que favorece a geração de novos impedimentos jurídicos por parte do agronegócio, proporcionando que a ação de demarcação de terras, continue circulando nas instâncias da justiça. Agora, também com questionamentos embasados em contra-laudos e opiniões de setores do próprio estado e cujos interesses são distintos dos interesses indígenas, representados constitucionalmente pela FUNAI, através de laudos antropológicos aprovados pelo Ministério da Justiça para as questões de demarcação de suas terras.

A medida atinge os estudos já aprovados pelo Ministério da Justiça, aqueles que aguardam homologação e os em curso e abre também possibilidades de questionamento na justiça de terras já demarcadas, promovendo uma insegurança jurídica, que evidentemente é sentida por todos os povos indígenas envolvidos em disputas territoriais e setores da sociedade que acompanham e atuam neste problema.

Com tal medida fica evidente a responsabilidade da Ministra Gleisi Hoffmann pela radicalização da tensão no Mato Grosso do Sul e que atinge também outros povos de outros estados. O governo erra ao escolher lidar com o problema pelo caminho da protelação e do desmonte constitucional das funções da FUNAI, priorizando aspectos de desenvolvimento econômico e eleitorais frente aos direitos indígenas. Atenta aos direitos humanos e gera mais tensão no conflito indígena brasileiro.

No Mato Grosso do Sul a não solução da demarcação das terras indígenas é uma das várias guerras de baixa intensidade que vivemos em nosso país. São centenas de milhares de pessoas atingidas e a mudança de rito de tramitação da demarcação de terras indígenas, abrindo à consulta e apreciação os laudos antropológicos produzidos pela FUNAI para setores antagônicos à demarcação, contrariamente o que pensa a Casa Civil, só trará mais resistência indígena e mais conflitos.

Estes povos vivem em conflito permanente com o desenvolvimento de nossa sociedade há muitas décadas, em 1908 uma área de hum milhão de hectares é arrendada para uma empresa de mate, como se lá não existissem índios, 1955 houve uma CPI para apurar a apropriação ilegal de suas terras por grandes figuras da política mato-grossense, em 1965 um IPM é instaurado para apurar o roubo de terras indígenas, em 1968 o Relatório Figueiredo, recentemente localizado, aponta inúmeras violências e esbulhos de suas terras e renda, documentos que jogam luz sobre conflitos que se arrastam por décadas, causando sofrimento e dor em uma das maiores populações indígenas do Brasil.

Num país em que engatinhamos no direito de acesso à informação pública, cuja lei foi aprovada junto com a que criou a Comissão Nacional da Verdade, onde muitos documentos continuam escondidos, fora de catalogação institucional e portanto do acesso público, a hipótese de que terras demarcadas não possam mais ser objeto de ampliação é atitude antagônica ao momento em que vive a sociedade brasileira de busca por verdade e memória, justiça, reparação e não-repetição.

A justiça de transição, que reclamamos aos mortos e desaparecidos políticos, aos atingidos por torturas, aos perseguidos pela ditadura de 64, também alcança os povos indígenas brasileiros. Em sua grande maioria foram perseguidos, sofreram atentados, assassinatos, chacinas, massacres, como também sofreram torturas, prisões, desaparecimentos, remoções forçadas, escravização e hoje tais violações são objeto de estudo pela Comissão Nacional da Verdade.

O documento anexo, desaparecido por 45 anos, contém o depoimento dado pelo Chefe da Inspetoria Regional do Serviço de Proteção do Índio de Campo Grande ao procurador Jader de Figueiredo Correia, presidente da Comissão de Investigação do Ministério do Interior, onde aponta nomes de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, juízes e outras pessoas que se apossaram de forma ilegal de terras indígenas no antigo estado do Mato Grosso.

A questão indígena dará o tamanho da régua que apontará a medida da evolução democrática de nossa sociedade, que está entre reconhecer os erros cometidos pelo estado, mudar condutas, reparar direitos destes povos e desenvolver mecanismos de não-repetição ou seguir o rumo da protelação judicial e os retrocessos em direitos humanos com o retorno de assassinatos, demonstração e uso indevido de força e censura. 

No passado muitos crimes foram cometidos em nome do desenvolvimento e da lei de segurança nacional, hoje tais praticas se escondem atrás de um discurso sobre a necessidade de “governabilidade” e de um “governo em disputa”, porém na pratica os crimes continuam os mesmos, mudamos os atores e não avançamos em mudarmos estas condutas do estado brasileiro, gerando mecanismos de respeito aos cidadãos e garantias de seus direitos.

Assinam:
Anivaldo Padilha – membro de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço

Dalmo Dallari – jurista e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo

Gilberto Azanha – antropólogo e coordenador do Centro de Trabalho Indigenista.

Marcelo Zelic - Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de SP.

Roberto Monte – membro do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular do Rio Grande do Norte

terça-feira, 4 de junho de 2013

A juventude quer viver


A juventude quer viver


Skatista, ciclistas e rollers. Esses são os frequentadores que a Praça Roosevelt costuma atrair todas as noites; no entanto, a noite de quarta-feira passada (29/5) trouxe um público distinto. Jovens de diferentes tradições e denominações religiosas uniram-se em torno de um mesmo ideal: defender a juventude ao invés de encarcerá-la.


“A juventude quer viver”. Este foi o lema e o nome dado ao ato inter-religioso contrário à redução da maioridade penal. O evento foi organizado e promovido por jovens e para jovens que, de sujeitos de direitos, tornaram-se objetos de violações destes mesmos através de leis que pretendem engordar as celas dos presídios brasileiros, com o pretexto de erradicar a violência que acomete o país.




  Figura 1: KOINONIA e REJU participam do ato inter-religioso. Foto: Nina Boe



A redução é hoje o tema mais polêmico em discussão na sociedade civil. Os últimos crimes cometidos por menores infratores são levantados como bandeira pela grande mídia a favor de mudanças na lei penal brasileira. KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço já se pronunciou contra a redução por acreditar que a violência possui raízes mais profundas e complexas que vão além da maioridade penal. 

A Campanha “O amor lança fora todo medo” participou do ato com a ação de repúdio à violência cometida contra as meninas no país. As estatísticas são alarmantes: 14 crianças, com idade abaixo de 10 anos, são estupradas diariamente no Brasil. A Campanha acredita que a mídia traz à tona apenas aqueles crimes perpetrados por estranhos e que ocorrem nos espaços públicos. Contudo, a maioria dos crimes sexuais contra as meninas acontece dentro de casa e são praticados por alguém próximo, como o pai, tio ou padrasto. Durante todo ato, tais estatísticas foram apresentadas nos corpos de meninas feitas de papel.





Figura 2: Ester Lisboa, calada, carrega menina com estatísticas.

Os luzeiros


O ato foi compartilhado por meio de cinco luzeiros espalhados pela praça que representavam temas relevantes e carregavam provocações artísticas iluminadas pela luz do fogo. “A luz ao mesmo tempo em que revela e denuncia realidades muitas vezes apagadas, é também um forte símbolo de esperança. Assim foi a nossa caminhada, denúncia e esperança”, explica Alexandre Quintino, metodista, articulador da Rede Ecumênica da Juventude (REJU) e voluntário do Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI). 




Primeiro luzeiro: Quem cala a sua voz? A falta de oportunidades cala, políticas públicas precárias calam, o Estado cala, a mídia cala, a sociedade cala. Todos calam, mas quem permanece calado? Com suas bocas tampadas com fita-crepe, um coletivo ecumênico decidiu se expressar escrevendo cartazes com suas aflições acerca da situação em que a juventude está inserida atualmente.


Figura 3: tochas iluminaram os luzeiros. Foto: Nina Boe



“Todos os participantes do ato foram, com suas bocas ainda fechadas pela opressão e pela desigualdade sem limites, convidados a expressar o que cala a boca da juventude. Não restaram dúvidas: violência, desigualdade, opressão, falta de oportunidades, desrespeito, falta de confiança. No primeiro luzeiro todos abrimos nossos olhos e nossas bocas para ver e gritar contra o que oprime a vida da juventude”, denuncia Frei Brayan Filipe.

Segundo luzeiro: Quanto vale a sua voz? A voz de um aluno da escola pública vale R$ 15 mil por ano para o Estado. Já para um detento, este valor sobe para R$ 40 mil anualmente. Mesmo assim, suas vozes permanecem abafadas pela precariedade em que se encontram os dois sistemas. Isto mostra que não é a quantia gasta pelo Estado que determina o direito de falar nesta sociedade.


Figura 4: fitas-crepes silenciam a voz da juventude


Neste luzeiro, a voz retornou às cordas vocais de direito. A Cia Basalto de Artes, do Capão Redondo, apresentou uma peça emocionante sobre a circunstância em que milhões de famílias brasileiras se encontram, enquanto que os rappers MC Rahsan e Sharylaine rimavam suas denúncias. Ao final, Caroline Borges declamou com voz forte a música e poesia de autoria dos Engenheiros do Havaí sobre quem nos cala.




 Figura 5: Caroline Borges declama uma poesia. Foto: Nina Boe.

“No segundo luzeiro vivenciamos a dor, a indignação e o desespero provocados pelo descaso das pessoas, do governo e das igrejas. Um momento de denúncia que nos provocou uma dor na alma, por sermos tão apáticos a realidade, como se fôssemos pessoas sem alma, sem coragem, verdadeiramente corpos - carnessecas”, destaca a anglicana Ester Lisboa, assessora do Programa Saúde e Direitos de KOINONIA. 




Figura 6: MC Rahsan representou a Periferia de SP.


Figura 7: Sharylaine foi a primeira mulher a gravar um LP de hip hop feminino.

Figura 8: Cia Basalto de Artes emocionou o público de forma sensível.

Terceiro luzeiro: Qual a cor da prisão? Negra, esta é a cor que prevalece em 60% dos presídios brasileiros. Não só da cor tratou-se este luzeiro, mas também do analfabetismo, da escassez do mercado de trabalho e das injustiças impressas em cartazes e lidos em voz alta pelos participantes do ato.
Figura 9: participantes carregavam placas com estatísticas relevantes à juventude.

“Cada vez que alguém gritava as frases das placas, a realidade soava como um susto. É inacreditável que somente 12% dos jovens frequentam o ensino superior, e é mais difícil ainda acreditar que além de não estarem estudando só metade da juventude brasileira está trabalhando. O jovem não é sinônimo de coisa boa na nossa sociedade, o que existe é um sistema punitivo que os mantém presos e sem acesso aos estudos, cultura e lazer”, desabafa Leninha Silva, atriz da Cia Basalto de Artes.

Quarto luzeiro: O que move a punição? Não é o crime que move a punição no Brasil. É a desigualdade. A população carcerária da Fundação Casa é composta na sua grande maioria por jovens pobres, negros e periféricos que, ao invés de serem reabilitados e ressocializados como deveriam, são esquecidos em celas imundas e superlotadas. E do que eles reclamam? Da comida fria, da roupa suja, da meia trocada a cada 30 dias, da falta de desodorante. Estes foram os depoimentos dos meninos que estão na Fundação Casa e que foram lidos pelos participantes no quarto luzeiro.


Figura 10: Selma Silva compartilhou sua dor de mãe. Foto: Nina Boe.

“Achei muito importante dar voz realmente aos que sofrem pelos problemas da Fundação Casa que não reintegra, não educa e só os coloca em uma situação mais miserável. Além disso, o depoimento da Selma Silva, uma mãe que passou por uma dura situação enquanto seu filho estava preso, foi muito emocionante”, afirma Lívia Lima, católica e membro da Pastoral da Juventude Lívia Lima.

Quinto luzeiro: Direitos pra quem? A juventude tem direito à educação de qualidade gratuita e pública; à liberdade de expressão; à cultura; à saúde pública de qualidade; entre outros. A juventude tem direitos assumidos e protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente dos quais os jovens do movimento ecumênico que ocupou a Praça Roosevelt reivindicou de mãos dadas e cantando. 




Figura 11: uma ciranda finalizou o Ato. Foto: Nina Boe.

“Apesar do ambiente de festa e alegria, é triste pensar que muitos jovens – principalmente negros – ainda têm seus direitos tolhidos, como cultura, mobilidade, educação de qualidade e principalmente à vida. Direitos que são sufocados por um sistema que exclui, estereotipa, discrimina, encarcera e que mata. Cirandamos na esperança de ver uma sociedade mais justa, onde os direitos da Juventude são respeitados e crendo que ‘felizes são aqueles que têm fome e sede da justiça, pois eles serão saciados’”, declara o metodista Cristiano Santos, membro da REJU.



Figura 12: Jovens de diferentes tradições religiosas se uniram para o Ato. Foto: Mauro Di Domenico Leite.


O Ato Inter-religioso “A Juventude Quer Viver” foi organizado por Agostinianos do Vicariato da Consolação; Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI); Fundação Luterana de Diaconia (FLD); KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço; Movimento 18 Razões; Pastoral Carcerária; Pastoral da Juventude; Rede Ecumênica da Juventude (REJU); Rede Fale; Revista Viração; Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS).