segunda-feira, 13 de junho de 2011

Autoridade e Autoritarismo na Igreja Metodista.

Autoridade e Autoritarismo na Igreja Metodista.
A clericalização e a centralização do poder através dos anos.




João Wesley Dornellas

(Membro da Igreja Metodista de Vila Isabel – RJ)



(O texto abaixo reflete, com pequenos cortes e adições, o conteúdo de palestra apresentada no Encontro de Metodistas Confessantes, realizado em São Paulo em 28 e 29 de maio de 2011 com a presença de leigos, clérigos e um Bispo Emérito).

Introdução

Não se tem a intenção de fazer um estudo sociológico ou filosófico sobre o Poder na Igreja Metodista nem do Autoritarismo, que poderia ser definido como a exacerbação ou abuso do poder. Também não se fará menção, que seria, aliás, pertinente, à promessa de Jesus a seus onze discípulos (Judas já havia se suicidado), pouco antes de sua Ascensão. Ou seja, que eles receberiam Poder ao descer sobre eles o Espírito Santo (At 1.8). Na realidade, em se falando de Igreja, o autoritarismo é exatamente a consequência do exercício do poder temporal sem o Poder que é o que vem da ação santificadora do Espírito Santo. Na Igreja, aquele só funciona bem quando este está presente.



O poder não é algo negativo e reprovável. Ao contrário, ele é necessário, e até imprescindível, para qualquer associação a fim de garantir sua continuidade e preservar suas normas, sendo essencial em todos os níveis da organização humana. A Igreja, composta de seres humanos e não de anjos, não fica de fora de toda a problemática do poder e, da mesma forma, da competição que ocorre em todas as estruturas sociais.



O autor relembra sua primeira aula no curso de Direito já se vão quase 60 anos. O professor de Teoria Geral do Estado abordava justamente a teoria do poder, elemento básico daquela matéria. E deu-nos uma definição, que escreveu no quadro, e recomendou que a decorássemos. Nunca mais a esqueci: “o poder é uma estrutura bem definida da vida coletiva, na qual os juízos de um centro ativo transmitem-se a uma periferia passiva sem fazer ao mecanismo normal de avaliação de motivos”. Ela, sem ser ambígua, serve para qualquer estrutura de poder, seja democrática ou não. No primeiro caso, aqueles juízos são aprovados de acordo com a Lei e impostos ao povo (a periferia passiva), sem perguntar se são certos ou errados. No segundo, nos sistemas ditatoriais, aqueles juízos são impostos pela força e atingem todo o povo, também sem perguntar nada. Muitas vezes, nesses casos, ai de quem ousa contestar as decisões.



Max Weber, por sua vez, diz quase a mesma coisa com outras palavras, bem mais simples: “O poder é a possibilidade de impor a própria vontade sobre o comportamento dos outros”. Daqui para a frente, vamos falar mais de história, especialmente da Igreja Metodista no Brasil, que tem convivido com o autoritarismo, especialmente a partir das últimas  décadas do século passado. Fato que tem comprometido todos os conceitos claros e naturais de Autoridade, que não pode nunca ser confundida com o autoritarismo.



O autoritarismo no passado mais remoto



Nem a chamada Igreja Primitiva, a do tempo dos apóstolos, ficou livre da competição pelo poder e do autoritarismo. O livro de Atos dos Apóstolos nos indica, mesmo de maneira não muito evidente para os inocentes, que o problema existia e que já se lutava pelo poder. Pode-se até dizer que o apóstolo Pedro iniciou na Igreja cristã o exercício do autoritarismo. Ele assumiu diversas atitudes bem típicas de quem lutava pelo poder. No capítulo 5 de Atos, na narrativa sobre Ananias e Safira, pode-se ver claramente isto, especialmente na conversa.que teve com Safira, três horas depois da morte de seu marido. As palavras de Pedro me lembram muito as palavras habituais de Edir Macedo, R.R. Soares, Malafaia e outros menos votados... A própria nomeação dos sete diáconos me parece mais uma atitude de poder, de nomear para aquela função de serviço, preparar as mesas para distribuição diária às viúvas de origem grega. Os discípulos, certamente chefiados por Pedro, acharam que não era razoável que abandonassem a palavra de Deus para servir as mesas, tarefa certamente inferior nos serviços da Igreja. Não consta em lugar nenhum que aqueles sete homens tenham, um dia sequer, servido às mesas. Na realidade, os dois que ficaram conhecidos, Estevão e Filipe, fizeram, e muito bem, o serviço que os discípulos achavam que era exclusivo deles. Depois de seu maravilhoso discurso perante o Sinédrio, Estevão foi apedrejado. Filipe, o missionário e grande evangelista em Samaria, onde recebeu estrita vigilância de Pedro, e no caminho de Jerusalém a Gaza, foi o instrumento usado por Deus para a conversão do eunuco de Candace, rainha dos etíopes. No caso do “poder” de Pedro, podemos ver como, para mantê-lo, ele provocou Paulo, que, mais inteligente do que ele e maior conhecedor das Escrituras, colocou-o em seu devido lugar e cumpriu a ordem de Jesus, que Pedro recebera pessoalmente, de fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19).



Depois da Igreja devidamente organizada, após a “conversão” de Constantino, os “bispos” assumiram o poder e eram, na maioria das vezes, autoritários. Na Reforma, com o “sacerdócio universal dos crentes”, as coisas mudaram um pouco mas se mantiveram muitas das práticas da Igreja de Roma. As lutas que se seguiram entre os diversos grupos, as posições políticas numa Europa sempre em mudanças geopolíticas, tudo isto contribuiu para que as práticas de poder, dissociadas do Poder de At 1.8, continuassem firmes. Apesar de melhorias, o autoritarismo eclesiástico continuava a ser prática habitual.



O Poder e o Metodismo – o “Pensar e deixar pensar”.



Seria o Metodismo de João Wesley sem autoritarismo? Gostaria de responder afirmativamente a essa pergunta. Infelizmente, não posso fazê-lo, apesar de achar que ele tinha mesmo era Autoridade. É que, muitas vezes, para garantir essa autoridade, ele puxasse um pouco para o lado do autoritarismo. Por isto, temos que entender muito claramente a afirmativa acima. Ela era muito mais um estímulo ao uso da razão do que flexibilidade doutrinária. Não existe o chamado “pluralismo metodista”, isto é balela. Há que distinguir-se que a liberdade de pensar restringia-se a questões não essenciais, ou seja, aquelas que não atingem o cerne do cristianismo. Muita gente usa essa frase de Wesley para justificar suas posições doutrinárias mas essa nunca foi a intenção dele.



O autoritarismo de João Wesley em questões doutrinárias confunde-se com sua Autoridade. Foi por isto que George Whitefield não pôde continuar no Metodismo. Nem Maxfield, o nosso primeiro pregador leigo, e muitos outros. Justamente para que o Metodismo não se transformasse, na imagem criada pelo Bispo César Dacorso Filho, “numa casa de mãe Joana, onde cada um pensa o que quer”. Daqueles dois, Wesley recebeu ensinamentos muito importantes. De Whitefield, o sábio conselho de pregar ao ar livre. Wesley adotou a prática e isto, sem dúvida, fez o Metodismo crescer,  atingindo pessoas que não iam à Igreja e nem tinham mesmo condições de fazê-lo. Mediante o sábio conselho de sua mãe Suzana, Wesley ouviu o leigo Thomas Maxfield pregar, considerou que a pregação “era de Deus” e, a partir daí e com preparação adequada, os leigos se transformaram em pregadores e evangelistas. Além disto, eles se transformaram em distribuidores dos livros que Wesley publicava. Juntaram-se, com a prática, piedade e conhecimento bíblico.



No Model Deed (Ato Modelo), editado em 1763, para disciplinar o que poderia ser pregado, ele definiu de maneira clara as nossas doutrinas essenciais, todas absolutamente bíblicas, que nós, como metodistas, temos que aceitar. Ou seja, o “pensar e deixar pensar” tem limites muito sérios que Wesley impôs. Da mesma forma, em seu artigo 4º, nossa Constituição determina qual é a nossa orientação doutrinária, toda ela baseada na Bíblia Infelizmente, porque muitos abusam dessa liberdade e os bispos, por estarem, muitas vezes, divididos entre si no entendimento dessas doutrinas, não usam sua Autoridade para coibir essas práticas divisionistas. “Se o corneteiro dá o toque incerto, quem se preparará para a batalha (1Co 14.8)



O Autoritarismo no Metodismo Brasileiro



Depois da Missão de Spaulding, interrompida em 1842, embora o Metodismo permanecesse vivo no Brasil na casa-igreja de Mary (Martha) Walker, a Missão foi reiniciada em 1876 com a chegada do missionário John James Ransom. Ele fez um bonito trabalho, a obra cresceu, surgiram os primeiros obreiros brasileiros e foi fundado por ele o Methodista Catholico, que logo depois mudaria o seu nome para Expositor Cristão. Também foram criadas por ele as revistas de escola dominical, as primeiras do Brasil, “A Nossa Gente Pequena”, para crianças que, na realidade, foi a primeira revista infantil do Brasil, e “A Escola Dominical”, para adultos.



Até hoje não se sabe muito bem o porquê de sua remoção abrupta, em 1886. O fato é que naquele ano veio ao Brasil o bispo J.C. Granbery e transformou a Missão em Igreja, que tornou-se uma espécie de Conferência (Região Eclesiástica, nos termos de hoje) da Igreja Metodista Episcopal do Sul. A partir daí, a começar de Granbery, o Metodismo brasileiro ficava sob a supervisão de um bispo, residente nos Estados Unidos, e com visitas rápidas ao Brasil. Na realidade, pela falta de comunicação, o poder era exercido pelos presbíteros presidentes (que seriam os superintendentes distritais de hoje), quase todos missionários. Eles tinham muito poder. Assim foi até nossa Autonomia, quando passamos a ter o nosso próprio bispo. O primeiro deles, Tarboux, passava também muito pouco tempo no Brasil e, a partir da eleição de César Dacorso Filho em 1934, quase não veio mais até sua morte em 1940.

           

Ele conseguiu, apesar disto, liderar a Igreja para os novos tempos, num quadriênio muito difícil. Há, no entanto, um episódio de autoritarismo dele que também não foi bem registrado pela história. Instigado por algum superintendente distrital, que atendia ao desejo de alguns líderes da igreja de Juiz de Fora, na época a mais importante do metodismo brasileiro, Tarboux removeu César Dacorso Filho, seu pastor, para a igreja de Carangola (MG), que tinha apenas 21 membros e se reunia numa casa em ruínas. O falecido bispo Almir dos Santos, num depoimento antigo sobre o Bispo César, publicado no Expositor Cristão, que esteve presente no culto de despedida de César em Juiz de Fora, revela uma reação destemperada dele à sua injustificável remoção, embora ele tivesse dito, anos mais tarde, que não se sentira engrandecido com a nomeação para Juiz de Fora nem diminuído com sua ida para uma igreja bem pequena. Em 1934, ainda como pastor em Carangola, que cresceu muito em seu pastorado, ele foi eleito bispo e, pela enfermidade de Tarboux, passou a comandar nossa Igreja praticamente sozinho. Meu pai,que tinha sido ordenado diácono por Tarboux justamente naquele ano de 1932, e foi pastor mais de 40 anos, dizia, no entanto, que ele era um santo.



Autoridade sem Autoritarismo – o episcopado de César Dacorso Filho



Em que pesem muitas opiniões em contrário, vindas especialmente de pastores do passado que não gostavam muito – como os de hoje não gostam – da itinerância pastoral, uma herança do metodismo pioneiro inglês que, ao lado da conexão, ou sistema conexional, representam a verdadeira organização do metodismo, eu sou levado achar, porque convivi muito com ele, que o bispo César não era autoritário. Para mim, o que ele tinha, como João Wesley, era autoridade. Os que não cumpriam bem o seu papel sempre o temiam. Os que se davam integralmente à Causa, aprendiam com ele, amavam-no e eram amados por ele. Mesmo assim, porque a Igreja vinha sempre em primeiro lugar, estes últimos também recebiam nomeações nem sempre desejadas. Eu me lembro da emoção com que meu pai cantava, antes das nomeações, o “Nem sempre será para onde eu quiser que o Mestre me há de mandar”. Menino de 11 anos, eu não gostei de uma nomeação de meu pai. Talvez, no íntimo, papai não tenha gostado também mas ele nunca reclamou. Estava na obra para o que desse e viesse e achava que Deus consertaria tudo se a nomeação tivesse sido mal feita. César era muito exigente mas absolutamente íntegro e justo.



Deve-se dizer que, a partir do Concílio Geral de 1946, onde ocorreu a eleição de três bispos, César (Região do Norte, hoje 1ª e 4ª), Cyrus B.Dawsey (Centro, hoje 3ª e 5ª) e Isaías Sucasas (Sul, hoje 2ª e 6ª) até 1955, quando César, depois de reeleito para seu 6º mandato, renunciou ao episcopado e Dawsey se aposentou, os bispos, ao lado do Gabinete Geral que era, depois do Concílio Geral, o órgão mais importante da Igreja, mantiveram a paz no metodismo brasileiro e as poucas e pequenas atitudes autoritárias não comprometeram as atividades de nossa Igreja nem o funcionamento da estrutura.

Em 1955, a Igreja passou a ter cinco regiões eclesiásticas, designadas numericamente, com dois novos bispos eleitos, João Augusto do Amaral (1ª e 4ª), José Pedro Pinheiro (2ª) e, reeleito, Isaías Sucasas (3ª e 5ª). Os três foram reeleitos pacificamente no Concílio de 1960 e permaneceram nas regiões que dirigiam. Havia paz. Aquele foi o primeiro Concílio em que foi delegado. Posso testemunhar que não havia campanha política declarada nem se conversava muito sobre as eleições. Antes do Concílio ou durante o mesmo, ninguém tentou me indicar algum candidato ou pedir votos.



O Esquema – Começa a politicagem



No quinquênio que se seguiu, houve um fato novo, que mudou o panorama da Igreja pela inserção de um componente político de envergadura. Foi o Esquema, um movimento político, cujo líder era Natanael Nascimento, reitor de nossa Faculdade de Teologia. Durante alguns anos, aproveitando a campanha financeira para as grandes construções da Casa dos Profetas, ele se movimentou por todas as regiões, pedindo dinheiro, fazendo séries e mais séries de conferências e estando presente em muitos congressos. Como era notável pregador sacro, angariou simpatias para suas idéias de reorganização de nossa Igreja. No final, aproximando-se as eleições dos delegados ao Geral de 1965, ele, ajudado por um bom número de colaboradores de todas as Regiões, intensificou a campanha e o resultado foi que ele elegeu a maioria dos delegados. É claro que ele fez promessas de poder aos que aderiram, ou seja, nomeações de superintendentes distritais, direção de instituições, etc.



Na hora da “onça beber água”, no entanto, a coisa não correu como se esperava. O Esquema fragmentou-se e, dentre os seus candidatos ao episcopado, só ele foi eleito, mesmo assim, sem a votação que se esperava. Também não foram aprovadas as reformas pretendidas. Naquele Concílio de 1965, a Igreja criou a Comissão Geral de Ecumenismo, composta paritariamente de leigos e clérigos. Eu fui um dos eleitos e eu a cito pelos motivos que mais à frente explicarei. Em 1965, os bispos receberam a condição de vitalícios, sendo reeleitos João Augusto do Amaral e José Pedro Pinheiro e eleitos Natanael Nascimento, Almir dos Santos, Oswaldo Dias da Silva e Wilbur Smith.



1965-1970 – O Quinquênio das Grandes Crises



Dois fatos de grande importância aconteceram nesse quinquênio, impactando na vida da Igreja por muitos anos. Um deles, o movimento carismático, especialmente no Sul e no Rio de Janeiro. Muitos pastores aderiram e eles contaram com a colaboração de um pastor batista, o Rev. Enéas Tognini, o mesmo que dividiu a Igreja Batista em duas, que incentivou a divisão em nossas hostes. Também eles contaram com a tolerância do bispo da 2ª Região e da própria 1ª, já que alguns pastores da 2ª, todos comprometidos com o movimento carismático, estavam sempre presentes no Rio de Janeiro, especialmente na igreja de Jardim Botânico, para vender suas idéias. O resultado foi a criação da Igreja Metodista Wesleyana, que não é nem uma coisa nem outra. Quando os bispos acordaram para o problema, com pastorais muito firmes, os dados já tinham sido jogados. No próprio local do Concílio Regional da 1ª R.E., em Friburgo, ano de 1967, nas dependências da Fundação Getúlio Vargas, alugadas por nossa Igreja, eles fundaram a sua Igreja. Saíram da Igreja Metodista mas não daquelas instalações, onde ficaram para aliciar pastores e leigos e para jantar e dormir. Se tivessem tido um pouquinho que fosse de educação ou de pudor, teriam arrumado as malas e partido imediatamente. Aquela igreja não foi uma inspiração do momento mas um plano adrede preparado. Meu sogro, um metodista fiel, e eu, leigos, fomos convidados, antes daquele concílio, para sermos pastores daquela igreja da traição.



Poso testemunhar todas as baixarias e mentiras que aqueles trânsfugas empregaram para fazer crescer o seu movimento. Porque clérigos não quiseram aceitar o cargo, já que esperavam – como era propagado - uma perda de milhares de membros, eu fui eleito Secretário Regional de Missões e Evangelização, o primeiro leigo no Brasil a ocupar aquela função. Como uma homenagem aos leigos, a Junta de Educação Cristã, com o aval do concílio, me convidou para pregar no culto de abertura do concílio de 1968. Também fui o primeiro leigo a pregar num concílio. Estive em quase todas as igrejas da Região, preguei cerca de cem vezes, promovi reuniões de pastores, séries de conferências, tudo para minorar o estrago e fazer a Igreja crescer de novo. Graças a Deus, o Senhor da Igreja, o número de perdas não foi grande, exceto nas duas principais igrejas de Petrópolis. Já no início do ano seguinte, as perdas tinham sido anuladas por muitos que voltaram ao nosso meio e com as conversões. Também, graças a Deus por nosso sistema conexional. Senão teríamos perdido algumas propriedades. Nas sábias palavras do saudoso Rev. Epaminondas Moura, um dos grandes heróis de nossa história, “na Igreja Metodista, o gado rebelde pode sair mas o curral fica”.



O outro fato, também de triste importância daquele quinquênio, foi o fechamento extremamente autoritário, de nossa Faculdade de Teologia, ocorrido em 1968, “o ano que não acabou”, na feliz abordagem do jornalista Zuenir Ventura. As causas daquela decisão autoritária tomada pelo Gabinete Geral, o segundo órgão em importância de nossa Igreja na época, só perdendo para o Concílio Geral, que era composto pelos bispos, presidentes das Juntas Gerais de Educação Cristã, Missões e Evangelização e Ação Social e do presidente da Comissão Geral de Finanças, até hoje não estão bem claras. Na realidade, foi um conjunto de fatores, entre os quais se incluem uma espécie de castigo a uma instituição cujos formandos em teologia escolheram para seu paraninfo justamente a figura venerável de Dom Helder Câmara, um bispo católico que vivia em nítida oposição ao regime de exceção imposto ao Brasil em 1964. Havia também uma certa revolta dos bispos contra o trabalho dos jovens na Igreja, com algumas perseguições e até delações, por parte de clérigos e de “leigos clericalizados”, na feliz expressão criada pelo bispo emérito Paulo Ayres Mattos, de líderes jovens às forças de repressão oficiais. A grande desculpa, no entanto, foi o comportamento não ortodoxo de jovens que se preparavam para ser pastores em nossa Casa dos Profetas.



Houve então uma revolta dos jovens de todo o Brasil que acabou contagiando pastores e algumas igrejas locais. Vila Isabel, no Rio de Janeiro, aprovou em assembléia da Igreja um protesto contra o fechamento, pediu a convocação de um Concílio Geral Extraordinário e enviou um dos seus membros para observar in loco o problema. No Rio de Janeiro, pastores e leigos, mais de 3.000 pessoas, assinaram um manifesto ao Gabinete Geral pedindo a reabertura da Faculdade e a convocação do Concílio Geral. Pastores e leigos combinaram uma reunião em Vila Isabel para uma quarta-feira à noite mas, chegando lá, o grupo foi impedido de reunir-se por um ecônomo de serviço. Foram todos para minha casa, mais de vinte pessoas, e lá redigimos o manifesto, reproduzido em dezenas de folhas impressas no mimeógrafo a álcool que minha mulher usava para fazer exercícios para seus alunos. Cada um saiu de minha casa, pelas duas da madrugada, levando folhas para serem entregues pessoalmente a membros de diversas igrejas, cujas assinaturas tinham que ser recolhidas até o encerramento dos cultos da manhã do domingo. Fizemos uma “vaquinha” para pagar a passagem aérea para o nosso “enviado especial” entregar o documento em São Paulo. Algumas pessoas recolheram as folhas com assinaturas nas diversas igrejas e marcamos um encontro no Aeroporto Santos Dumont, pelas quatro da tarde, onde organizamos o documento, assinado por pastores e leigos.



O Concílio Geral foi finalmente convocado para Piracicaba. Jovens de São Paulo e Rio de Janeiro para lá se dirigiram ordeiramente. Os bispos, no entanto, e os tais “leigos clericalizados” trabalharam em silêncio e sorrateiramente conseguiram contatar os delegados, que haviam sido eleitos três anos antes. Logo na primeira sessão do Concílio, uma proposta com assinaturas da grande maioria do plenário, foi apresentada. Por ela, todos os atos de arbítrio do Gabinete Geral foram ratificados.  Foi uma decepção geral mas a discussão pegou fogo. Levando um gravador de fitas cassete, uma novidade no mercado, comecei a gravar as discussões. Um delegado denunciou-me ao Bispo Presidente João Augusto do Amaral, um dos mais autoritários bispos de nossa história, que eu estava gravando as discussões. O bispo levanta-se, martelo na mão, e me perguntou quem me dera ordem para fazer a gravação. Respondi na hora, bem alto: “Ninguém, bispo, eu estou gravando para que no futuro os metodistas fiquem sabendo muito bem o que vocês estão fazendo aqui”. Imediatamente, um clérigo propôs a proibição de gravação, que foi imediatamente aprovada, quase que sem discussão. Outras vozes se levantaram e a proibição foi levantada com a exigência de que eu gravasse tudo. Foi o que fiz e, finalmente, mais de vinte anos depois, essas fitas foram entregues à Faculdade de Teologia e, uma vez transcritas, têm servido de base para algumas dissertações de mestrado e teses de doutorado.



O Concílio determinou a imediata reabertura da Faculdade, decisão que foi desobedecida pelos donos de poder, que só a reabriram no ano seguinte, depois dela ser totalmente desfigurada, com dispensa do reitor e de professores e expulsão, provisória ou definitiva, de alunos, muitos dos quais, decepcionados, acabaram deixando a Igreja Metodista. Quanto ao ecumenismo, razão subjacente daquele fechamento, a Comissão Geral de Ecumenismo não participou de nenhuma reunião já que nem convocada foi para estar presente.



Bispos perdem poder



A Igreja, embora sofrendo com as sequelas daqueles problemas, seguiu num estado de paz aparente, à espera do ano de 1970, quando haveria, de novo, o Concílio Geral. As eleições de delegados mostraram grandes surpresas em face de uma grande renovação da delegação. Veio o Concílio, realizado em Belo Horizonte, e ele acabou fazendo uma verdadeira revolução na Igreja. Houve uma grande reforma da Constituição, cujo anteprojeto foi coordenado por um grupo composto pelos membros da Comissão de Legislação e mais clérigos e leigos escolhidos pelo plenário. O concílio foi interrompido para que o grupo, do qual eu fazia parte, trabalhasse. Mantendo o “governo episcopal”, criou, no entanto, um novo centro de poder, o Conselho Geral, onde havia a participação obrigatória de leigos. A vitaliciedade dos bispos foi cancelada. Numa clara diminuição de seu status, os bispos passaram a ser eleitos pelas próprias Regiões Eclesiásticas e passaram a fazer parte do Conselho Geral, juntamente com clérigos e leigos em igual proporção eleitos pelos regionais. Ou seja, nas decisões do Conselho Geral, os bispos representavam apenas um terço dos votos. Amaral comunica sua aposentadoria e Natanael renuncia ao episcopado. O Concílio foi suspenso, para que os concílios regionais aprovassem a reforma da Constituição, e foi convocado para reabrir suas sessões em fevereiro de 1971 no Rio de Janeiro para promulgar a Constituição e tomar as providências de harmonização à nova Lei.



Além da mudança administrativa, o novo texto constitucional atualizou o artigo relativo à missão da Igreja, que ficou definida assim: ‘participar da ação de Deus no seu propósito de salvar o mundo”. Um outra definição, que não contradizia o artigo constitucional, explicitou melhor a Missão e foi muito bem aceita pelos metodistas: “Participar da ação de Deus no seu propósito de libertar o ser humano de todas as coisas que o escravizam”. O legislador de 1970 errou, no entanto, numa coisa, na extinção das Juntas Gerais, de Educação Cristã, Missões e Evangelização e Ação Social. O Conselho Geral nunca conseguiu suprir, criando outros mecanismos, aquela falta. Aliás, deve-se dizer que aquelas Juntas fazem falta até hoje.



Como conseqüência dessas decisões, tínhamos uma nova forma de gestão e os bispos passaram o quadriênio (1971-1974) meio que resignados com a perda de sua força. Nos concílios regionais que foram realizados logo após a segunda fase do Concílio Geral de 1971, foram eleitos bispos Almir dos Santos (1ª), Sadi Machado (2ª), Alípio Lavoura (3ª), Omar Daibert (4ª), Oswaldo Dias da Silva (5ª) e Wilbur Smith (6ª). No concílio de 1974, a situação piorou para eles. O Conselho Geral passou a ter doze leigos, seis clérigos e seis bispos, que passaram a representar apenas um quarto dos votos. No Concílio Geral de 1978, a situação piorou ainda mais. Em sua composição havia seis leigos, seis clérigos e os seis bispos, só que estes não tinham mais direito a voto.



Os bispos falharam nesse período em que havia o Conselho Geral. Preocuparam em conseguir de novo o poder político e se esqueceram de usar suas prerrogativas legais no campo espiritual, ou seja, o poder de dar à Igreja a orientação quanto à doutrina e os princípios de fé e ética e redigir e publicar pastorais. A eles cabia analisar a realidade da Igreja e o desempenho de seus órgãos e instituições. Era de sua competência exclusiva estabelecer a filosofia, os objetivos e as metas para o planejamento global, a ser elaborado pelo Conselho Geral, e designar os bispos para as regiões eclesiásticas (Cânones, 1978, Art. 60).



Teria sido importante que eles se preocupassem com isto, em tempos de muita fragilidade doutrinária, quando o grupo “carismático” se reagrupava e ficava cada vez mais forte. Na realidade, porém, o que eles queriam era pura e simplesmente a retomada do poder de decisão sobre todas as questões da Igreja.



A “campanha” para a retomada do poder



O primeiro passo seria a conscientização da Igreja. No Expositor Cristão da 2ª quinzena de 1981, um ano antes do Concílio Geral, os seis bispos deram uma entrevista em que reivindicavam mais poder. O redator chefe do nosso órgão oficial, maliciosamente ou não, colocou uma chamada de capa muito expressiva, com a manchete “Os bispos pedem passagem”, que acabou sendo o título da reportagem. Os bispos foram representados, como se pode ver no fac-símile ao lado, com uma montagem fotográfica como se fossem jogadores de futebol. O goleiro era Paulo Ayres Mattos e os demais jogadores, isto é, bispos, eram Messias Andrino, Sadi Machado, Richard Canfield, Moacyr Louzada e Nelson Luiz Campos Leite.



A entrevista, além de uma agressiva reivindicação de mais poder, baseado no preceito constitucional, Art. 5º, que estabelecia que “a forma de governo da Igreja Metodista é episcopal...”, trazia, no entanto, à discussão alguns pontos de importância e relatava algumas atividades do Colégio Episcopal. A campanha estava iniciada e no quinquênio seguinte, o Conselho Geral foi desfigurado, com a inclusão de presidentes das Confederações de Jovens, Mulheres e Homens, com direito de voto, e muitos outros sem direito a voto. Estava tudo pronto para a retomada do poder em 1987.



O bispos conseguem o poder



Nesse Concílio de 1978, os bispos obtiveram uma grande vitória com a aprovação de reforma da Constituição, que acabou com a administração pelo Conselho Geral e lhes deu um poder que nunca tiveram antes. Iriam governar a Igreja sozinhos, já que o Gabinete Geral, que era no passado uma espécie de poder moderador, mais importante do que o Colégio Episcopal , não voltou a fazer parte dos Cânones. Com isto, foram criadas todas as condições para que os bispos mandassem em tudo e o autoritarismo se instalasse de vez na Igreja. A criação da COGEAM, mesmo sem ter todos os bispos como seus membros, ou talvez por isto mesmo, nunca teve a força para equilibrar as coisas. E assim, apesar das divisões de ordem doutrinárias e administrativas que todo o mundo sabe que existem entre os membros do Colégio Episcopal, tanto com os bispos “ativos”, isto é, os que são responsáveis por regiões eclesiásticas, que votam, e os eméritos e honorários, que não têm direito a voto, o fato é que os bispos estão com todo o poder nas mãos e fazem o que bem entendem. Mesmo antes da alteração constitucional, eles já tinham poder, numa cópia das práticas mais abusivas dos governos discricionários, de editar “atos complementares”, que continuam na Lei. De uns tempos para cá, também emitem Atos de Governo no âmbito de suas regiões. De uma feita, todos os bispos emitiram Atos de Governo, para vigência em suas regiões, com o mesmo texto. Já é cogitada nova alteração na Lei, de modo a que sós bispos com responsabilidade sobre uma região eclesiástica participem do Colégio Episcopal. Na realidade, eu creio que seja uma providência sadia. Hoje são 16 membros do Colégio; a partir do Concílio Geral de Brasília, esse número poderá ser maior ainda. O órgão fica muito grande, as despesas de locomoção e estadia para as reuniões oneram muito a Igreja e, falando bem claro, quem já se aposentou do ministério ou perdeu eleição, não tem mesmo que fazer parte do Colégio Episcopal. Devem usar outros meios para transmitir suas experiências e opiniões pessoais. Estaria de bom tamanho um encontro de confraternização dos bispos e para troca de experiências a ser realizado anualmente ou a cada dois anos.



Resumindo a história, hoje os bispos têm um poder que jamais tiveram na história da Igreja Metodista no Brasil. Infelizmente, esse poder, por culpa da divisão doutrinária e de práticas, não tem sido bem usado. Estamos sem Imprensa Metodista, não temos disponíveis os Sermões de Wesley, básicos para a compreensão do que significa ser metodista, o Expositor não publica nada que possa, nem de leve, criticar a ação e o pensamento dos bispos, violências são praticadas por bispos contra membros, pastores e até igrejas, como é o caso do Rev. Moisés Coppe, pastor da Igreja de Bela Aurora, levado aos tribunais da Igreja por ter abrigado e dado cuidados pastorais a metodistas perseguidos por um bispo em Belém do Pará.



Os leigos perderam poder



Por via de conseqüência, com o fortalecimento do poder dos bispos, os leigos de nossa Igreja no Brasil, que foram sempre o sustentáculo do Metodismo, desde os tempos de João Wesley na Inglaterra e dos pregadores leigos na América, que desbravaram o seu território para implantar a nossa bandeira, perderam poder. Não que os leigos desejem o poder que os clérigos sempre almejam, o de mandar, mas o poder de servir bem à causa do Mestre. Os pastores, mesmo com essa itinerância reduzida de importância, passam; os leigos continuam na igreja local. Os pastores não têm o direito de violentar, com as suas, as opiniões e os desejos da membresia de uma igreja local.



O Concílio Geral de 1987 implantou, com a desculpa esfarrapada que promoveria uma igreja sem cargos, o Programa de Dons e Ministérios. Como se haver cargos, com eleições livres, fosse um mal em si. O programa não diminuiu o número de cargos na Igreja, pelo contrário, eles foram até aumentados em número mas perderam importância. Se os bispos podiam agora mandar sozinhos, por que não os pastores? Assim, na quase totalidade, as igrejas locais em seus regimentos, claro que por influência pastoral, adotaram a política de indicação pelo pastor dos coordenadores dos ministérios, todos eles fazendo parte da CLAM, órgão que praticamente diminuiu a força do Concílio Local. Em artigo publicado na revista CAMINHANDO, editada pela Faculdade de Teologia, (vol. 12, nº 20, p. 135-148, jul-dez 2007), Geoval Jacinto da Silva e Nicanor Lopes dizem que “o sistema de dons e ministérios fortaleceu o clericalismo na Igreja permitindo assim que, em muitas situações, pastores/as assumissem a responsabilidade de indicar os coordenadores de ministérios de acordo com seus próprios interesses”.



Os autores transcrevem trecho de artigo de Magali Nascimento Cunha publicado na mesma revista em 2001. A autora diz o seguinte: “O objetivo de dar mais participação aos leigos(as) da Igreja foi razoavelmente atingido no que diz respeito ao trabalho, mas não no que diz respeito ao poder na Igreja. O sistema de Dons e Ministérios na prática acabou por reforçar o clericalismo imbuído na Igreja no que se refere ao poder de decisão das questões relevantes no interregno dos Concílios Locais e Regionais. Com isso, pastores(as )e bispos passaram a ser os grandes administradores da Igreja e detentores das muitas decisões de ordem política. No nível local, houve uma massificação da membresia e perdeu-se o mínimo de representação leiga e societária como era o antigo Conselho Local”.



As eleições nas igrejas locais nunca foram um mal em, pelo contrário. A Igreja teve a sensibilidade de aperfeiçoar as suas leis. No princípio, até o final dos anos 40 do século passado, só ao pastor competia indicar os candidatos aos cargos. Depois, eles ficaram obrigados a indicar três nomes para cada cargo e, nos colegiados, como na antiga Junta dos Ecônomos, a indicar três candidatos a mais. A lei continuou a evoluir, sendo criada a Comissão de Indicações para assessorar o pastor. Continuou, a seguir, o aperfeiçoamento, com a igreja podendo indicar candidatos no Concílio Local, prática que ainda continua nos Cânones só que para eleições sem importância, exceto no caso de delegados aos concílios distritais e regionais. Os cargos importantes, como de coordenadores de ministérios, normalmente são nomeados pelos pastores. 



O de que a Igreja precisa, para poder crescer mais, com a consistência de doutrinas e práticas metodistas, sem apelos às bênçãos e promessas de curas e sucesso pessoal, que nunca se realizam, é acabar de vez com o autoritarismo, seja ele episcopal, pastoral e até de alguns “leigos clericalizados” que respaldam sempre o autoritarismo crescente de bispos e pastores.



O Papel dos Leigos



O papel dos leigos tem que ser enfatizado e valorizado na Igreja Metodista. Senão, a Igreja vai continuar como está, meio perdida na Babel doutrinária do evangelismo brasileiro, sofrendo influências que têm corrompido a atuação de seus pastores e, consequentemente, de membros que não lêem ou não estudam sobre nossa rica herança de doutrina e prática. Primeiro, porque não se cultiva o hábito da leitura. Segundo, porque os livros que podem explicá-las não estão disponíveis porque, por inépcia nossa, nem Casa Editora, como era a Imprensa Metodista dos áureos tempos, nós temos mais, a não ser as atividades da EDITEO, editora da Faculdade de Teologia, e poucas mais.



O leigo tem que ser valorizado na Igreja e trabalhar juntos com os pastores e bispos. João Wesley era insistente na importância dos leigos. Vale a pena lembrar duas frases suas: “Dai-me cem pregadores que nada temam senão o pecado e nada desejem senão a Deus, e não me importaria se fossem clérigos ou leigos. Com eles eu sacudiria as portas do inferno e estabeleceria o Reino de Deus na terra”. “Clérigos que destroem as almas me põem em mais dificuldade do que os leigos que as salvam”. Também é bom lembrar, nas palavras do Bispo Sante Uberto Barbieri, que “na verdade não podemos entender o Movimento Metodista sem levar em consideração a obra efetiva de tantos que trabalharam em posições secundárias e sem ordenação eclesiástica de nenhuma espécie, mas que receberam, sem dar margem à dúvida, a ordenação invisível do Espírito Santo. Porque levar a cabo a obra de Cristo não depende de ordenação humana e sim de uma paixão profunda por Cristo e seu Evangelho”.



O Desafio do Metodismo Brasileiro



O desafio real é, sem maiores delongas e sem autoritarismos de nenhuma espécie, implantar na Igreja Metodista o que João Wesley inspiradamente prescreveu:



“Reformar a nação, especialmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre a terra”.

“Nada a fazer senão salvar almas”.
Mais sobre o Encontro Confessante:

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que o que tem impedido e o que impediu a Igreja Metodista de crescer expressivamente foi justamente a existência de cargos episcopais na denominação.

O totalitarismo cultivado pelos bispos e o sistema feudal (oligarquia estrutural) das CLAMs, COREAMs e da COGEM tem, no mínimo, minado muitas áreas de atuação da igreja. Inclusive as áreas locais.

Quantas nomeações absurdas são feitas por uma única pessoa (o bispo) com a participação, as vezes, da COREAM e dos SDs??

Por exemplo: A Igreja Metodista em Caixa Prego tem um pastor zeloso, que ama a sã doutrina da igreja, ensina os irmãos e é bem democrático, mas o bispo decide retirar esse pastor para colocar um outro mais liberal, não tão ruim por ser bem inteligente, que até ensina as doutrinas, porém se esquecendo da prática missionária sendo que as vezes ele até abre o púlpito para preletores de outras religiões. Esse vai embora e entra um mais pentecostal totalmente averso e diferente dos dois anteriores, que expulsa demônios, faz campanhas com toalhinhas "da benção" no melhor estilo macediano-valdemiriano, ensina a igreja com revistinha "do Silas MalaCHEIA" além de ensinar bizarrices como "música da Xuxa de trás pra frente é mensagem do diabo e essas coisas". O pastor penteca vai embora e o bispo nomeia um a la G12. Este tira todos os membros da CLAM de seus postos e os obriga a passar pelo tal do Encontro com Deus o que causa um racha na igreja. A igreja começa a se render ao movimento gospel e chega até crescer quando o bispo move mais uma vez o pastor de Caixa Prego.
Como os outros dois últimos pastores ficaram longos anos a frente da igreja e eram carismáticos sendo que o mais antigo era mais pentecostalizado, a igreja se torna extremamente anti-ecumênica, mas mesmo assim o bispo nomeia um pastor ecumênico até o talo...e assim a Igreja Metodista de Caixa Prego vai vivendo...enchendo e esvaziando, rachando as vezes, mas a troncos e barrancos em pé por causa de alguns que não pulam do barco.

Infelizmente essa historinha tem acontecido em vários lugares. O episcopado poderia ser bom? Quem sabe? Mas eu acredito que a igreja deveria estudar um outro tipo de governo que não envolvesse o episcopado visto que poder nas mãos de uma pessoa ou de pouca gente vira uma ditadura!

Que Deus nos abençoe e que esta matéria possa ser, um dia, discutida a fundo.

Anônimo disse...

Acredito que o que tem impedido e o que impediu a Igreja Metodista de crescer expressivamente foi justamente a existência de cargos episcopais na denominação.

O totalitarismo cultivado pelos bispos e o sistema feudal (oligarquia estrutural) das CLAMs, COREAMs e da COGEM tem, no mínimo, minado muitas áreas de atuação da igreja. Inclusive as áreas locais.

Quantas nomeações absurdas são feitas por uma única pessoa (o bispo) com a participação, as vezes, da COREAM e dos SDs??

Por exemplo:
"A Igreja Metodista em Caixa Prego tem um pastor zeloso, que ama a sã doutrina da igreja, ensina os irmãos e é bem democrático, mas o bispo decide retirar esse pastor para colocar um outro mais liberal, não tão ruim por ser bem inteligente, que até ensina as doutrinas, porém se esquecendo da prática missionária sendo que as vezes ele até abre o púlpito para preletores de outras religiões.

Esse vai embora e entra um mais pentecostal totalmente averso e diferente dos dois anteriores, que expulsa demônios, faz campanhas com toalhinhas "da benção" no melhor estilo macediano-valdemiriano, ensina a igreja com revistinha "do Silas MalaCHEIA" além de ensinar bizarrices como "música da Xuxa de trás pra frente é mensagem do diabo e essas coisas".

O pastor penteca vai embora e o bispo nomeia um a la G12. Este tira todos os membros da CLAM de seus postos e os obriga a passar pelo tal do Encontro com Deus o que causa um racha na igreja. A igreja começa a se render ao movimento gospel e chega até crescer quando o bispo move mais uma vez o pastor de Caixa Prego.

Como os outros dois últimos pastores ficaram longos anos a frente da igreja e eram carismáticos sendo que o mais antigo era mais pentecostalizado, a igreja se torna extremamente anti-ecumênica, mas mesmo assim o bispo nomeia um pastor ecumênico até o talo...e assim a Igreja Metodista de Caixa Prego vai vivendo...enchendo e esvaziando, rachando as vezes, mas a troncos e barrancos em pé por causa de alguns que não pulam do barco.


Infelizmente essa historinha tem acontecido em vários lugares. O episcopado poderia ser bom? Quem sabe? Mas eu acredito que a igreja deveria estudar um outro tipo de governo que não envolvesse o episcopado visto que poder nas mãos de uma pessoa ou de pouca gente vira uma ditadura!

Não ter bispos é possível? Sim! É possível! Pois a nossa irmã Igreja Metodista do Uruguai, por exemplo, não possui bispos. Cito ela por ser a mais próxima de nós, mas temos a Igreja Metodista da Grã-Bretanha e tantas outras mais ao redor do mundo e que são membros plenos do Concílio Mundial Metodista.

Que Deus nos abençoe e que esta matéria possa ser, um dia, discutida a fundo.